A APRENDIZAGEM E O LÚDICO: UMA NOVA PRÁXIS EM SALA DE AULA
Por Matheus Soares | 21/12/2011 | EducaçãoA APRENDIZAGEM E O LÚDICO: UMA NOVA PRÁXIS EM SALA DE AULA
Clério Cezar Batista Sena
Joicy Midiã Figueiredo Macedo
Matheus Soares
RESUMO:
Esta pesquisa consiste num estudo bibliográfico sobre o conceito da práxis em sala de aula em relação ao uso de jogos, dinâmicas como uma intervenção educacional. É de suma importância a compreensão desse trabalho, tanto no âmbito social, quanto educacional para a priorização do ensino de uma forma geral e da integração e da interatividade para o suprimento das dificuldades de aprendizagem na escola. O jogo em si, não é apenas um brincar por brincar, mas sim uma amostragem de que a brincadeira facilita na aprendizagem. É necessário focarmos no que desrespeita a busca por um ensino de qualidade. A ênfase de se trabalhar o jogo relacionado à atividade curricular do aluno propõe acabar com a mesmice em sala de aula e também na relação interpessoal educacional entre professor - aluno. Para que o ensino melhore e os educandos desenvolvam suas habilidades, é preciso da mobilização e reflexão da equipe pedagógica, dos gestores de escolas, dos professores, dos alunos para o desenvolvimento do projeto, independentes de suas dificuldades de aprendizagem apresentadas.
Palavras-chave: aprendizagem, lúdico, ensino, práxis, educação.
INTRODUÇÃO
A escola é hoje além de um lugar de ensino - aprendizagem é o espaço na qual a criança passa a maior parte do tempo. È na escola que ela desenvolve seus mecanismos de inteligência, que aprende a conviver com o outro, expressam suas emoções, enfim. E o professor faz parte desse processo de desenvolvimento, observando e muitas vezes atuando com suas regras, buscando sempre um aspecto harmônico para suas aulas.
Tratando do tema: a aprendizagem e o lúdico, o foco esta na questão da importância de se trabalhar a dinâmica interativa relacionada às atividades propostas no currículo escolar.
Desta forma, o lúdico, não é apenas brincar por brincar, mas mostrar que através da brincadeira também podemos aprender.
Muitos pesquisadores desenvolveram trabalhos para que a criança por meio das atividades lúdicas tenha um conhecimento melhor dentro dos conteúdos apresentados em sala de aula.
A educação é proveniente de muitas metodologias, mas de nenhuma estratégia que já venha pronta, por isso, precisamos nos adentrar e conhecer melhor o mundo em que vivemos para que possamos pesquisar novas teorias para o ensino em relação ao seu desenvolvimento nas escolas.
Para entendermos melhor este tema, procuraremos elucidar o verdadeiro significado do termo lúdico, buscando mostrar que não é apenas um novo modismo inserido no cotidiano escolar.
O principal objetivo deste estudo é proporcionar uma visão sobre o tema abordado, visando principalmente à aplicação na nossa prática pedagógica. Desta forma busca-se a compreensão das concepções que sustentam as políticas apresentadas dentro do âmbito educacional.
1.TEORIAS DE APRENDIZAGEM E O BRINCAR
1.1 CONCEITUANDO APRENDIZAGEM
Em primeira instância desta investigação esta é a questão: Mas, afinal o que é aprendizagem?
A aprendizagem é um processo que pode ser definido de forma sintética como o modo como os seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem competências e mudam o comportamento. Contudo, a complexidade desse processo dificilmente pode ser explicada apenas através de recortes do todo. Por outro lado, qualquer definição está, invariavelmente, impregnada de pressupostos político-ideológicos, relacionados com a visão de homem, sociedade e saber.
Segundo alguns estudiosos, a aprendizagem é um processo integrado que provoca uma transformação qualitativa na estrutura mental daquele que aprende. Essa transformação se dá através da alteração de conduta de um indivíduo, seja por condicionamento operante, experiência ou ambos, de uma forma razoavelmente permanente. As informações podem ser absorvidas através de técnicas de ensino ou até pela simples aquisição de hábitos. O ato ou vontade de aprender é uma característica essencial do psiquismo humano, pois somente este possui o caráter intencional, ou a intenção de aprender; dinâmico, por estar sempre em mutação e procurar informações para a aprendizagem; criador, por buscar novos métodos visando à melhora da própria aprendizagem, por exemplo, pela tentativa e erro.
Um outro conceito de aprendizagem é uma mudança relativamente durável do comportamento, de uma forma mais ou menos sistemática, ou não, adquirida pela experiência, pela observação e pela prática motivada.
O ser humano nasce potencialmente inclinado a aprender, necessitando de estímulos externos e internos (motivação, necessidade) para o aprendizado. Há aprendizados que podem ser considerados inatos, como o ato de aprender a falar, a andar, necessitando que ele passe pelo processo de maturação física, psicológica e social. Na maioria dos casos a aprendizagem se dá no meio social e temporal em que o indivíduo convive; sua conduta muda, normalmente, por esses fatores, e por predisposições genéticas.
Partindo do contexto de que a educação escolar é uma mediação neste seguimento, compreende-se que a socialização primária se dá no momento familiar, isto é, a criança adquire como modelo de aprendizagem: o pai, a mãe, pois é onde realiza suas primeiras falas, é o contato mais próximo do sujeito (criança) ao objeto (aprendizagem). Depois ela transfere esse conhecimento com o outro ser, ou seja, o aprendente.
Em relação a esta teoria, Vygotsky (1991, p.101), afirma que “a aprendizagem é um processo que se dá por meio da fala e do pensamento, mais não de uma forma inata, isto é, ela é adquirida e tem propriedades e leis específicas”.
As pessoas se apropriam da linguagem desde a infância e dessa forma relacionam-se.
Seguindo esta abordagem, a criança ao aprender a linguagem falada, já verbalizada, o pensamento torna as suscetíveis à repetição e a análise e ao mesmo tempo lançando mão de suas construções intelectuais, intelectualizada a fala.
A aprendizagem é a conversão entre estímulo e resposta no mesmo eixo do conhecimento. Ela requer esforço deliberado do aprendiz. O professor utiliza seus conhecimentos prévios para que o aluno desenvolva suas habilidades e consequentemente adquira novas competências.
Numa abordagem piagetiana, compreende - se que o processo de aprendizagem se dá de acordo com os estágios do desenvolvimento. Trata-se de encontrar o ponto de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação. Conforme Piaget (1975) postula:
Que todo esquema de assimilação tende a alimentar-se, isto é, a incorporar elementos que lhe são exteriores e compatíveis com a sua natureza. E postula também que todo esquema de assimilação é obrigado a se acomodar aos elementos que assimila, isto é, a se modificar em função de suas particularidades, mas, sem com isso, perder sua continuidade (portanto, seu fechamento enquanto ciclo de processos interdependentes), nem seus poderes anteriores de assimilação. ( PIAGET,1975, p. 14)
Complementando esta abordagem, Paín (1985, p.23) afirma que: “a aprendizagem é o resultado da articulação de fatores internos e externos do próprio sujeito, do organismo, do desejo de aprender, das estruturas cognitivas e do comportamento em geral”. Ainda segundo Paín (1985), aprendizagem possui algumas funções contraditórias, dentre elas destaca-se a função socializadora, repressora e a função transformadora.
- Na função socializadora: a escola trabalha dentro de um projeto social, em que o ser humano atua para que este seja integrado no seu ambiente. Isto é, viver em sociedade, aprendendo a conhecer e a conviver com novas culturas, adquirir novos conhecimentos e também a convivência com o outro de uma forma natural seguida por regras de conduta, de acordo com seus diretos e deveres.
- Na função repressiva: conforme a visão da autora aprendizagem possui essa função, já que o professor trabalha com limites claros e a escola é um espaço permeado de limites (o uso de uniformes, horários, programação de tarefas pedagógicas etc.) Além disso, não há espaço para a expressão plena do desejo de aprender porque, na maioria das vezes, as atividades são coletivas e um sujeito representa o limite do outro.
- Na função transformadora: eis aqui o elemento de dicotomia das funções da aprendizagem, pois, ao mesmo tempo em que ela possui a função da manutenção da cultura (função socializadora) e de delimitar o sujeito (função repressora), a aprendizagem tem a função de libertar o homem a partir do conhecimento e, por conseqüência, transformar a sociedade.
Estas funções determinadas pela autora mostram como funciona o processo de aprendizagem e que a ausência de uma das funções pode afetar no que determinamos de dificuldades de aprendizagem.
É retratando esta importância que se enfatiza a proposta de desenvolvimento do conhecimento e articulação do mesmo para a aprendizagem por meio de jogos e brincadeiras.
1.2 As teorias e o brincar
O brincar na aprendizagem não é uma metodologia, mas uma estratégia para o desenvolvimento do ensino. Muitos pesquisadores acreditam que a brincadeira, ou seja, a interação pode render bons frutos. A estimulação nasce por meio dos jogos e do contato interpessoal entre “professor e aluno”. Esta estrutura pedagógica desencadeia a formação de conceitos construtivistas, pois aderem às ideologias piagetiana.
De acordo com os estágios do desenvolvimento em relação a proposição do brincar como proposta na atividade escolar Piaget afirma:
O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil. (PIAGET,1976, p.160).
1.2.1 A visão winnicottiana sobre o brincar.
Donald Woods Winnicott, pediatra e psicanalista britânico (1896-1971), trabalhou durante 40 anos como pediatra, tornando-se em 1935 membro da Sociedade Britânica de Psicanálise, a qual presidiu. Em seus trabalhos, preocupa-se com a latente e com o cuidado materno. Teoriza sobre o brincar. Para ele, a origem do simbolismo pode estar no caminho que passa do subjetivo para o objetivo, traduzido pelo objeto transacional, o primeiro brinquedo.
Concede-se, portanto que o ato de brincar é uma vastíssima dimensão no domínio humano. Relacionando a saúde mental, a Psicanálise e brincadeira, afirmando que brincar é, além de uma busca de prazer, uma forma de lidar com a angústia.
Segundo Winnicott (1975, p.312), afirma que “É uma necessidade para o desenvolvimento de uma personalidade sadia”. Em sua citação na Sociedade Britânica de Psicanálise em outubro de 1966, Winnicott disse:
Freud, em sua topografia da mente, não encontrou lugar para a experiência das coisas culturais, deu um novo valor a realidade psíquica interna e disso proveio um novo valor para as coisas que são reais e verdadeiramente externas. Freud utilizou a palavra sublimação para apontar o caminho a um lugar em que a experiência cultural é significativa, mas talvez não tenha chegado a ponto de nos dizer em que lugar na mente se acha a experiência cultural. (WINNICOTT, 1958, p.325)
Em consideração ao termo sobre experiência cultural, Winnicott encontra ressonância a abordagem de Vygotsky sobre o significado do brinquedo, dando ênfase à experiência cultural como uma representação do mundo simbólico e da subjetividade humana apresentando a possibilidade de rupturas com algumas dicotomias, incluindo a da experiência de sistemas independentes como o psíquico e o social, o objetivo e o subjetivo.
1.2.2 O olhar vygotskyano em relação ao brincar
Levy Seminovich Vygotsky (1896-1934), psicólogo soviético, apresentava interesses em diversos campos do conhecimento. Foi advogado, psicólogo, semiólogo. Desenvolveu interessantes estudos sobre o papel da cultura na constituição do sujeito humano.
Na sua concepção entre o biológico e o cultural constitui-se como uma interação permanente em que os aspectos que chamaríamos psíquicos ou subjetivos exercem influencia sobre o ambiente, recebendo destes seus elementos constitutivos.
Vygotsky restringe a definição de brinquedo como algo que somente da prazer à criança.
Ela satisfaz certas necessidades através do brinquedo e essas necessidades passam por um processo de maturação. Exemplifica essa situação com o inicio da fase pré-escolar. No inicio a criança tem seus desejos como algo que não podem ser imediatamente satisfeitos, permanecendo num estagio precedente, isto é uma tendência para a satisfação imediata dos desejos. Para resolver essa tensão, a criança (4 a 6 anos) envolve-se num mundo ilusório e imaginário, na qual seus desejos não realizáveis podem ser realizados nesse mundo, é o que chamado de “brinquedo”. (WINNICOTT, 1975, p.210).
Com todas as funções da consciência, a imaginação surge da ação. A imaginação é o brinquedo em ação. Enfatizar o brinquedo apenas como uma atividade simbólica e/ ou cognitiva é arriscar-se a negligenciar a motivação e as circunstancias da atividade da criança. O brinquedo que envolve uma situação imaginária é um brinquedo com regras. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas e não dos incentivos fornecidos pelos objetos externos. No brinquedo, os objetos perdem a sua força determinadora. A criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação aquilo que ela vê. A ação imaginaria ensina a criança a dirigir seu comportamento não só pela percepção imediata dos objetos, mas pelo significado dessa situação.
A essência do brinquedo é a criação de uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual, ou seja, entre situações no pensamento e situações dos objetos e as ações surgem das idéias e não das coisas. Por exemplo: Um cabo de vassoura é um cavalinho e passa-se a agir com ele conforme as regras sociais foram mostrando ao sujeito. Entretanto, é por meio dessas interações do sujeito com a cultura que se reconhece a construção mediadora dessa forma de ação.
2. EDUCAÇÃO E O BRINCAR
2.1 A APRENDIZAGEM E O LÚDICO
Muito se fala em o “brincar para educar”, mas quais as possibilidades de uma intervenção psicopedagógica numa atividade de leitura ou de escrita, ou seja, trabalhar uma dinâmica interativa para que desenvolva estas habilidades de modo que se aprenda a importância da leitura, sem que se torne uma desordem escolar.
O processo de aprendizagem pode ser visto como uma grande brincadeira de esconde – esconde ou caça ao tesouro: tanto uma criança da pré-escola brincando numa caixa de areia quanto um cientista estudando num laboratório, está lidando com sua curiosidade, com o desejo da descoberta, com a superação do não saber, com a busca do novo, que sustentam a construção de novos saberes.
Os jogos, porém, precisam ser pensados, organizados previamente a fim de atingir seus objetivos. Podem partir de materiais que o professor tenha disponível em sala de aula, mas sempre se atentando para a forma como são trabalhados. Antunes (2003, p.21), afirma que “Brincar é o mais eficiente meio estimulador das inteligências, impõe desafios, e gera tensões necessárias para a construção do aprendizado que se propõe obter com tais atividades”.
O professor tem de ser um eterno pesquisador e indagador. O indivíduo que chega a sala de aula hoje, na maioria das vezes, demonstra ser uma pessoa ansiosa, dispersa, agitada, irritada, esquecida, com déficit de concentração, aversão à rotina e, muitas das vezes, com sintomas psicossomáticos, como dor de cabeça, gastrite, dentre outros. É importante fazer com que os alunos pensem, porém, exageradamente é prejudicial.
Na afirmativa deste conceito, Freire (1996, p.28), conclui que “saber ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção ou sua construção”.
O professor deve conhecer seus alunos, saber a hora certa para uma dinâmica e a hora certa para uma atividade mais cognitiva.
A atividade dinâmica sempre tem um propósito para ser trabalhada, em muitos casos, ela tem finalidade numa interação com os outros colegas e até mesmo com o professor, ou seja, a questão de afetividade positiva, aquilo que afeta de algum modo no ser e o transforma seu comportamento de uma forma relativa.
Brincar é um veiculo que resgata a humanidade para entrar em contato com a sensibilidade e a criatividade esquecida.
Em psicanálise, o brincar é fundamental para a realidade psíquica ou subjetiva, pois permite a construção de uma fantasia que parte da realidade transpondo num novo olhar, o que é indispensável à saudade mental.
A brincadeira é uma forma de interação entre professor e aluno, dessa forma podemos construir no ambiente escolar uma imagem diferente, de um lugar que podemos sonhar, imaginar e acreditar em nossas capacidades de criar.
O professor tem sofrido com a questão de ensinagem, pois não consegue seguir os mesmos estímulos decorrentes de seus alunos, ou seja, é como se cada um estivesse num patamar diferente, tornando-se seres tão distantes, sendo incapaz de compreender o outro como seu semelhante.
Acabando na mesmice que já conhecemos o professor desmotivado com sua práxis e os alunos desinteressados com os estudos, buscando na escola um refúgio para seus problemas familiares agindo de forma arrogante dentre muitos aspectos.
Pensando no professor como auxiliar no processo de aprendizagem e desenvolvimento do aluno·, o uso de dinâmicas ou brincadeiras tem sido fundamental para o ensino, mas há aqueles que criticam, pois seu uso exagerado pode transformar a sala de aula num complexo caótico, prejudicando na ensinagem e na aprendizagem.
É pelo fato de o jogo ser um meio tão valioso e eficiente na aprendizagem, que em todo lugar em que se consegue transformar leitura, cálculo, ortografia em brincadeira, observa-se que os alunos se apaixonam por essas ocupações tidas comumente como maçantes.
Em considerações a ludicidade no ensino, Machado (1998, p.39), afirma que “nem sempre jogo significa atividade lúdica. O jogo, para ser lúdico, é preciso gerar uma tensão positiva suficiente para não prejudicar o aprendizado do aluno, tem de levar à ação e não à frustração”.
A atividade lúdica é o resultado do sujeito com o objeto para a construção do conhecimento produzindo habilidades e competências que complementam a junção de um ensino mais dinâmico e atrativo na visão psicopedagógica.
A criança que brinca tem mais facilidade para desenvolver a sua inteligência e também consegue se socializar melhor além de assimilar tudo que aprendeu e transmitir esse conhecimento para os outros com muita simplicidade.
Segundo muitos pesquisadores, o brincar tem sido hoje um grande aliado na construção do conhecimento e auxiliador no desenvolvimento infantil, partindo do sensório motor para as seguintes etapas determinadas conforme as teorias propostas por Piaget:
O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil. (PIAGET 1976, p.160).
Em relação ao processo de ensino – aprendizagem, o lúdico é categorizado em cinco aspectos que diferenciação sua ação que favorece na vida acadêmica das crianças e tendem a contribuir firmemente para a elevação da auto- estima. Dentre quais se destacam algumas dimensões e seus fenômenos:
- Cognição: conscientização, percepção, linguagem, abstração, conceituação, resolução de problemas, inteligência, elaboração do pensamento lógico.
- Afeição: afetividade, sensibilidade, estima amizade.
- Motivação: estímulo, interesse, alegria, ânimo, entusiasmo.
- Criatividade: imaginação, criação.
- Socialização: cooperação, auto-expressão, interação, integração.
Segundo Winnicott (1975, p.25) afirma que “a brincadeira fornece uma organização para a iniciação de relações emocionais e assim propicia o desenvolvimento de contatos sociais”.
Ao usar a brincadeira o professor consegue ter uma relação interativa com o aluno, podendo conhecê-lo melhor, acompanhando de perto o processo de aprendizagem desta criança, observando suas características sociais, culturais e psicológicas; pois a escola não deve apenas “educar” a cognição dos alunos, mas fornecer subsídios para que os sujeitos experimentem vivencias significativas para que se eduquem socialmente.
Através da brincadeira e dos jogos as crianças terão maior facilidade para compreenderem o mundo à sua volta e a sua realidade; pois brincando, a criança aprende, elabora e assimila princípios morais e modelos sociais. A partir das brincadeiras ela irá reproduzir diversas possibilidades para viver e terá maior segurança para decidir sobre seu futuro.
Segundo Almeida (1998, p.123) "o bom êxito de toda atividade lúdico pedagógica depende exclusivamente do bom preparo e liderança do professor".
De acordo com esse contexto devemos buscar uma nova proposta e aproveitar de forma consciente o lúdico como instrumento metodológico durante as aulas, possibilitando um bom desenvolvimento tanto da criança quanto do adolescente. Aprender com alegria é fundamental, assim o uso das técnicas lúdicas faz com que a criança aprenda com prazer, alegria e entretenimento, sendo relevante ressaltar que a educação lúdica está distante da concepção ingênua de passatempo, brincadeira e diversão, conceituando aprendizagem por meio do lúdico como uma metodologia pedagógica e psicopedagógica no que desrespeita a educação através do brincar. Na visão de Chalita (2001 p. 11) “A interação professor - aluno só é positiva quando a necessidade de ambos é atendida, quando há uma cumplicidade, quando os interlocutores são parceiros de um jogo; o jogo da linguagem, do diálogo, que é algo fundamental. É casar interação com conversação”.
O brincar em relação à aprendizagem compõe - se de formas diferenciadas para ensinar, isto é, propor técnicas, estilos que desenvolvam a inteligência por meio das brincadeiras e assim fazer com que a criança seja estimulada ao aprendizado, mas de uma forma lúdica.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com Cunha (2007) as brinquedotecas são espaços coletivos que podem estar vinculados a diversas instituições, como escolas, universidades, hospitais e associações, ou permanecer como entidades autônomas em contextos públicos ou particulares, nos quais disponibilizam diversos brinquedos as crianças como suporte para suas brincadeiras.
Com um olhar psicopedagógico, observamos que as interações entre as crianças em relação às atividades lúdicas compreendem em um fator determinante para a proposta desta pesquisa, ou seja, a importância do brincar como um articulador para o desenvolvimento do ser humano, de suas habilidades, capacidades, físico-motora, psicológica e sócio-cultural.
Em relação à epistemologia pedagógica, compreende-se que o brincar tem suas funcionalidades com o meio educacional. Principalmente na Educação Infantil. Pois é na escola que a criança começa a desencadear suas potencialidades, suas vontades, e também sua aprendizagem. E se tratando do tema proposto, a intervenção psicopedagógica engaja neste caminho; promovendo um trabalho de significação e ressignificação dos conhecimentos, possibilitando a sua apropriação, a elaboração de sentimentos e pensamentos e o resgate do prazer de aprender, descobrir, pesquisar, explorar, agir, construir, compartilhar.
De acordo com a pesquisa proposta, mostramos um pouco da importância do lúdico em relação a aprendizagem, seus pontos fundamentais no desenvolvimento infantil, sua situação vivencial no que esclarece bem a questão sócio - interativa da criança com o seu meio e de como nós educadores podemos auxiliar nesse processo tão delicado e que exige tanta atenção, não só do fator educacional, mas também do fator cultural, social e familiar para que a criança compreenda melhor o mundo em que vive e saiba enfrentar todas as situações problemas que venha aparecer futuramente.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Paulo N. de. Educação lúdica. São Paulo: Loyola, 1998
ANTUNES, Celso. Jogos para estimulação das múltiplas inteligências. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 2003.
CHALITA,Gabriel. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2001.
CUNHA, Nylse Helena Silva. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. 4. ed. São Paulo: Aquariana, 2007.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a pratica educativa, São Paulo, Paz e Terra, 1996
MACHADO, Luiz. Manual do professor. 4. ed. Rio de Janeiro: Rodrigo da Cunha Lima e Paulo Américo Gomes e Magalhães, 1998.
PAIN, Sara. Trad. Ana Maria Netto Machado. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. 2.ed. Porto Alegre : Artes Médicas, 1985
PIAGET, Jean. A Formação do Símbolo na Criança. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975.
PIAGET, Jean. Psicologia e Pedagogia. Rio de janeiro: Forense Universitária, 1976.
VYGOSTKY, Levy S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
WINNICOTT, Donald W. O Brincar e a realidade, Rio de Janeiro, Imago,1975
.