A bancarrota da sociedade
Por Mário Paternostro | 24/05/2010 | CrônicasNão sei bem o que escrever sobre os acontecimentos atuais, a verdade é que estamos reféns do que plantamos há muito tempo. Esquecemos de investir em inclusão social e assim assistimos diariamente barbárie e falta de humanidade. A sociedade cobra providências, mas esquece que ela, com toda sua soberba e hipocrisia também é culpada por essa violência absurda.
Vivemos aprisionados em nossos lares, pois criamos grades para nos defender dos monstros que educamos. Educamos sim! Com a fábrica de diplomas e escolas de analfabetos, formamos uma massa de profissionais com a pompa de doutor e as prestações de serviço de um néscio. Durante muitas décadas fechamos os olhos para uma população que aumentava a olhos vistos, colocamos uma venda e de quando em vez usamos colírios, o colírio da piedade. Fingimos dar a mão, mão essa que muitas vezes usamos para expulsar. Agora esses excluídos estão cobrando sua parte nessa sociedade demagoga e falida. O preço está sendo bem caro, pois estamos nos tornando vítimas do próprio monstro que criamos, os andrajos de humanos. Andrajos sim, pois esses assassinos, pedófilos, estupradores, são conseqüência da passividade e da indiferença que cultivamos por muito tempo. Ensinamos a matar, a violentar, a furtar e agora o que fazer, perguntamos?
A polícia está aí, mas quem vai nos defender dela? Os governantes estão empenhados, mas quem irá vigiar os cofres desses "paladinos da boa vontade"? A sociedade exige, mas quem vai cobrar da mesma uma posição mais digna? As famílias em retalhos ensinam aos seus filhos o caminho da perdição, preferindo assim os atalhos da aparência. O sistema faliu e não há investimento em curto prazo que faça essa engrenagem voltar a funcionar. Educação talvez seja a solução, mas primeiro precisamos educar nossos professores. E agora? Agora sociólogos e todos os "ólogos" rezem, pois só falta Deus nos abandonar.