O QUE É CULTURA: UM OLHAR INVESTIGATIVO

 

Caroline Santos, Débora Vieira, Diego F. N de Lima, Eilane Santiago, Érica Pinheiro, Gutemberg Melo, Helen Sá, Marília Paixão

 

Resumo

O objetivo deste artigo é tratar sobre cultura e seu conceito amplo. Desse modo, buscou-se analisar a opinião de dois grupos de pessoas, com diferentes níveis e/ou grau de escolaridade, que responderam um simples questionamento sobre o seu entendimento acerca do objeto de estudo em questão. Utilizou-se tanto a pesquisa de campo qualitativa, de caráter exploratório, quanto a bibliográfica. Os resultados permitiram concluir que independentemente do nível de escolaridade ou da posição que cada indivíduo entrevistado ocupa nos grupos sociais, as concepções sobre cultura não se diferencia distribuindo-se a maioria das concepções entre aquelas em que se destaca o aspecto social da cultura.

Palavras-chave: Cultura. Escolaridade. Opinião.

 

1. Introdução

O presente artigo aborda o conceito amplo de cultura. Nessa perspectiva, podemos dizer inicialmente que a cultura possui uma forte e íntima relação com a história. Para muitos autores e estudiosos ela é resultado de um processo histórico, no que se refere aos agrupamentos humanos e que para Santos (2006) “relacionam-se com as condições materiais de sua existência”.

Estudar as duas concepções básicas de cultura existentes, é, portanto, uma das maneiras mais pragmáticas para se entender sobre o tema proposto.

Discussões envolvendo o termo cultura são de grande relevância para o entendimento das sociedades, é, na verdade, uma tática pensada para tratar da realidade social.

Este artigo teve como principal objetivo analisar as opiniões de dois grupos de pessoas, com diferentes níveis de escolaridade. O primeiro, composto por pessoas com nível superior, completo ou em fase final e o segundo, contendo indivíduos com grau de escolaridade básico, a fim de avaliar o entendimento destes sobre o termo “cultura”. 

Sendo assim, o referido trabalho encontra-se dividido em resumo; introdução, a qual faz uma síntese de todo o escrito; referencial teórico, trazendo o conceito de cultura em sua amplitude; resultados e análises, apresentando os dados coletados e os resultados obtidos; considerações finais, apontando fatores relevantes para o desenvolvimento de novas pesquisas; e referências.

 

2. Referencial Teórico

O conceito de cultura é um dos mais fundamentais no que se refere às ciências humanas. Desde o século XIX antropólogos tentam delimitar a definição do termo. Os conceitos de cultura são variados, por vezes, contraditórios, haja vista as diferentes linhas de pensamento existentes.

Quando se fala em cultura pensa-se logo no desenvolvimento da humanidade, nas diversas formas de existência.

A Cultura é tida como a forma de expressão entre os diferentes grupos que compõem a “humanidade”, isto é, as características, semelhanças e diferenças entre esses grupos.

Para Santos (2006) uma das formas de pensar a cultura é como “a dimensão da sociedade que inclui todo o conhecimento num sentindo ampliado e todas as maneiras como esse conhecimento é expresso”.

Sabe-se que há uma verdadeira interação entre povos, grupos e sociedades. Como afirma Santos (2006), “Na verdade, se a compreensão da cultura exige que se pense nos diversos povos, nações, sociedades e grupos humanos, é porque eles estão em interação”.  Sendo assim, entende-se que, a cultura é que enfatiza tal questão, de forma que se leva a refletir sobre as “variedades” existentes.

A ideia de diversidade é, portanto, uma ideia bastante difundida nos dias atuais, por contribuir, principalmente, em questões ligadas ao preconceito e/ou intolerância, no que tange às perceptíveis variedades e formas de viver.

Segundo Santos (2006), a diversidade também se constitui de maneiras diferentes de viver, cujas razões podem ser estudadas, contribuindo dessa forma para eliminar preconceitos e perseguições de que são vítimas grupos e categorias de pessoas.

Portanto, a cultura tem uma forte e íntima relação com a história, isto é, ela é resultado de um processo histórico, como enfatiza Santos (2006).

 

As variações na forma de família, por exemplo, ou nas maneiras de habitar, de se vestir [...] Fazem sentido para os agrupamentos humanos que as vivem, são resultados de sua história, relacionam-se com as suas condições materiais de existência. (SANTOS, 2006, pág. 2)

 

A classificação das culturas no século XIX era muito comum. Estudos eram feitos a fim de hierarquiza-las, porém, tornou-se motivo de críticas quando se aderiu a uma nova linha de pensamento, que afirma que a existência de múltiplos critérios culturais impossibilitava a classificação destas em escalas hierárquicas.

Estudos mais genéricos defendiam a teoria de que, as sociedades humanas em sua totalidade passariam por etapas contínuas de evolução social.

As desigualdades ou o modo desigual com que se relacionam as culturas e as sociedades hierarquizam nações. Vendo por este viés, não há como pensar em cultura, sem refletir sobre essas desigualdades, tão presente em tal discussão.

Os estudos acerca da cultura foram potencializados, sendo estimulados pela aceleração do contato (fator importante) entre nações.

Santos (2006) preconiza a sua preocupação com as características que compõem uma população humana, dessa forma, ele trata a “cultura” como algo mais genérico.

Há duas concepções básicas, essenciais e fundamentais para se entender cultura, ainda de acordo com Santos (2006). Em uma dessas concepções ele se refere à cultura como a distinção entre as realidades sociais.

A primeira dessas concepções preocupa-se com todos os aspectos de uma realidade social. Assim, cultura diz respeito a tudo aquilo que caracteriza a existência social de um povo ou nação. (SANTOS, 2006, p. 18)

Na segunda concepção, Santos (2006) aborda cultura referindo-se, principalmente, às crenças, ideias e ao conhecimento.

 

Neste caso, quando falamos em cultura estamos nos referindo mais especificamente ao conhecimento, às ideias e crenças, assim como às maneiras como eles existem na vida social. (SANTOS, 2006, p. 18)

 

Dessa forma, as concepções que se empenham em entender as características que distinguem as sociedades, levam a pensar a cultura como algo estacionário, porém, de acordo como Santos (2006) “as culturas são dinâmicas”.

As relações entre as concepções básicas mencionadas é que dita a maneira de se entender cultura.

Há uma grande dificuldade em definir cultura. Essas derivam, principalmente, das discussões sobre evolução, onde o termo “cultura” servia para diferenciar populações humanas, bem como para distinguir os humanos de outras formas de vida.

Dentro da abordagem das concepções de cultura, ainda é possível subdividi-la em “alta cultura”, que é marca da civilização, uma cultura dominante. E por outro lado, em “qualquer cultura”. Sendo assim, a existência humana em sua totalidade é considerada cultura.

Para Santos (2006), “Cultura é uma dimensão do processo social, da vida de uma sociedade. Não diz respeito apenas a um conjunto de práticas e concepções, como por exemplo se poderia dizer da arte”.  A cultura não pode ser vista como algo estático, mas dinâmico, por fazer parte de uma realidade onde a mudança é um aspecto e/ou peculiaridade primordial. 

 

Em síntese, segundo Santos (2006) cultura é resultado do processo histórico, produto coletivo da vida humana. Vale ressaltar que, em civilizações diferentes, cultura não é a mesma coisa, não possui o mesmo significado, apenas em sentido geral pode-se falar em cultura de forma igualitária.

 

3. Análises e Resultados

Nesta sessão, apresentaremos os principais resultados do trabalho e suas análises, de forma a fomentar mais pesquisas acerca do tema.

Para a composição do trabalho, a princípio, foi feita uma pesquisa, especificamente, uma entrevista de caráter exploratório, em que os entrevistados responderam o seguinte questionamento: “o que você entende por cultura?”.

 Foram entrevistadas treze pessoas, agrupadas em dois grupos diferentes. O primeiro grupo denominado: Grupo A (composto por indivíduos com um nível de escolaridade avançado, isto é, com ensino superior completo ou em fase de conclusão) constituído por oito pessoas e o segundo grupo, denominado: Grupo B (composto por pessoas com nível escolar básico) contendo cinco pessoas.

Correlacionando as concepções básicas de cultura e as respostas obtidas a partir da entrevista, pôde-se constatar que das treze respostas, nove equivalem aos “aspectos relacionados à sociedade” (dança e gastronomia, por exemplo), uma equivale aos “aspectos relacionados ao sujeito” (sabedoria, sofisticação, educação e etc.) e três delas, assimilam os dois aspectos.

Sendo assim, de forma genérica, dos 100% das respostas colhidas, 69% acham que a cultura está exclusivamente associada aos costumes de determinada sociedade, 8% acham que está somente ligada ao indivíduo e 23% acham que há uma interligação entre ambos os aspectos, como mostrado no gráfico abaixo.

“Uma coisa que a gente pode aprender para passar para outras pessoas. Aquilo que aprendemos para passar para outras pessoas. Uma maneira de incentivar as pessoas”. (B2)

“Cultura são as manifestações e modos de vida de um povo/nação. Tais manifestações que se caracterizam por uma vertente artística, social e até mesmo política, peculiares, no sentido de lidar com outros grupos sociais”. (A2)

“Sendo a cultura um conjunto de crenças, ideias, valores e preceitos que caracteriza determinada sociedade, devemos reconhecer que ela se configura como um processo imperativo que fabrica os sujeitos, inclusive antes mesmo do seu nascimento”. (A1)

Do grupo A, seis dos oito entrevistados acham que a cultura está relacionada apenas à sociedade, são eles: A2, A3, A4, A5, A6 e A8; e dois acham que está relacionado tanto ao indivíduo quanto a sociedade, são A1 e A7.

Do grupo B, três acham que a cultura está somente relacionada à sociedade, são eles: B3, B4 e B5; somente um acha que esta está ligada a ambos os aspectos, que é o indivíduo que chamaremos de B1; e apenas um acha que a cultura está ligada estritamente aos aspectos do indivíduo, que é o B2.

Segundo a análise dos dados coletados, pode-se verificar que há, verdadeiramente, uma verossimilhança entre as opiniões das pessoas entrevistadas, independentemente de grau de escolaridade, de carreira profissional, ou ainda da sua inserção dentro de um grupo social.

 

4. Considerações Finais            

Pela observação dos aspectos e argumentos analisados, conclui-se que, as pessoas, independente da sua inserção no meio social e do seu grau de escolaridade, entendem a “cultura” como algo importantíssimo, como um eixo norteador do indivíduo, da sociedade, a resposta e/ou resultado de processos históricos, que se encontra em constante modificação.

 

5. Referências

SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. 14. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Coleção primeiros passos, 110). 89 p.