O USO DAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por Kátia Giovana Viegas Angrezani | 08/05/2009 | TecnologiaAs crianças nos tempos atuais, principalmente as que moram em grandes
cidades, e com maior poder aquisitivo, estão desde cedo freqüentando as
Escolas de Educação Infantil. Estas escolas são inovadoras e dispõem de
recursos tecnológicos diversos, o que faz com que essas crianças
comecem desde muito pequenas, a partir dos dois anos de idade, a se
apropriarem das tecnologias. Desde cedo lhes são oferecidos brinquedos
que emitem sons, imagens e jogos eletrônicos que deixam os pequenos
fascinados por seus movimentos. Se os pais acreditam ser importante que
seus filhos freqüentem escolas onde a informática consta no currículo,
aos profissionais educadores é necessário mudança frente a esta nova
realidade escolar.
Os professores devem rever seus conceitos, sua prática pedagógica e até
mesmo sua insegurança diante da possibilidade de aceitação do trabalho
pedagógico ser organizado a partir do auxílio de instrumentos
tecnológicos avançados. O professor deve se atualizar e se apropriar do
uso das tecnologias, não somente para contentar o sistema educacional
no qual está inserido, mas sim para o seu próprio crescimento pessoal e
profissional.
A partir dos dois anos de idade, a criança passa a se auto-definir e
diferenciar-se decisivamente dos demais. Essa é sem duvida, uma das
fases mais importantes em todos os aspectos, pois é nessa fase que a
criança passa fazer movimentos motores mais específicos. Nesta idade,
ela adora rasgar papeis, mexer com as coisas, pegar lápis, montar e
encaixar objetos. Os exercícios ganham intenção inteligente. Começa a
evolução natural da sua coordenação motora. O desenvolvimento
intelectual, nesta etapa da vida, é percebido mesmo nas brincadeiras
mais simples das quais a criança participa. Esta é uma fase em que elas
trabalham muito com o concreto, com o que é real, então, atividades
como encaixar, fazer montagens, contar e ouvir histórias, entre outras,
tornam-se indispensáveis para o seu aprendizado e desenvolvimento
intelectual.
A partir dos quatro anos de idade, a criança passa a transformar o real
e concreto. Passa agora a ter necessidade do “eu”. Os jogos são mais
importantes, no sentido funcional e útil, para o seu aprendizado e
desenvolvimento psicomotor. Esta é a fase em que a criança imita tudo e
fica extremamente curiosa, mexe para ver como funciona, como se faz,
constituindo o período da ‘destruição’, que é o terror de muitos pais.
Além disso, a criança, agora, de tudo quer saber o “porquê”. Faz-se
necessário que as crianças desfrutem de seu direito a pré-escolas, com
profissionais altamente capacitados para suprir e auxiliar na educação
familiar e no seu desenvolvimento integral.
O processo de aprendizagem é particular de cada criança, e o mesmo
acontece com suas características, maturidade e interesses pessoais. A
criança compreende a importância do seu papel na família, na escola e
na sociedade, quando é valorizada como ser ativo e autônomo.
Somos nós, adultos, pais e professores, enfim, os modelos de
aprendizagem da criança, já que ela nos tem como principais exemplos,
durante esta fase de seu crescimento e desenvolvimento. Logo, este
desenvolvimento infantil talvez deva ser compreendido por pais e
profissionais da educação como o simples desabrochar de uma flor. O
desenvolvimento vem de dentro para fora, e cabe à escola a
responsabilidade de propiciar tais condições e estímulos adequados, que
respeitem a sua faixa-etária de desenvolvimento. Como profissionais da
Educação, devemos ter plena consciência de nossas ações e
responsabilidades, pois afinal teremos nas mãos frutos de uma era
altamente tecnológica e que não se conformarão com conhecimentos
fragmentados. Os alunos que nos serão confiados precisam começar a
construir sua cidadania, desenvolver sua autonomia e segurança, e
somente o professor consciente de suas atribuições e da complexidade de
sua função conseguirá oferecer estas possibilidades.
Para que a proposta pedagógica pensada para a educação infantil atinja
seus objetivos de maneira precisa, é necessário, além
de um ambiente agradável e acolhedor para a criança, a presença de um
profissional capacitado, seguro nas suas atitudes, responsável, cordial
e sensível. A criança aprende melhor e com maior rapidez quando se
sente segura e querida, e quando suas necessidades básicas, tais como
comer, dormir, brincar, descansar estão sendo atendidas. É ao
profissional professor pedagogo, que cabe a missão de transmitir esta
segurança para a criança, já que ela está saindo do seu mundo familiar
para iniciar a sua vida em um mundo novo, o contexto escolar. Por isso,
é necessário valorizar suas emoções e incertezas, e diante de tantas
novidades, procurar estabelecer vínculos de confiança e afetividade.
Criar com a criança uma relação de carinho e amor é fundamental para
que ela perceba no professor alguém que contribuirá com sua formação
bio-psico-social, pois é a partir deste vinculo afetivo que se
desencadeará todo o processo de desenvolvimento cognitivo, inclusive da
sua formação pessoal, a qual deve ser apoiada nos chamados “quatro
pilares da educação”:
Aprender a conhecer - Aprender a prestar atenção em tudo o que a
rodeia, nas pessoas, no que elas falam, como se comunicam e gesticulam.
Aprender a pensar, analisar. Muitas vezes somos surpreendidos, quando
uma criança repete algo, em gestos ou palavras que nós, adultos,
fazemos ou dizemos. Elas estão aprendendo. Aprenderam a nos analisar e
a nos imitar. Este conhecimento é múltiplo e evolutivo, e este aumento
de saberes permite uma melhor compreensão dos fatos, do ambiente onde
se vive, das pessoas com quem nos relacionamos, dos aspectos que nos
cercam, enfim, desperta a curiosidade intelectual. Este processo de
aprendizagem nunca se acaba, pelo contrário, ele enriquece com qualquer
experiência, e neste período, pode ser comparado com “imitar/manipular”
para “conhecer/verificar”.
Aprender a fazer – Aprender a trabalhar com os outros, gerir e resolver
conflitos torna-se cada vez mais importante. Isso, desde a pré-escola,
as professoras já ensinam. Faz-se importante para o crescimento do ser
humano que a criança aprenda, desde cedo, a resolver seus próprios
conflitos, ainda que com seus coleguinhas de sala de aula, sem a
interferência defensiva dos pais, pois isto faz com que a criança
amadureça e aprenda, durante seu crescimento, a ter segurança de si
mesmo, podendo tornar-se, mais tarde, um adulto seguro e decidido,
sabendo inclusive trabalhar em equipes, como profissional.
Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros – A educação
tanto pela escola quanto pela família, deve ajudar as crianças, antes
da descoberta do outro, a descobrirem a si mesmas, para, assim,
aprenderem a se colocar no lugar do outro e poder ajudá-lo, se
necessário. Escolas que trabalham com turmas de alunos ditos “normais”,
e têm incluído entre eles, um aluno com Síndrome de Down, por exemplo,
aprendem a conviver com as diferenças desde cedo. Isto faz com que a
criança não seja preconceituosa e venha a aceitar as diferenças entre
os seres humanos, e entre raças, grupos, nações. A própria criança
“diferente” tem um desenvolvimento cognitivo e afetivo melhor, pois ela
convive diretamente com outras crianças da mesma faixa etária e isso
contribui muito no seu desenvolvimento.
Ainda há muita rejeição e preconceito com pessoas “diferentes” (se é
que nós podemos ser chamados de “normais”...). Até há algum tempo,
famílias que tinham um deficiente em casa, muitas vezes o escondiam,
por vergonha e discriminação de vizinhos e até mesmo familiares, mas,
hoje, esse preconceito precisa ser superado, pois as alternativas e
possibilidades de inclusão educacional são múltiplas e variadas.
Aprender a ser – Nós, como educadores conscientes de nossa
‘humanidade’, temos que educar também a partir da afetividade, buscando
criar nossos filhos e educar nossos alunos para a sensibilidade em
relação aos outros e ao mundo, para o desenvolvimento da
espiritualidade, da responsabilidade pessoal e dos sentidos ético e
estético, enfim, para a chamada ‘inteligência emocional’,
preparando-nos e preparando-os para o uso de todos
os sentidos, nas interações com o mundo. Neste sentido, podemos
explorar o saber-fazer, o aprender a aprender, o saber viver juntos e,
conseqüentemente, o saber se completar, pois é o trabalho ‘em conjunto’
e ‘com o conjunto’, isto é, o trabalho coletivo que envolve o indivíduo
como um todo que é capaz de enriquecer e tornar mais completo um
projeto de aprendizagem. (como foi o caso do projeto “Conhecendo o
corpo humano”, que recentemente desenvolvi no Laboratório de
Informática de uma escola em Porto Alegre).
A educação passa a ser assunto que diz respeito todos os cidadãos.
Sendo assim, faz-se necessária a renovação cultural e, sobretudo, uma
mudança rápida, face às novas exigências de uma sociedade que se torna
cada vez mais tecnológica.