O presente artigo emergiu de discussões acadêmicas sobre políticas públicas direcionadas às pessoas com albinismo, tendo como objetivo geral a análise de sua realidade social, no município de Itajuípe-Ba, a fim de compreender como se veem numa sociedade capitalista e excludente, que mantém suas relações sociais hierarquizadas por condições socioeconômicas, culturais e padrões de beleza diversos. Logo, o arcabouço teórico apresenta uma breve discussão acerca do albinismo numa perspectiva mundial e pontuações exclusivas sobre os avanços e conquistas à população que apresenta albinismo no Brasil. Metodologicamente, tratou-se de uma pesquisa descritiva de abordagem qualitativa, realizada com uma amostra de oito pessoas com albinismo oculocultâneo (AOC) e ocular (AO), seguindo uma linha intergeracional, analisando os dados desde a infância à fase adulta, com entrevistas semi-estruturadas. O resultado da pesquisa revelou que a sociedade contemporânea determina padrões de beleza, que não contempla a pessoa com albinismo, fato que compromete a identidade e fragiliza o sentimento de pertencimento do grupo no âmbito social.

Palavras Chave: Albinismo. Preconceito. Estigma. Identidade. Padrão de Beleza.

INTRODUÇÃO

O estudo fundamenta-se em discussões acadêmicas acerca da realidade social das pessoas com albinismo, dos desafios nas relações cotidianas e das políticas públicas direcionadas aos mesmos.

Com a aproximação ao Laboratório de Estudos, Pesquisas e Extensão sobre as Condições de Vida e os Direitos Humanos na Bahia, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) foi possível dar o devido direcionamento a pesquisa, observando as interfaces enfrentadas pelas pessoas com albinismo, enquanto grupo minoritário, que enfrentam diversos preconceitos no dia-a-dia, por ser fisicamente diferente, em razão da despigmentação da pele e não apresentar o padrão beleza reproduzido pela sociedade.

Certamente a explicação mais contundente acerca das diferenças físicas e culturais é a descrita por Rocha (1984 p. 9), através do relativismo, a qual “ver que a verdade está mais no olhar que naquilo que é olhado. Relativizar é não transformar a diferença em hierarquia, em superiores e inferiores ou em bem e mal, mas vê-la na sua dimensão de riqueza por ser diferença”

Por conseguinte, acredita-se hipoteticamente que o preconceito é um percalço à vida social dos mesmos e que ao reduzir ou extinguir o preconceito a autoestima será elevada. Contudo, no objetivo principal buscou-se analisar como as pessoas com albinismo se veem, a partir do conceito intrínseco de “belo” e o conceito midiático de beleza.

Na perspectiva de alcançar os objetivos, optou-se pelo método qualitativo a fim investigar as aspirações e os significados que estão incutidos no objeto de estudo, visto que são pontos subjetivos e não mensuráveis. Com um grupo focal, realizou-se um estudo intergeracional para interpretar e identificar os possíveis problemas.

No arcabouço teórico discutir-se-á as acepções acerca do albinismo, numa perspectiva mundial e pontuações exclusivas sobre os avanços e conquistas no Brasil. Traçando a questão da identidade, do estigma e o conceito de beleza propagado pela mídia, marcando os pontos que influenciam o comportamento das pessoas com albinismo.

É importante ressaltar que o direcionamento do estudo tem cunho inovador, visto que é pouco discutido no meio acadêmico, por abordar, subjetivamente, as pessoas com albinismo com o estereótipo diferenciado da padronização reproduzida na sociedade contemporânea. Assim sendo, o estudo identificará importantes lacunas e controvérsias sobre a temática, a qual contribuirá significativamente para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com albinismo.