A BANALIDADE DO MAL E A EDUCAÇÃO MORAL: CONTRIBUIÇÕES ARENDTIANAS

Por Adriano Mussunga Mendes | 29/01/2019 | Psicologia

RESUMO

Este trabalho tem por objectivo reconhecer a importância do pensamento na construção de um ambiente saudável para a educação moral e, compreender a relação entre o pensamento e o juízo na tomada de decisões. A metodologia utilizada foi a revisão de vários artigos e obras do Google académico, Lillac, Scielo sobre a temática, da autora em referência. Concluiu-se que apesar de a actividade do pensamento lidar com o invisível e ser fora da ordem, talvez ela seja a possibilidade de favorecer um ambiente que nos proteja da banalidade do mal; talvez seja a possibilidade de construção de um ambiente desfavorável para as intolerâncias assassinas de tempos tão sombrios. Educar na perspectiva do pensamento, então, seria despertar a si mesmo e os outros do sono de irreflexão, abortando nossas opiniões vazias e irreflectidas. Educar para o pensamento seria uma atitude consciente de abrir nossas janelas conceituais para o vento do pensamento.

Palavras-chave: Banalidade, educação moral, valores. 

1 INTRODUÇÃO

 “A história da natureza começa pelo bem, pois é obra de Deus; a história da liberdade começa pelo mal, pois é obra do homem”. Kant

Tornou-se comum afirmar que vivemos em tempos difíceisou, para usar uma expressão arendtiana, em “tempos sombrios”. Crise económica e do sistema financeiro, crise de confiança nas instituições, crise de valores, crise energética, crise de sustentabilidade, mudanças climáticas e catástrofes ambientais, crises dos paradigmas, mudanças epistemológicas, guerras e terrorismos, intolerâncias religiosas e, não menos grave, crise do sistema educativo.

Seria legítimo, perguntar-nos sobre que papel poderia desempenhar, nesses tempos sombrios, o pensamento educacional ou como ele nos poderia ajudar a compreender e a superar os desafios que se impõem. Arendt (1987 apud Andrade, 2010; Stolcke, 2002), ao analisar os horrores do século passado, afirmava que os “tempos sombrios não são novos” e “não constituem uma raridade na história”. É com esse ponto de vista que nos referimos dos acontecimentos marcantes na vida social. Talvez se possa repensar com ela a tarefa educativa, principalmente no que toca ao ensino e a difusão de valores morais. Assim, Arendt inicia um longo percurso para demonstrar que o mal não pode ser explicado como uma fatalidade, mas sim caracterizado como uma possibilidade da liberdade humana. [...]

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