A AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por alessandra aparecida avelino dos santos custodio | 18/08/2023 | Educação

A AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Sabendo da forte ligação entre afeto e cognição, percebemos que uma boa relação entre as pessoas que fazem parte de um determinado grupo (neste caso escola) é essencial tornar o ambiente da sala de aula agradável e favorável à aprendizagem. Isto se torna essencial quando se envolve crianças que estão ampliando suas redes de relações.

Elas precisam se sentir acolhidas e perceber a sua importância naquele local novo de permanência. Sendo assim, a forma como acontece às mediações interfere significativamente na relação que se estabelecerá entre o sujeito e o espaço sala de aula e também entre o sujeito e o objeto de conhecimento, trazendo implicações na disposição desses para a aprendizagem (ALMEIDA, 2001).

Neste sentido, a realidade das crianças é algo que deve ter bastante relevância na escolha dos conteúdos e na forma como serão trabalhados, para isso é necessário que os professores busquem conhecer seus alunos, a fim de poderem proporcionar uma aprendizagem significativa, fazendo com que eles percebam a relação entre o que está sendo ensinado e a sua vida prática.

Ao conhecer a história de vida das crianças, seus medos, suas perspectivas, o professor começa a construir um olhar sobre estas como um ser único, considerando as suas especificidades. 

Sendo assim, é importante o professor considerar as expressões afetivas do seu aluno, uma vez que são anunciadas por gestos, expressões faciais, postura, comportamento. 

Um professor afetivamente orientado terá a consciência de que seu papel não é somente atuar no espaço cognitivo, mas sim que suas atitudes refletirão diretamente na dimensão afetiva e motora da criança, onde a partir desse conjunto se dará o seu desenvolvimento. 

É impossível pensar em uma prática pedagógica que valorize a pessoa na sua completude se esta for pautada na rigidez de conteúdo, na imobilidade postural, onde o professor não permite que a criança se movimente se expresse. Como preconizava Wallon, a criança é corpórea, concreta e sua postura, a tonicidade muscular, os gestos, informam sobre o seu estado mais íntimo.

(GALVÃO, 1999). 

Os grupos e as relações que estão sendo construídas dentro deles são aspectos importantes a serem observados pelos professores. Pois sendo a escola um ambiente de convivência grupal, onde está sendo formada a identidade do indivíduo é de responsabilidade do professor que ele esteja atento às posturas que o aluno está tomando dentro do seu grupo.

Quando afirmamos isto, seguimos o princípio adotado por Wallon da forte influência que o meio exerce sobre as pessoas, e em que as reações dos indivíduos são complementares ao meio e estes assumem determinado papel, que podem ser distintos, em cada grupo que faz parte (GULASSA, 2004).

Podemos perceber no que Wallon aborda sobre o desenvolvimento infantil e no que é estabelecido no estágio caracterizado por ele como personalismo (3 a 6 anos) onde o domínio afetivo prevalece mais, especificamente, em uma das suas fases, a de imitação, onde a maioria das crianças toma o adulto como referência. Este adulto é alguém por quem a criança tem grande admiração e que, geralmente, é a figura dos pais, professores ou os familiares mais próximos.

Assim, ao utilizar o termo grupo, não estamos necessariamente mencionando as pequenas divisões em uma turma, mas nos referimos também ao grande grupo que é a sala de aula, onde o educador, pelo menos em princípio, tem o seu papel ativo, suas opiniões têm grande significado, ele se torna um espelho para os seus alunos. 

Logo, no caso dos professores, é importante que eles fiquem atentos ao que dizem, uma vez que as crianças conferem a ele uma credibilidade, onde sua palavra é, muitas vezes, inquestionável. Por esse motivo é que tanto as suas ações quanto a forma como se relaciona com seus alunos também devem ser levadas em consideração. 

 

REFERÊNCIAS 

ALMEIDA, A. R.S. A emoção na sala de aula. Campinas, SP: Papirus, 2001.

GALVÃO, I. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

GULASSA, M.L.C.R. A constituição da pessoa: os processos grupais. In: Mahoney, A. A.; Almeida, L.R.  de (orgs.). A constituição da pessoa na proposta de Henri Wallon. São Paulo: Ed. Loyola, 2004. 

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