A ÁGUA, AS CIDADES E NÓS.

Por João Lúcio Filho | 19/12/2014 | Ecologia

A ÁGUA, AS CIDADES E NÓS.

  Para quem vê a terra de cima como fez o cosmonauta russo Yury Gagarin (o primeiro homem a chegar ao espaço, em 1961), o planeta azul parece ter boa água em abundância. Não é bem assim. 97% de todos os recursos hídricos ficam em oceanos e mares salgados - ou seja, é volume impróprio para consumo - e outros 2% estão congelados. Do 1% potável que sobra, é de difícil acesso. A situação se agrava quando

Se nota que uma parcela inaceitável do que podemos usar é desperdiçada ou poluída demais. O Brasil, país rico em recursos hídricos, sente como poucos a escassez de água que se alastra pelo planeta. A seca no sudeste não dá trégua, com o principal reservatório de São Paulo, o sistema Cantareira, com nenos de 11% de sua capacidade, segundo registro da semana passada (e isso só porque a segunda cota do volume morto nunca  usada e de qualidade duvidosa, começou a ser captada),diante de um futuro de contornos drásticos – e secos – para o Brasil e para o mundo, resta recorrer a novas fontes para garantir o abastecimento da humanidade em um futuro mais próximo do que se imagina. Duas alternativas começam a se tornar viáveis, e necessárias. A primeira: saber aproveitar com cuidado, reservas subterrâneas, chamadas de arquíferos, ainda não tão acessíveis quanto lagos, rios e reservatórios. A segunda, mais sustentável e que soa a ficção científica: transformar ar em água, com tecnologias que lembram o que ambicionavam antigos alquimistas.Usar uma máquina para fazer H²O líquida a partir do ar uma invenção criada nos textos do inglês Arthur  C. Clarke, mas a lógica por trás da operação é ancestral e coerente. São dois os conceitos básicos que servem de alicerce para a técnica, conhecida pela humanidade há muito tempo: evaporação, e condensação. Existe H²O em abundância no ar, mas é preciso transformá-la em água líquida por meio de condensação, o processo inverso de evaporação, pelas quais moléculas gasosas que perdem calor e se condensam. Há mais de 500 anos, o império inca já coletava orvalho acumulado e canalizava como gotículas para abastecer cisternas. Era um recurso desenvolvido com base no entendimento de que o ar se transformaria em água. Máquinas que tornam esse processo industrial, porém, só começaram a aparecer na década passada.

            Um dos pioneiros é o cientista australiano Max Whisson. Em 2007 ele criou um moinho que capta ventos e os refrigera rapidamente, a ponto de eles se transformarem em gotículas. O problema é que sua máquina custava 40.000 dólares e não deixou de ser apenas um protótipo caro demais, e pouco eficiente. Um ano depois uma empresa canadense lançou no mercado máquinas com preços bem mais baratos, que transformavam umidade do ar em água, literalmente potável. Mas o problema da água não para por aí. Estudos feitos com embasamentos científicos sobre o desaparecimento das espécies aconteceram por mudanças climáticas, por escassez de água, e consequentemente por falta de alimentos, que para serem produzidos, dependiam da água. Uma das causas para a falta de água em várias regiões do planeta é o desmatamento das florestas.  Qualquer tolo destrói árvores. Elas não podem correr; e se pudessem, ainda seriam caçadas e derrubadas.

            Para que a falta de água seja minorada, é preciso que a partir de agora, o processo de revitalização dos córregos, riachos, rios e lagos seja implementado, devolvendo a natureza o que dela foi tirada sem nenhum pudor, as suas árvores, as suas matas, e as suas florestas.

BRASÍLIA, 20 DE NOVEMBRO, DE 2014

J. LÚCIO FILHO.         Jota.luciofilho@gmail.com

 

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