A Busca Incessante pelo Lucro

Por Murilo Ramos | 02/06/2010 | Política

O mundo todo tem se apavorado com tamanha banalidade de seres humanos que parecem não ter nenhum sentimento racional em suas mentes, situações essas que abrangem desde os mais cruéis fatos até mesmo os casos mais irreflexíveis que são tomados como "normais". Isso é visível em casos como: assassinato de crianças em uma escola infantil da China por um açougueiro; procuradora brasileira (que deveria fazer valer a lei no país) é acusada de torturar menina de dois anos; e criança de 4 anos que parou de fumar depois de reabilitação.
Mais incrível ainda foi uma das últimas trazidas pelos noticiários no mundo, o caso de um menino indonésio de 2 anos que fuma 40 cigarros por dia. Enquanto muitos tentam se livrar desse vício, o pai dessa criança julga ser normal essa atitude que começara quando o menino tinha apenas um ano e oito meses. Apesar das inúmeras campanhas contra o tabagismo, a população continua "cega" e o pior é que essa cegueira é por opção.
O fato é tão comum na Indonésia que 25% das crianças desse país, com idade entre 3 e 15 anos, já provaram do fumo e 3% são dependentes dessa droga. Não somos especialistas no assunto, mas não é preciso que o seja para perceber que o Planeta não anda bem. Em países onde surgem leis que tentam amenizar o consumo do cigarro, a indústria de tabaco tem conseguido brecar todos os processos antitabagistas. E assim eu fico me perguntando: será que o dinheiro não pode comprar tudo?
Às vezes me pego pensando em situações alarmantes, há boatos de que a indústria farmacêutica, para lucrar, criam novas doenças e se aproveitam de problemas de saúde comuns para elevar o impacto como se fosse uma nova epidemia, tudo com o intuito de fortalecer essa indústria. É notável toda essa conspiração por trás desses problemas da saúde, como se pode observar em um artigo impressionante intitulado "A arte de catalogar um estado de saúde", de Parry, especialista em publicidade farmacêutica, em que revela as astúcias utilizadas por essas empresas para "favorecer a criação" dos problemas médicos.
A indústria farmacêutica não se satisfaz mais em comercializar para aqueles que carecem, mesmo sendo ressarcidos com toda razão quando salvam vidas e amortizam os sofrimentos. Pela simples e ingênua razão de que dá muito lucro dizer às pessoas saudáveis que estão doentes.
Há um investimento de peso em marketing por essas indústrias, que cada vez mais convencem pessoas normais de que elas são pessoas doentes. Enquanto o homem, movido por ganância, se empenha numa caça frenética pelos resultados da Globalização, por novas tecnologias, sem buscar uma melhora para a humanidade, para a saúde humana, o tempo passa e a situação adquire proporções alarmantes. Onde está o tal direito humano à saúde que é ? ou era ? primordial? Sabemos que o desenvolvimento é inevitável e indispensável para que uma sociedade progrida e atinja o estágio maior de suas potencialidades, mas vale a pena conquistar esse progresso às custas da destruição do ser humano, criando caos na saúde, fruto do que a indústria farmacêutica nos proporciona?
Não podemos mais nos deixar levar por essa realidade. Somos seres lógicos em completo exercício de nossas faculdades, não temos o direito de nos aniquilarmos em troca de cédulas com valores monetários que de forma irônica estampam animais em seus papéis, como se lutassem pela preservação desses, sabendo que aí constitui mais uma indústria em busca de lucro. O lucro e a busca por uma saúde essencial e perfeita podem existir de verdade, mas para esse intuito é preciso que nós façamos valer o que se diz na Constituição, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, e em outros diversos papéis que buscam a melhoria da vida para o ser humano, o direito à vida, que acima de tudo ponhamos em prática o que na teoria parece funcionar.