4 DE SETEMBRO DE 476: A QUEDA DE ROMA
Por Rafael Aziz Braz da Silva | 16/12/2010 | História4 DE SETEMBRO DE 476: A QUEDA DE ROMA
FRANCA
2010
Marcelo Cândido da Silva é Graduado em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (1995), Mestre em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (1997), Doutor em História Medieval pela Université Lumière Lyon 2 (2002), Livre-Docente pela Universidade de São Paulo (2009), com Pós-Doutorado na Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne (2008) e na École des Hautes Études en Sciences Sociales (2009). Professor de História Medieval da Universidade de São Paulo (USP) desde 2003, é Membro Associado da Société des Historiens Médiévistes de l'Enseignement Supérieur Public Français (SHMESP), Pesquisador da Unite Mixte de Recherches 5648/ Mondes Chretiens et Musulmans Medievaux (Lyon/França), Membro associado do Laboratoire de Médiévistique Occidental de Paris (LAMOP, UMR 8589) e Coordenador do Laboratório de Estudos Medievais (LEME).*
Em 2006, Marcelo Cândido da Silva publica pela editora Companhia Editora Nacional 4 de Setembro de 476: A queda de Roma; um livro com pouca mais de sessenta paginas que relata passo a passo os acontecimentos que se sucedem nesse dia, analisando suas consequências, efeitos e processos que desencadearam esses acontecimentos.
O autor de utiliza de dados e referencias de outros autores para compor seus argumentos como, por exemplo, Piganiol e Ferdinand Lot e começa dando uma introdução do que foi a data de 4 de setembro de 476 e seus efeitos para com a historia, estabelecendo uma relação de causa e efeito com a data citada acima e as crises anteriores que o Império viria e enfrentar, ficando bem claro que a queda de Roma não deu-se somente pelo fato de Romulo Augustulo ter sido deposto de seu trono no Império do Oriente por Odoacro, mas sim de processos de intensas crises como a do sistema escravista, a estagnação das conquistas militares e períodos de fomes, tornando assim o Império propicio para sua queda, estabelecendo a tese de morte natural, cujo os bárbaros apenas teriam consumado um destino que era inevitável. Ainda nesse o capitulo o autor se dedica a outra teoria, de que o Império não acabara de fato, mas sim teria sua continuidade com os povos bárbaros, mostrando a relação de extrema proximidade entre os Francos e Romanos, em que lutaram lado a lado no exército, depois se tornaram povos federados e posteriormente herdou o Império mostrando os feitos de Carlos Magno, teoria de causa efeito entre Roma e Idade Média.
Já no segundo capitulo o autor expõe os fatos e mostra passo a passo o que de fato aconteceu realmente na data de 4 de Setembro de 476, desde princípios de conspiração ate a deposição de Romulo Augustulo, segundo claro, autores que passaram esses relatos para o papel, como Jordanes e Procópio de Cesaréia. Após a análise desses fatos, nota-se que o Imperador do Oriente passara a ser reconhecidos por todos como o único Imperador.
Um ponto que de certa forma merece destaque seria a imagem-símbolo que ficou gravada no imaginário coletivo através de representações de pintores e cineastas, que se transformou em um espetáculo de perversões, mostrando riqueza laureada pela imortalidade. Cita ainda obras como Os Romanos da Decadência de Thomas Couture, inspirado em um texto do orador e sátiro romano Juvenal. Mostra também filmes como Calígula, Styricon, A Queda do Império Romano e Gladiador.
Apesar de se tratar de um livro que tenha bastante conteúdo a oferecer com relação ao período, o autor ao longo da obra entra em constantes contradições, chegando a falar de um "capitalismo romano" e fecha mostrando que, o saque de Roma em 410 pelos Visigodos de Alarico teve um maior significado para com a queda de Roma, do que os próprios acontecimentos de 4 de Setembro de 476. O fato é que a queda de Roma não se da por um único fato isolado, como muitos acham atribuindo isso principalmente as invasões barbaras, mas sim de vários processos que se interligam fazendo com que isso aconteça; não só com relação a Roma, mas praticamente tudo na história se da por longos e constantes processos e mudanças. Em fim, fazendo uso de uma linguagem clara e simples, o livro faz com que o leitor consiga absorver claramente o que tem a oferecer, e apesar de seus deslizes, ajuda muito na formação de uma visão melhor do que de fato levou a queda de Roma.
SILVA, Marcelo Cândido Da. 4 de Setembro de 476: A Queda de Roma. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2006.