Antônio Everaldo Lopes Ferreira[1], José Robério de Sousa Almeida[2].

Introdução

A maioria das pessoas sempre foi condicionada a pensar nas bactérias como sendo pequenas criaturas invisíveis e potencialmente perigosas. As bactérias estão associadas a várias doenças graves e até fatais. Mas, na verdade, apenas uma minoria delas causa problemas em seres humanos, animais, plantas e outros organismos, sendo inofensivas ou até benéficas para os mesmos.

As bactérias que beneficiam o ser humano formam a maior parte da microbiota normal ou flora normal. Vale lembrar que também fazem parte microbiota normal, os fungos e protozoários, mas estes serão descartados neste artigo, pois estão presentes em quantidades usualmente baixas. Os vírus não fazem parte da flora normal.

A flora bacteriana é adquirida pelo recém-nascido, logo durante o parto, especialmente quando passa pelo canal vaginal, onde estão presentes os diversos lactobacilos. O contato com as superfícies, a ingestão de alimento ou a inalação dos mesmos, também contribui para a inclusão da microbiota. Logo o lactante encontra-se repleto de bactérias na pele, no trato respiratório e digestório, este principalmente de Escherichia coli (PELCZAR, CHAN & KRIEG, 1996).

A relação das bactérias com o ser humano torna-se muito importante, uma vez que o homem e outros animais dependem dos micróbios em seus intestinos para a digestão e síntese de vitaminas (TORTORA, FUNKE & CASE, 2005). A microbiota normal do corpo humano inclui cerca de 100 trilhões de bactérias. Impressionado com isso, Pasteur considerou os micróbios essenciais à vida animal. Hoje sabemos que os germes não são absolutamente indispensáveis à vida animal. Por outro lado, estudos com animais germfree ou gnotobióticos (animais livres de germes conhecidos) apresentam desvantagens em relação aos animais normais. Por exemplo, animais germfree necessitam de mais vitaminas B, para o metabolismo, além de vitamina K, para a coagulação do sangue, esta que não é necessária em animais normais (PELCZAR, CHAN & KRIEG, 1996).

As relações mantidas entre a flora normal e hospedeiro humano são chamadas de simbiose (viver junto). A maioria das bactérias que compõe a flora normal são comensais: um dos organismos se beneficia, enquanto o outro não é adversamente afetado. Como exemplo, pode ser citado as corinebactérias que habitam o ouvido e os genitais externos. Outras apresentam uma associação mutualística com o hospedeiro, onde ambos são beneficiados. Um exemplo é a E. coli, que sintetizam vitaminas K e B, que são absorvidas pelo corpo e em troca o intestino fornece nutrientes para as bactérias (TORTORA, FUNKE & CASE, 2005).

A flora normal pode defender o hospedeiro contra possíveis patógenos por vários meios, através da competição pelos nutrientes disponíveis ou a formação de produtos metabólicos. Esse fenômeno, onde as bactérias previnem o crescimento excessivo de microrganismos nocivos, é chamado de antagonismo microbiano. O antagonismo microbiano pode ser verificado em várias partes do corpo, como na pele, na boca, no intestino e nos genitais.O pH da pele está entre 3 e 5, devido aos ácidos orgânicos como o ácido lático produzido pela flora normal. Este pH baixo pode inibir o crescimento de outros organismos que podem ser patogênicos para o humano. As glândulas sebáceas secretam lipídios complexos, que podem ser degradados em ácidos graxos de cadeias longas por bactérias como a Propionibacterium acnes, como ácido oléico, que são altamente inibitórios para outras bactérias (PELCZAR, CHAN & KRIEG, 1996). Na vagina a microbita normal inibi o crescimento do fungo Candida albicans mantendo o pH entre 3,5 – 4,5, este fungo não pode crescer nesse tipo de ambiente. Se a flora bacteriana for eliminada por antibióticos ou duchas excessivas, tornando o pH da vagina neutro, a C. albicans pode florescer e causar infecção vaginal. No intestino grosso a bactéria E. coli produz a proteína bacteriocina, que inibem o crescimento de bactérias relacionadas com micróbios patogênicos Salmonella e Shigella. Outras bactérias inibem o crescimento da bactéria Clostridium difficile, possivelmente competindo por nutrientes ou produzindo bacteriocinas (TORTORA, FUNKE & CASE, 2005).

O uso prolongado de certos antibióticos pode eliminar muitos microrganismos intestinais normais e permitir o desenvolvimento de outros resistentes a antibióticos. Isto, por sua vez, pode provocar distúrbios gastrointetinais, como diarréia e constipação. A ingestão de grande quantidade de lactobacilos, como Lactobacillus acidophilus pode substituir os organismos intestinais indesejáveis por outros benéficos ou inofensivos e aliviar a desordem intestinal em alguns casos (PELCZAR, CHAN & KRIEG, 1996).

As bactérias são comumente relacionadas apenas aos malefícios que elas causam ao ser humano devido à gama de doenças que elas provocam. Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo descrever como as bactérias em geral causam benefícios ao se relacionarem simbioticamente com hospedeiro humano.

Metodologia

Este trabalho foi realizado entre julho e agosto de 2008 a partir de pesquisas por meio de livros de microbiologia, além de informações oriundas da internet. Tendo como fonte mais atualizada os trabalhos de Tortora, Funke e Case.

Resultados

Pôde-se verificar que o corpo humano está repleto de bactérias, as quais, em sua a maioria, não causam danos ou benefícios ao hospedeiro. A flora normal tem origem logo durante o parto, e que estas bactérias são importantes para o bom funcionamento do organismo.

As próprias bactérias são protegem o hospedeiro de outros micróbios nocivos, onde atuam nos diversos nichos ecológicos pelo corpo humano. A flora bacteriana pode ser eliminada com a administração abusiva de antibióticos, mas pode ser reposta por meio da ingestão de lactobacilos vivos.

Conclusão

Diante da pesquisa realizada é possível tirar as seguintes conclusões:

1. O corpo humano estar colonizado por diversas espécies de bactérias. Mas apenas uma minoria causa doenças;

2. As bactérias não são essenciais à vida, contudo os animais que não as possui apresentam desvantagens;

3. A flora bacteriana é importante quando combate infecções e compete contra invasores patogênicos.

Referências

PELCZAR JR, Michael J; CHAN, E.C.S; KRIEG, Noel R. Microbiologia: conceitos e aplicações. Vol. 2 . 2. ed. São Paulo: MAKRON Books, 1996. 517p.

TORTORA, Gerard J; FUNKE, Berdell R; CASE, Christine L. Microbiologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. 893p.

http://www.ambientebrasil.com.br (acessado em 30 de julho de 2008 às 13h30min).

http://diverge.hunter.cuny.edu/(acessado em 4 de agosto de 2008 às14h46min).



[1] Aluno Graduando no Curso de Ciências Biológicas UECE/FAFIDAM.

 

[2] Professor Esp. do Curso Ciências Biológicas UECE/FAFIDAM.