A cartografia escolar e o livro didático de geografia: realidade e perspectivas futuras

Por IRES PEREIRA CARVALHO | 24/04/2012 | Geografia

A Cartografia Escolar e o Livro Didático de Geografia: realidade e perspectivas futuras[1]

 

The School Cartography and Geography Textbooks: reality and future prospects

 

Ires Pereira Carvalho[2]

Maria do Rosário Sá Araújo[3] 

Resumo

O presente trabalho se trata de um artigo cientifico a partir da apresentação de uma pesquisa bibliográfica sobre a Cartografia Escolar e o Livro Didático de Geografia: realidade e perspectivas futuras. Foi elaborado a partir de pesquisas bibliográficas e reflexões juntas a textos-bases em meio de informática e a partir das aulas de Metodologia do Ensino de Geografia. Tendo por objetivo compreender a importância da Cartografia Escolar e o Livro Didático de Geografia e refletir sobre a metodologia do ensino de geografia. 

PALAVRAS-CHAVE: cartografia, livro didático, Geografia, educação

ABSTRACT

The present paper deals with a scientific paper from the presentation of a literature on cartography and the School of Geography Textbooks: reality and future prospects. It was developed from literature searches and reflections to text-bases together in the midst of computing and from classes Methodology of Teaching Geography.

KEYWORDS: cartography, textbook, geography, education

 

INTRODUÇÃO

A Geografia é uma ciência que nos leva a pensar e compreender o mundo real através das ações e é de certo modo essencial para a leitura e entendimento do mundo real. Sendo assim, é muito importante a observação, a percepção, a análise conceitual e a síntese através das representações cartográficas que podem ajudar a pensar de modo significativamente o conhecimento do espaço geográfico.

É possível perceber que o estudo da linguagem cartográfica e da alfabetização cartográfica vem, cada vez mais, reafirmando sua importância desde o início da escolaridade. Nesse sentido é importante uma abordagem sobre a Geografia escolar e a ferramenta e uma ferramenta básica do processo de ensino-aprendizagem, o livro didático.

O tema de fundo deste artigo é o ensino da Geografia escolar e o livro didático que se constitui uma preocupação muito recorrente para os estudos da metodologia de ensino de Geografia.

 a educação brasileira Realidade e perspectivas

A questão da educação brasileira na atualidade é muito debatida e aqui neste trabalho torna-se importante enfocar a procura pela compreensão de como se deu o desenvolvimento da Cartografia escolar dentro da Geografia.

Segundo Quintão:

Por meio de uma participação mais plena no ensino da geografia por parte do professor é provável que haja um melhor aproveitamento no conhecimento do espaço geográfico, o que implicará nas perspectivas desses alunos serem mais aplicados e satisfeitos por estudar a Geografia de forma mais voltada para conscientização dos educandos (QUINTÃO, 2009).

É importante dizer que essa participação do professor é intrínseca ao processo de ensino-aprendizagem da cartografia e que o professor enquanto detentor de uma formação deve tornar-se intermediador e facilitador para uma maior compreensão da geografia e da cartografia.

Assim torna-se importante refletir sobre a questão do livro didático para o ensino de Geografia e aqui especificamente para a atividade de Cartografia. Diante dessa discussão podem-se encontrar os grandes avanços tecnológicos e científicos, em vários campos do conhecimento humano, como tecnológicos e científicos, entre outros que produzem novos meios e ferramentas para a pratica educacional, mas encontrados a disposição apenas para as sociedades mais desenvolvidas. Assim ainda para sociedades carentes e para o atual o sistema educacional no nosso país o livro didático é indiscutível, constituindo-se ainda o principal instrumento de direcionamento de professores e alunos em suas atividades de sala de aula (SILVA, 2009).

Para Robson Carlos da Silva, o livro didático pode ser visto na conjuntura atual, assim:

Com as características atuais de nossa sociedade, onde a comunicação e os inovadores meios tecnológicos são de fácil acesso, o livro didático ainda se constitui no principal recurso de direcionamento de professores e alunos em sua prática pedagógica e atividades escolares. Os professores utilizam o livro didático como principal manual de orientação para sua aula e os alunos são orientados para a realização de suas tarefas (exercícios, pesquisas, estudos), tornando-o roteiro principal, ou exclusivo, do processo de ensino aprendizagem, na escola ou em casa (SILVA, 2009).

Neste sentido, ressalva-se que professores e alunos acabam tornando-se escravos do livro didático, como é o caso de alguns professores na nossa realidade que passam a utilizar o livro apenas para formas de decoreba e ainda exige dos alunos nas questões de exercícios ou provas que as respostas sejam copiadas integralmente como se encontra no livro-texto. Ou seja, não deixando espaço para que o aluno seja capaz de fazer sua compreensão a partir do conteúdo estudado em sala de aula.

Também torna imprescindível referenciar o que segundo Silva:

Ao invés de utilizarem como instrumento de contribuição para o desenvolvimento da autonomia, do senso crítico e de contra-ideologias, acaba tornando-o roteiro principal, ou exclusivo, do processo de ensino aprendizagem. Considerando, pois, o livro didático a partir da ótica apontada acima, e efetivando um olhar crítico sobre as possibilidades de contribuição deste valioso artefato didático escolar, podemos conceber duas possibilidades na condução de seu emprego na prática educativa: enquanto instrumento que pode contribuir no favorecimento de uma conscientização sobre as pluralidade culturais que compõem a realidade social, por meio de uma política cultural comprometida com a difusão dos valores das diversas culturas, ou ainda, sua utilização como instrumento de manutenção de preconceitos e fortalecimento dos valores culturais hegemônicos, através do “silenciamento” sobre determinadas culturas, principalmente aquelas consideradas “minoritárias” e sobre outras realidades diversas (SILVA, 2009).

Com essa visão de transformador social do espaço de forma critica é que se pode transformar a realidade a partir da ação pedagógica do professor na sala de aula. Isso se torna importante, pois o professor a partir da utilização de ferramentas poderá ajudar ao alunado a ter uma maior compreensão do espaço geográfico e cartográfico. É interresante ressalvar que momento algum nesse trabalho se faz critica ao uso do livro didático, ou seja, querer abolir o seu uso em sala de aula, mas sim fazer uma reflexão de com o mesmo está sendo utilizado.

Ao verificar um livro didático pode-se observar, quanto à abordagem cartográfica, que essa área da Geografia ainda encontra-se timidamente apresentada aos alunos. Em muitos casos fixos reassumido apenas a dois capítulos para noções básicas, o que particularmente pode levar pouca absorção da Cartografia e ate a desmotivar o aluno a buscar e entender a importância desse estudo para a construção do pensamento cartográfico e geográfico.

Esse entendimento deve ser premissa básica para ajudar no processo educacional de construção para a vida do educando como ser capaz de representar a sua realidade e entender que o mundo é globalizado e que devemos acompanhar a aceleração no ritmo de vida humana que é imposta pelos sistemas de governo, de mercado e de educação. Porém vale frisar que uma parcela grande da nossa sociedade encontra-se ainda no engatinhando no processo educacional, com falta de infra-estrutura básica, de recursos materiais, recursos humanos e financeiros para custear, acompanhar e concretizar uma educação de qualidade para todos.

É um desafio para quem faz parte da educação, é como se pode dizer e refletir junto com:

O ensino público está defasado e ultrapassado, a responsabilidade é dividida entre: o governo do Estado que não dá uma atenção especial à educação, refletindo nos baixos salários dos professores, desencadeando uma falta de estímulo para estes, a falta de subsídios para que a escola funcione; os pais que colocam toda a responsabilidade da educação de seus filhos na escola, ou mais precisamente no professor; e os próprios professores que acabam por apresentar uma falta de comprometimento com o seu trabalho, ou seja, falta de ética tanto do professor, quanto dos funcionários da escola (diretor, coordenador pedagógico) (PANDIM, 2006).

É muito oportuno fazer essas considerações para que possamos nos situar na questão proposta por esse trabalho, pois se torna correlacionado o sistema educacional com a atuação presente ou de futuros professores de Geografia mais precisamente na pratica cartográfica e acerca da discussão do livro didático.

Ainda mais abordagens são feitas como a de:

A escola sofreu e continua sofrendo, cada vez mais, a concorrência da mídia, com gerações de alunos formados por uma gama de informações obtidas por intermédio de sistemas de comunicação audiovisuais, por um repertório de dados obtidos por imagens e sons, com formas de transmissão diferentes das que têm sido realizadas pelo professor que se comunica pela oralidade, lousa, giz, cadernos e livros, nas salas de aula (BITTENCOURT, 1998).

Assim torna uma questão relevante dizer que é dentro deste sistema que se discuti um novo sentido para a educação. Uma educação que dê condições de criar homens que sejam capazes de pensar, refletir, agir e modificar a sociedade.  Esse embasamento, portanto deve ajudar a fundamentar nossas perspectivas no que se refere às praticas docentes e o que se espera pelo feedback dos alunos para com a escola e a nossa sociedade.

Então fazer uma reflexão da cartografia escolar a partir do livro didático é ao mesmo tempo importante questionar que a chamada educação cartográfica, por alguns teóricos, não é dada simplesmente através de cópias de mapas que o aluno aprende a fazer uso desse recurso, mas através da produção dos referidos. Para isso, “na ação de mapear, o objeto a ser mapeado deve ser o espaço conhecido do aluno, o espaço cotidiano, onde seus elementos (casa, escola, padaria, rua, etc.) lhe são familiares” (SANTOS, 2005).

Nesse sentido é cabível que dentro da sala de aula o professor promova a chamada alfabetização cartografia como a que foi proposta por PISSINATI e ARCHELA:

A falta de habilidades cartográficas leva as pessoas a se verem em situa­ções como: ficar girando o mapa da cidade até conseguir se localizar na mesma, dizer que o norte fica para cima e o sul para baixo, ter dificuldade para entender como pode o rio São Francisco nascer em Minas Gerais e “subir” para o Nordeste do país, ou não conseguir dimensionar os espaços com base na escala. Portanto, é fundamental que o ensino da Geografia e, aqui mais especificamente da Cartografia, tenha início nos primeiros anos escolares da criança. Ao observar e assimilar as informações do es­paço vivido e conseguir visualizar estas mesmas informações em uma representação gráfica bidimensional, a criança estará adquirindo todo um saber científico que trará mais luz para as atividades da sua vida diária. Atividades estas que dependem do ato de deslocar-se de um lugar para o outro, dando todo sentido ao estudo da orientação espacial, da localização (PISSINATI, M. C.; ARCHELA, 2007).

Com essa visão passa a ser importante a alfabetização através de mapas e que conseqüentemente ajudará ao aluno a interpretar a cartografia dos livros didáticos. Pois a mesma pode-se dizer que se encontra mistificada para muitos alunos que não conseguem entende-la com seus mapas, convenções, legendas, figuras e orientação para localização no espaço.

Segundo (Zabala 1998, p.180 apud PANDIM, 2006) o livro didático já não pode conter mais uma simples exposição dos fatos, mas, dado que inclui conceitos, também tem que oferecer meios que contribuam para a compreensão. É notado que o professor ao adotar o livro didático que será utilizado no decorrer de suas aulas, deve verificar se este livro apresenta uma abordagem coerente da realidade atual da sociedade, ou seja, que verifique se o rol de conteúdos contemple as necessidades dos alunos.

Conclusão

Assim, é necessário que os conteúdos apresentados no livro didático proporcionem uma visão crítica das questões tratadas, ainda que, contenham atividades diversas que aprofundem e complementam o estudo do conteúdo. Ainda segundo Pandim, é importante ressalta a idéia explicando que a maioria dos livros didáticos, devido sua estrutura trata os conteúdos de forma unidirecional e ainda produzem valores, as idéias e os preconceitos das instancias intermediarias, baseadas em proposições vinculadas a determinadas correntes ideológicas e culturais.

Portanto entende que o livro vai mostrar as idéias que o autor julgue verdadeiras e que ele bem entender que deve ser repassadas para a sociedade. Ai que deve então entrar a ação transformadora do professor para saber selecionar o melhor material, ou seja, livro didático para que através de seu trabalho docente e de sua ação pedagógica possa transformar a sociedade.

REFERÊNCIAS

BITTENCOURT, Circe. Capitalismo e cidadania nas atuais propostas curriculares de História. In:____________BITTENCOURT, Circe (Org.). O saber histórico na sala de aula. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1998, p.11-27. (Repensando o Ensino).

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: geografia. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CASTELAR, Sônia; VILHENA, Jerusa. O uso do livro didático. In: __________________________. Ensino de Geografia. São Paulo: Cengage Learning, 2009. 

PANDIM, Andréia Rodrigues. Oficina pedagógica de cartografia: uma proposta metodológica para o ensino de geografia. 2006. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Graduação em Geografia – Universidade Estadual de Londrina.

PISSINATI, M. C.; ARCHELA, R. S. Fundamentos da alfabetização cartográfica no ensino de geografia.Geografia - v. 16, n. 1, jan./jun. 2007 – Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Geociências.

PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Iyda; CACETE, Núria Hanglei. O livro didático de geografia. In_________________________________. Para ensinar e aprender Geografia. 1. ed. São Paulo: Cortez, 2007. p. 339-349.

PROJETO ARARIBÁ: geografia Ensino Fundamental. Obra coletiva, concedida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna. 2.ed. São Paulo: Moderna, 2007. (Editora executiva Sônia Cunha de S. Danelli).

 



[1] Artigo Cientifico apresentado à disciplina Metodologia do Ensino de Geografia

 

[2] Aluno do curso de Licenciatura em Geografia – Universidade Estadual do Maranhão (CESI/UEMA).

 

[3] Orientadora Profª. Maria do Rosário Sá Araújo