A AVALIAÇÃO DA MOTRICIDADE GLOBAL E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL...

Por DANIELE SIEBAUER LIESENFELD | 30/11/2016 | Educação

A AVALIAÇÃO DA MOTRICIDADE GLOBAL E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL EM ESTUDANTES QUE APRESENTAM DESEMPENHO ESCOLAR SATISFATÓRIO E EM ESTUDANTES QUE APRESENTAM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.

DANIELE SIEBAUER LIESENFELD¹

¹acadêmica do 7° semestre de Educação Física – FASB - daniele_siebauer2012@hotmail.com

JESSICA LOPES¹

¹ acadêmica do 7° semestre de Educação Física – FASB - jel_444@hotmail.com

KARINE CIPOLATTO¹

¹ acadêmica do 7° semestre de Educação Física – FASB - karine_cipolatto@hotmail.com

KAUANA LIRA¹

¹ acadêmica do 7° semestre de Educação Física – FASB - kaulira@hotmail.com

LUANA MANN²

²professora da FASB - luanamann@gmail.com

INTRODUÇÃO

A experiência motora proporciona um amplo desenvolvimento dos diferentes componentes da motricidade, tais como a coordenação, o equilíbrio, motricidade fina, motricidade global, esquema corporal, organização espacial e temporal (MEDINA; MARQUES, 2005). De acordo com Caetano et al. (2005) o desenvolvimento motor é um procedimento de modificações no nível de funcionamento do individuo, o qual através de suas experiências ao longo do tempo, adquire uma maior capacidade de controlar os movimentos. Esta contínua alteração no comportamento é consequência da interação entre as exigências tarefa, a biologia do individuo e o ambiente, que define-se como um processo dinâmico.     Tal desenvolvimento é de extrema importância e necessidade, particularmente, na infância, para a evolução de diversas habilidades básicas, como andar, correr, saltar, arremessar problemas (MEDINA; MARQUES, 2005).Uma situação que vem gerando enorme preocupação e tem atingido grande parte de estudantes matriculados nas séries iniciais do ensino básico é a ocorrência de crianças com dificuldades de aprendizagem, que não atingem médias satisfatórias ao final de cada unidade. Em sua maioria essas dificuldades refletem e estão associadas à percepção, atenção, memória, associação e fixação de informação, podendo acarretar sérias consequências na vida jovem e adulta (MEDINA; MARQUES, 2005).

Desta maneira, percebe-se que essas dificuldades de aprendizagem apresentam-se na maioria das vezes associadas a problemas de outra natureza (STEVANATO et al., 2003). Segundo Gregório et al. (2002) a prática da educação motora tem influência no desenvolvimento de crianças com dificuldades escolares que apresentam baixo rendimento, o qual acarreta consequências significativas como problemas de atenção, leitura, escrita, cálculo, socialização e interpretação.                                                                                              O presente estudo possui o objetivo de avaliar e comparar o desenvolvimento motor, nos componentes de motricidade global e organização espacial em crianças que possuem dificuldades de aprendizagem e crianças que apresentam bom desempenho escolar, com idades entre 6 a 11 anos em uma escola pública de Luis Eduardo Magalhães. 

METODOLOGIA

 O estudo caracteriza-se como quantitativo de caráter descritivo e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB), mediante o protocolo número 49687815.0.0000.5026. Foi realizado com uma amostra de 14 escolares do 1º ao 4º ano do Ensino Fundamental I da rede pública (municipal) da cidade de Luis Eduardo Magalhães – BA.

Os testes foram aplicados com base na Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) proposta por Rosa Neto (2002) que compreende seis baterias de testes, com metodologia semelhante, abrangendo as seguintes áreas da motricidade humana: motricidade fina; motricidade global; equilíbrio; esquema corporal; organização espacial; e organização temporal. Compreende também testes de lateralidade com metodologia diferenciada.  

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos em cada prova foram quantificados e categorizados conforme a Quadro 1.

Quadro 1 – Valores finais do quociente motor e a sua correspondente categoria de diagnóstico. Fonte: Rosa Neto (2002). 

O Gráfico 1: apresenta o desenvolvimento das variáveis Motricidade Global e Organização Espacial obtidas pelo Grupo 1 (que apresentam bom desempenho escolar) e Grupo 2 (que apresentam dificuldades de aprendizagem), conforme classificação proposta por Rosa (2002). 

Analisando separadamente o QMG (Quociente Motor Geral) obtido por cada variável do grupo1 (que apresentam bom desempenho escolar), a motricidade global (x=118,7) obteve classificação “Normal Alto” e a organização espacial (x=104,5) classificação “Normal Médio”. Já ao analisar os resultados obtidos no grupo 2 (alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem), a área motora de motricidade global (x=88,2) obteve classificação “Normal Baixo” e a organização espacial (x=72,5) demonstrou maior defasagem, com classificação segundo o EDM (Escala de Desenvolvimento Motor) de “Inferior”.                                           Esses dados corroboram os achados por Rosa, Costa e Poeta (2005), que também apresentaram classificação “Normal Baixo” e “Inferior” em seu estudo com 105 alunos que apresentaram dificuldades de aprendizagem, entre a faixa etária de 5 a 14 anos, na cidade de Florianópolis.   Segundo Rosa, Costa e Poeta (2015), a motricidade global permite a execução de movimentos amplos, como correr, saltar, pular. Desta forma, pode-se dizer que desempenho motor e aprendizagens referentes ao planejamento e a coordenação motora, podem, se não causar, acentuar as dificuldades na aquisição da escrita (SILVA; BELTRAME 2011, apud SMITS-ENGELSMAN et al., 2001).A orientação espacial, segundo De Meuer e Staes (1991), permite a orientação em relação às coisas ou pessoas e organizar-se perante o mundo nas tarefas do dia-a-dia, na escola ou fora dela. Silva e Beltrame (2011), apud Castaño (2002) citam que a linguagem se relaciona com o conhecimento do espaço, uma vez que as estruturas gramaticais, tais como as preposições "antes" e "depois", necessitam de uma compreensão da organização do espaço. Sendo assim, distúrbios nesta área motora vêm, consequentemente, causar prejuízos na aprendizagem escolar. 

CONCLUSÃO

Concluindo, percebe-se que os aspectos ligados ao desenvolvimento humano estão entrelaçados e que limitações em determinadas áreas causam prejuízos em outras. Assim, através dos resultados do presente estudo se pode afirmar que os distúrbios motores estão relacionados ao aprendizado, evidenciando um atraso no desempenho motor nas crianças com problemas de aprendizagem.   

REFERÊNCIAS

CAETANO, M. J. D.; SILVEIRA, C. R. A.; GOBBI, L. T. B. Desenvolvimento motor de pré-escolares no intervalo de 13 meses. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, 2005; 7 (2): 05-13.

DE MEUER, A.E.; STAES, L. Psicomotricidade: educação e reeducação. São Paulo: Manole, 1991.

MARQUES I; MEDINA J; Avaliação do desenvolvimento motor de crianças com dificuldades de aprendizagem. 2009. 

STEVANATO, Indira Siqueira; LOUREIRO, Sonia Regina; LINHARES, Maria Beatriz Martins e MARTURANO, Edna Maria. Autoconceito de crianças com dificuldades de aprendizagem e problemas de comportamento. Psicol. Estud. (online). 2003, vol.8, n. 1, PP. 67-76 

Gregório, C. S. B.; Pinheiro, E. C. T.; Campos, D. E. O. Alfaro, E. J. – Evolução neuromotora de um recém – nascido pré – termo e a correção com os fatores perinatais. Fisioterapia Brasil 2002; 3 (4): 250 – 255. 

ROSA NETO, F. Manual de avaliação motora. Porto Alegre: Artmed, 2002. 

Rosa Neto, F.; Costa. S. H.; Poeta, L. S. - Perfil motor em escolares com problemas de aprendizagem. Revista Pediatra Mod. 2005; xli (3): 109-117.

SILVA, J; BELTRAME T. S; Desempenho Motor de aprendizagem em escolares com idade entre 7 e 10 anos. Motricidade, Florianópolis, vol. 7, n. 2, p. 57 – 68, 2011.

Smits-Engelsman, B. C. M., Niemeijer, A. S., & Galen, G. P. Fine motor deficiencies in children diagnosed as DCD based on poor grapho-motor ability. Human Movement Science, 20, 161-182, 2001.