O uso da internet no ensino de língua portuguesa na perspectiva do professor de ensino fundamental e médio

Por taisa luiz soares | 21/05/2012 | Educação

O USO DA INTERNET NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

 

 

Taisa Luiz Soares[1]

Elenice Andersen[2]

 

RESUMO:

 

A internet está presente em quase todos os segmentos da vida humana. Na escola, ela é uma ferramenta de ensino relevante que pode ser utilizada em todas as áreas do saber. Não há como afastá-la do estudante, já que, atualmente, esta tecnologia é considerada o maior interesse dos jovens. Tão pouco ignorar sua importância no processo de ensino/aprendizagem, pois ela abre caminhos para outras formas de conhecimento. Logo, este artigo vem discutir o uso dessa ferramenta digital no ensino de Língua Portuguesa (LP). Com o foco na perspectiva do professor, e por meio de uma pesquisa qualitativa, este trabalho propõe-se a refletir sobre os benefícios do uso da internet no processo de ensino/aprendizagem, a capacitação digital docente e o uso pedagógico da internet no ensino de LP. São também objetivos deste trabalho saber de que maneira os professores utilizam esta ferramenta em suas aulas, de que modo eles percebem a reação dos alunos a partir do uso da internet na aprendizagem e como o docente se vê em termos de capacitação para o uso dessa tecnologia. Para obter os dados de análise, foi realizada uma entrevista semiestruturada com sete docentes da educação básica de Bagé/RS. A partir dessa entrevista, pode-se observar que os professore acreditam na relevância do uso da internet na escola, porém por falta de qualificação digital pedagógica não a utilizam de forma significativa no ensino de LP.

 

Palavras – chave:

Internet – ensino/aprendizagem – Língua Portuguesa

 

RESUMEN:

 

Internet está presente en casi todos los segmentos de la vida humana. En la escuela, ella es una herramienta de enseñanza relevante que puede ser utilizada en todas las zonas del saber. No hay como alejarla del estudiante, ya que, actualmente, esta tecnología es considerada el mayor interés de los jóvenes. Tampoco ignorar su importancia en el proceso de enseñanza/aprendizaje, pues ella abre caminos para otras formas de conocimientos. Luego, este artículo viene a discutir el uso de esta herramienta digital en la enseñanza de Lengua Portuguesa (LP). Con el enfoque en la perspectiva del profesor, y por medio de una pesquisa cualitativa, este trabajo se propone a reflexionar sobre los beneficios del uso de internet en el proceso de enseñanza/aprendizaje, la capacitación digital docente y el uso pedagógico de internet en la enseñanza de LP. Son también objetivos de este trabajo saber de qué manera los profesores utilizan esta herramienta en sus clases, de qué modo ellos perciben la reacción de los alumnos a partir del uso de internet en el aprendizaje y como el docente se ve en términos de capacitación para el uso de esta tecnología. Para obtener los datos de análisis, se realizó una entrevista semi-estructurada con siete docentes de la educación básica de Bagé/RS. A partir de esta entrevista, podemos observar que los profesores creen en la relevancia del uso del internet en la escuela, pero por carencia de calificación digital pedagógica no la utilizan de manera significativa en la enseñanza de LP.

 

Palabras – clave:

Internet – enseñanza/aprendizaje – Lengua Portuguesa

 

  1. 1.      INTRODUÇÃO

 

A internet veio revolucionar o processo de ensino/aprendizagem que até então nós conhecíamos. Processo este em que a principal forma de o aluno aprender era por meio do professor, ou seja, daquilo que o professor sabia. Muitas vezes o conhecimento deste professor encontrava-se estagnado, sem novas informações que pudessem atrair os estudantes.

Com o surgimento das TICs (tecnologias da informação e comunicação), segundo Amanda Polato, em reportagem para Nova Escola em 2009, cada vez mais, parece impossível imaginar a vida sem essas letrinhas, isto é, as TICs. Por ser relativamente nova, a relação entre tecnologia e a escola ainda é bastante confusa e conflituosa. De acordo com a reportagem, só vale levar a tecnologia para a classe se ela estiver a serviço dos conteúdos. Conforme Regina Scarpa, coordenadora pedagógica da revista, “do ponto de vista do aprendizado, essas ferramentas devem colaborar para trabalhar conteúdos que muitas vezes nem poderiam ser ensinados sem elas”.

Através da internet, tanto professores quanto alunos ampliaram seus horizontes do saber, e passaram a conhecer e aprender coisas que até então eram de difícil acesso. Logo, a internet trouxe para o ensino/aprendizagem a inovação das informações, aproximando as pessoas de novos conhecimentos e até mesmo do mundo.

Por esta razão, este artigo vem tratar do uso da internet no contexto[3] escolar, especificamente para o ensino de Língua Portuguesa na cidade de Bagé/RS. Já que a cidade foi escolhida para ser o primeiro município brasileiro a implantar o projeto Um Computador por Aluno (UCA)[4], que tem como objetivo ser um projeto educacional utilizando tecnologia e
inclusão digital, é relevante saber como o professor, um dos participantes essenciais para o sucesso desse empreendimento, percebe o uso dessa ferramenta no ensino. No projeto UCA, alunos e professores de escolas públicas receberão um laptop, acesso à internet e capacitação para trabalhar com a tecnologia.

Assim, o objetivo geral deste artigo é refletir sobre os benefícios do uso da internet no processo de ensino/aprendizagem, a capacitação digital docente e o uso pedagógico da internet no ensino de Língua Portuguesa, na perspectiva do professor.

Este trabalho também apresenta alguns objetivos secundários. São eles: saber com quais objetivos e quais atividades os professores de LP utilizam a internet na escola; saber como os professores percebem a reação dos alunos quando usam esta tecnologia na aprendizagem de LP, apresentar a percepção destes professores quanto a sua capacitação digital com relação ao uso da internet. Além disso, o artigo também vai tratar da questão da exclusão digital que consequentemente gera a exclusão social, pois o indivíduo que atualmente não tem acesso aos benefícios e serviços da internet, está à margem dessa sociedade tecnológica, informatizada e globalizada em que vivemos no momento.  

Este artigo justifica-se pelo fato de dar voz aos professores que estão em exercício no atual contexto em que nos encontramos, no qual a internet invade todos os setores da nossa vida, inclusive o ensino. Portanto, através de uma entrevista, estes profissionais da educação apresentaram suas percepções e objetivos quando pensam em internet e ensino de LP, além de refletirem sobre capacitação digital e suas qualificações enquanto professores de língua nesse contexto.

Para atingir esses objetivos, foi realizada uma entrevista semiestruturada com sete professoras da educação básica de Bagé/RS, tanto de escolas públicas municipais e estaduais como de escola privada. Por meio dessa pesquisa, as professoras entrevistadas puderam opinar sobre este tema, sugerindo e criticando o uso pedagógico da internet no ensino/aprendizagem de LP.

A partir dos resultados, espera-se que professores e futuros docentes de língua portuguesa reflitam sobre o contexto de uso da internet neste momento e repensem suas metodologias de ensino/aprendizagem, considerando essa ferramenta.

Este trabalho está organizado em quatro seções. A primeira, que constitui o referencial teórico, dividido em três subseções, apresenta argumentos favoráveis ao uso da internet no ensino. Assim, para aqueles que ainda não acreditam em um trabalho que relaciona a internet ao ensino de LP, através deste artigo, terão a possibilidade de refletir sobre essas concepções, relacionando pontos de vista de estudiosos do assunto aos dos entrevistados. Em seguida, vem a metodologia, que explica os sujeitos e os procedimentos que foram utilizados para elaborar a entrevista e como serão analisados estes dados. Na terceira parte, temos os resultados e discussões. Nesta seção, reflete-se sobre os dados coletados relativamente ao referencial teórico do artigo. Finalmente, a conclusão, onde se retomam as principais considerações do trabalho.    

 

  1. 2.      REFERENCIAL TEÓRICO

 

Este artigo, que tem como objetivo pesquisar e apresentar o uso da internet no contexto escolar, direcionado para o ensino de língua portuguesa, baseia-se em Abreu e Agrasso Neto (2000), Araújo e Rodrigues orgs. (2005), Belloni e Gomes (2008), Benakouche (2007), Brasil (1998), Carnin, Macagnan e Kurtz (2008), Cortês (2009), Indezeichak [2008?][5], Lais (2010), Leffa (2006), Lira [2010?][6], Mackedanz, Vieira e Mackedanz (2011), Silva coord. (2003), Silva e Garíglio (2008) e Selwyn (2008).

O referencial teórico está dividido em três subseções.

A primeira subseção trata dos benefícios do uso da internet no processo de ensino/aprendizagem. A partir dessa ferramenta, o aluno tem acesso às novas formas de usar a linguagem, ao conhecimento enciclopédico acumulado pela humanidade e à interação real por meio da escrita. Outro benefício deste uso seria o de diminuir o analfabetismo digital, já que a exigência do manejo computacional é colocada como pré-requisito para uma série de empregos e serviços atualmente.

A segunda parte discute a relevância da capacitação digital dos professores, pois para que este profissional trabalhe com a internet em suas aulas é necessário que ele tenha conhecimentos que o capacitem para tal uso. Os professores precisam estar qualificados digitalmente para ensinar a partir desta ferramenta, mas também devem se permitir aprender com os alunos, já que estes nasceram numa era informatizada e, muitas vezes, possuem mais facilidade para manusear a internet do que os docentes. É necessário que a qualificação dos professores não se restrinja apenas ao domínio de saber “navegar pela internet”, mas sim que eles saibam como utilizar esta ferramenta em benefício do processo de ensino/aprendizagem de língua portuguesa. Nesta subseção, também é discutido o tema da exclusão digital, pois a internet como nova tecnologia de comunicação deve ser uma ferramenta que inclua e não que exclua os indivíduos da sociedade.

Já na última subseção deste referencial teórico, temos uma reflexão sobre o uso pedagógico da internet direcionado para o ensino de língua portuguesa (LP). Os impactos causados pela internet no ensino de LP já são considerados irreversíveis por muitos teóricos. Assim sendo, defende-se o uso desta ferramenta digital de forma que os alunos aprendam a adequar sua escrita diante dos mais variados gêneros textuais disponíveis na web. E também que tenham capacidade de realizar uma leitura mais crítica e uma produção de texto mais contextualizada.

 

2.1.Os benefícios do uso da internet no processo de ensino/aprendizagem

 

De acordo com Silva (2003a), o uso de computadores cresce rapidamente no Brasil, aumentando a rede de usuários e impondo modos de aprendizagem, atualização e trabalho que não eram conhecidos até poucos anos atrás. Hoje, a exigência de manejo computacional é colocada como pré-requisito para uma gama de empregos e serviços.

Porém, o receio maior parece residir nos diferentes segmentos da educação. Isso porque todo o potencial trazido pelo computador e pela internet parece ter pego de surpresa os professores, deixando-os na contra-mão da inovação e renovação do ensino.

O computador, que de acordo com Indezeichak [2008?][7] remete automaticamente ao uso da internet, utilizado no contexto escolar, não substitui nem o professor, nem os livros. Ele deve ser visto como uma ferramenta de ensino e aprendizagem, porém é necessário que o professor conheça e domine essa tecnologia para que a utilize de maneira adequada na atividade de ensinar e aprender uma língua.

Para Leffa (2006), o computador é um dos instrumentos de trabalho do professor. Vejamos:

 

O computador não é mais ou menos importante do que o aluno ou o professor; quando usado na aprendizagem ele é apenas um instrumento, mas necessário, dentro do conceito tradicional de atividade. Não substitui o professor, mas também não pode ser visto dentro de uma escala hierárquica de importância. É como o piano num concerto de Beethoven; imprescindível para que a peça musical seja executada pelo pianista (LEFFA, Ibid.).

Segundo Indezeichak (Ibid.), o uso adequado desta ferramenta poderia amenizar muitos problemas existentes relativos à educação:

 

Talvez a informática aplicada à educação, consubstanciando um novo modelo pedagógico, possa ajudar a superar a crise em que se encontra o sistema de ensino, contribuindo, desta forma, para resolver os problemas que para muitos parecem pertinentes ao ato de ensinar, como a existência de altos índices de evasão e repetência e a superposição de conteúdos desatualizados e enfadonhos (INDEZEICHAK, Ibid.).

 

A autora enfatiza que substituir o professor pelo computador não é a alternativa sugerida pela Informática Educativa. Para ela, aplicar a informática à educação é algo fundamental para a adaptação do processo educativo às características da sociedade contemporânea.

Conforme Carnin, Macagnan e Kurtz (2008), o processo de ensino/aprendizagem vem sofrendo mudanças significativas. É nesse contexto que a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs[8]) proporciona ao professor e ao aluno o contato com uma nova gama de opções com relação a gêneros textuais. Os autores destacam que a incorporação de novas tecnologias à sala de aula é, atualmente, umas das questões centrais ao campo de ensino/aprendizagem de línguas (materna e/ou estrangeira). Para eles, os benefícios da internet são muitos e seus efeitos são intensos e irreversíveis. Cabe então ao professor interessado em aliar à sua prática o uso de novas ferramentas e TICs lembrar que a sua mediação didática precisa ser inovadora, crítica e rigorosa, assim como necessita estar alicerçada em teorias que subsidiem sua prática, ao mesmo tempo em que contemple aspectos do uso da língua significativos aos alunos, ou seja, que explore situações autênticas, em contextos reais.

Para os autores a falta de bases teorias e até mesmo ousadia por parte dos professores não supera o interesse destes em trabalhar com as TICs, vejamos:

 

Não há dúvida quanto ao fato de existir interesse, por parte de muitos educadores, em trabalhar com essas novas ferramentas em sala de aula, no entanto, faltam-lhes embasamento teórico-metodológico e certa dose de ousadia para que isso se realize. Entendemos que, em pleno século XXI, o professor precisa conhecer o potencial das mídias existentes na rede e poder manipulá-las qualificadamente, possibilitando que estas trabalhem a seu favor e a favor de uma aprendizagem agradável e significativa para os alunos (CARNIN, MACAGNAN E KURTZ, Ibid.).

 

Para eles, um aspecto que pode ser considerado negativo no uso das TICs em sala de aula é o medo constante por parte do professor em errar, já que os alunos tendem a saberem mais sobre tecnologia e internet do que o próprio professor. Porém, este ponto negativo pode ser revertido a favor do educador, pois o aluno sabendo mais há a possibilidade de torná-lo mais autônomo e participativo no seu processo de aprendizagem. Atentemos:

 

Ao possibilitar que os educandos colaborem na pesquisa, na elaboração das atividades e no ato da avaliação, entre outros, o professor estará contribuindo ao efetivo letramento de seus alunos e criando as condições necessárias para ascender ao status de co-autor de sua aprendizagem, além de abrir sua sala de aula para o mundo (CARNIN, MACAGNAN E KURTZ, Ibid.).

 

De acordo com Marcuschi (2005), a internet possibilita novas formas de usar a linguagem através de uma interação real e contextualizada. Para ele o uso da internet atinge de modo particular os usos da linguagem, para isso basta observar como se dá a escrita nos blogs, chats e nos e-mails mais informais. Eles destacam que a escola deve aprender a lidar com esse formato de escrita que é mais complexo do que um simples ato de falar por escrito.

Para Marcuschi (Ibid.), se até ontem parecia um luxo dedicar-se ao ensino dos usos da internet, hoje é uma necessidade, pois esta tecnologia tornou-se irreversível e invasora em todos os ambientes. Notamos:

 

Já é um consenso hoje que a internet está propiciando uma revolução social de grande porte e de conseqüências jamais vistas. Para muitos, a progressiva informatização de todos os serviços e setores da produção humana, inclusive o educacional, estaria causando desempregos notáveis. Para outros, parece ocorrer o contrário, com inúmeras formas de novos empregos surgindo em setores antes inimagináveis (Marcuschi, Ibid., p.11).

 

Para Araújo e Rodrigues (2005), a acelerada evolução da tecnologia de comunicação, o surgimento de novos gêneros e a renovação de outros para se adaptarem ao meio eletrônico exigem uma atenção redobrada das abordagens teórico-metodológicas voltadas para o ensino em relação aos novos recursos que estão sendo criados e utilizados para agilizar a troca de informações no ambiente virtual. Eles afirmam que a escola deve promover, sempre que possível, experiências autênticas dos novos usos da linguagem na
internet e oportunizar aos alunos um exercício frequente de reconhecimento e análise dos gêneros (hiper)textuais que circulam na sociedade letrada, muitos dos quais fazem parte do cotidiano deles.

Vieira (2005) aponta que o uso da tecnologia digital para ler, escrever e divulgar informações transformou radicalmente a natureza da comunicação escrita e o letramento convencional, introduzindo novos gêneros textuais, práticas discursivas e estabelecendo um novo paradigma nas ciências da linguagem.

De acordo com Amaral (2003a), a internet, além de ser um recurso[9] de entretenimento e de diversão, tornou-se mais uma importante referência no processo de aprendizagem e de construção do conhecimento para as crianças. Isso justamente por ser um meio que combina o poder de outras mídias, abrangendo uma grande variedade de tecnologias de computação, telecomunicações, entretenimento, interligando texto digitalizado, sons, imagens e vídeo transportando informações das mais diversas.

Amaral (Ibid.) afirma que para compreender as complexidades desse novo processo de aquisição do conhecimento, é preciso reiterar que ele tem como uma de suas características a possibilidade de diminuir as diferenças historicamente estabelecidas entre diversão e educação. Com a utilização das TICs no ensino, é possível ensinar, aprender e se divertir ao mesmo tempo.

O autor ainda destaca uma reformulação do conceito de educar, pensando nesses novos tempos de inovação tecnológica X ensino/aprendizagem, já apontada por Ramal (2002). Observemos:

 

Educar será, portanto, desenvolver processos abrangentes, segundo critérios como consistência, previsibilidade, motivação, envolvimento, performance, capacidade de articular conhecimentos, de comunicar-se e de estabelecer relações. Isso ajudará a preparar o cidadão da era do ciberespaço; como a matéria-prima da produção será a informação e os conteúdos da formação inicial se tornarão rapidamente obsoletos, ele deverá ser um profissional capaz de aprender sempre; um ser consciente e crítico que dialogue com as diferentes culturas e os diversos saberes, que saiba trabalhar de forma cooperativa e que seja flexível, empreendedor e criativo para administrar sua carreira e sua vida pessoal, social e política (RAMAL, 2002, p.167 apud AMARAL, 2003a, p.114).

 

Segundo o autor, a relação ensino/aprendizagem deve considerar todas as modificações presentes na realidade social na qual os indivíduos em idade escolar estão inseridos. O objetivo, portanto, é fazer com que os recursos disponibilizados pelas novas tecnologias da informação e da comunicação contribuam para a reflexão e o desenvolvimento do senso crítico. Logo, quebrando as barreiras entre o espaço escolar e o mundo exterior, integrando-os de forma consciente e enriquecedora.

Para os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (1998), um dos benefícios trazidos pelo uso da internet no processo ensino/aprendizagem é poder destinar os textos produzidos a leitores reais, ou ainda interagir com outros colegas, ampliando as possibilidades de interlocução por meio da escrita e permitindo acesso online ao conhecimento enciclopédico acumulado pela humanidade. Neste documento, é destacada a existência de vários softwares disponíveis no mercado com a finalidade de trabalhar aspectos específicos da língua portuguesa. Como qualquer recurso didático, devem ser analisados com cuidado e selecionados em função das necessidades colocadas pelas situações de ensino e de aprendizagem.

Não há como negar que o uso da internet no processo de ensino/aprendizagem trouxe e continua trazendo inúmeros benefícios. Alguns destes benefícios são os inúmeros textos disponíveis na rede que podem ser utilizados por qualquer professor e até mesmo pelos alunos que até então eram resumidos aos textos de livros didáticos desatualizados e descontextualizados. Também é possível, por meio da web, adquirir conhecimentos além daqueles repassados pelo mesmo livro didático. Com o acesso à internet direcionado para o ensino/aprendizagem, o professor pode ensinar seu aluno a ser crítico com as leituras que faz através desta ferramenta. Há que destacar que estes benefícios não se restringem apenas ao ensino de LP, mas em todas as áreas da educação.

Em suma, o professor que abrir espaço em suas aulas para esta tecnologia possivelmente terá uma maior motivação por parte de seus alunos, como explica a professora bajeense Maria Beatriz Massondo Pereira, em reportagem[10] sobre o projeto Um Computador Por Aluno: “O professor que busca a inovação, que se aplica no aprendizado dessas ferramentas, tem hoje o aluno bem mais presente e interessado. Por outro lado, o professor que resiste ou não tem o domínio da informática, acaba estabelecendo uma relação mais distante com o aluno.”

Pelo fato de a internet ser o maior interesse dos alunos atualmente, os benefícios que ela traz para o ensino e para a aprendizagem são inegáveis. O professor que decidir por utilizar esta tecnologia em suas aulas, com certeza promoverá uma maior interação entre ele e os alunos e entre a disciplina e os discentes. Pois trazendo para dentro da sala de aula o objeto de motivação dos jovens, a aprendizagem tende a ser facilitada e prazerosa, misturando diversão e educação.

Na próxima subseção, discutiremos sobre a importância da capacitação digital dos professores para que trabalhem com êxito com a internet na sala de aula. Também será problematizada a questão da inclusão/exclusão digital, causada pelo acesso ou falta dele às novas tecnologias da informação e comunicação.

 

2.2.A relevância da capacitação digital dos professores e a inclusão/exclusão digital

 

De acordo com Benakouche (2007), há uma percepção de que novos problemas, e graves, estão se somando aos antigos na trajetória dos cursos de licenciatura. Eles decorrem, sobretudo, da falta de reconhecimento, pela grande maioria dos professores, das novas tecnologias de comunicação e informação, as TICs.

A autora menciona o Programa de Consolidação das Licenciaturas do Governo Federal, lançado em 2006, que tem como objetivo ampliar a qualidade das ações voltadas à formação de professores, priorizando a formação inicial desenvolvida nos cursos de licenciaturas das Instituições Federais de Ensino Superior. Segundo a autora, nem todos os projetos destinam-se ao uso didático-pedagógico do computador/internet, mesmo assim ela considera um avanço. Para ela, as universidades não estão interessadas nas licenciaturas, preferindo privilegiar os cursos de pós-graduação e as atividades de pesquisa.

Benakouche (Ibid.) considera que as novas mídias não são usadas pelos professores em suas práticas docentes; o estudo de suas potencialidades educativas é raro ou inexistente, e seu ensino, quando existe, destina-se muito mais a instrumentalizar os alunos no pacote Microsoft (Word e PowerPoint) do que promover o conhecimento de softwares educativos ou desenvolver estratégias para seu uso educativo.

Para a autora, muitos docentes fecham os olhos para as mudanças sociotécnicas em curso, para a construção de uma sociedade onde o uso das TICs se faz a cada dia mais presente. É como se o acesso dos adolescentes, de todas as classes sociais, a jogos, sites de relacionamentos e blogs, entre outras oportunidades oferecidas pela internet, não estivesse acontecendo, e isso ocorre num ritmo cada vez mais acelerado. Mesmo que o jovem não tenha em casa um computador com acesso à internet, ele busca em cybers ou com amigos este contato, muitas vezes deixando de ir à escola para “navegar na web”. Logo, ela destaca que o que se perde é o acesso a uma cidadania dos tempos presentes, na medida em que os futuros alunos dos atuais licenciados, continuarão excluídos dos recursos educativos viabilizados por tais tecnologias.

A autora afirma que a inclusão digital é necessariamente uma condição para a inclusão social. Segundo ela, a exclusão digital deve-se muito mais à incapacidade do sistema de ensino nacional em cumprir seus objetivos de compartilhar conhecimentos do que às dificuldades de acesso a computadores. Em seguida, ela questiona: a capacitação que está sendo oferecida aos futuros profissionais do ensino lhes permitirá contribuir para promover a inclusão digital/social de seus futuros alunos? Este é um questionamento que cada professor ou futuro docente precisa se fazer, para, em seguida, refletir e avaliar sua capacitação e aplicação desses conhecimentos no ensino/aprendizagem com as TICs.

A partir do questionamento da autora, são possíveis outras indagações: até que ponto o professor é o responsável pela inclusão digital? Será que esse professor teve acesso em sua graduação ou em sua carreira a qualificações que lhe permitissem incluir digitalmente um aluno? As respostas ficam a cargo de cada um que esteja disposto a refletir sobre o assunto.

De acordo com Silva e Garíglio (2008), o sucesso da inclusão da internet na escola inicia pela formação adequada do corpo docente, pois se os professores não tiverem o conhecimento específico da ferramenta, não terão como incluí-la em suas metodologias. Sabendo que o desconhecimento de certas práticas gera medo e desconfiança, o profissional que não estiver capacitado para usar a internet como inovação em suas aulas, ignorará o laboratório de informática, deixando de proporcionar aos seus alunos o contato com esta importante tecnologia, que veio não só para trazer conforto e praticidade às nossas vidas como também para revolucionar o ensino/aprendizagem.

Esses autores destacam a relevância da utilização das TICs nas mais diversas áreas da sociedade moderna, assim como a importância da qualificação profissional docente. Notemos:

 

Um dos pontos cruciais das políticas de inclusão digital é a realização de um investimento estratégico na formação de professores, já que o sucesso dos projetos de inclusão digital está intrinsecamente relacionado ao processo de qualificação dos docentes, de forma crítica e consciente, junto aos seus alunos, à medida que estas ferramentas tecnológicas podem se tornar um elemento diferencial para reconstrução das práticas pedagógicas vigentes contribuindo assim para seu aperfeiçoamento e melhoria (SILVA E GARÍGLIO, Ibid.).

 

Pensando a internet como prática de inclusão social, Abreu e Agrasso Neto (2000) destacam que o uso desta ferramenta pode auxiliar a diminuir a diferença de ensino entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, pois através do uso adequado da internet e de um profissional capacitado para isso, os alunos de qualquer parte do mundo podem ter acesso aos mais distintos conhecimentos e saberes. Logo, o aluno agrega novas informações que só são possíveis através da tela do computador, já que a maioria não terá acesso presencial a outras culturas e conhecimentos.

Abreu e Agrasso Neto (Ibid.), assim como Silva e Garíglio (Ibid.), afirmam a relevância do uso das tecnologias como parte essencial do processo de ensino/aprendizagem; porém, os primeiros dão ênfase ao uso dessas tecnologias para alcançar a igualdade social e o desenvolvimento da cidadania. Vejamos:

 

Imagine o potencial que o aprendizado on-line significa para os países pobres, a possibilidade de avançar aos saltos pelos degraus do desenvolvimento. Desde que seus políticos não tentem controlar o conteúdo e os sistemas de transmissão da Internet, as pessoas nos países em desenvolvimento poderão usar a rede para ganhar acesso às melhores cabeças do mundo desenvolvido e a dados importantes (ABREU e AGRASSO NETO, Ibid.).

 

Ainda de acordo com estes autores, é relevante trabalhar a questão da cidadania dentro da escola, para assim oportunizar aos estudantes e à comunidade o acesso ao conhecimento fundamental para o desenvolvimento da sociedade. Para isso, Abreu e Agrasso Neto (Ibid.) destacam a importância da capacitação do professor para alcançar tal objetivo. Vejamos:

 

Entretanto, é necessário primeiro que os professores estejam preparados para que, então, eles possam começar um trabalho com seus alunos e a própria comunidade escolar. O exercício dos direitos humanos implica primeiramente a constituição dos indivíduos em cidadãos subjetiva e objetivamente, ou seja, que se reconheçam como sujeitos de direitos (ABREU E AGRASSO NETO, Ibid.).

 

Segundo Selwyn (2008), no que se refere à educação, espera-se que os indivíduos aprendam vários conhecimentos e competências em diferentes modos, em função das exigências de sua situação. Logo, o uso das TIC não é tido como um pré-requisito para sobreviver na sociedade do século XXI, porém é certamente integral para prosperar na sociedade desse século.

O autor também preocupa - se com a exclusão social que o uso das tecnologias vem causando na sociedade. Por mais que vivamos num mundo digital e informatizado, nem todas as classes têm acesso a esses meios:

 

Não podemos ver a sociedade contemporânea como oferecendo os mesmos benefícios para todos. Nesta era globalizada e centrada na tecnologia, indivíduos, grupos, organizações e países podem ser tão conectados ou isolados, tão beneficiados ou desfavorecidos quanto antes. Fundamentalmente, essas desigualdades também estão se reconfigurando segundo linhas diferentes, em particular, tanto dentro como entre grupos sociais (SELWYN, Ibid.).

 

Com certeza, professores sem qualificação para trabalhar com a internet vão aumentar os índices de exclusão digital e social, pois se algum aluno tiver na escola a única oportunidade de acessar a web, essa chance será esgotada.

Para Amaral (2003b), junto com a inovação tecnológica que trouxe a internet, há uma crescente exclusão digital, uma vez que não ter acesso ao meio significa não saber utilizá-lo, e consequentemente não lidar com suas potencialidades. Ele destaca que a maioria das pessoas não está sendo educada digitalmente, ou melhor, não tem sequer a possibilidade de ser educada. Amaral (Ibid.) afirma que a alfabetização para as novas tecnologias é condição fundamental para que algo de realmente produtivo seja construído a partir de sua utilização. E o elemento-chave para superar estes problemas, sem dúvida, é o professor, pois um educador bem formado e informado é capaz de trabalhar de forma significativa com esta tecnologia, e não somente usá-la como ferramenta de apoio ou passatempo em suas aulas.

Silva (2003b), no trecho a seguir, afirma sua crença entre o mundo virtual e a educação brasileira:

 

Por ter conseguido dominar um pouco das linguagens computacionais, por ter me transformado num usuário do computador e por ter estabelecido uma relação produtiva com os oceanos da internet, estou convencido de que as conquistas feitas e que estão velozmente se fazendo para o mundo virtual podem contribuir, em muito, para a melhoria da educação brasileira, para a formação dos professores e dos estudantes. A questão, parece-me, é como transformar o impossível no difícil e o difícil no realizável (SILVA,Ibid., p.55).

 

Refletindo sobre o uso da internet como prática inovadora de ensino, Belloni e Gomes (2008) apresentam os benefícios que o trabalho com essa tecnologia pode trazer ao estudante:

 

A interação entre pares e com adultos, em situações favoráveis e inovadoras de aprendizagem e com uso pedagógico apropriado das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), pode levar as crianças a desenvolverem comportamentos colaborativos e autônomos de aprendizagem, benéficos para seu desenvolvimento intelectual e sócio-afetivo. Nossa hipótese é de que ambientes de aprendizagem computacionais tendem a ser eficazes para esta aprendizagem, pois possibilitam a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento a ser construído, conforme sugerem os aportes das teorias construtivista e sócio-interacionista (BELLONI e GOMES, Ibid.).

 

De acordo com as autoras, é importante possuir a capacitação profissional para se trabalhar com a internet no ensino, porém também é aconselhável que o docente se deixe ensinar pelos alunos, já que esses sabem tanto ou mais que os educadores, pois já nasceram numa era virtual e digital:

 

Para compreender as relações entre as TIC – entendidas como processos comunicacionais – e os processos educacionais (a que chamamos genericamente “educação”), é imprescindível aprender com os aprendentes, sujeitos dos processos de socialização, isto é, as crianças e adolescentes, simplesmente porque, para eles, nascidos nesta era da informática e das telecomunicações, as TIC são tão naturais quanto qualquer outro elemento de seu universo de socialização. Estão, portanto, mais aptos (que nós, adultos) a extrair delas o melhor e o pior para construir sua formação (BELLONI e GOMES, Ibid.).

 

Para Lira [2010?][11], a internet está aproximando os processos de leitura e escrita dos estudantes, pois a partir dessa tecnologia é possível pesquisar em inúmeras bibliotecas ao redor do mundo, se manter informado sobre acontecimentos mundiais, além de buscar seus temas favoritos. Esses benefícios não são exclusivos aos alunos. A internet permite aos professores se manterem em dia com a profissão, através de cursos, associações profissionais, livrarias, revistas, além da comunicação com membros da sua comunidade profissional.

O autor também destaca a importância da capacitação dos professores no que se refere ao uso da internet no ensino de línguas:

 

Um professor consciente tenta aliar o interesse dos alunos pela tecnologia da informação ao ensino de línguas, em contraposição com o ensino tradicional considerado difícil e chato pelos alunos. No entanto, muitos professores não estão devidamente preparados para atender às novas exigências do ensino de línguas mediado pelo computador, uma vez que não foram devidamente capacitados em seus cursos de graduação (LIRA, Ibid.).

 

Segundo Lira (Ibid.), a internet utilizada no ensino de línguas possibilita um intercâmbio maior de informações sobre os costumes e traços culturais entre povos e lugares diversos do mundo. Logo, a internet deve ser vista como uma ferramenta auxiliar que contribui para o sucesso do ensino, cabendo ao professor utilizar os recursos disponíveis como uma ferramenta para estimular seus alunos em uma abordagem de ensino intercultural. Porém, todas essas possibilidades só poderão ser concretizadas se o professor estiver qualificado para proporcionar aos alunos todos estes benefícios.

Sem dúvida, o uso pedagógico de tecnologias como a internet, dentro do contexto escolar, deve preocupar-se em diminuir a desigualdade social no que se refere à inclusão digital. Para isso é imprescindível a capacitação digital e a formação pedagógica adequada dos docentes. Esse uso, também deve promover práticas inovadoras de ensino, ou seja, além de inovar nas técnicas e nos recursos, renovar o objeto de ensino, proporcionando ao estudante, caminhos distintos de conhecimentos. Assim ele percebe que a internet não serve somente para entretenimento, mas também para auxiliar na sua aprendizagem, aumentando sua sabedoria a respeito dos mais variados assuntos.

É evidente que um professor bem qualificado digitalmente tende a diminuir a exclusão digital. Pois tendo um bom conhecimento pedagógico da ferramenta, esse professor vai proporcionar a seus alunos acesso a informações e aprendizagens relevantes para sua vida escolar, pessoal e profissional. Assim, a capacitação digital dos professores é o fator mais importante para que o uso da internet na escola tenha êxito, e também para a promoção da inclusão digital e social.

Em suma, o uso da internet é válido para formar cidadãos pensantes e críticos quanto à realidade em que estão inseridos. Com o acesso à internet, é possível ampliar os horizontes do conhecimento, já que através da tela do computador podemos conhecer e aprender uma série de coisas que antes só poderia acontecer se nos deslocássemos de cidade, estado ou país.

Na última subseção deste referencial teórico, apresento uma reflexão sobre o uso da internet direcionado para o ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa (LP), no qual diversos autores enfatizam a importância e os benefícios de trabalhar com esta tecnologia junto à língua materna.

 

2.3.Refletindo o uso pedagógico da internet para o ensino de LP

 

Segundo Cortês (2009), os impactos causados pela internet no ensino de língua portuguesa são irreversíveis. Para esta autora, a tendência ao uso do computador e da internet e da interação destes com a educação é fato que necessitamos incluir no processo de ensino/aprendizagem de língua materna.

Com o uso do computador, que remete ao uso da web, crianças e adolescentes estão modificando o seu processo de aprendizagem da comunicação escrita e até oral quando criaram um estilo de se comunicar oralmente através da internet usando a escrita.  Não há como ignorar as alterações no processo de ensino/aprendizagem causadas pelo advento da internet. Para Lévy (1996 apud Cortês 2009), considerar o computador apenas como um instrumento a mais para produzir textos, sons ou imagens sobre um suporte fixo equivale a negar sua fecundidade propriamente cultural, ou seja, o aparecimento de novos gêneros ligados à interatividade.

Com a internet, surgem novas possibilidades de organização das aulas, tanto dentro como fora da escola. Dentro do ambiente escolar, o professor pode utilizar a internet no andamento rotineiro de suas aulas, inovando[12] sua metodologia e aproximando os alunos do contexto real do uso da língua. Fora da escola, a internet pode ser usada como extensão da sala de aula de LP, pois os alunos podem interagir através de atividades que envolvam a língua e o contato direto com o outro. Porém, no caso do ensino de língua portuguesa, essa ferramenta ainda é utilizada apenas como um recurso a mais de pesquisa para professor e aluno. Muitas vezes, o professor não sabe o que fazer com esta tecnologia direcionada especificamente para o ensino e acaba não explorando todas as opções que ela proporciona.

De acordo com os PCNs (1998), a finalidade do ensino de Língua Portuguesa é a expansão das possibilidades do uso da linguagem. Assume-se que as capacidades a serem desenvolvidas estão relacionadas a quatro habilidades linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever. Logo, para Côrtes (Ibid.), essas habilidades, quando desenvolvidas, deveriam auxiliar ao indivíduo a possibilidade de interagir em diferentes ambientes sociais, tanto na escola, na comunidade como no espaço virtual, possibilitando o êxito em sua forma de se comunicar.

A autora ainda destaca aspectos desfavoráveis e favoráveis do uso da internet no ensino de LP.  Para enumerar os aspectos negativos, ela traz alguns autores que sustentam essa concepção. Um deles é Chartier (2001 apud Cortês 2009), que afirma que a correspondência eletrônica introduz a uma negligência formal, ortográfica e gramatical, muito perigosa para as línguas. Outro exemplo vem de Seiter (2005 apud Cortês Ibid.), “crianças e jovens tornaram-se consumidores potenciais, e assim, o uso da internet passou a ser uma fonte de distração e a criança perde facilmente o foco da pesquisa devido ao excesso de marketing contido nos sites”, logo o, objetivo do trabalho pedagógico acaba ficando em segundo plano. Para Cortês (Ibid.), o uso da internet por crianças tem potencial para prejudicar o desenvolvimento emocional e psíquico da mesma. Este também considerado um ponto desfavorável. Cabe aos pais e educadores alertar para as ciladas da internet, pois a maioria das crianças não tem maturidade para descobrir por si mesma as manipulações utilizadas pelo marketing ou serem capazes de controlar a compulsividade pelo entretenimento.

Refletindo sobre os aspectos positivos, Cortês (Ibid.) também apresenta concepções de outros autores que são favoráveis ao uso desta tecnologia. Sobre isso, ela menciona os hipertextos, que, de acordo com Wikipédia[13], “são textos em formato digital ao qual se agregam outros conjuntos de informação na forma de blocos de textos, palavras, imagens ou sons, cujo acesso se dá através de referências específicas denominadas hiperlinks, ou simplesmente links”. Ou ainda, segundo Nelson (1981), hipertexto trata-se de “uma escrita não seqüencial, um texto que bifurca, que permite que seja o leitor a eleger a melhor tela interativa”. Para o linguista Sérgio Roberto Costa (2006), os hipertextos contribuem para as práticas de letramento:

 

É um novo espaço cibernético interativo 'invadido' por crianças e adolescentes, que passam horas e horas frente à tela do computador, divertem-se com jogos, desenhos, editam textos e, mais do que tudo, navegam na Internet lendo e, principalmente, escrevendo. São formas de leitura e escrita com características próprias e específicas. Leitor e autor se confundem nos hipertextos. Oralidade e escrita se 'dissolvem' nas salas de bate-papo (chats), por exemplo (COSTA, 2006 apud CORTÊS, Ibid.).

 

Ainda para este linguista, a internet vem não somente preservar o conhecimento da humanidade, mas também disponibilizá-la a todos coletivamente. Portanto, Cortês (Ibid.) destaca a relevância de o aluno saber que o mundo é bem maior do que aquilo que ele conhece ou tem acesso, e a internet é o meio de proporcionar esse conhecimento. Vejamos:

 

Não basta somente ensinar uma língua materna, se não der à criança a idéia que o mundo é maior que a comunidade em que ela vive. Desde muito cedo, a criança deveria perceber que o seu mundo não terá fronteiras, e que muito além de aprender sua língua, precisará ser capaz de estar conectada com um número cada vez maior de línguas e encontrar uma forma de se comunicar com elas (CORTÊS, Ibid.).

 

Para Richardson (2006 apud Cortês Ibid.), ler e escrever na web promete transformar tanto como os professores ensinam quanto como os estudantes aprendem. Como aprendizes, não estaremos mais limitados a sermos leitores independentes ou consumidores de informação. Nós poderemos ser colaboradores na criação de uma grande rede de informação.

Pensando as TICs como facilitadoras na produção textual, Mackedanz, Vieira e Mackedanz (2011) destacam que a utilização de material oriundo da internet, diferenciado frente às aulas tradicionais de língua materna, pode acarretar num ganho de aprendizagem por parte dos estudantes, traduzido numa maior fluência na escrita e maior facilidade de leitura.

Os autores acreditam que o blog, que é uma ferramenta do mundo virtual que permite aos usuários colocar conteúdo na rede e interagir com outros internautas, é um facilitador na produção textual, visto que o blog possibilita não apenas aos alunos de uma determinada turma, mas a outros estudantes da escola ou fora dela, a possibilidade de visitar e comentar as postagens. Logo, este espaço é usado como provocador para a produção textual dos demais leitores.

Segundo os autores, trabalhar a produção textual em blogs é uma forma de motivar os alunos para que participem satisfatoriamente deste tipo de atividade. Portanto, eles também acreditam que o tempo gasto com a escrita nesta ferramenta digital é menor em comparação com as tradicionais redações exigidas em sala de aula. Nessas produções, os alunos se expressam de forma natural, com seus gostos e linguajar, o que não seria possível numa redação tradicional.

   Para os autores, o uso da hipermídia - que segundo Wikipédia é a reunião de várias mídias num suporte computacional, no processo de ensino/aprendizagem de LP, ou ainda conforme Pontuschka (2006) hipermídia é considerada a evolução do hipertexto - é fundamental para uma melhoria na qualidade da produção textual. Segundo eles, o uso de softwares que permitam interfaces mais amigáveis aos estudantes no processo de produção textual caracteriza uma oportunidade de ensino continuada, da sala de aula presencial ao estudo dirigido em casa.

Lais (2010) discute algumas transformações que a internet trouxe para a relação leitura-escrita e como os gêneros digitais (blog, MSN, Orkut e e-mail) podem ser utilizados visando um ensino de leitura mais crítico e uma produção de texto mais contextualizada. Para isso, ela acredita na importância do desenvolvimento de um letramento digital que capacite professores e alunos na utilização dessas ferramentas midiáticas.

Para Lais (Ibid.), a escola deve se posicionar diante das mudanças que perpassam a sociedade. Essas transformações trouxeram desafios para serem enfrentados pelos educadores modernos, assim como a escrita:

 

As mudanças da escrita, na era digital, refletidas sobre o impacto do avanço tecnológico na identidade do sujeito e na instituição escolar dão origem aos gêneros digitais que se configuram com novas formas de utilização da escrita no espaço hipermidiático, pois o hipertexto, produzido coletivamente pelos usuários da Internet, modifica a relação leitor-escritor, tornando imprecisa a fronteira que os separavam (LAIS, Ibid.).

 

Segundo Lais (Ibid.), o uso dos gêneros digitais não prejudica a aprendizagem da escrita dos adolescentes, muito pelo contrário, esse uso deve seguir de contraponto para alertar esses usuários sobre a necessidade de se comportar diferentemente diante dos vários gêneros e suportes textuais adequando à escrita.

A autora defende o uso dos gêneros digitais, pois eles podem ser grandes ferramentas educacionais para o processo de ensino e aprendizagem, além de ser o local onde a língua é efetivamente empregada. Bakhtin (2000, p. 263) diria que os gêneros digitais possibilitam um contato com as “condições específicas e as finalidades de cada campo, não só pelo seu conteúdo e pelo estilo da linguagem, mas por sua construção composicional”.

O uso dos gêneros digitais na sala de aula proporciona ao aluno uma interação com tudo aquilo que já faz parte de suas vivências. Dessa forma, a escola deve aproveitar essa competência comunicativa dos adolescentes, que sabe utilizar de maneira satisfatória os gêneros digitais, para transformá-los em bons produtores de gêneros textuais, valorizados na sala de aula e no mundo real.

Lais (Ibid.) destaca que os educadores devem atentar aos alunos que não se escreve da mesma forma em todos os gêneros e suportes de escrita, pois a língua não é uniforme. É o gênero do texto que vai determinar qual variedade linguística deve ser empregada em cada momento e em cada suporte de escrita de acordo com o tipo de interlocutores. Além disso, para a autora, a internet, por promover a liberdade de expressão entre seus usuários, exige a prática da leitura e estimula a escrita. Por essa razão, essa ferramenta não pode distanciar-se do meio escolar.

As novas tecnologias propiciam maiores possibilidades de interação[14], o que repercute em uma maior motivação dos alunos. Os gêneros digitais podem ser grandes ferramentas educacionais para o processo ensino/aprendizagem. O trabalho com esses gêneros é uma importante ação para o desenvolvimento e a ampliação da competência discursiva dos alunos (LAIS, Ibid.).

É fato que a educação está em constante mudança e no ensino de línguas esta situação não é diferente. O estudo exclusivamente gramatical de uma língua já não é suficiente para que o estudante tenha sucesso no seu uso rotineiro. O ensino/aprendizagem de língua materna é muito mais do que conhecer e saber suas regras gramaticais. É buscar sentido, significado, inferir, supor, concluir, criticar. Com o uso da internet a favor do ensino de língua materna, pode-se praticar todas estas ações, já que há uma gama de variedades de atividades que visam estes objetivos. Porém, é preciso que o professor saiba instigar seus alunos, para que eles alcancem o propósito de se trabalhar com esta tecnologia.

Logo, as TICs estão disponíveis para ajudar os educadores a proporcionar aulas mais significativas, contextualizadas e criativas. No entanto, é necessário estar receptivo a elas, para assim poder fazer um bom uso dessas ferramentas em favor do ensino/aprendizagem de língua materna.

 

  1. 3.      METODOLOGIA

 

A metodologia aqui utilizada trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo, na qual foram entrevistados professores de língua portuguesa da educação básica em escolas públicas e privada.

A pesquisa qualitativa costuma ser direcionada ao longo do seu desenvolvimento, e não busca enumerar ou medir eventos nem emprega instrumento estatístico para análise dos dados. Segundo Neves (1996), “seu foco de interesse é amplo, fazendo parte dela a obtenção de dados descritivos mediante contato direto e interativo do pesquisador com a situação objeto de estudo”.

Para Neves (Ibid.), nestas pesquisas é freqüente que o pesquisador procure entender os fenômenos, segundo a perspectiva dos participantes da situação estudada e, a partir daí, situe sua interpretação dos fenômenos estudados. Observemos:

 

Compreender e interpretar fenômenos, a partir de seus significantes e contexto são tarefas sempre presentes na produção de conhecimento, o que contribui para que percebamos vantagem no emprego de métodos que auxiliam a ter uma visão mais abrangente dos problemas, supõem contato direto com o objeto de análise e fornecem um enfoque diferenciado para a compreensão da realidade (NEVES, Ibid.).

 

Com base nisto, optei pela pesquisa qualitativa porque não tenho a pretensão de enumerar dados nem compará-los, mas sim refletir e discutir sobre o material coletado a partir da entrevista semiestruturada. Assim como entender e compreender, mas sem julgar as atitudes e percepções dos professores questionados.

De acordo com Duarte (2002), pesquisas de cunho qualitativo exigem a realização de entrevistas, quase sempre longas e semiestruturadas. Para a autora, a definição de critérios segundo os quais serão selecionados os sujeitos que vão compor o universo de investigação é algo primordial, pois interfere diretamente na qualidade das informações a partir das quais será possível construir a análise e chegar à compreensão mais ampla do problema delineado.

Para realizar a entrevista, baseei-me no conceito de entrevista semiestruturada, que tem como característica principal um roteiro previamente elaborado.

Alguns autores têm tentado definir e caracterizar o que vem a ser uma entrevista semiestruturada. Para Triviños (1987 apud Manzini 2004) a entrevista semiestruturada tem como característica questionamentos básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa. Esses questionamentos dariam frutos a novas hipóteses surgidas a partir das respostas dos informantes. Enquanto que para Manzini (Ibid. apud Manzini 1990/1991), a entrevista semiestruturada está focalizada em um assunto sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista. Para o autor, esse tipo de entrevista pode fazer emergir informações de forma mais livre e as respostas não estão condicionadas a uma padronização de alternativas.

Ambos os autores se referem à necessidade de perguntas básicas e principais no roteiro da entrevista semiestruturada para atingir o objetivo da pesquisa.

Geralmente esse tipo de entrevista é utilizado para buscar informações sobre opinião, concepções, expectativas, percepções sobre determinados objetos, fatos, contextos, ou seja, para coletar dados.

Outra característica da entrevista semiestruturada é o fato de esta ser um processo de interação, entre pesquisador e entrevistado, que esse dá no momento da coleta dos dados. Para Manzini (Ibid.), essa interação também se dá entre o pesquisador e seu roteiro. Vejamos:

 

Pelo fato de a entrevista ser um processo de interação social os dados são de natureza social, e isso precisa ser levado em conta na interpretação dos resultados. Dessa forma, um dos primeiros passos pode ser a adequação dos roteiros como forma de o pesquisador se preparar, organizar e tomar ciência do processo de coleta de informações. Esse processo de análise do roteiro seria uma forma de o pesquisador interagir, simbolicamente, com um produto seu, ou seja, o roteiro, frente a uma interação que ainda não ocorreu, mas que nesse processo de análise estaria se preparando para a situação real da coleta de informações por meio da entrevista semi-estruturada. (MANZINI, Ibid.)   

 

Portanto, com a escolha pela entrevista semiestruturada, é possível observar dois momentos de interação. O primeiro quando preparei o roteiro da entrevista. Nesse caso interagindo com meu “produto” de forma simbólica, no qual elaborei questões direcionadas ao objetivo da pesquisa. E o segundo no momento da coleta dos dados. Nessa etapa a interação foi presencial. Pesquisadora e entrevistados apoiados no roteiro refletiram os questionamentos que deram os frutos desta análise.

As entrevistas que geraram os dados deste artigo foram realizadas com sete professores de língua portuguesa da educação básica. Três professores atuam em escola pública municipal de ensino fundamental, localizadas na periferia da cidade, três em uma escola pública estadual de ensino médio, localizada em um bairro próximo ao centro da cidade e um em uma escola privada de ensino fundamental, que localiza - se no centro desta cidade.

A idéia de pesquisar vários professores de diferentes contextos sociais (periferia, bairro e centro) tem como objetivo observar se há diferença ou não do contexto de uso pedagógico da internet no ensino de LP de acordo com a escola ou com o professor. Também para ter um campo de análise mais abrangente e não generalizar os dados a partir de um ponto de vista ou de apenas uma instituição escolar.

Para elaborar o roteiro da entrevista semiestruturada, optei primeiramente por questões simples que tem como objetivo coletar dados para conhecer o profissional que será analisado. Em seguida, trago perguntas direcionados ao contexto desta pesquisa, nas quais os professores refletem e opinam sobre internet e ensino/aprendizagem de LP.

Com este roteiro, pretendo traçar o ponto de vista dos professores em relação ao uso pedagógico da internet com a LP. Logo, estas questões, junto com o material teórico, visam nortear a discussão deste artigo, pois trazem dados reais, pessoais e contextualizados do uso da internet na disciplina de LP.

Os dados foram coletados no ambiente escolar de cada professor entrevistado. A pesquisadora entregou a cada docente o roteiro da entrevista. Após uma conversa informal sobre o tema da pesquisa e sobre as questões da entrevista, os professores responderam as perguntas individualmente de forma escrita devido à falta de tempo disponível destes profissionais. Estes roteiros foram devolvidos à pesquisadora para gerarem os dados deste artigo (ver anexos).

De acordo com Manzini (Ibid.), a coleta dos dados através da entrevista semiestruturada pode ocorrer num processo face a face, mediado por telefone, internet ou por meio da escrita. Logo é necessário levar em conta o método usado para uma melhor interpretação dos dados.

 

  1. 4.      RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

Para tecer os resultados desta pesquisa qualitativa, foram entrevistados sete profissionais da educação básica de Bagé/RS, todos do sexo feminino, com idades entre 26 e 42 anos.

A formação destas profissionais é o curso de Letras. Duas formaram-se fora da cidade; já as demais obtiveram a graduação nas universidades locais deste município. O ano de formação varia entre 1992 e 2011.

Das sete professoras entrevistadas, duas não possuem especialização na área de formação. As disciplinas ministradas por elas abrangem desde o ensino de língua portuguesa, literatura, espanhol até o ensino religioso, filosofia e currículo. Todas as entrevistadas atuam há mais de dois anos na escola em que se encontram atualmente.

As docentes entrevistadas possuem de duas a treze turmas, totalizando um número de alunos que varia de 30 a 240 discentes.

Para uma melhor análise dos dados, esta seção será dividida em temas, de acordo com as questões da entrevista realizada.

 

4.1 Tema 1: Presença de laboratórios de informática na escola e condições dos equipamentos

De acordo com os dados coletados, todas as escolas possuem laboratórios e/ou equipamentos de informática. Isso evidencia que as escolas possuem o suporte tecnológico, basta saber se todas promovem o acesso a ele. Das sete entrevistadas, quatro (escolas municipais e privada) afirmaram que as escolas em que trabalham possuem ótimos laboratórios com equipamentos em excelentes condições. Vejamos um exemplo:

 

3-EM- “Na escola existe um ótimo laboratório de informática, no qual encontramos equipamentos novos e em bom estado de conservação.”

 

 

As outras três, que pertencem à mesma escola estadual, divergiram na resposta, pois duas confirmaram a questão com um simples “sim”, enquanto outra alegou que a escola não possui laboratório e sim alguns equipamentos que ela nunca utilizou e desconhece suas condições. Uma das professoras desta escola, que afirmou que a escola possui laboratório apresentou outro problema de ordem estrutural, no qual confirma a presença de suporte tecnológico, mas destaca a falta de acesso:

 

3-EE: “Na escola X não costumo levar [os alunos ao laboratório de informática], pois as turmas são muito numerosas e o espaço do laboratório é muito pequeno. Já na escola Y costumo levar quando o laboratório está aberto, pois trabalho no noturno e, às vezes, o laboratório está fechado.”

 

 

Essa fala opõe-se aos problemas apresentados por Benakouche (2007) que destaca que a exclusão digital deve-se mais à incapacidade do sistema educacional em cumprir seus objetivos de compartilhar conhecimentos do que às dificuldades de acesso a computadores, pois nesta escola o problema está no acesso aos equipamentos, excluindo o aluno do contato com a tecnologia. Isso é problemático em uma escola de ensino médio, no qual os alunos estão próximos da inserção no mercado de trabalho; logo, sem terem a menor possibilidade de incluírem-se digitalmente e socialmente através da tecnologia a favor da educação.

É evidente que não basta o governo enviar computadores às escolas se estes não podem ser utilizados pelos alunos, tanto por falta de espaço físico das salas como por falta de responsáveis pelos laboratórios nos turnos abrangidos pela instituição. De nada adianta a escola possuir os equipamentos, o professor ser qualificado, se existem outros problemas que impedem o contato do aluno com a internet no contexto escolar.

 

4.2 Tema 2: Costume de levar os alunos ao laboratório de informática e com qual objetivo

É relevante que o professor deixe bem claro aos seus alunos quais são seus objetivos quando trabalha a LP na sala de informática utilizando a internet. É certo que os alunos demonstram motivação e interesse quando aprendem frente ao computador, porém, há aqueles que ainda acreditam que internet serve apenas para se relacionar e/ou conhecer novas pessoas: 

 

3-EM: “Busco sempre trabalhar com meus alunos através de aulas que lhes despertem o interesse, as aulas no laboratório são uma boa alternativa para lograr êxito, no entanto às vezes eles confundem aula com computador com entrar em sites de relacionamentos. Muitas vezes a professora tem que deixar bem claro o objetivo de estar na sala de informática.”

 

 

Excluindo a escola que apresenta problemas físicos quanto à estrutura do laboratório, as demais professoras costumam levar seus alunos ao laboratório com os mais variados objetivos:

 

1-EM: “...Geralmente complemento do que já foi visto”.

2-EM: “Para fazer pesquisas sobre assuntos atuais e conteúdos”.

1-EP: “...para pesquisa e elaboração de trabalhos (normas da ABNT ou PowerPoint).”

 

 

Para Carnin, Macagnan e Kurtz (2008), a incorporação de novas tecnologias à sala de aula é, atualmente, uma das questões centrais ao campo de ensino/aprendizagem de línguas. Cabe então ao professor interessado em aliar à sua prática o uso de novas ferramentas e TICS lembrar que a sua mediação midiática precisa ser inovadora, criativa e rigorosa, assim como necessita estar alicerçada em teorias que subsidiem sua prática, ao mesmo tempo em que contemple aspectos do uso da língua significativos aos alunos, ou seja, que explore situações autênticas, em contexto reais.

Mesmo trabalhando a internet a favor da LP e com objetivos aparentemente concretos, as professoras não mencionaram apoiarem-se em teorias que embasem suas práticas. Elas utilizam a ferramenta de acordo com seus conhecimentos e conforme sugestões e exemplos que são repassados por terem sido considerados eficientes pelos colegas de profissão.

 

4.3 Tema 3: O uso da internet para enriquecer as aulas de LP

Questionadas sobre este tema, as professoras da escola estadual afirmaram utilizar a internet no ensino de LP apenas para planejamento de aulas, pesquisas pessoais e busca de assuntos atuais para serem discutidos em aula.

As demais entrevistadas afirmaram utilizar a internet no ensino/aprendizagem de LP. Algumas usam a tecnologia apenas como um recurso a mais para que os alunos façam exercícios ou pesquisas. Observemos este exemplo:

 

2-EM: “Sim [utilizo a internet]. Para melhorar as aulas, procuro inovar com exercícios diferentes, podemos aprimorar os conhecimentos e fazer trabalhos de pesquisas e atividades das mais variadas”.

 

 

De acordo com Lévy (1996 apud Cortês 2009), considerar o computador apenas como um instrumento a mais para produzir textos, sons ou imagens sobre um suporte fixo equivale a negar sua fecundidade propriamente cultural, ou seja, o aparecimento de novos gêneros ligados à interatividade[15].

Pela amostra encontrada, creio que muitos professores ainda usam a internet apenas para pesquisas e exercícios prontos relacionados aos conteúdos da disciplina. Desse modo, a internet não passa de um recurso a mais, e as atividades continuam sendo as mesmas, já que pesquisas podem ser feita em livros assim como exercícios são encontrados neles também.

Outras já utilizam a internet com fim específico para o ensino de LP:

 

3-EM: “Sim [utilizo a internet], busco contemplar os interesses dos alunos através de suas perspectivas, como escrever no blog da escola, pesquisas de assuntos diversos e a criação de seminários sobre determinados assuntos específicos.

1-EP: “Sim, uma vez utilizei para trabalhar com músicas e propagandas contendo figuras de linguagem.”

 

 

Conforme os PCNs, a finalidade do ensino de LP é a expansão das possibilidades do uso da linguagem. Para Cortês (Ibid.) as habilidades de falar, escutar, ler e escrever quando desenvolvidas devem auxiliar ao indivíduo a possibilidade de interagir em diferentes ambientes sociais, possibilitando o êxito em sua forma de se comunicar.

Portanto, quando os alunos refletem sobre o uso da língua por meio de textos disponíveis na web, eles estão expandindo as possibilidades de uso da linguagem, pois estando em contato com gêneros digitais e textuais distintos eles compreendem que existem inúmeras formas de usar a língua, que ela não é estável, e sim variável conforme o gênero em que se encontra.

 

4.4 Tema 4: Reação dos alunos quando trabalham com internet no ensino de LP

Refletindo sobre a reação dos alunos frente ao ensino/aprendizagem de LP por meio da internet, quase todas as professoras afirmaram que eles demonstram mais interesse e envolvimento com as aulas. Notemos:

 

3-EE: “Eles [os alunos] demonstram mais interesse nas aulas”.

1-EP: “[os alunos] Mostram-se mais interessados e envolvidos com a disciplina em questão”.

 

 

Essas falas corroboram a ideia de Belloni e Gomes (2008). Segundo elas, o trabalho com as TICs desenvolve comportamentos colaborativos e autônomos de aprendizagem, benéficos para o desenvolvimento intelectual e sócio-afetivo dos discentes. As falas também vão ao encontro da afirmação da professora Maria Beatriz Massondo Pereira (2011), que destaca que o professor que busca a inovação tem hoje um aluno bem mais presente e interessado.

Apenas uma professora não opinou, já que afirmou não trabalhar com a internet na escola, devido aos problemas de espaço onde se encontram os computadores.

Com base nas entrevistas, é possível afirmar que os alunos demonstram mais motivação pela disciplina quando vão para o laboratório de informática. Porém esta motivação pode durar pouco tempo, já que, de acordo com os professores, alguns não se interessam pela aprendizagem, mas sim por utilizar a internet para navegar pelas redes sociais. Observemos:

 

3-EM: “... às vezes eles [os alunos] querem entrar em sites de relacionamento, o que não é o objetivo da aula, e alguns ainda têm a visão que aula somente é aula na sala de aula”.

 

 

Segundo Lira [2010?], um professor consciente deve aliar o interesse dos alunos pelas tecnologias ao ensino de línguas, em contraposição com o ensino tradicional considerado difícil e chato pelos alunos. Assim, o professor deve converter esse enorme interesse dos jovens pela internet para a renovação do ensino e aprendizagem de LP. Uma proposta de trabalho com o uso produtivo das redes sociais se faz necessária. Pois nos encontramos em uma nova realidade social, na qual não basta apenas saber ler e escrever, mas sim saber responder às exigências de leitura e de escrita que a sociedade moderna nos faz a todo o momento, bem como interagir com as novas formas de socialização, dentre elas a internet e as redes sociais.

 

 4.5 Tema 5: Crença de que a internet deva ser utilizada no ensino de LP

Quando questionadas se a internet deve ou não ser utilizada no ensino de LP, todas se mostraram favoráveis ao uso, porém com opiniões distintas. A primeira entrevistada afirma que a internet deve ser utilizada no processo ensino/aprendizagem como ferramenta de apoio já que esta é o principal interesse dos alunos. A segunda afirma que se deve utilizar devido a variadas sugestões de atividades que esta ferramenta proporciona. A terceira professora acredita que o professor necessita estar preparado para trabalhar com a internet e acima de tudo gostar de trabalhar com este suporte tecnológico. Com base nisso, podemos relembrar Indezeichak [2008?], quando afirma que o computador, conectado à internet, deve ser visto como ferramenta de ensino e aprendizagem, porém é necessário que o professor conheça e domine a tecnologia para que a utilize de maneira adequada na atividade de ensinar e aprender uma língua.

Não há dúvida de que o ensino de língua materna e o uso da internet devem caminhar juntos, porém lado a lado, sem hierarquias, pois um complementa o outro no processo de ensino/aprendizagem, sendo as TICs ferramentas de ensino e não apenas suporte ou recurso tecnológico.

Já a quarta e a sétima entrevistada crêem que a internet é uma ferramenta que deve ser utilizada em todas as áreas, porém com intuito didático pedagógico. Isso vai ao encontro de Marcuschi (2005), pois ele afirma que se até ontem parecia um luxo dedicar-se ao ensino dos usos da internet, hoje é uma necessidade, pois esta tecnologia tornou-se irreversível e invasora em todos os ambientes. É evidente que a internet é relevante em todas as áreas da educação, porém sempre deve ser trabalhada com um fim significativo e contextualizado, para não corrermos o risco de se tornar um passatempo durante as aulas tradicionais de qualquer natureza.

A quinta afirma que devemos acompanhar a evolução, e a sexta docente acredita que não podemos separar as atividades escolares do uso dessa ferramenta. Como vimos, Araújo e Rodrigues (2005) afirmam que a escola deve promover, sempre que possível, experiências autênticas dos novos usos da linguagem na internet e oportunizar aos alunos um exercício freqüente de reconhecimento e análise dos gêneros (hiper)textuais que circulam na sociedade letrada, muitos dos quais fazem parte do cotidiano deles.

É fato que a internet é relevante no ensino/aprendizagem de LP, porém ela não deve ser usada apenas como apoio ou simples recurso didático, mas sim como ferramenta de ensino. O professor que optar trabalhar o ensino de LP por meio da internet deve ter em mente que esta ferramenta dispõe de inúmeras opções para se fazer um bom trabalho com a língua, através de softwares e gêneros digitais disponíveis na rede mundial de computadores. Estes recursos usados de forma significativa têm como objetivo desenvolver o senso crítico do aluno e promover a interação. Como se mencionou, Mackedanz, Vieira e Mackedanz (2011) destacam que a utilização de material oriundo da internet, diferenciado frente às aulas tradicionais de língua materna, pode acarretar num ganho de aprendizagem por parte dos estudantes, traduzido numa maior fluência na escrita e maior facilidade de leitura.

 

4.6 Tema 6: Quanto aos tipos de atividades positivas no ensino de LP com o uso da internet na escola

Além dos exercícios, revisão de conteúdo, jogos e da facilidade da pesquisa que a internet proporciona, atividades enumeradas pelas entrevistadas como positivas, outras mencionaram o trabalho com a escrita e a interação:

 

3-EM: “Penso que devemos utilizar a internet para trabalhar com a escrita, com pesquisas, como uma ferramenta que possibilite o crescimento intelectual e crítico dos alunos”.

1-EE: “Aquelas que proporcionem interação real. Não dá pra trocar o quadro pelo PC e entender quer isso é inclusão digital”.

 

 

Pensando a internet como ferramenta de ensino para a escrita, leitura e interação, Lais [2010] defende o uso dos gêneros digitais (blog, MSN, Orkut e e-mail) na escola, já que eles podem ser grandes ferramentas educacionais para o processo de ensino e aprendizagem de língua materna. O uso dos gêneros digitais na sala de aula proporciona ao aluno uma interação com tudo aquilo que já faz parte de sua vivência.

É relevante, quando se trabalha com gêneros diversos, discutir com o aluno a variação linguística, pois segundo Lais (Ibid.), os educadores devem atentar aos alunos que não se escreve da mesma forma em todos os gêneros e suportes de escrita, pois a língua não é uniforme. É o gênero do texto que vai determinar qual variedade linguística deve ser empregada em cada momento e em cada suporte de escrita de acordo com o tipo de interlocutor. No entanto, mesmo os docentes que mencionaram trabalhar com gêneros e escrita não estabeleceram uma relação com a variação linguística, presente nos inúmeros textos disponíveis na rede. 

Outro ponto que merece destaque é que nenhuma professora aponta os softwares indicados pelos PCNs de Língua Portuguesa, que ajudam a trabalhar aspectos específicos da língua. Isso indica que provavelmente elas não consultaram esse importante material que encontra-se disponível na internet, caso a escola não o possua.

 

4.7 Tema 7: Se a Internet é ferramenta de apoio ou parte essencial do processo de ensino/aprendizagem de LP

A opinião das entrevistadas a respeito de a internet ser ferramenta de apoio ou parte essencial do ensino/aprendizagem de LP é divergente. Observemos:

 

1-EM: “Acredito que é uma ferramenta de apoio”.

2-EM: “É parte essencial do processo ensino/aprendizagem...”

3-EM: “...penso que a internet é mais uma ferramenta, mas não algo essencial no ensino/aprendizagem...”

1-EE: “Atualmente é ferramenta de apoio. Essa é uma constatação e não uma opinião sobre o assunto.”

3-EE: “Acredito que é essencial”.

1-EP: “O uso da internet, bem como de todos os demais recursos didáticos são ferramentas de apoio. Essencial continua sendo o domínio e o bom planejamento do professor, e interesse e motivação do aluno e a interação prof/aluno.”

 

 

De acordo com Amaral (2003a), a internet, além de ser um recurso de entretenimento e diversão, tornou-se mais uma importante referência no processo de aprendizagem e construção do conhecimento, justamente por ser um meio que combina o poder de outras mídias. Com base nisso, por ser referência na construção do conhecimento pode ser considerada essencial no ensino de LP, visto que uma ferramenta de ensino que leve o aluno à construção da sua aprendizagem não pode ser considerada simplesmente como apoio.

Segundo esta pesquisa investigativa, a internet ainda é utilizada com maior frequência como ferramenta de apoio. Mesmo aquelas professoras que crêem que a internet é essencial não a utilizam de maneira significativa no ensino. Isso podemos observar em suas respostas durante a entrevista. Fica evidente que seus posicionamentos são vagos faltando consistência, além da inexistência de embasamento teórico metodológico.  

 

4.8 Tema 8: Resultados dos alunos quando utilizam a internet no ensino de LP

A opinião sobre este tema também foi variável, cada uma apresentou suas percepções. Porém, o que ficou claro é que as entrevistadas não afirmam explicitamente que haja resultados perceptíveis satisfatórios por meio de um trabalho com a internet e a LP. Notemos:

 

2-EM: “A internet é uma tecnologia que facilita a motivação, educamos de verdade quando aprendemos com cada coisa”.

3-EM: “Nem sempre os resultados são satisfatórios como se pensa, cada aluno é diferente do outro (...). Posso até relatar que muitas vezes a internet acaba por alienar o aluno”.

3-EE: “Depende muito do aluno”.

1-EP: “Todo recurso didático utilizado de forma adequada traz benefícios, inclusive a internet”.

 

 

Sobre este tema, Belloni e Gomes (2008) afirmam que ambientes de aprendizagem computacionais tendem a ser eficazes para a aprendizagem, pois possibilitam a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento a ser construído, conforme sugerem os aportes das teorias construtivista e sócio interacionista. Entretanto, não basta apenas o suporte ou a ferramenta, é necessário um bom planejamento didático e metodológico por parte do educador, pois o sucesso do aluno depende tanto da sua motivação quanto do trabalho proposto pelo professor.

A internet só não será satisfatória para a aprendizagem dos alunos, se esta for utilizada de forma descontextualizada com a finalidade da disciplina, que para os PCNs trata-se da expansão das possibilidades do uso da linguagem. Não basta levar os alunos ao laboratório, pedir uma pesquisa e um trabalho a partir dela se os eles apenas copiarem os dados e não refletirem. O professor deve promover práticas orientadas, planejadas, com objetivos específicos para que o aluno saiba onde deve chegar, através da reflexão e do senso crítico que precisam ser instigados pelo educador.

 

4.9 Tema 9: Reflexão sobre a própria capacitação para trabalhar com a internet na escola

Questionadas sobre sua capacitação e qualificação para trabalhar com a internet, algumas das entrevistadas acreditam estarem aptas para trabalhar com esta tecnologia:

 

1-EM: “Sim [acredito estar apta]. Fiz um curso de informática e quando tenho dúvidas sempre procuro alguém que possa me auxiliar”.

3-EM: “Acredito que sim. Tenho curso básico de informática e não necessito de ajuda quando levo os alunos para o laboratório.”

2-EE: “Sim”.

1-EP: “Sim, utilizo essa tecnologia diariamente, também fiz um curso básico”.

 

 

Observamos, a partir das falas das entrevistadas, que capacitação digital, segundo elas, é saber manusear o computador e a internet com facilidade, qualificação que se aprende em cursos básicos de informática. Entretanto, segundo os teóricos, a capacitação para se trabalhar com o ensino precisa ter um intuito didático pedagógico.

Conforme Lira [2010?], muitos professores não estão devidamente preparados para atender às novas exigências do ensino de línguas mediado pelo computador, uma vez que não foram devidamente capacitados em seus cursos de graduação.

Para Silva e Garíglio (2008), a falta de qualificação digital pode gerar a exclusão digital, logo eles afirmam que um dos pontos cruciais das políticas de inclusão digital é a realização de um investimento estratégico na formação de professores, já que o sucesso dos projetos de inclusão digital está intrinsicamente relacionado ao processo de qualificação dos docentes, de forma crítica e consciente.

Outras professoras não crêem estarem capacitadas para realizar um trabalho significativo entre internet e LP:

 

2-EM: “Não [estou capacitada]. Há uma certa confusão entre informação e conhecimento. Temos muitos dados, muitas informações disponíveis (...).Um curso de atualização também seria algo interessante, pois a mesma nos oferece inúmeras opções de uso, mas o meu problema é não saber usá-las”.

1-EE: “Não. O que existe é boa vontade e aprendizagens “auto-didatas”; no currículo da minha graduação, não houve nenhuma disciplina voltada a essa tecnologia [internet]. Quem participa da formação continuada, em qualquer nível, acaba tendo contato”. Esta fala corrobora com os problemas apresentados por Lira (Ibid.).

3-EE: “Acredito estar sempre em aprendizagem, pois nunca estamos totalmente prontos. Não fiz nenhum curso de qualificação nesta área, o que sei fui aprendendo sozinha ou com alguma ajuda em casa ou na escola. Sinto que preciso aprender a montar vídeos e dominar a elaboração de slides”.

 

 

Já estas docentes apresentam uma visão mais ampla sobre capacitação para se trabalhar com ensino. Porém, a capacitação não se esgota com a formação adequada. Segundo Belloni e Gomes (Ibid.), é aconselhável que o docente se deixe ensinar pelos alunos, já que esses sabem tanto ou mais que os educadores. Para elas é imprescindível aprender com os aprendentes, ou seja, as crianças e os adolescentes, pois eles são nascidos nesta era da informática e das telecomunicações, as TICs são tão naturais quanto qualquer outro elemento de seu universo de socialização.

Logo, além da graduação e da aprendizagem com os próprios alunos, é relevante uma formação continuada que trate das inúmeras maneiras de usar a internet no ensino de LP, com exemplos de atividades significativas e indicações de sites e softwares disponíveis para esse trabalho. Sem essa capacitação não há como cobrar destes profissionais trabalhos excelentes com as TICs, se o que eles aprenderam é usar a internet apenas como recurso, ou seja, na maioria das vezes para pesquisas.

Não podemos esquecer que parte dessa falta de qualificação já vem da graduação, que exige que os professores realizem aulas inovadoras, interagindo com a tecnologia, já que esta é o interesse dos alunos, porém não dão acesso a conhecimentos específicos de como fazer este tipo de trabalho numa escola.

Enfim, o professor que trabalha com a internet o faz de boa vontade e por aprendizagem própria, seus objetivos com certeza são os melhores, porém, a falta de conhecimentos didáticos metodológicos com a ferramenta leva ao desinteresse do aluno e a desmotivação deste docente em continuar com um trabalho deste tipo.

 

Após esta análise, que não teve a pretensão de classificar, comparar ou julgar os dados, percebemos que independentemente do contexto da escola, seja ela na periferia, no bairro ou no centro da cidade, da rede municipal, estadual ou privada há muitos problemas referentes ao uso da internet no ensino. Ora por falta de acesso aos computadores ora por falta de capacitação adequada dos professores. Também é perceptível a falta de hábito em usar a tecnologia no ensino da Língua Portuguesa.

Entretanto há outros fatores que também podem contribuir para o uso precário da internet na escola. No caso das entrevistadas, mesmo que a formação seja o curso de Letras, elas também trabalham com outras disciplinas, o que pode ocasionar a falta de tempo para um bom planejamento das aulas de LP. A quantidade de turmas, seguida de um número relevante de alunos também pode ser empecilho para trabalhar no laboratório de informática, já que este, geralmente, não ocupa grande espaço físico na escola.

Outro fator interessante desta análise é que o ano de formação das docentes não influi diretamente na capacitação digital delas. Desde as que se formaram a mais tempo quanto as que se formaram na última década, não possuem qualificação digital condizente com o ensino de LP. Com base nisso, os dados revelam que mesmo que vivamos em uma sociedade tecnológica, os professores continuam sendo formados sem uma boa qualificação digital, da mesma forma que aqueles que se graduaram há anos atrás.

  

  1. 5.      CONCLUSÃO

 

Este artigo que discutiu o uso da internet no ensino de Língua Portuguesa a partir das perspectivas de sete professores da educação básica de Bagé/RS, teve como objetivos refletir sobre os benefícios do uso dessa tecnologia[16] no processo de ensino/aprendizagem, a capacitação digital docente e o uso pedagógico dessa ferramenta no ensino de LP. Além disso, preocupou-se em saber de que maneira os professores utilizam a internet em suas aulas, de que modo eles percebem a reação dos alunos quando utilizam este recurso na aprendizagem e como o docente se vê em termos de capacitação para o uso dessa tecnologia. A questão da inclusão e exclusão digital também foi abordada neste trabalho.

A partir de uma entrevista, os professores refletiram e opinaram sobre alguns aspectos referentes ao tema deste artigo. Estas pessoas que foram entrevistadas são professoras jovens, da rede municipal, estadual e privada, que atuam de dois a dez anos na mesma escola, todas formadas em Letras. A maioria das docentes trabalha com mais de uma disciplina e com um número expressivo de turmas e alunos. Quase todas possuem especialização na área de formação e nenhuma possui qualificação digital pedagógica.

Analisando os dados coletados foi possível perceber que todas as escolas possuem laboratórios de informática, mesmo apresentando alguns problemas de estrutura como o caso da escola estadual. Também ficou constatado que as professoras levam seus alunos ao laboratório, porém quase sempre com o intuito de apenas realizarem pesquisas. Elas utilizam a internet tanto para planejamento de aulas quanto para revisar conteúdos e propor exercícios, algumas já utilizam com finalidades especificas, como a escrita.

Todas afirmaram que os alunos demonstram interesse e motivação pelas aulas quando utilizam a internet. Assim como crêem que esta tecnologia deva ser usada no ensino/aprendizagem de LP.

As atividades consideradas positivas, mencionadas por elas, através do uso da internet e do ensino de LP, variam entre exercícios, pesquisas, jogos e produção textual. Algumas acreditam que a internet é apenas um recurso ou ferramenta de apoio enquanto outras afirmam que esta tecnologia já é parte essencial do ensino/aprendizagem de LP.

Quanto aos resultados de aprendizagem por meio da internet, estes nem sempre são favoráveis, apesar da motivação causada pelo uso das TICs, a positividade deste trabalho depende muito da forma como é usada esta ferramenta de ensino no processo de ensino/aprendizagem. De forma inadequada, os resultados tornam-se negativos e o objetivo de utilizar a Web na sala de aula mostra-se distorcido aos olhos dos discentes.

   Finalmente, no que se refere à qualificação digital docente com fins de proporcionar um trabalho significativo entre a LP e a internet, algumas afirmam serem capacitadas através de cursos básicos de informática, enquanto outras acreditam que esse conhecimento superficial da ferramenta não é valido para trabalhar de maneira adequada com este recurso pedagógico.

Com base nisso, penso que os objetivos dos professores em trabalhar com internet ainda são muito vagos e inconsistentes. Por falta de capacitação digital adequada ao ensino, eles não realizam um trabalho significativo que contemple a linguagem e a interatividade. Logo, os alunos, ou deixam de terem acesso à tecnologia, promovendo a exclusão digital, ou a utilizam apenas como passatempo ou apoio na aprendizagem.

Creio que com a implantação total do projeto UCA na cidade de Bagé esta realidade tende a mudar consideravelmente, pois o projeto prevê qualificação digital para professores e alunos. Assim, seria interessante investigar novamente, depois de algum tempo desta implantação, como professores e alunos estão utilizando esta ferramenta de ensino após a capacitação digital adequada. Além disso, com um laptop por aluno e sem problemas de barreiras físicas, existentes nos laboratórios de informática, alunos e docentes não precisarão deslocar-se até a sala de informática, com isso não perdem parte da aula apenas para acomodarem-se e inicializar as máquinas.

Como os laptops estarão presentes o tempo todo na sala de aula, provavelmente nenhum professor ignorará a presença da internet neste contexto. Logo ela será considerada parte essencial no ensino/aprendizagem e não mais recurso ou apoio como crêem ainda alguns professores. No entanto, se faz necessário que os docentes assim como os dirigentes das instituições escolares se mostrem interessados em renovar o ensino por meio desta ferramenta, e não a tenham apenas para inovar suas técnicas e métodos de ensino.

Este projeto será um marco divisório na problemática da exclusão digital, pois todos os alunos passarão a ter acesso às fontes de informação e conhecimento que proporciona a rede mundial de computadores. Desde que os equipamentos façam parte diariamente da vida do aluno, e não apenas em poucas ocasiões, como é o caso do projeto atualmente.

Esperamos que com bons equipamentos e boa qualificação, a internet auxilie na expansão das possibilidades do uso da linguagem, que é a finalidade de estudar a Língua Portuguesa.       

 

  1. 6.                  REFERÊNCIAS

 

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  1. 7.        ANEXOS

 

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

CAMPUS BAGÉ

LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUÊS/ESPANHOL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II

ORIENTADORA: Dra. ELENICE ANDERSEN

ACADÊMICA: TAISA LUIZ SOARES

2011/2

 

 

Título da pesquisa:

O uso da internet no ensino de língua portuguesa na perspectiva do professor de ensino fundamental e médio

 

Roteiro da entrevista semi estruturada:

 

Legenda:

 

1-EM: professor da escola municipal

2-EM: professor da escola municipal

3-EM: professor da escola municipal

4-EE: professor da escola estadual

5-EE: professor da escola estadual

6-EE: professor de escola estadual

7-EP: professor da escola privada

 

  1. Idade:

 

1-EM: 39 anos

2-EM: 42 anos

3-EM: 26 anos

4-EE: 29

5-EE: 41

6-EE: 36

7-EP: 42 anos

 

  1. Formação:

 

1-EM: Letras Português/Espanhol

2-EM: Letras

3-EM: Letras Português/Espanhol

4-EE: Letras – Licenciatura Língua Portuguesa/Espanhola

5-EE: Letras

6-EE: Graduação em Letras

7-EP: Licenciatura em Letras

 

  1. Instituição:

 

1-EM: Urcamp - Bagé

2-EM: Urcamp - Bagé

3-EM: Unipampa - Bagé

4-EE: Urcamp - Bagé

5-EE: Urcamp - Bagé

6-EE: Urcamp – Caçapava/RS

7-EP: ULBRA –Canoas/RS

 

  1. Ano de formação:

 

1-EM: 2006

2-EM: 1992

3-EM: 2011

4-EE: 2004

5-EE: 1998

6-EE: 1999

7-EP: 1994

 

  1. Especialização:

 

1-EM: Alfabetização e Letramento

2-EM: não possui

3-EM: não possui

4-EE: Leitura e Produção Textual

5-EE: Educação: Aspectos legais e metodológicos

6-EE: Especialização em Educação (Aspectos Legais e Metodológicos)

7-EP: Metodologia do Ensino da Filosofia

 

  1. Escola que atua:

 

1-EM: E.M.E.F. Professor Peri Coronel

2-EM: E.M.E.F. professor Peri Coronel

3-EM: E.M.E.F. Dr. João Severiano da Fonseca

4-EE: E.E.E.M. Mário Quintana

5-EE: E.E.E.M. Mário Quintana / José Gomes Filho

6-EE: E.E.E.M. Mário Quintana / E.E.E.M. Leopoldo Maieron (CAIC)

7-EP: Instituto Anglicano Mélanie Granier, escolas do município de Bagé

 

  1. Quanto tempo de atuação nesta escola?

 

1-EM: 10 anos

2-EM: 10 anos

3-EM: 2 anos e meio

4-EE: 2 anos

5-EE: 5

6-EE: 10 anos / 8 anos

7-EP: 6 anos / 6 anos

 

  1. Que disciplina(s) ministra?

 

1-EM: Português, Espanhol e Currículo

2-EM: Ensino Religioso e Português

3-EM: Português, espanhol e religião

4-EE: Língua Portuguesa

5-EE: Português

6-EE: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira

7-EP: Literatura, Português, Espanhol, Filosofia

 

  1. Quantas turmas estão sob sua responsabilidade?

 

1-EM: 7 turmas

2-EM: 6 turmas

3-EM: 10 turmas

4-EE: 2

5-EE: 4 – 3

6-EE: 7 turmas / 5 turmas

7-EP: 13 turmas

 

  1. Número aproximado de alunos destas turmas (total):

 

1-EM: 175 alunos

2-EM: 172 alunos

3-EM: 200

4-EE: 30

5-EE: 200

6- EE: média de 40 alunos (Mário Quintana) e média de 30 alunos (CAIC)

7-EP: 240 alunos

 

  1. Há laboratório de informática na escola que atua? Os equipamentos estão em boas condições?

 

1-EM: Sim / Sim

2-EM: Sim, e se encontram em boa condição.

3-EM: Na escola existe um ótimo laboratório de informática, no qual encontramos equipamentos novos e em bom estado de conservação.

4-EE: Não. Há equipamentos, mas desconheço as condições, pois nunca os utilizei.

5-EE: Sim.

6- EE: Sim.

7-EP: Há laboratório e os equipamentos estão em boas condições.

 

  1. Costuma levar seus alunos para o laboratório de informática? Se sim, com qual objetivo? Se não, por quê?

 

1-EM: Sim / Geralmente complemento do que foi visto em aula.

2-EM: As vezes. Para fazer pesquisa sobre os assuntos atuais e conteúdos.

3-EM: Busco sempre trabalhar com meus alunos através de aulas que lhes despertem o interesse, as aulas no laboratório são uma boa alternativa para lograr êxito, no entanto às vezes eles confundem aula com computador com entrar em sites de relacionamento. Muitas vezes a professora tem que deixar bem claro o objetivo de estar na sala de informática.

4-EE: Não. Não há laboratório na escola.

5-EE: Ás vezes. Pouco espaço.

6- EE: Na escola Mário Quintana não costumo levar, pois as turmas são muito numerosas e o espaço do laboratório é muito pequeno. Já na escola CAIC costumo levar quando o laboratório está aberto, pois trabalho no noturno e, às vezes, o laboratório está fechado.

7-EP: Sim, para pesquisa e elaboração de trabalhos (normas da ABNT ou PowerPoint)

 

  1. Utiliza a internet para enriquecer as aulas de língua portuguesa? Se sim, como? Se não, por quê?

 

1-EM: Sim, procuro atividades diferenciadas e/ou os alunos fazem exercícios online ou enviados por e-mail.

2-EM: Sim. Para melhorar as aulas, procuro inovar com exercícios diferentes, podemos aprimorar os conhecimentos e fazer trabalhos de pesquisas e atividades das mais variadas.

3-EM: Sim, busco contemplar os interesses dos alunos através de suas perspectivas, como escrever no blog da escola, criarem um twiter para tratar de assuntos referentes à escola, pesquisas de assuntos diversos e a criação de seminários sobre determinados assuntos específicos.

4-EE: Não. Apenas para planejamento e pesquisa pessoalmente, nunca com os alunos porque a escola não dispõe.

5-EE: Sim.

6-EE: Utilizo para preparar minhas aulas e para buscar assuntos novos e atuais para os alunos.

7-EP: Sim, uma vez utilizei para trabalhar músicas e propagandas contendo figuras de linguagem.

 

  1. Como reagem os alunos quando trabalham com essa ferramenta digital na aprendizagem da língua portuguesa?

 

1-EM: Mostram-se interessados, já que a internet é comum para eles, mas nem sempre é usada para o estudo.

2-EM: Gostam, pois tudo que é diferente chama mais atenção.

3-EM: Como já foi exposto acima, às vezes eles querem entrar em sites de relacionamento, o que não é o objetivo das aulas, e alguns ainda têm a visão que aula somente é aula na sala de aula.

4-EE: Não trabalho nesta escola.

5-EE: Demonstram mais interesse.

6-EE: Eles demonstram mais interesse nas aulas.

7-EP: Mostram-se mais interessados e envolvidos com a disciplina em questão.

 

  1. Acredita que a internet deve ser utilizada no ensino de língua portuguesa? Por quê?

 

1-EM: Sim, já que a internet é o principal interesse dos alunos, pode-se utiliza esta como ferramenta de apoio no processo ensino-aprendizagem.

2-EM: Sim, devido as variadas sugestões de atividades.

3-EM: Na minha visão depende muito, pois o professor deve estar preparado para trabalhar com tal ferramenta, e acima de tudo gostar de trabalhar com tal.

4-EE: A internet é uma ferramenta que deve ser sempre utilizada em todas as áreas. Não é uma vantagem apenas para o ensino, mas quase uma necessidade do mundo moderno. No tocante ao ensino de LP, deveria ser explorado tendo em vista que os textos que circulam socialmente são cada vez mais multimodais, tais como os que utilizam o computador como suporte de circulação.

5-EE: Sim. Devemos acompanhar a evolução.

6-EE: Acredito que sim, pois não podemos mais separar aulas e atividades escolares do uso dessa ferramenta.

7-EP: Não só no ensino de língua portuguesa, mas em todas as áreas, desde que esse recurso seja utilizado realmente com o intuito didático e pedagógico.

 

  1. Quais tipos de atividades são positivas no ensino da língua portuguesa com o uso da internet na escola?

 

1-EM: Exercícios enviados online – aprofundamento do conteúdo visto em sala de aula – pesquisas – jogos pedagógicos, etc.

2-EM: São os aprendizados que conseguimos por meio de localizar as coisas com mais facilidade, principalmente no Google. Nas atividades de apoio ao ensino, podemos conseguir textos, imagens, sons diversos, músicas, artigos e pesquisas.

3-EM: Penso que devemos utilizar a internet para trabalhar com a escrita, com pesquisas, como uma ferramenta que possibilite o crescimento intelectual e critico dos alunos.

4-EE: aquelas que proporcionem interação real. Não dá pra trocar o quadro pelo PC e entender que isso é inclusão digital.

5-EE: Jogos-simulados

6-EE: Atividades de pesquisa, exercícios, textos e resumos literários.

7-EP: Trabalhos envolvendo ortografia, polissemia, produção textual, entre tantas outras atividades.

 

  1. Para você, enquanto professor de língua, acredita que o uso da internet é uma ferramenta de apoio ou já é parte essencial do ensino/aprendizagem de português?

 

1-EM: Acredito que é uma ferramenta de apoio.

2-EM: Já é parte essencial do processo ensino/aprendizagem, a internet é a nova tecnologia que tem se mostrado eficiente na transmissão de conhecimentos.

3-EM: Eu ainda sou muito tradicional neste ponto, penso que a internet é mais uma ferramenta, mas não algo essencial no ensino/aprendizagem, pois há tantas outras coisas que podem ser exploradas em sala de aula, ao ar livre, no próprio quadro negro.

4-EE: Atualmente é ferramenta de apoio. Essa é uma constatação e não uma opinião sobre o assunto.

5-EE: Com certeza.

6-EE: Acredito que é essencial.

7-EP: o uso da internet, bem como de todos os demais recursos didáticos são ferramentas de apoio. Essencial no processo ensino/aprendizagem continua sendo o domínio de conteúdo e o bom planejamento do professor, e interesse e motivação do aluno e a interação prof/aluno.

 

  1. Há resultados perceptíveis nos alunos quando utilizada a internet no ensino do português?

 

1-EM: Sim

2-EM: A internet é uma tecnologia que facilita a motivação, educamos de verdade quando aprendemos com cada coisa.

3-EM: Nem sempre os resultados são satisfatórios como se pensa, cada aluno é diferente do outro, sendo assim às vezes o quadro funciona mais que o uso da internet e do computador.  Posso ate relatar que muitas vezes a internet acaba por alienar a aprendizagem dos alunos.

4-EE: não opinou

5-EE: Razoável

6-EE: Depende muito do aluno.

7-EP: Todo recurso didático utilizado de forma adequada traz benefícios, inclusive a internet.

 

  1. Você acredita que está apta, tem capacitação, para trabalhar com essa tecnologia? Se sim, como qualificou - se? Se não, o que falta no seu currículo?

 

1-EM: Sim. Fiz um curso de informática e quando tenho dúvidas sempre procuro alguém que possa me auxiliar.

2-EM: Não. Há uma certa confusão entre informação e conhecimento. Temos muitos dados, muitas informações disponíveis. A internet é um novo meio de comunicação, mas que pode ajudar-nos a rever, a ampliar e modificar muitas das formas atuais de aprender e ensinar. Um curso de atualização também seria algo interessante, pois a mesma nos oferece inúmeras opções de uso, mas o meu problema é não saber usá-las.

3-EM: Acredito que sim. Tenho curso básico de informática e não necessito de ajuda quando levo os alunos para o laboratório.

4-EE: Não. O que existe é boa vontade e aprendizagens “auto-didatas”; no currículo da minha graduação, não houve nenhuma disciplina voltada a essa tecnologia. Quem participa da formação continuada, em qualquer nível, acaba tendo contato.

5-EE: Sim.

6-EE: Acredito estar sempre em aprendizagem, pois nunca estamos totalmente prontos. Não fiz nenhum curso de qualificação nesta área, o que sei fui aprendendo sozinha ou com alguma ajuda em casa ou na escola. Sinto que preciso aprender a montar vídeos e dominar elaboração de slides.

7-EP: Sim, utilizo essa tecnologia diariamente, também fiz um curso básico.

 


[1] Acadêmica do 8º semestre do curso de Licenciatura em Letras Português/Espanhol, Unipampa-RS

 

[2] Profa. Dra. e orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso II, Unipampa-RS

 

[3] De acordo com o Dicionário do Aurélio, entende-se por contexto o conjunto de circunstâncias que acompanham um acontecimento. Disponível em: <http://www.dicionariodoaurelio.com/Contexto>

 

[4] Dados obtidos a partir de uma reportagem publicada no site JusBrasil – Política. Disponível em: <http://governo-rs.jusbrasil.com.br/politica/7228208/bage-sera-a-primeira-cidade-a-receber-projeto-um-computador-por-aluno>

 

[5] Data provável de publicação

 

[6] Data provável de publicação

 

[7] Data provável de publicação

 

[8] As TICs podem ser definidas como um conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de forma integrada, com um objetivo comum. Disponível em: <http://www.infoescola.com/informatica/tecnologia-da-informacao-e-comunicacao/> No entanto, neste trabalho, esta expressão quando utilizada se referirá exclusivamente ao uso da internet.

 

[9] Ferramenta – recurso – suporte – apoio, apresentam diferenças terminológicas, porém neste texto optei por usá-las como sinônimos.

 

[10] Reportagem disponível em: <http://governo-rs.jusbrasil.com.br/politica/7228208/bage-sera-a-primeira-cidade-a-receber-projeto-um-computador-por-aluno>

 

[11] Data provável de publicação

 

[12] O verbo inovar, mencionado neste trabalho, refere-se não somente a inovação das técnicas e recursos utilizados no processo de ensino/aprendizagem, mas sim na renovação do objeto desse processo. 

 

[13] A Wikipédia é uma enciclopédia multilíngüe on-line livre, cujos verbetes são formulados colaborativamente por internautas e recebem contínuas revisões e avaliações quanto a seu grau de confiabilidade. A página em português está disponível na seguinte URL: http://pt.wikipedia.org/wiki

 

[14] Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, interação é a influência recíproca de dois ou mais elementos, além de ser o fenômeno que permite a certo número de indivíduos constituir-se em grupo, e que consiste no fato de que o comportamento de cada indivíduo se torna estímulo para o outro. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=intera%C3%A7%C3%A3o>

 

[15] “Uma medida do potencial de habilidade de uma mídia permitir que o usuário exerça influência sobre o conteúdo ou a forma da comunicação mediada.” Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Interatividade>

 

[16] A expressão “tecnologia” é utilizada neste artigo como sinônimo de internet.