2 de Novembro

Por Wanderson Brandão Gonçalves | 22/02/2013 | Psicologia

2 de Novembro

As histórias que permanecem

Introdução 

Feriado. O que para muitos é dia de descanso, sem muito sentido ou desejo de prestar homenagens aos que já se foram. Talvez, seja culpa de uma cultura mal personificada ou construída, talvez seja dolo de uma sociedade vulnerável que abriga indivíduos fragilizados e amedrontados pela própria vida. Ora, afinal por que não sabemos lhe dar com um processo natural do ser humano; um dia nascemos, outro dia morreremos? O dia não é de “morte” ou dos “mortos”, é apenas feriado para muitos cidadãos que acreditam que merecem descanso e não lembranças. Mas no portão do cemitério de Itapecerica há uma placa que diz: “Irmãos, o verdadeiro túmulo dos mortos não é o cemitério, mas coração esquecido dos vivos.” Desta maneira, trabalharemos neste artigo com as percepções das pessoas sobre o Dia de Finados, de modo a indagar: quais são as tradições e os laços mantidos na data; qual o perfil, ações e sentimentos que envolvem o indivíduo contemporâneo mediante aos túmulos. 

É notória na contemporaneidade as complexas relações do ser humano no meio ambiente em seus múltiplos contextos, seja na relação com os objetos, seja na relação com os animais e com a natureza, e também com ele mesmo. Embora seja o único ser vivente capaz de refletir sobre suas ações, observamos uma dificuldade nessa categoria que é inteiramente racional e ao mesmo tempo subjetiva. A cultura engendrada em cada individuo é estabelecida conforme a conjuntura social e condicional que está inserida, e está em constante adaptação na medida que as relações mudam. De tal forma, vemos nos tempos de hoje uma cultura desatenta aos reais laços afetivos, nessa proporção, as proximidades que predominam entre as pessoas são as das redes sociais, internet, intranet, dentre outras ferramentas de comunicação e tecnologias recentes. Sendo assim, constituem-se de relações fragmentadas e muitas vezes inconsistentes.

Essa nova forma de vida que impera entre as classes, principalmente média e alta, nos aponta algumas falhas no processo de desenvolvimento social desse individuo. Existe um despreparo, uma falta de compreensão dos fatos e de sensibilização, visto que as pessoas estão perdendo o caráter comunitário, no sentido de valorizar o ser humano, creditar e credibilizar as ações dos seus próximos. Fortalecer esses laços pode dar boas perspectivas para o futuro sem perder de vista um passado, ou melhor, as histórias, as vivências que em alguns casos, de muita luta cotidiana e sofrimento. É nesse momento de laços sociais fluidos e inconsistentes que percebemos a rejeição dos costumes e tradições, no nosso caso de análise, o dia 2 de novembro e os discursos envolvendo a morte.

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