A arte

Por Rodrigo Dobkowski Mandryk | 31/10/2016 | Poesias

Eu pinto como quem escreve
E escrevo como quem esculpe
O papel é a tela, o aço e a madeira
E minha caneta, o pincel e a talha.
Eu olho como o pintor 
Admirando a beleza de minha musa
E a leveza da paisagem
Preservo-lhes seus toques
Com a maciez de meu pincel
Desnudando-lhes as curvas
E as imprimindo superficialmente no papel.
Mas não nos enganemos
A profundidade da escultura é tão bela
Quanto a superficialidade da pintura
Empunho a talha e desgasto a madeira
Com sua aspereza aperfeiçoo o tronco bruto
Arrancando-lhe as imperfeições.
Com minha atenção entalho
Em minha própria carne
O resultado da contemplação.
Fundem-se obra e criador
Observador e observado
Para finalmente resultarem
Na grande obra do universo:
A vida.