A APICULTURA NO BIOMA PAMPA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Por ALICE BORGES FERREIRA | 18/09/2019 | Tecnologia

A APICULTURA NO BIOMA PAMPA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

BEEKEEPING IN PAMPA BIOME: A BIBLIOGRAPHIC REVIEW

Alice Borges Ferreira[1], Aroni Sattler[2]

Resumo

A cada ano que passa ocorre uma sensível redução de áreas naturais que culmina em extinções de espécies da fauna e da flora no Bioma Pampa. Dados recentes demonstram que houve desmatamento em 54,2% das áreas neste bioma, o que acarreta fragmentação de habitats, bem como interferência nos processos biológicos como o da polinização. As causas para essa pressão ambiental causada pelo ser humano são diversas. Entretanto, hoje sabe-se que grande parte é devido ao estabelecimento de monoculturas em detrimento de áreas naturais. Muitas vezes, durante o plantio, pode haver excesso de produtos químicos, os quais podem prejudicar ou até mesmo matar espécies polinizadoras que auxiliam na produção de alimentos. A apicultura é uma atividade sustentável que possui vasto campo para se desenvolver neste bioma, contribuindo em serviços de polinização e preservação do Pampa e das abelhas. Este trabalho visa realizar uma revisão bibliográfica a respeito da apicultura no bioma Pampa, remetendo às questões que mostrem o valor deste bioma e como a atividade apícola se enquadra neste meio ambiente, atentando à população para questões relacionadas à conservação do Pampa bem como polinizadores que utilizam esse bioma para sua sobrevivência.

Palavras chave: Apicultura; Biodiversidade; Bioma Pampa; Mel.

Abstract

Every year that passes there is a significant reduction of natural areas that culminates in extinctions of species of fauna and flora in the Pampa Biome. Recent data shows that deforestation occurred in 54.2% of the areas in this biome, which leads to fragmentation of habitats, as well as interference in the biological processes such as pollination. The causes for this environmental pressure caused by the human being are diverse. However, today it is known that a great part is due to the establishment of monocultures in the detriment of natural areas. Often, during planting, there may be excess chemicals, which can harm or even kill pollinating species that aid in the production of food. Beekeeping is a sustainable activity that has vast field to develop in this biome, contributing in services of pollination and preservation of Pampa and bees. . This work aims to carry out a bibliographic review about beekeeping in the Pampa biome, referring to the questions that shows the value of of this biome and how the beekeeping activity fits into this environment, paying attention to the population about issues related to Pampa conservation as well as pollinators that use this biome for their survival.

Key-words: Beekeeping; Biome Pampa; Biodiversity; Honey.

1. Introdução

A cada ano que passa as pessoas se conscientizam mais a respeito da importância das abelhas no meio ambiente. Notícias apontam para o futuro desaparecimento destes insetos, mostrando que a sua preservação deve ser considerada e explorada. Concomitantemente, áreas de campo nativo e de fragmentos florestais estão perdendo seus espaços para monoculturas ano após ano, mostrando que a diversidade de espécies florestais estão diminuindo cada vez mais. A intensificação da agricultura vem reduzindo as fontes de alimentos disponíveis para as abelhas melíferas, sendo que monoculturas não conseguem atender às demandas alimentares destes insetos. Além disso, existe o uso indiscriminado de defensivos agrícolas, os quais muitas vezes são responsáveis pela morte de milhares de abelhas (Wolff, 2008). Sabe-se que as abelhas possuem inúmeras funções no meio ambiente. Segundo Yamamoto et al. (2010), um dos serviços ecossistêmicos mais importantes é a polinização, processo em que ocorre manutenção da diversidade de plantas e produção de alimentos. Este processo consta na transferência dos grãos de pólen das anteras para o estigma. As abelhas são importantes agentes polinizadores de plantas silvestres e cultivadas. Por exemplo, elas correspondem a mais de 70% dos polinizadores de plantas cultivadas, no entanto, existe uma crise global da polinização decorrente da diminuição destes polinizadores, atentando para que 3 se utilizem sustentavelmente os polinizadores, de maneira a realizar a conservação dos mesmos. A polinização é um serviço ecossistêmico importante para a agricultura que é fornecido por habitats naturais em paisagens agrícolas. Aproximadamente 65 por cento das espécies de plantas requerem polinização por animais, e uma análise de dados de 200 países indicou que 75 por cento das espécies de culturas de importância global para a produção de alimentos dependem da polinização animal, principalmente por insetos (Klein et al., 2006). Uma polinização insatisfatória acarreta na perda de produtividade dos alimentos. Para que ocorra satisfatoriamente, a conservação de agentes polinizadores é uma forma de se obter este serviço com alta produtividade (Imperatriz-Fonseca et al., 2012). Além da polinização, um dos serviços promovidos pelas abelhas é a produção de mel, o qual segundo Lianda e Castro (2008), consiste de uma mistura de substâncias que as abelhas produzem ao coletarem néctar das flores ou de secreções de partes de plantas ou de excreções de insetos sugadores de seiva, que no organismo das abelhas são combinados e misturados com substâncias específicas, resultando em um produto alimentício com aspecto viscoso, aromático e açucarado. O conhecimento da flora serve como apoio para promover ações de reconstituição ambiental, definir a vegetação nativa e exótica, aliada a outras estratégias ecológicas, permite a recuperação das áreas degradas com mais garantia de sucesso, devido à utilização da flora natural já adaptada as condições locais de clima, temperatura, relevo entre outros.

2. Revisão de literatura

Na revisão são abordados os temas que relacionam a apicultura com o Bioma Pampa. 2.1 Abelhas apis mellifera Existem três castas de indivíduos em uma colmeia: a rainha, zangões e operárias. Para chegar à forma adulta, todas passam pelas fases de ovo, larva, pupa e adulto. A rainha emerge de um ovo fecundado, e é criada numa célula de cria especial denominada realeira, na qual é alimentada pelas operárias com a geléia real, produto riquíssimo em proteínas, vitaminas e 4 hormônios sexuais. É precisamente, esta "superalimentação" que a tornará uma rainha, diferenciando-a das operárias (Ramos, 2007). Por outro lado, as operárias emergem 21 dias após a postura do ovo, sendo que normalmente vivem no máximo até 60 dias. Logo após a emergência, iniciam com a tarefa de limpeza da colmeia e a partir do quarto dia de vida, passam a alimentar as larvas da colônia e a rainha. Do 4º ao 14º dia de vida são nutrizes, pois ingerem mel, pólen e água e misturam no estômago. Esta mistura é regurgitada nos alvéolos com larvas, para alimento para as larvas. A partir do 21º dia de vida, as operárias saem da colmeia e vão para o campo para coletar água, néctar, pólen, sendo chamadas nesta fase de campeiras (Ramos, 2007). O zangão representa o sexo masculino da colmeia. Não possui ferrão e nasce de ovos não fecundados depositados pela rainha e possui como função a fecundação das rainhas virgens (Ramos, 2007). A organização social das colônias de abelhas se dá através de sinais químicos, os quais determinam as principais características fisiológicas dos receptores de sinal. Estes sinais são transmitidos pela rainha, pelas operárias em suas diversas funções, favorecendo a comunicação dos indivíduos na colmeia (Slessor et al., 2005).

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