A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO PROCESSO DA CIRURGIA BARIÁTRICA
Por Luene Aparecida Afonso do Nascimento | 22/01/2014 | PsicologiaERICK UNGARELLI 170151-7
JÉSSIKA OHANA CREADO CANÊDO 980578-8
JULIANA APARECIDA DE SIQUEIRA 575276-0
KAREN CRISTINA DE SOUSA 723132-6
LUENE APARECIDA AFONSO DO NASCIMENTO 980093-0
RAFAELLA CARVALHAES VIANA 985556-4
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO PROCESSO DE CIRURGIA BARIÁTRICA
Relatório de Pesquisa para obtenção do título de graduação em Psicologia apresentado à Universidade Paulista – UNIP.
Orientadora: Profª Ms. Juliana de Moura Borges
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GOIÂNIA
2012
AGRADECIMENTOS
À Deus que, com toda sua luz, nos iluminou dando-nos força para superar os desafios e a persistência para seguir em frente;
Aos nossos pais, pelo ambiente acolhedor que nos proporcionaram, contribuindo para sermos quem somos hoje, além do apoio e confiança em decisões que tomamos em nossas vidas;
Aos namorados (as) que tiveram paciência e compreensão pelos momentos ausentes voltados para o estudo, pelo carinho, apoio e incentivo para alcançarmos nossos objetivos nessa caminhada acadêmica;
Aos professores do curso de Psicologia da UNIP que influenciaram de forma significativa e positiva os nossos caminhos em relação à prática psicológica;
Aos colegas do curso, amigos e integrantes deste grupo de pesquisa pela amizade, carinho, troca de conhecimento, comprometimento e empenho dedicados a construção desta pesquisa;
Aos psicólogos que participaram da pesquisa por compartilharem informações sobre suas atuações e percepções sobre o processo da cirurgia bariátrica, possibilitando a concretização desse estudo.
“Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.
Hoje sei que isso é.. .Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
(Charles Chaplin)
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RESUMO
CANEDO, J. O. C.; NASCIMENTO, L. A. A.; SIQUEIRA, J. A.; SOUSA, K. C.; UNGARELLI, E. S.; VIANA, R. C.; BORGES, J. M.; (orientadora). A atuação do Psicólogo no Processo de Cirurgia Bariátrica. Curso de Psicologia, Universidade Paulista. Goiânia, 2012.
Este estudo teve como objetivo compreender a atuação do psicólogo no processo de cirurgia bariátrica, considerando a obesidade como um problema de saúde pública. Participaram voluntariamente da pesquisa cinco profissionais da psicologia que atuam no processo da cirurgia. Para coleta de dados utilizou-se questionário composto por questões abertas e fechadas. Metodologicamente, optou-se por uma abordagem qualitativa, e para análise dos resultados foi utilizado a análise de conteúdo temática. Diante das informações obtidas pelos sujeitos da pesquisa, foi possível traçar a atuação do psicólogo no pré e pós-cirúrgico. No primeiro momento orienta-se acerca das possibilidades intermediárias, e no pós se trabalham as variáveis psicológicas que podem contribuir para a construção negativa da imagem corporal, bem como questões como arrependimento e reoperações. Esta pesquisa evidenciou que não existe diferença na atuação do psicólogo com relação ao gênero do paciente. O trabalho do profissional de psicologia considera a peculiaridade do sujeito, o que torna cada atendimento psicológico único.
Palavras chave: Cirurgia Bariátrica; Obesidade; Atuação do Psicólogo.
ABSTRACT
CANEDO, J. O. C.; NASCIMENTO, L. A. A.; SIQUEIRA, J. A.; SOUSA, K. C.; UNGARELLI, E. S.; VIANA, R. C.; BORGES, J. M. (advisor professor). The psychologist's performance in the process of bariatric surgery. Psychology Graduation Course, Universidade Paulista. Goiânia, 2012.
This study had the objective to understand the performance of the psychologist in the process of bariatric surgery, considering obesity as a public health problem. Participated voluntarily in the study five psychology professionals who work in the surgery process. For data collection it was used questionnaires consisting of open and closed questions. Methodologically it was opted for a qualitative approach, and result analysis it was used the thematic content analysis. Given the information obtained by the subjects, it was possible to trace the performance of the psychologist in pre and post-surgical. At first it is oriented about the possibilities, and in postsurgical period the psychological variables that can contribute to build negative body image, as well as issues such as regret and reoperations. This research showed that there is no difference in the performance of the psychologist regarding gender of the patient. The work of psychology professional considers the peculiarity of the subject, which makes every psychological attendance unique.
Key words: Bariatric surgery; obesity; Performance of the Psychologist.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.. 07
1.1 Objetivo Geral 12
1.2 Objetivos Específicos. 12
1.3 Justificativa. 12
2 MÉTODO.. 14
2.1Participantes. 14
2.2 Instrumentos. 14
2.3 Aparato de pesquisa. 14
2.4 Procedimentos. 14
3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.. 16
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.. 24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.. 26
ANEXOS 29
INTRODUÇÃO
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2004), a obesidade é considerada um problema de saúde pública, sendo associada ao excesso de gordura acumulada no tecido adiposo. Baseando-se no Índice de Massa Corporal (IMC), a OMS classifica a obesidade em três diferentes níveis de gravidade. O primeiro nível ocorre quando o IMC está entre 30 a 34,9 kg/m², o segundo quando o IMC situa-se entre 35 e 39,9 kg/m² e o nível três quando o IMC está acima de 40kg/m², sendo que neste último é considerada obesidade mórbida.
Nos últimos anos, a prevalência da obesidade nos países industrializados tem aumentado muito, sendo considerada pela OMS (2004) uma epidemia, estimando um aumento da incidência em todas as faixas etárias (HELLER, 2004).
Dalgalarrondo (2008) aponta que a obesidade é uma questão determinada por fatores genéticos, psicológicos, familiares e culturais, sendo que um de seus pontos fundamentais é a disfunção dos mecanismos de saciedade. O autor classifica o perfil da personalidade do obeso, como uma pessoa imatura e muito sensível à frustração, que recorre à comida como uma forma de compensação de algo que carece.
Segundo Heller (2004), a obesidade é um fenômeno estigmatizado, e poucas pessoas obesas conseguem aceitação social, em sua maioria sendo excluídos, ridicularizados, considerados preguiçosos e sem força de vontade. Em seu estudo a autora chama a atenção para o aumento significante da obesidade na infância e na adolescência, mostrando que apesar disso o fenômeno da obesidade continua a ser negligenciado.
Castilho (2004) afirma que a obesidade na infância acarreta consequências para a vida adulta, mostrando os seus riscos para a saúde física e mental a curto e longo prazo. Donato et al., (2004) abordam o fenômeno da obesidade como uma questão multifatorial, que abrange a interdisciplinaridade para a compreensão, tratamento e diagnóstico deste desequilíbrio.
Segundo Marchesini (2006), a obesidade contribui para o desenvolvimento de diversas doenças, tais como: hipertensão arterial, afecções coronárias, Acidente Vascular Cerebral (AVC), doenças degenerativas oestoarticulares, insuficiência cardíaca e respiratória, complicações nos tratamentos cirúrgicos, doenças no aparelho digestivo como refluxo gastroesofágico, câncer dentre outras, além de acarretar maior índice de acidentes pessoais, distúrbios psicológicos, psiquiátricos, assim como o sofrimento devido ao preconceito e à discriminação social.
Os aspectos psicopatológicos que mais se relacionam com o fenômeno da obesidade são: depressão, ansiedade, transtorno de imagem corporal e transtornos do comportamento alimentar, conforme Oliveira e Yoshida, 2009. Estes autores afirmam que a perda de peso contribui para a redução dos sintomas psicopatológicos, e ressaltam que não se deve adotar uma única postura diante da obesidade, mostrando que é preciso compreender cada caso, os fatores presentes em cada pessoa e buscar os programas terapêuticos adequados para cada indivíduo de acordo com sua necessidade.
De acordo com Donato et al., (2004), o desejo do paciente obeso ao procurar tratamento é o de perder peso o mais rápido possível. Os autores ressaltam que o tratamento deve estar diretamente relacionado aos índices de saúde, não reduzindo apenas o peso observado na balança, mas preservando a massa magra, limitando a perda de tecidos proteicos vitais. A maioria das propostas de perda de peso integram uma dieta alimentar balanceada associada a exercícios físicos regulares. Quando estas alternativas não são suficientes, é adicionada na terapia a medicação, e nos casos mais extremos poderá ser necessária a cirurgia bariátrica.
Oliveira e Yoshida (2009) demonstram em seu estudo que grande parte dos tratamentos voltados para obesos de grau III (IMC >= 40 kg/m2) tem como foco a cirurgia bariátrica. Segundo Fernandes (2007), a cirurgia bariátrica é um procedimento que tem crescido na população, e seu resultado tem reduzido os fatores de risco à saúde associados à obesidade. O autor salienta que a cirurgia trabalha com o funcionamento e a capacidade de absorção do estômago, limitando a quantidade de alimento a passar pelo estômago e intestino, podendo trazer o risco de desnutrição.
Fernandes (2007) revela que a cirurgia induz as pessoas submetidas ao procedimento a mudarem seus hábitos alimentares radicalmente, porém alguns pacientes ao insistirem em comer excessivamente estão sujeitos a diversas reações no organismo.
Segundo Baptista et al., (2008), a cirurgia bariátrica deve contar com a participação de uma equipe interdisciplinar especializada para a realização do procedimento e os devidos acompanhamentos, pois esta cirurgia pode ter possíveis contraindicações. O Médico e Professor Dr. Arthur Belarmino Garrido Júnior, intitulado como o pai da cirurgia bariátrica brasileira, deu grande importância à equipe multidisciplinar no processo da cirurgia da obesidade. De acordo com Marchesini (2006), à medida que o tempo foi passando, a atuação do profissional de psicologia foi se mostrando de grande importância nesse processo, pois essa demora na sua efetivação junto a equipe multidisciplinar fez com que os resultados iniciais ficassem comprometidos.
Vasconcelos (2006) relata em seu estudo sobre qualidade de vida de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, que grande parte das pessoas diagnosticadas com obesidade grau II e grau III que tem comorbidades associadas, perdem a motivação para viver devido à baixa qualidade de vida, contribuindo para que esses pacientes apresentem comportamento de isolamento social. Esse sentimento de inadequação social é reforçado pela mídia e meios de comunicação, que ditam o “corpo perfeito” e apostam na afirmativa de que ser magro é apenas uma questão de “bom senso”, essa visão fortalece o conceito de que a obesidade é consequência da gula e da preguiça dos indivíduos com sobrepeso.
Baptista et al., (2008) aponta que em obesos e obesos mórbidos existe prevalência significante de sintomas depressivos e que a intervenção cirúrgica é um momento estressante na vida do indivíduo. Isso revela a necessidade de trabalhar a etiologia multifatorial da obesidade, bem como aspectos psicológicos presentes no pré e pós cirúrgicos.
Segundo Barbosa (2009), comer compulsivamente é um transtorno relacionado à ansiedade, em geral, a compulsão se dá no intuito de aliviar um sintoma, reduzindo, assim momentaneamente, a ansiedade e o desconforto. Este comportamento pode se tornar um hábito, contribuindo para a obesidade. Para Dalgalarrondo (2008), a ansiedade é um estado de humor desagradável, uma inquietação interna, que inclui manifestações fisiológicas e psíquicas.
Outra questão relevante ligada à obesidade é a preocupação com a estética corporal. A imagem corporal, na sociedade moderna, tem lugar privilegiado para o controle social. Assim, o corpo e sua imagem em especial ocupam um lugar central na vida do homem contemporâneo, na relação com o mundo e com seus pares. (VILHENA et al., 2008).
Castilho (2004) define a imagem corporal como uma questão multidimensional e dinâmica, que envolve os aspectos perceptivo, cognitivo, afetivo e comportamental. As pessoas têm formas diferentes de se avaliarem e se perceberem, sendo a imagem corporal uma experiência única. A autora mostra que a maioria dos problemas associados à imagem corporal está presente nos segmentos da população obesa. Os indivíduos obesos costumam ser mais preocupados e insatisfeitos com sua aparência, e tendem a vivenciar emoções como ansiedade, raiva, inveja, vergonha, incômodo, desgosto entre outras.
Segundo Benedetto (2006), faz-se necessário pensar a problemática da obesidade em um contexto mais amplo e social, enfatizando as questões de gênero envolvidas. Com relação ao gênero masculino há uma pressão pelo aspecto da beleza voltado para vigor físico e músculos definidos; enquanto que, para as mulheres a ideia da beleza esta associada ao padrão de magreza. O estudo realizado por Oliveira e Yoshida (2009) aponta que as mulheres correspondem à maioria dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, por ser um tratamento que promove o emagrecimento consideravelmente rápido.
As pessoas obesas que se submeteram à cirurgia bariátrica, geralmente apresentam expectativas de melhoria em todos os aspectos de sua vida, que podem não ocorrer em todos os sentidos esperados, gerando com isso decepção, tristeza ou até mesmo um quadro depressivo, podendo chegar ao arrependimento do ato cirúrgico. Isso mostra a importância de se avaliar todo o processo da cirurgia bariátrica, diante de uma visão biopsicossocial no tratamento e acompanhamento do paciente no pré e pós-operatório (VASCONCELOS, 2006).
A Resolução 1.766/2005 do Conselho Federal de Medicina (CFM) estabelece como norma para o processo de cirurgia bariátrica uma equipe composta por cirurgião com formação específica, clínico, nutrólogo e/ou nutricionista, psiquiatra e/ou psicólogo, fisioterapeuta, anestesiologista, enfermeiros e auxiliares de enfermagem familiarizados com o manejo desses pacientes.
Travado et al., (2004) relatam que o processo de cirurgia bariátrica estrutura-se em três fases - pré-cirúrgica, internação e pós-cirúrgica - ressaltando que o âmbito psicológico está inserido em todas elas.
Vasconcelos (2006) salienta a importância da atuação do psicólogo no processo da cirurgia bariátrica, pois a avaliação psicológica ajuda a identificar se há distúrbios psicológicos graves ou não em candidatos ao procedimento cirúrgico. Esse acompanhamento deve permanecer também no pós-cirúrgico, de acordo com Belfort (2006), este procedimento exige uma reorganização na vida da pessoa, pois envolve novos hábitos alimentares, além dos efeitos da cirurgia interferir em sua imagem corporal.
A fase pré-cirúrgica, segundo Travado et al., (2004), consiste na avaliação e caracterização psicológica sendo emitido um parecer técnico. Segundo Belfort (2006), a avaliação psicológica assume dupla finalidade: de avaliar as condições psicológicas do paciente para a cirurgia e de esclarecer e apresentar informações necessárias e as consequências da cirurgia para o indivíduo.
Travado et al., (2004) apontam que na fase de internação para a cirurgia, o psicólogo prepara o paciente para a internação, cirurgia e o período pós-cirúrgico imediato. Na fase pós-cirúrgica de acordo com Gleiser e Candemil (2006), o psicólogo trabalha com os pacientes submetidos à cirurgia da obesidade no intuito de evitar recaídas, buscando um equilíbrio entre corpo e mente, já que as mudanças da autoimagem são aspectos fundamentais a serem trabalhados com os pacientes.
Segundo Shiraga (2006), a cirurgia da obesidade não se resume a uma única técnica cirúrgica, sendo importante incluir neste processo boa avaliação pré e pós-operatória, visando diminuir seus riscos e buscando assegurar acima de tudo a qualidade de vida do paciente.
Além dos pacientes que vão passar pela cirurgia, é importante que os profissionais que atuam no tratamento cirúrgico da obesidade estejam preparados para abrir espaço para o atendimento aos seus familiares, pois são os principais contribuintes para evitar possíveis recaídas (MARCHESINI, 2010).
Leal (2007) afirma que a psicologia reconhece os aspectos benéficos do emagrecimento de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, entretanto ressalta a dificuldade que muitos indivíduos têm de emagrecer devido ao eu frágil e mal estruturado. O autor fala que é necessário uma boa percepção da complexidade de cada paciente e o grau de maturidade da personalidade da pessoa que se submete a esse procedimento.
Objetivo Geral
- Compreender a atuação do profissional de psicologia no processo da cirurgia bariátrica.
Objetivos Específicos
- Investigar o trabalho do psicólogo no processo de tratamento pré e pós-cirúrgico.
- Entender as variáveis psicológicas que envolvem o processo da cirurgia bariátrica.
- Verificar como o psicólogo atua na questão do paciente que se arrepende de ter realizado a cirurgia.
Justificativa
O presente estudo busca compreender a atuação do psicólogo no processo da cirurgia bariátrica, que vem se tornando uma importante opção terapêutica no tratamento da obesidade.
As pessoas que buscam tratamento da obesidade através da cirurgia bariátrica, geralmente apresentam sofrimento psicológico, sendo assim, o acompanhamento se faz importante em todas as fases do processo que envolve a cirurgia. Desse modo, os profissionais da psicologia são essenciais para uma concepção mais ampla e adequada em todos os aspectos decorrentes do pré e pós - cirúrgico.
Espera-se que este estudo proporcione relevantes conhecimentos sobre o assunto, possibilitando à sociedade em geral, aos novos acadêmicos e ao mundo cientifico informações adicionais para o estudo deste tema, mostrando a importância da prática do profissional de psicologia no acompanhamento do paciente.
Ainda pretende-se com esta pesquisa, contribuir com todos os profissionais que queiram trabalhar com obesidade e com cirurgia bariátrica, além das próprias pessoas que buscam uma solução através do procedimento cirúrgico, tendo em vista tratar-se de um tema atual e polêmico.
MÉTODO
Participantes
Participaram voluntariamente, cinco psicólogos que atuam há mais de um ano no processo da cirurgia bariátrica.
Instrumentos
Utilizou-se para coleta de dados um questionário auto-aplicavél (Anexo II) com questões abertas e fechadas, que abordaram a visão dos profissionais de psicologia acerca da sua atuação no processo da cirurgia bariátrica. O questionário foi construído de acordo com o referencial teórico deste projeto, a fim de alcançar os objetivos nele propostos.
Aparatos de pesquisa
Foram utilizados papéis e canetas.
Procedimentos
Inicialmente realizou-se contato com os participantes para marcar o horário da aplicação do questionário. Neste primeiro momento foi apresentado o projeto de pesquisa, esclarecendo sobre os objetivos do estudo, bem como o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo I), garantindo a autorização para a utilização dos dados. Os participantes também foram informados sobre a garantia de sigilo de suas identidades. A aplicação dos questionários ocorreu no próprio campo de atuação do profissional. Diante dos dados foi feita análise qualitativa, com base no referencial teórico de Minayo (2006). A Análise de Conteúdo Temática proporcionou a identificação de como se dá a atuação dos profissionais no processo da cirurgia bariátrica.
ANÁLISE E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos após a aplicação dos questionários possibilitaram identificar informações quanto à investigação do trabalho destes profissionais no processo de tratamento pré e pós-cirúrgico. Para esta investigação, buscou-se traçar o perfil dos candidatos que pretendem se submeter à cirurgia bariátrica, bem como compreender de que forma se dá o trabalho do psicólogo junto à equipe multidisciplinar.
Os profissionais atendem pacientes com faixa etária compreendida entre 18 e 50 anos, sendo que apenas um dos profissionais alegou existir atendimento a pessoas mais jovens ou mais velhas. Costa et. al., (2009), em seu estudo com candidatos à cirurgia bariátrica, apontou que a faixa etária da maioria dos pacientes avaliados varia entre 18 e 56 anos. Este dado confirma as respostas dadas por quatro dos profissionais entrevistados, no que se refere à idade dos pacientes atendidos.
Os critérios para indicação da cirurgia bariátrica apontados pela Resolução CFM 1.766/2005 incluem que a cirurgia bariátrica é indicada para maiores de 18 anos, porém os idosos e jovens entre 16 e 18 anos podem ser operados, mas exigem precauções especiais e o custo/benefício deve ser muito bem analisado. Como a resolução não proíbe a realização da cirurgia em pacientes menores que 18 anos, acredita-se que pessoas mais jovens podem ser indicadas para a cirurgia, devido a obesidade oferecer fatores de risco à sua saúde.
Quanto à escolaridade dos pacientes, foi relatado que, em sua maioria, possuem ensino superior, seguido pelo ensino médio, havendo apenas uma citação do ensino fundamental. A classe econômica é geralmente média e média-alta e a etnia majoritariamente branca e parda. Em relação à predominância de atendimentos à classe média e média-alta, certamente se da pelo fato dos profissionais participantes atuarem em sua maioria em redes conveniadas e particulares de saúde. A pesquisa realizada evidenciou a prevalência da etnia branca nos candidatos à cirurgia, esta característica pode ser justificada ao considerar os dados demográficos da população goianiense onde se realizou o estudo que, segundo os dados do IBGE (2010), 47,17 % da população é de etnia branca, 44,5 % parda, 6,48% negra e 1,85 % de outras etnias. Entende-se portanto que a cirurgia não é procurada mais por pessoas branca, porém essa procura relaciona-se com a amostra da população.
No que se refere à rede de atendimento utilizada pelos candidatos à cirurgia, a conveniada foi citada por todos os profissionais. Dois psicólogos relataram a rede particular e apenas um a rede pública. Godoy (2008) destaca que apesar do custo ser maior para os planos de saúde, o setor privado, onde os médicos e equipes são melhor remunerados, investe na cirurgia como uma propaganda do próprio plano atraindo cada vez mais consumidores, inclusive os de classes menos favorecidas. Algumas pessoas estão aderindo aos planos privados com a finalidade de esperar o tempo das carências para obterem a cirurgia.
Os dados deste estudo revelaram que as equipes de atendimento ao processo de cirurgia bariátrica são compostas por: psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, educador físico, médico cirurgião, endocrinologista, psiquiatra, cardiologista, pneumologista.
A Resolução do CFM 1766/05 estabelece como norma para o processo de cirurgia bariátrica a necessidade de uma equipe de atendimento aos pacientes composta por: cirurgião com formação específica, clínico, nutrólogo e/ou nutricionista, psiquiatra e/ou psicólogo, fisioterapeuta, anestesiologista, enfermeiros e auxiliares de enfermagem familiarizados com o manejo desses pacientes. A maior parte dos participantes do presente estudo citou os profissionais que a Resolução do CFM 1766/05 institui, o que leva a perceber que as equipes segue essa normatização do Conselho.
Em relação à atuação do psicólogo junto à equipe disciplinar, quatro participantes relataram haver envolvimento do profissional em discussões e encontros com toda a equipe; apenas um disse que há este envolvimento. Grande parte da literatura pesquisada acerca da cirurgia bariátrica menciona a prevalência da equipe multidisciplinar, no entanto os dados obtidos pela maioria dos psicólogos participantes da presente pesquisa descreveram uma relação interdisciplinar.
Segundo Galván (2007), na equipe interdisciplinar compartilha-se, técnicas, conceitos e metodologias, o que possibilita o diálogo entre a equipe, contribuindo para a transformação das disciplinas envolvidas. No que se refere à equipe multidisciplinar, Almeida Filho (2005) define-a como uma integração disciplinar em que os profissionais envolvidos trabalham a mesma questão sem que estabeleçam trocas entre si. Sendo assim, cada profissional adota sua metodologia, observando o tema sob várias perspectivas.
No processo da cirurgia bariátrica, acredita-se que, devido à sua complexidade e ao envolvimento de profissionais de várias áreas, a atuação no modelo interdisciplinar pode levar ao melhor desenvolvimento do processo cirúrgico, por este abranger várias facetas do paciente. A troca de informações entre as disciplinas enriquecerá o desenvolvimento de novas técnicas para esta modalidade de cirurgia ainda recente.
Referindo-se ao número de sessões realizadas com os candidatos à cirurgia, dois psicólogos informaram que são feitas de três a seis sessões, outros dois profissionais relataram que realizam de seis a nove sessões e somente um psicólogo indica mais de nove sessões.
Machado e Morona (2007) destacam que a avaliação no processo da cirurgia bariátrica é uma atividade recente, sendo que os conhecimentos nessa área estão em construção. A autora afirma que a metodologia para avaliação do candidato a cirurgia bariátrica não tem um modelo a ser seguido. O psicólogo nessa atividade deve questionar diante de cada atendimento, se o candidato tem condições psicológicas para se submeter à cirurgia e a todos os procedimentos posteriores, assim como adaptar-se ao novo estilo de vida e relacionamento. Cabe ao profissional buscar nos instrumentos técnicos e nos pressupostos teóricos uma melhor maneira de responder a pergunta levantada.
A não existência de um modelo de atuação, seja no número de sessões ou nos instrumentos utilizados, certamente ocorre devido à subjetividade do paciente, bem como a variação entre as abordagens que sustentam a prática do profissional. Diante do fato de não existir uma estrutura padrão para os atendimentos, cabe ao psicólogo verificar o sujeito que se apresenta perante uma visão biopsicossocial tendo uma postura comprometida com a escuta e acolhimento, ajudando o paciente a ter uma visão mais ampla de si, do mundo que está inserido e dos recursos disponíveis, ou seja, promover um momento de reflexão para que este possa buscar maneiras de lidar com o processo.
Nesse sentido, provavelmente o psicólogo realiza mais sessões com aqueles pacientes que apresentam ansiedade elevada, medos e frustrações diante das mudanças, muitas dúvidas em relação ao processo e insegurança com os possíveis resultados.
Para melhor entender as variáveis psicológicas envolvidas no processo da cirurgia bariátrica, abordou-se questões relacionadas aos aspectos psicopatológicos da obesidade. As respostas dos participantes evidenciaram que a ansiedade é o aspecto psicopatológico mais citado, seguido por depressão, transtorno de comportamento alimentar e transtorno da imagem corporal. Segundo Vasconcelos (2006), os estudos realizados ainda não mostram claramente a relação existente entre a obesidade e os aspectos psicológicos e/ou psiquiátricos ou se a obesidade é decorrente ou consequência de distúrbios emocionais. Embora os estudos não evidenciem as relações de envolvimento dos fatores psíquicos com o fenômeno da obesidade, cabe ressaltar a importância desses aspectos no processo da cirurgia bariátrica.
De acordo com o relato dos profissionais, a questão mais trabalhada nos atendimentos pré-cirúrgicos é a conscientização das mudanças que serão enfrentadas no pós-cirúrgico, sendo que, dois profissionais enfatizaram ainda as frustrações que levam a compensação pelo alimento. Esta conscientização vai sendo processada junto com os temas psicológicos que surgem nas sessões.
Perguntados sobre questões pertinentes a serem acrescidas e que não foram levantadas pelo instrumento deste estudo, um dos psicólogos relatou que sua função no âmbito da cirurgia bariátrica é de traçar o perfil psicológico através do psicodiagnóstico.
Segal (2002) indica que na fase pré-operatoria, o paciente precisa se informar acerca das mudanças significativas que ocorrerão, é o momento que se torna possível que ele perceba a amplitude de todo o processo e o auxilia a tomar decisões mais conscientes. O psicodiagnóstico possibilita identificar fatores que contraindiquem a cirurgia bariátrica a determinados candidatos, caso não estejam plenamente de acordo com os procedimentos cirúrgicos ou não sejam capazes de assimilar as mudanças possíveis no pós-operatório, seja por transtornos psiquiátricos ou incapacidade cognitiva.
Considerando a afirmativa de Segal (2002) percebe-se a importância do candidato à cirurgia estar consciente de todas as possibilidades de transformação e mudanças que a cirurgia bariátrica pode ocasionar, devido à complexidade no âmbito biopsicossocial que o procedimento causa. Além disso, identificar a ausência de psicopatologias é fundamental, pois se o paciente não estiver bem emocionalmente, poderá passar por dificuldade em enfrentar as mudanças nos hábitos de vida que ocorrerão. Embora existam possibilidades para contraindicação da cirurgia, não há um consenso de quais dados sejam imprescindíveis para um bom prognóstico.
Queiroz e Santos (2005) não só evidenciam a importância do psicodiagnóstico como também o acompanhamento aos pacientes no pós-cirúrgico, pois o indivíduo se encontra no processo de reconstrução de sua identidade, correndo o risco de não elaborar tais mudanças, justificando a reobtenção do peso ou a substituir o sintoma por outra compulsão ou transtorno.
Embora a literatura apresente a importância do momento pós-cirúrgico, um dos participantes revelou que a porcentagem que retorna ao trabalho psicológico é inferior a 1%, não apontando o aspecto psicológico dos que dão continuidade.
Rezende (2011) mostrou em seu estudo que, apesar da perda de peso significante, os pacientes apresentam insatisfação com a imagem corporal. Dados do estudo revelam que esta variável esteve presente nos participantes que estavam há menos de seis meses no pós-operatório. Esta insatisfação pode estar relacionada à expectativa do paciente de emagrecer e atingir a imagem idealizada ainda no estágio pré-operatório, sendo que ele emagrece, porém se depara com novos aspectos como flacidez, excesso de pele e uma estrutura física inesperada.
Diante do descontentamento com a auto-imagem, fica evidente a importância do profissional de psicologia no pré e pós cirúrgico. No primeiro momento orientando e tornando consciente acerca das possibilidades intermediárias, e após a cirurgia trabalhar as variáveis psicológicas que podem contribuir para a construção negativa da imagem corporal.
No que diz respeito à possibilidade de reobtenção de peso, vale destacar que um dos participantes da pesquisa, revelou as “recirurgias”, ou seja, o retorno de pacientes que já se submeteram a cirurgia bariátrica e buscam novamente o processo cirúrgico bariátrico para resolução do ganho de peso.
Segundo William (2007), muitos pacientes com gastroplastia com enfaixamento vertical previamente realizada estão agora experimentando a recuperação do peso e solicitando a cirurgia de reoperação. A repetição das operações bariátricas é um tema controverso, a maioria dos cirurgiões aceita a reoperação quando um paciente se submete à cirurgia que se mostrou ineficaz na redução de massa. O autor revela que todas as operações bariátricas possuem alguma incidência de falha. Dentre as falhas está incluída a perda de peso inadequada, a resolução imprópria das co-morbidades médicas, o desenvolvimento de efeitos colaterais que influenciam negativamente o estilo de vida.
Cabe ressaltar que as reoperações com relação ao ganho de peso, não se limitam apenas a vertente da ineficiência do processo cirúrgico, mas também pode estar ligada aos aspectos comportamentais, cognitivos e subjetivos do indivíduo que se submeteu à cirurgia. Estes pacientes passam por mudanças de vida que requerem um tempo de adaptação. Neste momento se faz necessário estar em acompanhamento psicológico, para melhor resignificar suas vivências, bem como suas frustrações e desejos, que podem inclusive estar relacionados em se submeterem novamente à cirurgia bariátrica.
Três psicólogos participantes ressaltam que as mudanças rápidas que ocorrem na imagem corporal do individuo é uma das variáveis mais presentes nos atendimentos. Outros aspectos psicológicos citados foram as mudanças de hábitos e rotinas que afetam as relações familiares e, por fim, o controle da ansiedade para recuperação mais efetiva. De acordo com Costa (2011), a cirurgia oferece uma perda de peso satisfatória, melhora das comorbidades associadas e da qualidade de vida nos obesos operados. As avaliações devem ser encaradas pelo paciente como um estímulo necessário para mudar os seus hábitos de vida. Faz-se necessário acompanhamento e identificação dos pacientes suscetíveis de ganho de peso e piora da qualidade de vida em pós-operatório através de suporte médico, nutricional e psicoterápico.
No que se refere à questão do arrependimento a este tipo de cirurgia, três participantes relataram que isto não é comum; dois afirmaram que sim, o arrependimento ocorre e é comum; e um deles complementou não haver necessariamente arrependimento e sim questionamentos.
Em relação ao atendimento com pacientes que se arrependem, dois revelaram que nunca atenderam clientes que se arrependeram; dois citaram que o atendimento é continuado normalmente, conforme estabelecido no contrato; e um respondeu que é estabelecido um contrato à parte daquele combinado anteriormente, para que possam tratar os conflitos de forma mais específica.
Diante do incômodo e das restrições causadas pelo procedimento cirúrgico, algumas pessoas podem vivenciar o “dia do arrependimento”, quando se arrependem de ter realizado a cirurgia bariátrica. Marchesini (2010) realizou uma pesquisa com 46 pacientes bariátricos no pós-cirúrgico, em que foi constatado que 26% dos pacientes vivenciaram o “dia do arrependimento” e 67,4% disseram que poderiam ter se preparado psicologicamente melhor antes da cirurgia, para evitar contratempos como este.
Neste contexto, cabe ressaltar a importância do paciente dar continuidade ao tratamento psicológico no momento pós-cirúrgico, pois o número de paciente que se arrependem é significativo. A fase de adaptação da cirurgia é um momento complexo e delicado, pois envolve uma multiplicidade de aspectos da vida do paciente.
No que tange à atuação dos psicólogos diante das diferenças de gênero, três participantes relataram que o atendimento psicológico não varia de acordo com o gênero do paciente, apenas um psicólogo pontuou que existe diferença, pois cada caso deve ser avaliado de forma individual.
Os participantes relataram que a busca pelo aumento da autoestima é um dos principais motivos que levam as mulheres a se submeterem a esta cirurgia. Já os pacientes do sexo masculino, em sua maioria, se candidatam à cirurgia por motivos de melhoria da saúde. Os profissionais revelaram que ambos os sexos também buscam o tratamento cirúrgico com finalidade de melhorar o desempenho sexual, beleza corporal, autoestima, melhoria da saúde e realização pessoal.
De acordo com Benedetto (2006), em relação às questões de gênero envolvidas, no sexo masculino há uma pressão pelo aspecto da beleza voltado para um vigor físico e músculos definidos. Enquanto que para as mulheres a ideia da beleza está associada ao padrão de magreza. Embora os resultados e a literatura apontem para uma diferença entre homens e mulheres no que tange ao motivo pela busca da cirurgia, a literatura e os resultados não demonstram uma diferença da atuação do psicólogo de acordo com o gênero do paciente.
Provavelmente não existe diferença na atuação do psicólogo em relação ao gênero do paciente, considerando a peculiaridade de cada sujeito, independentemente do sexo, o que torna cada atendimento psicológico único.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse estudo evidenciou a atuação do psicólogo no processo da cirurgia bariátrica, considerando a obesidade como um problema de saúde pública, que envolve fatores genéticos, psicológicos, familiares e culturais. Para essa compreensão foi investigado sobre o processo no pré e pós cirúrgico, as variáveis psicológicas envolvidas na cirurgia e a atuação do psicólogo frente ao paciente que se arrepende.
Foi possível perceber que esse processo requer a atuação de uma equipe interdisciplinar, em que o psicólogo tem um papel de extrema relevância, pois este profissional acompanha o paciente diante de diversos temas psicológicos como sintomas depressivos, ansiedade, alterações comportamentais, dentre outras situações associadas às mudanças emocionais que o paciente vivencia com o novo estado físico e psíquico.
As variáveis psicológicas presentes no processo da cirurgia bariátrica também incluem as expectativas, fantasias, resultados, dificuldades e frustrações enfrentadas no processo cirúrgico. Neste sentido, o psicólogo trabalha de forma a situar o paciente em sua nova condição de vida e com isso contribui para a adesão ao tratamento.
A pesquisa realizada delineou o trabalho do psicólogo no pré e pós-cirúrgico, no qual se evidencia o candidato como ser humano singular, considerando suas particularidades perante a complexidade que envolve a cirurgia bariátrica. Compreendeu-se a importância de perceber as dificuldades e o nível de preparação psicológica e cognitiva do paciente no pré-cirúrgico, elucidando sobre as mudanças que ocorrerão na dinâmica de vida da pessoa, bem como questões ligadas ao arrependimento e reoperações, buscando os ressignificados que serão dados sobre os aspectos gerais de qualidade de vida e vivência familiar no pós-cirúrgico.
No que se refere ao arrependimento do paciente, não foi possível através do estudo verificar como se dá a atuação do psicólogo frente a estes casos específicos, pois se compreende que o profissional atua diante das mais variadas demanda trazidas pelo paciente, considerando os pressupostos teóricos e técnicas da abordagem de atuação.
Esta pesquisa trouxe à tona vários aspectos acerca da obesidade, dentre elas de ser um fenômeno estigmatizado em que poucas pessoas obesas conseguem aceitação social, havendo sentimento de inadequação. A visão da imagem corporal como uma questão multidimensional e dinâmica, que envolve os aspectos perceptivo, cognitivo, afetivo e comportamental. Além disso destaca-se a problemática de comorbidades associadas à obesidade e os riscos para a saúde.
Para o levantamento dos dados utilizou-se a aplicação de questionários e não houve dificuldade de acesso aos profissionais participantes. Entretanto, o instrumento utilizado não abrangeu todas as questões sobre a temática, como a especificidade do atendimento com pacientes que se arrepende e o levantamento das abordagens de atuação dos psicólogos participantes. Nesse sentido faz-se necessário um aprofundamento da atuação do psicólogo no processo da cirurgia bariátrica, para isso, sugere-se que sejam desenvolvidas outras pesquisas sobre esse tema, devido à relevância e amplitude do assunto.
Nesta perspectiva, os sujeitos da pesquisa contribuíram para uma postura mais crítica em relação ao processo da cirurgia bariátrica, pois entramos em contato com a realidade deste fenômeno, sendo possível corroborar as informações obtidas através da literatura estudada e os dados obtidos através deste estudo.
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ANEXOS
ANEXO I
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Caro/a participante:
Gostaríamos de convidá-lo (a) a participar como voluntário (a) no Projeto de Pesquisa intitulado A Atuação do Psicólogo no Processo da Cirurgia Bariátrica, que refere-se a um trabalho acadêmico de graduação, orientado pela professora Juliana Borges, da disciplina Psicologia e Instituições de Saúde, do Curso de Psicologia da Universidade Paulista – Campus Goiânia-GO.
1. Nome do projeto: A Atuação do Psicólogo no Processo da Cirurgia Bariátrica.
2. Objetivo geral: Compreender a atuação do profissional de psicologia no processo da cirurgia bariátrica.
3. Procedimentos: para realização desta pesquisa será aplicado um questionário mantendo o sigilo de suas informações pessoais.
4. Garantia de acesso: em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. A principal investigadora é a Professora Juliana Borges, que pode ser encontrada no endereço – Rodovia BR-153, Km 503 – Fazenda Botafogo, telefone (62) 3239-4000. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o CEPPE – Centro de Estudos e Pesquisas em Psicologia – Rua Dr. Bacelar, 1212 – Vila Clementino – CEP: 04026-002 – São Paulo – Capital – tel.: (11) 5586.4204 – e-mail: ceppe@unip.br.
5. Garantia de saída: é garantida a liberdade da retirada de seu consentimento a qualquer momento, deixando de participar deste estudo, sem qualquer prejuízo.
6. Direito de confidencialidade: será preservada sua identidade, assim como as identidades de todas as pessoas por você referidas.
Eu,______________________________________________________________ concordo voluntariamente em participar deste estudo e acredito ter sido suficientemente informado/a a respeito do que li ou do que foi lido para mim, descrevendo o estudo sobre A Atuação do Psicólogo no Processo da Cirurgia Bariátrica. Também fui informado/a que poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante a realização do mesmo, sem penalidades ou prejuízos.
______________________________ ________________ / /
Assinatura do/a participante Local Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste/a participante ou de seu representante legal para a participação neste estudo.
______________________________ _______________ / /
Assinatura do/a pesquisador/a Local Data
ANEXO II
QUESTIONÁRIO
1 – Considerando os candidatos que pretendem se submeterem a cirurgia bariátrica, responda as questões abaixo:
1.1- Faixa etária:
( ) Entre 18 e 25 anos
( ) Entre 26 e 35 anos
( ) Entre 36 e 50 anos
( ) Acima de 50 anos
1.2- Nível de escolaridade:
( ) Analfabeta
( ) Ensino Primário
( ) Ensino Fundamental
( ) Ensino Médio
( ) Ensino Superior
1.3- Classe econômica:
( ) Abaixo da linha da pobreza
( ) Baixa
( ) Média
( ) Média Alta
( ) Alta
1.4- Raça/etnia:
( ) Branca
( ) Amarela
( ) Parda
( ) Indígena
( ) Negra
2) Os pacientes que você atende, em sua maioria, tem acesso à cirurgia por qual rede de atendimento?
a) ( ) Pública (Sistema Único de Saúde – SUS)
b) ( ) Conveniada (Planos de saúde)
c) ( ) Particular
d) ( ) As três alternativas citadas.
3) Qual a média de sessões realizadas com os candidatos a cirurgia bariátrica?
a) ( ) de 01 a 03 sessões
b) ( ) de 03 a 06 sessões
c) ( ) de 06 a 09 sessões
d) ( ) acima de 09 sessões
4) O atendimento psicológico necessariamente varia de acordo com o gênero do paciente?
a) ( ) Varia de homem para mulher
b) ( ) São iguais, independente do gênero
c) ( ) Não houve observação
5) Quais os principais motivos que levam as mulheres a se submeterem a cirurgia bariátrica:
a) ( ) Busca da beleza corporal
b) ( ) Melhoria da saúde
c) ( ) busca de mais auto-estima
d) ( ) Melhorar o desempenho sexual
e) ( ) Outros: ______________________________________________
___________________________________________________________
6) Quais os principais motivos que levam os homens a se submeterem a cirurgia bariátrica:
a) ( ) Busca da beleza corporal
b) ( ) Melhoria da saúde
c) ( ) busca de mais auto-estima
d) ( ) Melhorar o desempenho sexual
e) Outros: __________________________________________________
___________________________________________________________
7) Na sua atuação, quais os aspectos psicopatológicos que mais se relacionam com o fenômeno da obesidade (se necessário, marque mais de uma resposta):
( ) depressão
( ) ansiedade
( ) transtorno de imagem corporal
( ) transtornos do comportamento alimentar
Outros: ______________________________________________________________________________________________________________________________________
8) Qual o tema psicológico mais freqüente nos atendimentos no processo pré-cirúrgico?
a) ( ) As frustrações que levam a compensação pelo alimento
b) ( ) A decisão de fazer ou não a cirurgia
c) ( ) A diminuição da ansiedade para que a cirurgia e a recuperação sejam mais efetivas
d) ( ) Conscientização das mudanças que serão enfrentadas no pós-cirúrgico
e) ( ) Outros: _____________________________________________
___________________________________________________________
9) Qual o aspecto psicológico mais freqüente nos atendimentos psicológicos com o paciente pós cirúrgico?
a) ( ) As mudanças rápidas que ocorrem na imagem corporal do indivíduo
b) ( ) A mudança brusca na dieta alimentar
c) ( ) As relações familiares, no que diz respeito as mudanças de hábitos e rotinas
d) ( ) O controle da ansiedade para recuperação mais efetiva
e) ( ) Outros:____________________________________________
_________________________________________________________
10) É comum o paciente se arrepender da cirurgia bariátrica?
a) ( ) Sim
b) ( ) Não
11) Como é realizado o atendimento psicológico com o candidato que se arrepende da cirurgia bariátrica?
a) ( ) É estabelecido um contrato a parte daquele combinado anteriormente, para que possam ser tratados os conflitos de forma mais específica
b) ( ) É realizada a aplicação de testes psicológicos para avaliar os conflitos mais expressivos no atendimento
c) ( ) É realizada a quantidade de sessões estabelecidas anteriormente e depois o paciente é encaminhado para outro psicoterapeuta para dar continuidade à psicoterapia.
d) ( ) O atendimento pós cirúrgico é continuado normalmente, conforme estabelecido no contrato.
e) ( ) Nunca atendi um paciente que tenha se arrependido da cirurgia
f) Outras formas de atendimento: ______________________________
_________________________________________________________
12) Como é composta a equipe multidisciplinar? _________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
13) Como se dá o trabalho do psicólogo junto à equipe multidisciplinar?
a) ( ) Há o envolvimento do profissional psicólogo em discussões e encontros com toda a equipe.
b) ( ) O envolvimento do psicólogo é somente com o médico responsável pela cirurgia
c) ( ) Não há nenhum tipo de envolvimento com outros profissionais envolvidos no processo
d) ( ) O envolvimento e troca de informações é realizado com outro profissional. Qual?_________________________________________________________
e) Outros:
14) Diante dessa temática, há outras questões que considera pertinente e que não foram perguntadas e que você acredita ser importante relatar?
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
15) Em relação à sua vivência na área psicológica, responda as questões abaixo:
15.1 - Quando se formou no curso de Psicologia? _____________________________________________________________
15.2 - Cursou especializações, pós ou doutorado? Quais? ____________________________________________________________________________________________________________________________
15.3 – Há quanto tempo presta atendimento ao público de candidatos à cirurgia bariátrica? ____________________________________________________________________________________________________________________________