O princípio da incausabilidade.

Foi um erro, um grande erro, espero que a vossa pessoa entenda, foi muitos anos de conversas entre nós, nessa linda cidade, onde nascemos Itapagipe de Minas Gerais. A pergunta fundamental sempre feita a minha pessoa pelo senhor Nicomedes Costa de Vasconcelos, qual a verdadeira explicação a respeito da origem do mundo.

Formulei tantas explicações, todas elas parciais, durante muitos anos estudando, uns trinta anos após formar em Filosofia pela universidade Católica da cidade de Belo Horizonte, tive que ler praticamente quatro mil livros senhor Nicomedes, hoje tenho a explicação de forma explicita, mas a maior parte de nossas conversas desenvolveu na vossa casa, nessa pequena cidade do triangulo mineiro.

O que o senhor me perguntou alguns anos atrás, já que estava em um seminário estudando para ser padre, se existia ou não Deus. Lembro-me como lhe respondi, com objetividade, sem possibilidade da existência de Deus, e, que era completamente irracional essa ideia.

Imagina um espírito poderoso sem nenhuma causa inventando o mundo, isso é loucura, o senhor disse concordar comigo, e me pediu explicação a respeito de como nasceu o mundo. Promete, aqui está a minha formulação mesmo que tardiamente.

Os mundos não nasceram por uma mão divina, isso é absolutamente certo, não tenho dúvida a respeito dessa proposição, tudo surgiu sem causa, essa é a explicação que vou lhe dar senhor Nicomedes de Itapagipe, existem bilhões de universos paralelos perdido nessa imensidão do infinito.

Alguns deles, distante de nós, com vida semelhante a nossa, até mesmo com linguagem articulada, sei que é uma explicação difícil de ser entendida, e que nenhum cientista teria coragem de afirmar isso, mas afirmo ao senhor com toda veemência, no decorrer dessa explicação entenderá o motivo de pensar dessa forma.

A sua pergunta fundamental a minha pessoa, já sei de antemão, a formulação, porque foram anos que conversamos nessa casa, na maravilhosa cidade de Itapagipe.

Qual a minha base empírica, para justificar cientificamente o que estou afirmando a princípio metafisicamente, muito simples, vou lhe responder dando outra justificação epistemológica do saber.

Não sendo Deus, que criou o mundo, então ele surgiu por si mesmo, obedecendo, simplesmente apenas um princípio, porque não poderia ser diverso, pelo menos no princípio, o que justifica tudo isso, que estou lhe dizendo.

 O mesmo fundamento senhor Nicomedes, estende-se as complexidades dos mundos paralelos, com a mesma lógica, o que foi possível em nossa galáxia, com toda evidência será necessário em bilhões de outras, nos universos paralelos.

Tenho certeza que o mecanismo da evolução aconteceu lá também, os universos vão e voltam isso quando suas energias do hidrogênio se esgotam, a vida de qualquer galáxia é controlada pela energia das estrelas, que compõe uma determinada galáxia, naturalmente que envolve também os sóis, porque são muitos deles pelos os universos afora.

Mas até aqui ainda não expliquei ao senhor Nicomedes, como nasceram os mundos, uma teoria fascinante, o princípio da incausabilidade,  o que farei agora, sei que a cidade de Itapagipe, poderá não entender e até não reconhecer o valor de um dos seus filhos, que sempre admirou esse lugar, e que faz referência a essa cidade por ter orgulho de ser também filho dela.

Muito novo e ainda seminarista já sabia que Deus não existia, e muitos padres sabem disso, alguns me revelaram e agora, o que vamos fazer dar um tiro em nossas cabeças, ou sair por ai, levando ao povo simples ao desespero, por entender que a vida não tem nenhum significado, e, que tudo é uma mera ilusão.

É melhor mentir dizia alguns a minha pessoa. Senhor Nicomedes, prefiro a verdade, mesmo que ela seja cruel, não quero viver na vida a ilusão, por isso que durante toda a minha existência, procurei entender a verdade, seja qual for o seu preço.

Tive que fazer uma revolução epistemológica com em minha cabeça, criar um conceito da não ideologia, qual a definição de ideologia dada por mim, tudo aquilo que não corresponde a realidade, a mais pura ausência da verdade.

Então no fundo tive que não ser nada,  não sou nada, porque quase todo tipo de verdade é um parcelamento da sua compreensão, então senhor Nicomedes, mesmo uma coisa tendo um pouco da verdade, essa coisa não é a verdade, isso na intuição da coisa, com exceção da explicação que estou lhe fornecendo, a respeito da origem dos universos paralelos. A teoria formulada por mim.  Ninguém ainda imaginou o mundo surgindo continuamente, por esse princípio, o que denomino de edjariano.

Eu sei que o senhor quer saber o porquê do meu convencimento, por ter tanta certeza, do que estou lhe explicando. Muito simples, não existe a possibilidade de outra explicação a não ser essa que vou lhe dar, se o mundo não surgiu como vou explicar agora, ele não teve como surgir de outra forma.

Essa é a prova evidente, de tudo que lhe explico como correto, esquece Deus, ele simplesmente é uma ideologia, nunca existiu, não haveria nenhuma possibilidade para ser como espírito.

A vida não tem finalidade, isso aqui, como em qualquer universo paralelo é tão somente um movimento incontrolável para a superação de tudo que existe, a existência de tudo é uma dialética superativa de elos, uma coisa que é hoje, perde completamente suas características até superar a si mesmas.

É dessa forma com tudo que existe, o próprio universo vai desaparecer, imagina o homem, então lhe pergunto para onde vão as almas, para uma zona espacial de congelamento. Isso é loucura, senhor Nicomedes de Itapagipe.

Existe uma precisão para o mundo acabar, refiro especificamente ao nosso mundo, nosso planeta dentro dessa galáxia, cinco bilhões de anos, não existira nada sobre essa terra, será apenas uma montanha produzindo gelo, movimentando ao escuro no universo perdido.

Isso quando sol queimar totalmente o seu hidrogênio, o que acontecerá com toda certeza, senhor Nicomedes, quanto ao nosso futuro, somos apenas poeira química, grudado a esse conglomerado, esperando novas concentrações de energias, para implodir com outros big bangs.

O universo se repete, constantemente, a matéria se acaba e volta, a constante ressurreição desse princípio, o que é produzido por ele, é eterno, mas não a nossa vida enquanto tal, porque ela é apenas um pequeno fenômeno, um subproduto da natureza, não tem nenhuma significação para ela mesma, tanto faz existir ou não, vai passar como passa qualquer coisa.

A natureza é indiferente a qualquer princípio da vida biológica, sendo que ela mesma se reduz por si, no nosso planeta já existiu trinta milhões de espécies, hoje pouco mais de três milhões, nessa proporção as espécies vão desaparecer rapidamente, antes que desapareça a própria matéria, na formatação do nosso planeta.

Isso aqui na perspectiva do tempo é um futuro desnecessário, o senhor não imagina o quanto isso não significa nada, como é bobagem imaginar algo além, somos apenas combinações químicas de um tempo histórico, que não terá significação nem para o tempo, muito menos para História.

Bem, o que devo fazer agora, sua curiosidade será significativa, e o povo de Itapagipe ficará estupefato, então como surgiu tudo isso, o que não era para ter surgido, aconteceu um fato fenomenal, explicarei esse fato, estudei mais de trinta anos para tal formulação, noites adentro lendo os melhores livros do mundo.

Farei a descrição de modo simplificado, desejo que o mundo entenda o que causará espanto, particularmente a vossa pessoa, ao saber dessa verdade por uma magnífica intuição, toda minha sensibilidade humana ficou profundamente abalada, hoje gradualmente superada.

Eis a questão senhor Nicomedes de Itapagipe, imagine comigo agora, o que significa o conceito da etimologia infinito, algo solto ao vácuo em todas as direções, sem fim, essa é a primeira definição.

Exatamente, por esse motivo que são bilhões de mundos paralelos, todos surgiram dessa lógica, senhor Nicomedes, isso não tem extensão, não é perceptível pela noção da matemática ao seu infinito numérico aplicado.

Essa foi à primeira realidade, da não energia, o que chamamos da antimatéria, no nosso conceito o que não foi matéria, não poderia ter surgido, os mundos nasceram e desenvolveram desse princípio, daquilo que nunca fora energia, do antiátomo, da negação da sua natureza de partícula.

Então os mundos não poderiam ser, sabe por que senhor Nicomedes, por remontarem a priori a ausência, aquilo que nunca teve significado na sua origem. O mundo é absolutamente o nada.

Essa é a verificação da primeira realidade, o infinito perdido no vácuo, determinando em si, a sua própria origem e fundamento, para existir essa primeira realidade, não fora necessário nenhuma causa. O que é o infinito vazio, a não ser a ausência de matéria, portanto o nada. A incausabilidade.

Está explicado o primeiro princípio a ausência da matéria, até aqui tudo muito certo, é fascinante o entendimento desse vazio, da não causa, com efeito, a não necessidade da causa efeito, nenhuma possibilidade de ação e reação, o primeiro conceito do nada, é esse vazio, representado no conceito do entendimento do infinito indeterminado, senhor Nicomedes de Itapagipe.

O segundo elemento da explicação confunde com o primeiro, a noção do vácuo, sem nenhum tipo de energia, aquilo que podemos denominar da antimatéria, a mais absoluta ausência, nada disso para existir precisou de Deus, é completamente racional a noção que estou desenvolvendo, é esse o preceito fundamental.

O vácuo e o infinito perfazendo a mesma realidade, essas são as primeiras noções das causas sem causas, da realidade, sem realidade, da possibilidade do surgimento de algo, sem nenhum objetivo.

A terceira realidade o escuro, o infinito inteiro preso a sua ausência de luz, a escuridão em si não constitui em nenhuma forma de energia, sendo dessa maneira, também aquilo que se entende por antienergia, que é a mesma coisa que a ausência de matéria. O escuro não levaria por ele mesmo a possibilidade da criação do átomo mater.

Mas dessas três realidades surgiu uma quarta realidade que também a principio, não teria nela mesma nenhuma forma de energia, mas posteriormente nasceu por seu intermédio à primeira energia concentrada, estou dizendo aqui de uma super temperatura negativa, o mais absoluto congelamento senhor Nicomedes, condensou se em formas de super blocos de gelo.

Esse fenômeno se deu em todo infinito, desencadeando em bilhões e bilhões de mundos paralelos senhor Nicomedes, esse aglomerar dos super blocos de gelo, rodando perdidamente no vácuo, foram concentrando energias, evoluindo quimicamente de maneira ainda incompreensiva, para nossa ciência.

O que se entende ainda hoje, apenas pela intuição, assim formulou as revoluções, possibilitando aos bilhões de galáxias e seus sistemas solares. O mundo é essa evolução, seu mecanismo contínuo de definição se realizou por esse princípio.

Foi por esse caminho que surgiu o nosso planeta terra senhor Nicomedes, como surgiram os demais mundos paralelos, aqui está respondido a grande questão que senhor sempre me perguntou durante todos esses anos, quando ainda era um seminarista e estudava com muito afinco Filosofia.

Pensei que nunca pudesse entender tudo isso dessa forma, tinha lhe prometido à explicação e com muito empenho estou lhe justificando a grande prova por essas causas, que a princípio não tiveram efeitos, mas que serviram para negar Deus com a mais absoluta convicção.

Então, posso lhe dizer, que o princípio aplicado no entendimento, para o surgimento da nossa galáxia é o mesmo em que fundamenta o nascimento de bilhões de outros mundos.

Tudo surgiu de uma anticausa senhor Nicomedes, o principio dessa não causa é o mesmo, que desencadeou em um fenômeno material das causas, mas o que se entende por elas, volta a sua origem do nada, motivo por tudo isso aqui ser uma grande ilusão.

Mas tudo que existe, remonta a esse único principio da não causa, no surgimento contínuo e eterno da matéria, mas a essência da natureza de tudo, não tem de certa forma, uma razão para ser, mas será, enquanto a continuidade desse mundo fizer o átomo mater se replicar eternamente na criação e variação das formas de vida.

Nós nada mais somos que a evolução replicadora desse átomo mater, que teve sua origem remota na não matéria, conceito e precaução máxima da nossa espécie.

Posso lhe dizer agora senhor Nicomedes, com muito mais veemência que Deus não existe, e, não tem significado para nossa existência.

Tudo que é revelado a respeito dele como verdade, não é nada mais que uma ideologia pervertida da má fé, mesmo que essa fé, não seja deturpada na vontade humana, mas é no desenvolvimento da nossa cultura, a nossa razão é subserviente a esse domínio, dado a  necessidade indelével de proteger nossa existência.

É muito duro entender que estamos aqui, para atender apenas o um preceito natural, mas confesso tivemos sorte de sermos humanos, de termos desenvolvidos a linguagem, pois contrariamente, seríamos como qualquer outro animal e estaríamos expostos às intempéries da natureza. A Vida a não teria nenhum significado, além do comer, beber e fazer sexo.

 Esse artigo resultou de longas conversas que tive com o senhor Nicomedes Costa de Vasconcelos, na cidade de Itapagipe, durante muitos anos.

Edjar Dias de Vasconcelos.