A Arte do Possível

Por Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho | 17/07/2024 | Política

Por Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho

Artigo Escrito e Publicado em 2024

Nos últimos dois anos, o mundo assistiu aterrorizado aos dramáticos acontecimentos em curso na Ucrânia. E, também, a mesma civilização mundial não se deu conta de que a OTAN é a pior maleficiária do atoleiro em que se meteu.

Quem já leu os artigos que escrevi a respeito do assunto sabe o que falo: desde o início defendi, como ainda defendo, que países historicamente sob a influência da Rússia - em especial a Ucrânia - não deveriam, como não devem, ser admitidos na Aliança, já que o potencial de desencadear um antecipatório ataque russo é imenso, e o caos na Ucrânia é a maior prova, bem como o foi na Geórgia em 2008. Não só, por questões pessoais, para Vladimir Putin é inadmissível que algum membro da OTAN faça fronteira com a Rússia (a única politicamente irrelevante é a tida com a Noruega), mas, também e por razões coletivas, para os demais cidadãos do país. Daí o apoio que prestam a ele.

Digo, novamente, com todas as palavras que não se deve desafiar a maior potência nuclear do mundo especialmente no pretexto de que Putin está blefando ao dizer que usará armas atômicas. Ele não vai tolerar que os fornecedores de armas convencionais à Ucrânia, em vendas que chegam a bilhões de dólares, tenham autorizado Volodymir Zelensky a usá-las contra o território russo, como o Reino Unido já declarou. É inacreditável o quanto os membros da OTAN crêem no absurdo da teoria do blefe, pois Putin não é um Nikita Kruschev, que caiu em desgraça ao perder a Crise dos Mísseis para John Kennedy, em 1962. Ao contrário: Putin é um psicopata que não hesitará em matar muitos milhões para satisfazer o seu próprio ego, nem que isso custe a existência do país que o apoia, mas que ele mesmo odeia. Afinal, não se podia esperar outra coisa de quem se ressente por, agora, ser apenas russo, e não soviético, eis que, nas suas próprias palavras, o desaparecimento da antiga superpotência foi a maior catástrofe geopolítica do século XX.

Agora, o leitor pode me perguntar qual seria a saída. Como Joe Biden e seus aliados não podem retroceder o tempo a fim de não fornecerrem mais armas à Ucrânia - razão pela qual Putin não aceitaria, deles, um acordo de paz - a única solução seria a mudança de liderança no comando dos EUA, substituindo o atual mandatário por quem, até prova em contrário, não destinou um único centavo para matar russos, pois não reeleito para esse período de trevas. Falo de Donald Trump. Eu o detesto, como odeio Biden e Putin, mas vejo na sua antiga aproximação com o ditador russo a única chance de uma sobrevida à Humanidade.

Podem estar dizendo que “não ligo para a Ucrânia”. Não é verdade. Mas quem forneceu segredos nucleares para a antiga URSS obter armas atômicas? Cientistas dos EUA, a fim de que houvesse um equilíbrio geopolítico. Agora, sofrem as consequências. Não dou importância à Ucrânia? Repito, não é verdade. Mas também digo que procede o fato de a política, ainda, ser a arte do possível.