A Atuação do Professor junto às Crianças com TDA
Por Juliana Danielli Granero Dianin Nunes de Oliveira | 11/08/2016 | EducaçãoA atuação do professor junto às crianças que apresentam Transtorno de Déficit de Atenção
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) 9394/96 determina e assegura os direitos a Educação Básica e aos estudos da pessoa com deficiência e que necessita de uma Educação Especial. Segundo o art. 8 da Lei n. 7.853 “constituí crime punível com reclusão de um a quatro anos e multa (...) recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar sem justa causa, a inscrição de alunos em estabelecimentos públicos ou privados por motivos derivados de deficiência”. Constituí deficiência “toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano”. (Brasil, 1999)
Para o Decreto nº 5.296 a deficiência intelectual, está ligada ao "funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas”. (BRASIL, 2004).
Portanto, justifica-se a escolha do tema da pesquisa pelo elevado número de crianças com dificuldades de aprendizagem, e, poucos profissionais capacitados para atendê-las de maneira coerente e satisfatória.
Esta pesquisa buscou, por meio de leitura bibliográfica, estudar a atuação do professor junto aos alunos com dificuldade de aprendizagem. Sendo que, encontra-se estruturada da seguinte forma: em um primeiro momento traz a revisão bibliográfica de autores que tratam sobre o tema criança e aprendizagem. Posteriormente, será discutido a dificuldade de aprendizagem e os tipos de dificuldades. Por último, será apresentado estudo sobre a atuação do professor junto às crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem, a pesquisa evidencia, a partir das fontes, o que a problemática sugere.
Trazendo o questionamento de que tal estudo demanda compreender e interpretar sua organização e as relações que se estabelecem. Sendo necessário que, a partir desse, novos estudos sejam elencados a fim de construir outras visões sobre o tema.
1 – CRIANÇA E A APRENDIZAGEM
Segundo Leineker (2009, p. 10) o homem é um ser social que inicia o processo de aprendizagem quando nasce, e, que vai se aperfeiçoando através das relações culturais, sociais e ambientais. Para Freire (2000, p 77), o ser humano é o único ser, que historicamente, é capaz de aprender. Enquanto Piaget (1973) define a aprendizagem como um processo que depende do estágio de desenvolvimento atingido pelo sujeito, Vygotsky (1987) define a aprendizagem como um processo benéfico que determina o destino das funções mentais:
O aprendizado é uma das principais fontes de conceito da criança em idade escolar, e é também uma poderosa força que direciona o seu desenvolvimento, determinando o destino de seu desenvolvimento mental. (1987, p. 74)
Para Oliveira (1993, p. 57) “aprendizado ou aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, valores, etc., e a partir do seu contato com a realidade, o meio ambiente e as outras pessoas”.
Ao longo da história, a criança foi vista de diferentes maneiras. E, somente nos últimos trinta anos a criança pequena começou a ser vista como um sujeito de direitos. Segundo Philippe Ariés (1985, p. 50), até o século XIII as crianças sequer eram representadas artisticamente. E, quando isso acontecia, os pintores desenhavam homens e mulheres em tamanho reduzido, sem observar que as proporções das crianças são diferentes dos adultos.
Para Ariés somente no século XVII é que a infância passa a ter significado e levada a sério. No Brasil, os primeiros atendimentos às crianças, na área educacional, ficaram a cargo dos jesuítas. Sendo que, no século XIX, definiu-se o atendimento às crianças, sendo, os pobres, filhos de negras escravizadas ou trabalhadoras domésticas, em creches e os filhos de ricos através de jardins de infância, que tinham um apelo pedagógico (KULMANN, 1991, p. 18).
Logo, o desenvolvimento da identidade e da autonomia das crianças está intimamente ligado com os processos de socialização através dos laços afetivos, contatos e confrontos com outras crianças e com adultos de várias origens socioculturais, de diferentes religiões, etnias, costumes, hábitos e valores, fazendo dessas diversidades um campo privilegiado da experiência educativa.
Para Larocca (2002, p. 57), se referindo a Piaget:
Tanto sua visão de desenvolvimento, como de aprendizagem, se apóiam na idéia de interação. O conhecimento surge da interação contínua entre sujeito e objeto, interação que se dá entre esquemas de assimilação e propriedades e qualidades do objeto de conhecimento.
Assim, a aprendizagem da leitura e da escrita não se realiza da mesma maneira para todas as pessoas. E na maioria das vezes as dificuldades dos alunos podem ser ocasionadas pelo processo de ensino que normalmente utiliza um método único de educação.
Segundo Tenreiro (2209, p. 140):
O papel da escola e da aprendizagem no desenvolvimento é para Vygotsky fundamental, pois afirma que é o aprendizado que irá possibilitar o despertar dos processos internos do desenvolvimento, o que é competência dos grupos sociais providenciar para que isso aconteça.
Sendo que, é através das instituições de aprendizagem e do trabalho educativo que a criança pode receber condições para explorar, conhecer e descobrir, ressignificando valores, idéias, costumes e papeis sociais. Nesse ponto a educação tem um papel significativo na formação da identidade do sujeito desde criança.
A partir da Constituição Federal de 1988 e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) as crianças brasileiras, sem distinção de raça, classe social, ou qualquer forma de discriminação, passaram de objetos a serem cidadãs ou sujeitos de direitos, considerados em sua peculiar condição de pessoas em desenvolvimento e a quem se devem assegurar prioridade absoluta na formulação de políticas públicas e destinação privilegiada de recursos nas dotações orçamentárias das diversas instâncias político-administrativas do País.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 4º, estabelece:
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Para Soares (2004) e Morais (2005) o conceito sobre alfabetização nas décadas finais do século passado voltava-se para uma compreensão da mesma como processo que envolve atividades de codificação e decodificação da escrita. Assim, as atividades estavam interligadas a repetição e memorização das letras, palavras e frases soltas, sendo quase sempre acompanhadas de medo e insegurança.
Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (1986) foram pioneiras em romper com esse sistema de alfabetização de concepção de língua escrita como código para uma concepção da mesma como sistema de notação alfabética, tornando a pedagogia dinâmica e com várias alternativas para alfabetização. Sabendo que, a alfabetização acontece no momento em que a criança está preparada para ela. E, varia de criança para criança, dependendo de vários fatores que envolvem a particularidade de cada um.
Para Schneider (2013, p.05):
Crianças com problemas de aprendizagem podem ser sintomáticas na escola e quando fazem os deveres de casa porque têm dificuldade com as matérias. Outras podem manifestar sintomas somente em casa, sugerindo um problema social, ambiental ou ligado às práticas parentais. Pode ser muito difícil identificar no consultório do médico as crianças que têm dificuldades específicas de aprendizagem. Em conseqüência, uma consulta com um psicólogo educacional pode se revelar muito eficaz para obter uma visão completa dos pontos fortes e das dificuldades da criança.
Assim, criar boas condições para o desenvolvimento e cuidar para que a criança esteja preparada para que quando a alfabetização aconteça seja de forma prazerosa é objetivo principal na Educação Infantil. Visto que, nessa fase é possível trabalhar com uma pedagogia dinâmica e diversificada, valendo-se de todos os artifícios disponíveis para trabalhar com cada faixa etária.
Tenreiro (2009, p. 46) afirma que “a teoria da aprendizagem significativa, tal como proposta por Rogers, implica que o processo educacional seja todo centrado no aluno, do qual deverão partir o interesse e os motivos para aprender”.
Portanto, deve-se elaborar um currículo onde as crianças vivenciem situações cotidianamente, a médio e em longo prazo, para garantir a consolidação de sinapses envolvidas no exercício da função simbólica, na formação da memória de longa duração e no desenvolvimento da imaginação (FERREIRO E TEBEROSKY, 1986, p. 48)...
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