A árvore do inconsciente

Por Herton Dutra Andrade | 30/05/2011 | Psicologia

A árvore do inconsciente

Este artigo possui uma alegoria sobre o inconsciente, este território inóspito, lugar aonde habitam nossos mais profundos desejos, sonhos, delírios e devaneios. É nesse preâmbulo de vida consciente que está um grande enigma que possui, tal como uma árvore, suas partes, como as raízes, o tronco, os galhos e ramos e, por fim, as suas folhas, flores e frutos.
As raízes desta árvore apresentam profundidade variável, enquanto algumas são muito grandes e remontam à antiguidade clássica através de filósofos metafísicos, de Sócrates e Platão e da raiz racional chamada aristotélica na compreensão da nutrição onírica, outras, não menos importantes, já que também nutrem a árvore, são chamadas de Schopenhauer, que nutre a planta através do estudo da vontade e da consciência, e que de si espalha várias outras raízes, como a raiz nietzchiana de grande influência axiológica na nutrição e formação do tronco, a raiz chamada Karl Hartmann que postulou uma gênese da semente desta árvore e a raiz Brentano, que é a ligação principal entre as raízes e o tronco, formando assim esta base firme para fixar a árvore ao solo e a nutrir.
O tronco, que tem a função de dar sustentabilidade a árvore, é chamada de Freud, devido ao mecanismo que este caule desenvolveu de forma ímpar ao acessar os nutrientes inconscientes, aí esta a origem do nome da árvore, e então retirar suas impurezas e imperfeições e transportar estes nutrientes purificados, a partir daí chamados de transferências, as demais partes da planta através das catexias (seivas especiais), que conduzem não só as transferências, mas também as contratransferências, que serão estudadas em detalhe em artigo ulterior que tratará das partes pormenorizadas desta espécie de planta tão rara.
É digno de nota, antes de estudarmos os galhos e ramos, salientar a presença de exemplares de caules raríssimos que são formados em conjunto com o caule Freud, e são denominados caules: Charcot-Freud, Nancy-Freud, Janet-Freud e Breuer-Freud.
Os galhos surgidos de um prolongamento do tronco apresentam uma variedade impressionante e conferem uma identidade muito rica a esta árvore, e ao mesmo tempo, desafia os mais atentos botânicos ao tentar compreender e classifica-la devido a sua singularidade.
Alfred Adler, é o nome do ramo exótico chamado de "Complexo de Inferioridade", no qual o ramo é pequenino por muito tempo como se não fosse se desenvolver, e precisa ser submetido a estimulação natural pelo vento ou aves que venham a pousar nele para que se desenvolva, ou através da estimulação artificial causada pelo homem com emulações que fazem o ramo enfim crescer e gerar flores chamadas superioridade e frutos chamados, com muita propriedade, de motivação vital.
O galho junguiano, alimenta-se e cresce com uma seiva especial que segrega da seiva que recebe através do tronco e se chama filosofia crítica por alguns estudiosos e religião por outros, muito embora encontrem-se obras e literaturas que confirmem as duas afirmações anteriormente citadas; é um ramo de flores e frutos muito apetitosos, como a flor do inconsciente coletivo e seu fruto mais doce chamado arquétipo, embora seja um ramo muito conhecido, não é compreendido pela maioria dos leigos que fazem um mau uso de suas flores e frutos por puro desconhecimento de suas reais propriedades nutritivas.
Kleiniano,é por sua vez, um ramo que permeia as árvores novas e cheias de brotos, pois a seiva segregada neste tipo de caule é especial, conferindo aos botânicos, biólogos e demais estudantes desta exuberante flora, um entendimento sobre a gênese da construção dos mecanismos de desenvolvimento das árvores e dos fatores externos e internos que contribuem para este processo, ocasionando problemas de má formação de flores e frutos, e que são respectivamente chamados de objeto mau/objeto bom e análise infantil, e que a partir do estudo deste caule, em particular, esclareceram grandes dúvidas e lacunas que haviam no estudo do crescimento das árvores inconscientes.
O chamado, ramo lacaniano, é um tanto quanto merecer de nota em seu desenvolvimento, pois começa a se desenvolver de forma similar ao desenvolvimento do tronco para depois desenvolver uma forma própria de desenvolvimento que transforma a seiva do tronco em seiva lingüística, desenvolvendo após este processo uma seiva novamente similar a seiva original do tronco, mas que se chama estrutura inconsciente lingüística; e alguns botânicos de renome classificam e postulam que se trata de um aperfeiçoamento da seiva do tronco por parte deste ramo produzindo então frutos com valores protéicos advindos diretamente do tronco.
Existem ainda muitos estudos sendo realizados sobre esta espécie de planta, e busca-se postular suas subespécies, tipos de caule, flores e frutos, bem como, as melhores condições climáticas para que ela se desenvolva, mas é necessário que se escrevam ainda muitos livros e hajam muitos simpósios e debates sobre ela para se compreender melhor todas as nuances desta maravilhosa e, volto a repetir, enigmática planta que a todos fascina, mas a poucos se revela.
Esta sumária descrição, sucinta e imperfeita, apenas apresenta a planta do inconsciente para uma apreciação contemplativa, que leve a reflexões e estudos mais completos e complexos sobre esta temática, para que seja analisada sobre vários ângulos e também elucidar ao leigo, desconhecedor do vernáculo psicanalítico, uma visão singela, metafórica e sistemática sobre esta frondosa árvore a qual todos nos recostamos à sombra em nosso viver.


REFERÊNCIAS

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