A África na Sala de Aula: O Processo de Roedura do Continente e a Conferência de Berlim
Por Prof. Ubiratã Ferreira Freitas | 06/11/2008 | História
Introdução
Tratar da partilha européia e da conquista da África significa repor o protagonismo europeu no momento em que são traçadas as fronteiras do continente na conferencia de Berlim (1884-85), desencadeou-se um processo cujas conseqüências se fazem sentir até os dias atuais. (HERNANDEZ, 2005, p. 45).
O processo de roedura da África, já começava anteriormente da conferencia de Berlim, com os portugueses que ali estiveram por volta de 1430. A necessidade de manutenção do reino de Portugal, em primeiro momento a busca de cereais para abastecer a economia de subsistência. Em segundo, a intenção de chegada às índias, que pelo caminho, favoreceu a um comércio de especiarias e metais preciosos. Tudo financiado pela coroa Portuguesa.
Os turcos otomanos fecharam o caminho percorrido no trajeto de Tânger até a região de Safim, obrigando os portugueses a encontrar um caminho via ultramarino. Poderíamos dizer, para os portugueses esse confronto com os turcos otomanos, favoreceu seu enriquecimento, produzindo um grande avanço de tecnologia para Portugal, além, de explorar a costa da África, e fomentar uma economia, que até então, não tinha sido explorada.
Em 1434, portugueses chegaram ao Cabo Bojador, nesse momento, os registros citam como a Crônica da Guiné, e Gomes Eanez Zurara, como se refere Hernandez (2005) “[...] uma atividade comercial composta pela aquisição de negros tornados cativos e de ouro dos muçulmanos”. Percebe-se que o comércio de escravos toma uma nova concepção dentro de uma futura exploração em forma de colônias, que vão se formar com a exploração da África; também, o ouro dos muçulmanos, visto que, na África os seguidores de Maomé, se misturaram as diversidades religiosas existentes no continente.
Outros exploradores de regiões da Europa, como o veneziano Cadamosto, que esteve a serviço de Portugal, se embrenhou no continente africano em busca de riquezas usando o rio Gâmbia como rota de acesso e escoamento de ouro e escravos até o século XIX, e mais adiante chegou ao Rio Grande, aonde chegaram ao Império do Mali.
Dentro do processo exploratório do continente africano, onde Portugal começa a conquistar a costa da áfrica, medidas protecionistas em prol de consolidar o monopólio comercial e territorial. O rei Dom Afonso “o africano”, elaborou a bula “Romannus Pontifex”, pois determinará que Portugal lance suas bases imperiais de mercado, mesmo que precocemente.
Como se refere Hernandez:
O relato de Cadamosto dá conta de que no ano de 1456 ele atingiu pequenos pontos da costa ocidental africana, definindo como “pontos de trato”, do litoral, foram importantes no fomento do mercado negreiro ao longo de toda a zona subsaariana, registrando o escambo de negros por montarias, valendo cada cavalo de dez a vinte escravos (HERNANDEZ, 2005, p.47).
Além da exportação das riquezas da terra africana, a desmoralização do negro deforma as relações que se estabelecem, sendo o homem ocidental o predador e, mais se colocando como juiz que determina como deve prevalecer o seu mando, ou seja, determina valores ao ser humano, onde um cavalo vale mais que a vida de um homem negro.
A expansão portuguesa se edifica em 1482, com a chamada “corte do ouro”, conhecido como golfo da Guine, onde foi construído o forte e o castelo de São Jorge da Mina, sendo as primeiras edificações européias ao sul do Saara. Além do ouro obtido nessa região, o escravo também foi uma das riquezas dentro da economia portuguesa.
Hernandez destaca:
É sabido que, de 1482 até meados do século XVI, cerca de 300 mil indivíduos da costa dos escravos e do Congo foram vendidos na mina velha, tendo o Brasil por destinos. Esse escoamento da África Ocidental foi completado mais tarde, no início do século XVI, por Pinda, na África central, importante fornecedora de negros, cobre e marfim (HERNANDEZ, 2005, p. 47).
O processo de “roedura” começa a se esboçar com os portugueses, pois como demonstra a citação, a espoliação africana, tanto nas riquezas, quanto a dos negros, demonstra em certo modo uma economia baseada na apropriação ou até um pré-imperialismo, mesmo que os portugueses não sejam imperialistas.
A expansão territorial portuguesa continua em 1483, com a descoberta do reino Congo, por Diogo Cão que se embretou a continente adentro em busca do caminho das índias. A influência portuguesa é da tal tamanha, que a partir de 1665, para se manter vivo o Monicongo, converteu-se ao cristianismo, também a mudança de nome.
Essa mudança de nome do reio Congo se apresenta como um mecanismo de dominação, visto que, a religião e todo o processo cultural foi “apagada”, onde descaracteriza a vida real dos africanos em uma submissão, adequadando-se a nova realidade, ainda mais com os dogmas religiosos do cristianismo.
Vejamos, a espoliação portuguesa se dá nesse momento, não somente nas riquezas oriundas dos minerais e escravos, mas também consegue trabalhar a mentalidade, observando os ideais e a cultura africana, impondo os viveres ocidental.
Em 1780, Bartolomeu Dias, dobrado cabo da boa esperança, onde dos séculos seguintes os portugueses adentrarem mais ainda no continente africano, desse modo, em 1665, é fundado a colônia do Cabo, que se transformou mais adiante em um enorme interesse comercial português como se refere Hernandez.
[...] a região ocidental concentrada em cerca de 80 quilômetros entre a costa atlântica e o interior, [...], transformou-se no centro de produção e circulação dos negros feitos cativos, basta lembrar que foram retiradas de Pinda e da Angola cerca de 4 mil negros, só no ano de 1530 (HERNANDEZ, 2005, p. 49).
Já o leste do continente não sofreu as pressões portuguesas, embora desde o século XV ao XIX, tivesse mantido presença, mas manteve-se limitado ao Império pré-europeu do monomotapa em Moçambique.
“O senhor dos metais”, a metáfora se refere ao governante Monomotapa, que em uma estrutura social e política, que Moçambique se formou, pois detinham de grandes riquezas minerais e de certa forma, reconhecida uma autoridade por parte dos colonos, pois as riquezas que Moçambique detinha através desse império monomotapa.
Ao norte, os árabes de Omam, que, além disso, faziam o trafico de escravas para o golfo Pérsico, controlavam os circuitos de comércio também para o leste. Moçambique tinha uma economia exportadora, em principio, o ouro como produto de ponta junto como Marfim, sendo esse ultimo, exportado para a Europa e Ásia. Já as exportações de cativos, não tinham grande repercussão e só vindo a se efetivar a partir de 1811, concentrando um século de exportações direciona para o “Novo Mundo”, ilhas do Oceano Índico, Quênia, Zanzibar e Oriente médio.
Moçambique detem uma economia diversa de Angola, onde a colonização portuguesa se concentra e direciona uma exportação crescente de cativos, como uma atividade complementar à colonização portuguesa no Brasil.
Segundo Hernandez:
De todo o modo, em seu conjunto, a forte importância do tráfico negreiro pode ser constatada desde 1575, quando as regiões da América portuguesa, francesa, britânica e espanhola tornam-se um mercado em franco crescimento para os negreiros. (HERNANDEZ, 2005, p.51).
Entre 1648 e 1850, no Brasil que se acentua significativamente o trabalho escravo, sendo uma das regiões da à América que mais utilizou a mão-de-obra escrava, de 10 a 11 milhões de africanos deixaram sua terra, onde um acentuado crescimento comparado pelo trafico transaariano em dez séculos.
O comércio africano obteve uma dinâmica em seu conteúdo, onde o escravo permaneceu como uma mercadoria, e que era em forma de escambo ou venda que fomentava a economia africana, tendo como mentor as potências ocidentais, sendo nesse momento, a Coroa portuguesa a principal manipuladora e expropriadora do sistema econômico africano, tendo a também, a elite política e comercial africana, que participou em grande momento dessa diversidade econômica.
Com o fim do tráfico negreiro em 1850, já em 1880, começa a aparecer às regiões que se destacam como plataformas comerciais, onde fundam cidades com escravos libertos, como: Gabão, Angola, Moçambique, Zanzibar, Madagascar, etc., com um poder e controle político ainda muito reduzido.
Os Missionários e os Exploradores
Foi com o desenvolvimento de missionários e exploradores que o continente começou a ser efetivamente rasgado. Os primeiros, em especial a partir de 1830, eram anglicanos, metodistas, batistas e presbiterianos a serviço da Grã-Bretanha desenvolvendo seus trabalhos em serra Leoa, na Libéria, na Costa do Ouro e na Nigéria. (HERNANDEZ, 2005, p. 53).
Anteriormente com a chegada dos portugueses no continente africano, o processo de um pré-imperialismo, nessa visão, toda a espoliação africana se dá, em torno da busca de um caminho para as índias, e um aproveitamento das riquezas encontradas pelos portugueses.
No século XIX, as práticas de exploração foram mudadas, pois a necessidade de matérias primas para o desenvolvimento industrial, principalmente da Inglaterra, faz surgir através da religiosidade, um elemento muito forte, pois vai afetar o espírito desses africanos, visto que, já obtém um contato religioso, alem de sua cresça nativa com o islamismo.
“Salvar as almas dos selvagens”. A religiosidade que se apresenta, em busca de arrecadar almas e salvar o negro do cativeiro, na verdade, está em comuna com as aspirações da necessidade de uma economia européia em desenvolvimento, onde o continente africano se apresenta com um alto índice de riquezas minerais, e que pode oferecer uma mão-de-obra barata para os futuros exploradores.
Como se refere Hernandez:
Lá desenvolveram um trabalho de conversão ao cristianismo entre os Khois e o povo tswana ao norte do rio Orange. Mais tarde, quando a colônia do cabo expandiu-se para leste e natal foi anexada, missionários de diversos credos deslocaram-se da Alemanha, Inglaterra, França, Holanda, Suécia e dos Estados Unidos para a África meridional. (HERNANDEZ, 2005, p. 53).
Esses países que participaram nesse momento da expansão missionária, mais adiante, vão fazer a partilha da África, sendo então, o elemento missioneiro o principal formador de unidade coletiva, isto é, com a religiosidade sendo imposta través dos missioneiros, a grande jogada é manter um exército de mão-de-obra, para promover o ínicio do imperialismo na África.
Dentro dessa nova compreensão da exploração do continente africano, as bases religiosas buscaram, entre outras coisas, resgatar a dignidade africana através de valores ocidentais apresentados pela religiosidade, mas isso não é relevante de compreensão, visto que, as crenças nativas e o islamismo, já estavam sendo adotados, e seus valores expressam uma representatividade que não foram adotados e preservados dentro da concepção religiosa ocidental, sendo então, passado por cima da cultura africana e imposto à religiosidade e principalmente o catolicismo, os valores ocidentais.
O sacerdote Daniel Comboni; “regeneração da África pela própria África”, o sacerdote tenta dizer que, para se reformular as bases da identidade africana, é necessário refazer uma nova idéia de sociedade, onde preservando – o que seria correto – a cultura, política, crenças e sociedade, através de um processo de evangelização, com trabalhos educativos, que conseguisse rever os valores existentes, conseguiria fomentar uma sociedade mais voltada para dentro de cada aldeia africana ou em um todo como continente, sem a interferência das políticas imperialistas européias.
Tanto o catolicismo, com o protestantismo, deixa claro, pontos que denotariam uma espoliação cultural e não efetivava a realidade de uma evangelização concernente a resolver os problemas africanos. Como destaca Hernandes:
[...] tinha três pontos em comum. O primeiro era empreender a conversão dos africanos não apenas ao cristianismo, mas ao conjunto de valores próprios da cultura ocidental européia. O segundo, por sua vez, era ensinar a divisão das esferas espiritual e secular crença absolutamente oposta à base do variado repertório cultural africano fundado na unidade entre vida e religião. Já a terceira referia-se à pregação contrária a uma série de ritos sagrados locais, o que minava a influência dos chefes tradicionais africanos. (Hernandez, 2005, p. 54).
Os exploradores europeus trabalharam suas aventuras em cima de um imaginário, que foi construído com diversas imagens criadas sobre a África, tendo sempre em mente, que existiam riquezas exorbitantes de reinos, de pessoas exóticas, monstros e todo um aparato lendário.
Mas na verdade, o que deu legitimidade a exploração do continente áfrica, foi à busca constante de matérias prima, pela Inglaterra e França, no fim dos séculos XVIII inicio do XIX, onde os interesses comerciais, onde em busca das nascentes do Nilo, foi descoberto uma vasta rede rios que se transformaram em vias de escoamentos de matéria prima, percorrendo todos o continente da África.
A partir de 1778, foi criado em Londres a Associação Africana, tendo já um empreendimento comercial previsto, onde eram financiados por aristocratas, banqueiros, homens de negócios.
As viagens foram diversas, e sempre com o intuito de abrir caminho, encontrar rotas que favorecessem um escoamento de produto; também, se efetivou alianças com os principais lideres africano, onde essas alianças mais tarde – com a apropriação e partilha do continente – se efetivou uma rede de vantagens para os países imperialistas.
Assim descreve Hernandez:
De todo o modo, o conceito geral do problema das exportações trazia embutidos os objetivos de controlar os principais cursos dos rios e, em conseqüência, o fornecimento dos produtos de suas circunvizinhanças, e de estabelecer tratados diplomáticos com os principais chefes africanos, em particular nas regiões das bacias do Niger e do Congo. (HERNANDEZ, 2005, p. 57).
A Conferência de Berlim e a Partilha
[...] como aceleraram o processo de “roedura” do continente e tornaram acaloradas as discussões sobre a partilha, precipitadas pela forte crise do Império Otomano e pelo final do trato negreiro. O marco foi à conferência de Berlim, cujas conseqüências para a África fazem-se presentes até os dias atuais. (HERNANDEZ, 2005, p. 59).
A conferência de Berlim se deu em torno de uma crise que se efetivou no Império Otomano, sendo então, através de uma iniciativa do rei da Bélgica, Leopoldo II em formar uma estratégica forma de explorar e fundar postos comerciais dentro do território africano, mas o que realmente queria era um império ultramarino, onde com ações filantrópicas, efetivaria o conhecimento geográfico que possibilitasse resolver problemas de rotas comerciais. Tudo foi acertado na Conferência Geográfica de Bruxelas em 1876, patrocinada pelo rei Leopoldo II.
Leopoldo II tratou de tomar diversas formas de medidas para efetivar a criação de seu império, sendo talvez, esse o primeiro ponto de influência para a criação da Conferência de Berlim, pois os países imperialistas perceberam as medidas tomas pelo rei da Bélgica, e trataram de repartir o continente africano.
Outro fato importante desse feito de partilha, é que Portugal tentando reaver a sua condição de colonizador e manter um monopólio de comercial, se fez presente como proprietário do “mapa cor-de-rosa” de 1883, onde desejavam obter a concessão de ligação do oceano atlântico ao Indico, sendo a ligação de Angola a Moçambique, passando por vários povos como Zâmbia e Zimbábue, e formando uma só província Angolomoçambicana. Sendo esse o segundo motivo que fomentou as expectativas da Conferência de Berlim.
As relações diplomáticas entre França e Inglaterra, sempre tiveram um tom de desagrado, e nesse caso, foi o expansionismo político francês, que levou a Inglaterra e França a buscarem o controle do Egito em 1879, sendo esse feito, um disputa pelo comercio intenso que se estabelecia na bacia do Congo, onde era um lugar de pesca abundante e madeira para tinturas, escravos e um intenso contrabando de mandioca, dentro de uma visão regional. Sendo esse o terceiro motivo que pode ter levado a conferencia.
A Inglaterra e a sua constante busca de mercado e matéria prima, se manifesta em querer obter o controle da livre navegação e comércio do Níger e do Zaire. Via seus interesses serem travados por outros países, que estavam também buscando o seu desenvolvimento, tendo com conseqüência, as dificuldades de se colocar a frente na corrida pelo mercado e matéria prima que o continente africano apresentava, na verdade, a Inglaterra estava disposta a um controle e domínio do Cabo ao Cairo. Sendo esse o quarto motivo que levou os países dispostos a conquistar a África, a formar a conferência de Berlim.
Os fatos se debruçam em torno do fator econômico e político, com um elemento de fácil aceitação, o “tratado”, esse mecanismo que se oferece como um protetorado das possíveis investidas de outras nações, também usufrui das riquezas e principalmente determinam como acabar com as sociedades africanas.
Dessa forma, as apropriações vão se caracterizando em um empobrecimento da economia de base, tornando assim alijadas as sociedades e com um capitalismo ativo, onde fomentava a indústria européia, também os protetorados, perfaziam-se para obter os monopólios de rotas de escoamento, via fluvial, com o intuito de cobranças de um tipo de pedágio para os outros países imperialistas. Isso tudo como se refere Hernandez (2005). “Isso implica permitir ao capitalismo europeu extrair os produtos necessários à indústria, desequilibrar a economia doméstica e influenciar o sistema político africano”.
Também temos que levar em conta, que Portugal em 1880, propôs a realização de uma conferência internacional para resolver as disputas territoriais na África. Em 1884, Bismarck formula a declaração de 24 de abril, onde manifesta o interesse na Alemanha pelo continente africano, onde formou um protetorado no sudoeste do rio Orange ao rio Cunene.
A tentativa de Portugal fazer parte da divisão do território africano foi por água abaixo, ficando exclusivamente o repartimento com as grandes potencias que se manifestaram no século XIX.
Em 1884, Bismarck organiza a Conferência de Berlim, onde ficou acertada a partilha da África, onde em 1885, se reuniu com países da Ata Geral: França, Inglaterra, Portugal, Alemanha, Bélgica, Itália, Espanha, Áustria-Hungria, países Baixos, Dinamarca, Rússia, Suécia e Noruega, Turquia e Estados Unidos da América.
Os principais objetivos da Conferência de Berlim:
A Ata Geral da Conferência de Berlim, assinada em 23 de fevereiro de 1885, é composta de sei pontos fundamentais formalizados em capítulos. Os principais objetivos eram assegurar as vantagens de livre navegação e livre comércio sobre os dois principais rios africanos que deságuam no Atlântico, quais sejam o níger e o Congo, /visavam também regulamentar as novas ocupações de territórios africanos, em particular da costa ocidental do continente. (HERNANDEZ, 2005, p.62).
O capítulo que compreende a Conferência de Berlim está direciona a medidas protecionistas, onde se manifesta os tramites “legal” dentro do processo de exploração africana, mas também destaca uma livre navegação, pois como escoariam as riquezas minerais? Então a conferência foi feita a partir de uma corrida por parte dos países industrializados, em busca de matéria prima e um comércio constante, pois na corrida para esse desenvolvimento, não foi levado em conta, às sociedades existentes no continente africano.
O capitulo VII, Disposições Gerais, por meio do qual “de comum acordo” são previstos “modificações ou melhoramentos cuja utilidade seja demonstrada pela experiência” Hernandez (2005). De comum acordo, com quem? Para as potencias imperialistas e não para as sociedades africanas, pois as mesmas estão sendo nesse momento espoliadas e exploradas de toda a sua materialidade cultural e sua economia. Modificações e melhoramentos, pra quem? Melhorar a forma de explorar o povo africano, pois como se sabe, eles não pensão! Se não pensam podem ser manipulados de qualquer forma, ou ainda sujeitos a humilhação e desprezo. Melhorar sempre que possível as praticas de dominação, pois qualquer forma de resistência tem que ser controlada, isto é, pode se reverter contra o sistema empregado do imperialismo.
Dentro do tratado entre as potencias imperialistas, outros tratados foram se manifestando entre alguns países, pois as alianças também foi um elemento de muita presteza para os grandes imperialistas, tendo sempre como foco, Inglaterra e França, em sua eterna guerra na corrida de industrialização.
Cada tratado entre os países definiam fronteiras e delimitavam regiões que poderiam obter rotar comerciais ou rios navegáveis, para escoar as produções de matéria prima.
Dentro dessa composição de tratados e alianças, foi demarcando uma exploração no continente africano, onde quase tudo ficou sobre o controle europeu, mas não podemos esquecer que, os Estados Unidos davam protetorado à Libéria, mas ainda era um pequeno pais imperialista.
Conclusão
Todo o processo imperialista na África tem em meu ver, a colonização pelos portugueses, onde em um pré-imperialismo, se fez presente dentro de uma estrutura a te então não conhecida pelos europeus; sendo a exploração africana, em primeiro suas riquezas e sua culturas, pois através de imposição portuguesa, se fez presente uma cruel realidade para todo o povo africano.
A espoliação portuguesa fez uma transformação dentro das estruturas da sociedade africana, visto que, a diversidade social e realidade local é muito grande, pois cada tribo, cada aldeia, cada cidade se manifestou em um todo, isto é, tudo que era preservado de muito tempo, foi colocado dentro de um contexto de igualdade, onde os ocidentais não conseguiram perceber a diversidade cultural colocando todos em um patamar de escravidão.
Com o missioneirismo, foi mais um elemento de controle ocidental, mas dessa vez com um olhar não para escravizar fisicamente, mas alienar de forma mais contundente, pois a través do espírito outra forma de escravizar foi aplicada, sendo também um aglutinador de almas, onde poderia formar uma unidade e um exercito de mão-de-obra, pois as bases de um capitalismo estavam sendo empregadas através da religião.
Tudo se aplica em um processo imperial, pois as demandas de busca de comércio e matéria prima tinham se transformado em uma competitividade de maior importância, pois outros países industrializaram-se, tanto assim quanto a França e Inglaterra, mas a partilha se deu com a política que a Bélgica se propunha para a África.
Como também, a entrada de Portugal e Alemanha, na briga por um pedaço do território africano, sendo a partir daí, que a Alemanha fomenta a Conferência de Berlim, onde em uma “conformidade” na visão ocidental, se estabelece a partilha da África e todo o aparato de exploração e pobreza que a Europa promoveu no continente.
O processo de roedura se apresenta dês de a chagada de Portugal na África, a partir daí, o continente africano se transformou em um gigantesco fornecedor de especiarias, pois com toda a diversidade existente, o continente foi submetido a um processo de destruição e genocídio de africanos, onde a escravidão foi o maior impacto do continente africano.
Bibliografia.
HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. A África na Sala de Aula: visita à história Contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005.
Tratar da partilha européia e da conquista da África significa repor o protagonismo europeu no momento em que são traçadas as fronteiras do continente na conferencia de Berlim (1884-85), desencadeou-se um processo cujas conseqüências se fazem sentir até os dias atuais. (HERNANDEZ, 2005, p. 45).
O processo de roedura da África, já começava anteriormente da conferencia de Berlim, com os portugueses que ali estiveram por volta de 1430. A necessidade de manutenção do reino de Portugal, em primeiro momento a busca de cereais para abastecer a economia de subsistência. Em segundo, a intenção de chegada às índias, que pelo caminho, favoreceu a um comércio de especiarias e metais preciosos. Tudo financiado pela coroa Portuguesa.
Os turcos otomanos fecharam o caminho percorrido no trajeto de Tânger até a região de Safim, obrigando os portugueses a encontrar um caminho via ultramarino. Poderíamos dizer, para os portugueses esse confronto com os turcos otomanos, favoreceu seu enriquecimento, produzindo um grande avanço de tecnologia para Portugal, além, de explorar a costa da África, e fomentar uma economia, que até então, não tinha sido explorada.
Em 1434, portugueses chegaram ao Cabo Bojador, nesse momento, os registros citam como a Crônica da Guiné, e Gomes Eanez Zurara, como se refere Hernandez (2005) “[...] uma atividade comercial composta pela aquisição de negros tornados cativos e de ouro dos muçulmanos”. Percebe-se que o comércio de escravos toma uma nova concepção dentro de uma futura exploração em forma de colônias, que vão se formar com a exploração da África; também, o ouro dos muçulmanos, visto que, na África os seguidores de Maomé, se misturaram as diversidades religiosas existentes no continente.
Outros exploradores de regiões da Europa, como o veneziano Cadamosto, que esteve a serviço de Portugal, se embrenhou no continente africano em busca de riquezas usando o rio Gâmbia como rota de acesso e escoamento de ouro e escravos até o século XIX, e mais adiante chegou ao Rio Grande, aonde chegaram ao Império do Mali.
Dentro do processo exploratório do continente africano, onde Portugal começa a conquistar a costa da áfrica, medidas protecionistas em prol de consolidar o monopólio comercial e territorial. O rei Dom Afonso “o africano”, elaborou a bula “Romannus Pontifex”, pois determinará que Portugal lance suas bases imperiais de mercado, mesmo que precocemente.
Como se refere Hernandez:
O relato de Cadamosto dá conta de que no ano de 1456 ele atingiu pequenos pontos da costa ocidental africana, definindo como “pontos de trato”, do litoral, foram importantes no fomento do mercado negreiro ao longo de toda a zona subsaariana, registrando o escambo de negros por montarias, valendo cada cavalo de dez a vinte escravos (HERNANDEZ, 2005, p.47).
Além da exportação das riquezas da terra africana, a desmoralização do negro deforma as relações que se estabelecem, sendo o homem ocidental o predador e, mais se colocando como juiz que determina como deve prevalecer o seu mando, ou seja, determina valores ao ser humano, onde um cavalo vale mais que a vida de um homem negro.
A expansão portuguesa se edifica em 1482, com a chamada “corte do ouro”, conhecido como golfo da Guine, onde foi construído o forte e o castelo de São Jorge da Mina, sendo as primeiras edificações européias ao sul do Saara. Além do ouro obtido nessa região, o escravo também foi uma das riquezas dentro da economia portuguesa.
Hernandez destaca:
É sabido que, de 1482 até meados do século XVI, cerca de 300 mil indivíduos da costa dos escravos e do Congo foram vendidos na mina velha, tendo o Brasil por destinos. Esse escoamento da África Ocidental foi completado mais tarde, no início do século XVI, por Pinda, na África central, importante fornecedora de negros, cobre e marfim (HERNANDEZ, 2005, p. 47).
O processo de “roedura” começa a se esboçar com os portugueses, pois como demonstra a citação, a espoliação africana, tanto nas riquezas, quanto a dos negros, demonstra em certo modo uma economia baseada na apropriação ou até um pré-imperialismo, mesmo que os portugueses não sejam imperialistas.
A expansão territorial portuguesa continua em 1483, com a descoberta do reino Congo, por Diogo Cão que se embretou a continente adentro em busca do caminho das índias. A influência portuguesa é da tal tamanha, que a partir de 1665, para se manter vivo o Monicongo, converteu-se ao cristianismo, também a mudança de nome.
Essa mudança de nome do reio Congo se apresenta como um mecanismo de dominação, visto que, a religião e todo o processo cultural foi “apagada”, onde descaracteriza a vida real dos africanos em uma submissão, adequadando-se a nova realidade, ainda mais com os dogmas religiosos do cristianismo.
Vejamos, a espoliação portuguesa se dá nesse momento, não somente nas riquezas oriundas dos minerais e escravos, mas também consegue trabalhar a mentalidade, observando os ideais e a cultura africana, impondo os viveres ocidental.
Em 1780, Bartolomeu Dias, dobrado cabo da boa esperança, onde dos séculos seguintes os portugueses adentrarem mais ainda no continente africano, desse modo, em 1665, é fundado a colônia do Cabo, que se transformou mais adiante em um enorme interesse comercial português como se refere Hernandez.
[...] a região ocidental concentrada em cerca de 80 quilômetros entre a costa atlântica e o interior, [...], transformou-se no centro de produção e circulação dos negros feitos cativos, basta lembrar que foram retiradas de Pinda e da Angola cerca de 4 mil negros, só no ano de 1530 (HERNANDEZ, 2005, p. 49).
Já o leste do continente não sofreu as pressões portuguesas, embora desde o século XV ao XIX, tivesse mantido presença, mas manteve-se limitado ao Império pré-europeu do monomotapa em Moçambique.
“O senhor dos metais”, a metáfora se refere ao governante Monomotapa, que em uma estrutura social e política, que Moçambique se formou, pois detinham de grandes riquezas minerais e de certa forma, reconhecida uma autoridade por parte dos colonos, pois as riquezas que Moçambique detinha através desse império monomotapa.
Ao norte, os árabes de Omam, que, além disso, faziam o trafico de escravas para o golfo Pérsico, controlavam os circuitos de comércio também para o leste. Moçambique tinha uma economia exportadora, em principio, o ouro como produto de ponta junto como Marfim, sendo esse ultimo, exportado para a Europa e Ásia. Já as exportações de cativos, não tinham grande repercussão e só vindo a se efetivar a partir de 1811, concentrando um século de exportações direciona para o “Novo Mundo”, ilhas do Oceano Índico, Quênia, Zanzibar e Oriente médio.
Moçambique detem uma economia diversa de Angola, onde a colonização portuguesa se concentra e direciona uma exportação crescente de cativos, como uma atividade complementar à colonização portuguesa no Brasil.
Segundo Hernandez:
De todo o modo, em seu conjunto, a forte importância do tráfico negreiro pode ser constatada desde 1575, quando as regiões da América portuguesa, francesa, britânica e espanhola tornam-se um mercado em franco crescimento para os negreiros. (HERNANDEZ, 2005, p.51).
Entre 1648 e 1850, no Brasil que se acentua significativamente o trabalho escravo, sendo uma das regiões da à América que mais utilizou a mão-de-obra escrava, de 10 a 11 milhões de africanos deixaram sua terra, onde um acentuado crescimento comparado pelo trafico transaariano em dez séculos.
O comércio africano obteve uma dinâmica em seu conteúdo, onde o escravo permaneceu como uma mercadoria, e que era em forma de escambo ou venda que fomentava a economia africana, tendo como mentor as potências ocidentais, sendo nesse momento, a Coroa portuguesa a principal manipuladora e expropriadora do sistema econômico africano, tendo a também, a elite política e comercial africana, que participou em grande momento dessa diversidade econômica.
Com o fim do tráfico negreiro em 1850, já em 1880, começa a aparecer às regiões que se destacam como plataformas comerciais, onde fundam cidades com escravos libertos, como: Gabão, Angola, Moçambique, Zanzibar, Madagascar, etc., com um poder e controle político ainda muito reduzido.
Os Missionários e os Exploradores
Foi com o desenvolvimento de missionários e exploradores que o continente começou a ser efetivamente rasgado. Os primeiros, em especial a partir de 1830, eram anglicanos, metodistas, batistas e presbiterianos a serviço da Grã-Bretanha desenvolvendo seus trabalhos em serra Leoa, na Libéria, na Costa do Ouro e na Nigéria. (HERNANDEZ, 2005, p. 53).
Anteriormente com a chegada dos portugueses no continente africano, o processo de um pré-imperialismo, nessa visão, toda a espoliação africana se dá, em torno da busca de um caminho para as índias, e um aproveitamento das riquezas encontradas pelos portugueses.
No século XIX, as práticas de exploração foram mudadas, pois a necessidade de matérias primas para o desenvolvimento industrial, principalmente da Inglaterra, faz surgir através da religiosidade, um elemento muito forte, pois vai afetar o espírito desses africanos, visto que, já obtém um contato religioso, alem de sua cresça nativa com o islamismo.
“Salvar as almas dos selvagens”. A religiosidade que se apresenta, em busca de arrecadar almas e salvar o negro do cativeiro, na verdade, está em comuna com as aspirações da necessidade de uma economia européia em desenvolvimento, onde o continente africano se apresenta com um alto índice de riquezas minerais, e que pode oferecer uma mão-de-obra barata para os futuros exploradores.
Como se refere Hernandez:
Lá desenvolveram um trabalho de conversão ao cristianismo entre os Khois e o povo tswana ao norte do rio Orange. Mais tarde, quando a colônia do cabo expandiu-se para leste e natal foi anexada, missionários de diversos credos deslocaram-se da Alemanha, Inglaterra, França, Holanda, Suécia e dos Estados Unidos para a África meridional. (HERNANDEZ, 2005, p. 53).
Esses países que participaram nesse momento da expansão missionária, mais adiante, vão fazer a partilha da África, sendo então, o elemento missioneiro o principal formador de unidade coletiva, isto é, com a religiosidade sendo imposta través dos missioneiros, a grande jogada é manter um exército de mão-de-obra, para promover o ínicio do imperialismo na África.
Dentro dessa nova compreensão da exploração do continente africano, as bases religiosas buscaram, entre outras coisas, resgatar a dignidade africana através de valores ocidentais apresentados pela religiosidade, mas isso não é relevante de compreensão, visto que, as crenças nativas e o islamismo, já estavam sendo adotados, e seus valores expressam uma representatividade que não foram adotados e preservados dentro da concepção religiosa ocidental, sendo então, passado por cima da cultura africana e imposto à religiosidade e principalmente o catolicismo, os valores ocidentais.
O sacerdote Daniel Comboni; “regeneração da África pela própria África”, o sacerdote tenta dizer que, para se reformular as bases da identidade africana, é necessário refazer uma nova idéia de sociedade, onde preservando – o que seria correto – a cultura, política, crenças e sociedade, através de um processo de evangelização, com trabalhos educativos, que conseguisse rever os valores existentes, conseguiria fomentar uma sociedade mais voltada para dentro de cada aldeia africana ou em um todo como continente, sem a interferência das políticas imperialistas européias.
Tanto o catolicismo, com o protestantismo, deixa claro, pontos que denotariam uma espoliação cultural e não efetivava a realidade de uma evangelização concernente a resolver os problemas africanos. Como destaca Hernandes:
[...] tinha três pontos em comum. O primeiro era empreender a conversão dos africanos não apenas ao cristianismo, mas ao conjunto de valores próprios da cultura ocidental européia. O segundo, por sua vez, era ensinar a divisão das esferas espiritual e secular crença absolutamente oposta à base do variado repertório cultural africano fundado na unidade entre vida e religião. Já a terceira referia-se à pregação contrária a uma série de ritos sagrados locais, o que minava a influência dos chefes tradicionais africanos. (Hernandez, 2005, p. 54).
Os exploradores europeus trabalharam suas aventuras em cima de um imaginário, que foi construído com diversas imagens criadas sobre a África, tendo sempre em mente, que existiam riquezas exorbitantes de reinos, de pessoas exóticas, monstros e todo um aparato lendário.
Mas na verdade, o que deu legitimidade a exploração do continente áfrica, foi à busca constante de matérias prima, pela Inglaterra e França, no fim dos séculos XVIII inicio do XIX, onde os interesses comerciais, onde em busca das nascentes do Nilo, foi descoberto uma vasta rede rios que se transformaram em vias de escoamentos de matéria prima, percorrendo todos o continente da África.
A partir de 1778, foi criado em Londres a Associação Africana, tendo já um empreendimento comercial previsto, onde eram financiados por aristocratas, banqueiros, homens de negócios.
As viagens foram diversas, e sempre com o intuito de abrir caminho, encontrar rotas que favorecessem um escoamento de produto; também, se efetivou alianças com os principais lideres africano, onde essas alianças mais tarde – com a apropriação e partilha do continente – se efetivou uma rede de vantagens para os países imperialistas.
Assim descreve Hernandez:
De todo o modo, o conceito geral do problema das exportações trazia embutidos os objetivos de controlar os principais cursos dos rios e, em conseqüência, o fornecimento dos produtos de suas circunvizinhanças, e de estabelecer tratados diplomáticos com os principais chefes africanos, em particular nas regiões das bacias do Niger e do Congo. (HERNANDEZ, 2005, p. 57).
A Conferência de Berlim e a Partilha
[...] como aceleraram o processo de “roedura” do continente e tornaram acaloradas as discussões sobre a partilha, precipitadas pela forte crise do Império Otomano e pelo final do trato negreiro. O marco foi à conferência de Berlim, cujas conseqüências para a África fazem-se presentes até os dias atuais. (HERNANDEZ, 2005, p. 59).
A conferência de Berlim se deu em torno de uma crise que se efetivou no Império Otomano, sendo então, através de uma iniciativa do rei da Bélgica, Leopoldo II em formar uma estratégica forma de explorar e fundar postos comerciais dentro do território africano, mas o que realmente queria era um império ultramarino, onde com ações filantrópicas, efetivaria o conhecimento geográfico que possibilitasse resolver problemas de rotas comerciais. Tudo foi acertado na Conferência Geográfica de Bruxelas em 1876, patrocinada pelo rei Leopoldo II.
Leopoldo II tratou de tomar diversas formas de medidas para efetivar a criação de seu império, sendo talvez, esse o primeiro ponto de influência para a criação da Conferência de Berlim, pois os países imperialistas perceberam as medidas tomas pelo rei da Bélgica, e trataram de repartir o continente africano.
Outro fato importante desse feito de partilha, é que Portugal tentando reaver a sua condição de colonizador e manter um monopólio de comercial, se fez presente como proprietário do “mapa cor-de-rosa” de 1883, onde desejavam obter a concessão de ligação do oceano atlântico ao Indico, sendo a ligação de Angola a Moçambique, passando por vários povos como Zâmbia e Zimbábue, e formando uma só província Angolomoçambicana. Sendo esse o segundo motivo que fomentou as expectativas da Conferência de Berlim.
As relações diplomáticas entre França e Inglaterra, sempre tiveram um tom de desagrado, e nesse caso, foi o expansionismo político francês, que levou a Inglaterra e França a buscarem o controle do Egito em 1879, sendo esse feito, um disputa pelo comercio intenso que se estabelecia na bacia do Congo, onde era um lugar de pesca abundante e madeira para tinturas, escravos e um intenso contrabando de mandioca, dentro de uma visão regional. Sendo esse o terceiro motivo que pode ter levado a conferencia.
A Inglaterra e a sua constante busca de mercado e matéria prima, se manifesta em querer obter o controle da livre navegação e comércio do Níger e do Zaire. Via seus interesses serem travados por outros países, que estavam também buscando o seu desenvolvimento, tendo com conseqüência, as dificuldades de se colocar a frente na corrida pelo mercado e matéria prima que o continente africano apresentava, na verdade, a Inglaterra estava disposta a um controle e domínio do Cabo ao Cairo. Sendo esse o quarto motivo que levou os países dispostos a conquistar a África, a formar a conferência de Berlim.
Os fatos se debruçam em torno do fator econômico e político, com um elemento de fácil aceitação, o “tratado”, esse mecanismo que se oferece como um protetorado das possíveis investidas de outras nações, também usufrui das riquezas e principalmente determinam como acabar com as sociedades africanas.
Dessa forma, as apropriações vão se caracterizando em um empobrecimento da economia de base, tornando assim alijadas as sociedades e com um capitalismo ativo, onde fomentava a indústria européia, também os protetorados, perfaziam-se para obter os monopólios de rotas de escoamento, via fluvial, com o intuito de cobranças de um tipo de pedágio para os outros países imperialistas. Isso tudo como se refere Hernandez (2005). “Isso implica permitir ao capitalismo europeu extrair os produtos necessários à indústria, desequilibrar a economia doméstica e influenciar o sistema político africano”.
Também temos que levar em conta, que Portugal em 1880, propôs a realização de uma conferência internacional para resolver as disputas territoriais na África. Em 1884, Bismarck formula a declaração de 24 de abril, onde manifesta o interesse na Alemanha pelo continente africano, onde formou um protetorado no sudoeste do rio Orange ao rio Cunene.
A tentativa de Portugal fazer parte da divisão do território africano foi por água abaixo, ficando exclusivamente o repartimento com as grandes potencias que se manifestaram no século XIX.
Em 1884, Bismarck organiza a Conferência de Berlim, onde ficou acertada a partilha da África, onde em 1885, se reuniu com países da Ata Geral: França, Inglaterra, Portugal, Alemanha, Bélgica, Itália, Espanha, Áustria-Hungria, países Baixos, Dinamarca, Rússia, Suécia e Noruega, Turquia e Estados Unidos da América.
Os principais objetivos da Conferência de Berlim:
A Ata Geral da Conferência de Berlim, assinada em 23 de fevereiro de 1885, é composta de sei pontos fundamentais formalizados em capítulos. Os principais objetivos eram assegurar as vantagens de livre navegação e livre comércio sobre os dois principais rios africanos que deságuam no Atlântico, quais sejam o níger e o Congo, /visavam também regulamentar as novas ocupações de territórios africanos, em particular da costa ocidental do continente. (HERNANDEZ, 2005, p.62).
O capítulo que compreende a Conferência de Berlim está direciona a medidas protecionistas, onde se manifesta os tramites “legal” dentro do processo de exploração africana, mas também destaca uma livre navegação, pois como escoariam as riquezas minerais? Então a conferência foi feita a partir de uma corrida por parte dos países industrializados, em busca de matéria prima e um comércio constante, pois na corrida para esse desenvolvimento, não foi levado em conta, às sociedades existentes no continente africano.
O capitulo VII, Disposições Gerais, por meio do qual “de comum acordo” são previstos “modificações ou melhoramentos cuja utilidade seja demonstrada pela experiência” Hernandez (2005). De comum acordo, com quem? Para as potencias imperialistas e não para as sociedades africanas, pois as mesmas estão sendo nesse momento espoliadas e exploradas de toda a sua materialidade cultural e sua economia. Modificações e melhoramentos, pra quem? Melhorar a forma de explorar o povo africano, pois como se sabe, eles não pensão! Se não pensam podem ser manipulados de qualquer forma, ou ainda sujeitos a humilhação e desprezo. Melhorar sempre que possível as praticas de dominação, pois qualquer forma de resistência tem que ser controlada, isto é, pode se reverter contra o sistema empregado do imperialismo.
Dentro do tratado entre as potencias imperialistas, outros tratados foram se manifestando entre alguns países, pois as alianças também foi um elemento de muita presteza para os grandes imperialistas, tendo sempre como foco, Inglaterra e França, em sua eterna guerra na corrida de industrialização.
Cada tratado entre os países definiam fronteiras e delimitavam regiões que poderiam obter rotar comerciais ou rios navegáveis, para escoar as produções de matéria prima.
Dentro dessa composição de tratados e alianças, foi demarcando uma exploração no continente africano, onde quase tudo ficou sobre o controle europeu, mas não podemos esquecer que, os Estados Unidos davam protetorado à Libéria, mas ainda era um pequeno pais imperialista.
Conclusão
Todo o processo imperialista na África tem em meu ver, a colonização pelos portugueses, onde em um pré-imperialismo, se fez presente dentro de uma estrutura a te então não conhecida pelos europeus; sendo a exploração africana, em primeiro suas riquezas e sua culturas, pois através de imposição portuguesa, se fez presente uma cruel realidade para todo o povo africano.
A espoliação portuguesa fez uma transformação dentro das estruturas da sociedade africana, visto que, a diversidade social e realidade local é muito grande, pois cada tribo, cada aldeia, cada cidade se manifestou em um todo, isto é, tudo que era preservado de muito tempo, foi colocado dentro de um contexto de igualdade, onde os ocidentais não conseguiram perceber a diversidade cultural colocando todos em um patamar de escravidão.
Com o missioneirismo, foi mais um elemento de controle ocidental, mas dessa vez com um olhar não para escravizar fisicamente, mas alienar de forma mais contundente, pois a través do espírito outra forma de escravizar foi aplicada, sendo também um aglutinador de almas, onde poderia formar uma unidade e um exercito de mão-de-obra, pois as bases de um capitalismo estavam sendo empregadas através da religião.
Tudo se aplica em um processo imperial, pois as demandas de busca de comércio e matéria prima tinham se transformado em uma competitividade de maior importância, pois outros países industrializaram-se, tanto assim quanto a França e Inglaterra, mas a partilha se deu com a política que a Bélgica se propunha para a África.
Como também, a entrada de Portugal e Alemanha, na briga por um pedaço do território africano, sendo a partir daí, que a Alemanha fomenta a Conferência de Berlim, onde em uma “conformidade” na visão ocidental, se estabelece a partilha da África e todo o aparato de exploração e pobreza que a Europa promoveu no continente.
O processo de roedura se apresenta dês de a chagada de Portugal na África, a partir daí, o continente africano se transformou em um gigantesco fornecedor de especiarias, pois com toda a diversidade existente, o continente foi submetido a um processo de destruição e genocídio de africanos, onde a escravidão foi o maior impacto do continente africano.
Bibliografia.
HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. A África na Sala de Aula: visita à história Contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005.