As eleições de 2018 podem reservar grandes surpresas. O surgimento de uma liderança capaz de conseguir a união nacional e colocar o país nos trilhos, como poderá emergir um “salvador da pátria” da extrema direita ou da esquerda. Como salvadores só existem n as obras de ficção há o risco do país cair numa nova armadilha como ocorreu na eleição de Fernando Collor de Mello.

Sobre a grande liderança ainda não há sinais no horizonte. O pretendente ao posto, o alcaide paulistano vai precisar mostrar muita competência para governar a complexa pauliceia antes de se aventurar para disputar o mais alto grau da república. Grandes sacadas de marketing podem ajudar, mas isso não é tudo. Um presidente precisa ser político, mas com P maiúsculo. Como lembrou o Delfim Neto: um gestor é sempre político e nem todo político é gestor. Falta a ele algo mais do que simples aviões de carreira no ar, como diria o antigo humorista Barão de Itararé.

Marina Silva, pelo seu passado e suas ideias aparece como uma opção, mas há a impressão de que não tem envergadura para comandar o país. Nas últimas eleições se mostrou hesitante e insegura nos debates. Esperava-se mais dela, que não conseguiu ocupar o vazio deixado pelo Eduardo Campos. De qualquer forma ainda é uma das poucas lideranças do país com o currículo limpo. Resta saber se será competitiva numa eleição bastante complicada e, caso seja vitoriosa, terá condições de promover um governo de conciliação nacional.

O Lula sugere que ainda tem capital eleitoral para levar o embate para um segundo turno, mas a possibilidade de ser eleito guarda semelhanças com a volta de Juan Domingos Peron na Argentina. O retorno do mito foi um fracasso, abrindo espaço para mais um golpe militar. A história não se repete, já disse um conhecido pensador e será difícil Lula fazer um governo como no seu primeiro mandato (2002-2006), pois as condições políticas e econômicas são muito diferentes. Por outro lado a eventualidade de sua vitória, caso sejam superados seus problemas legais, poderia levar o país a uma divisão profunda e de consequências difíceis de serem aquilatadas. Além do mais, questões práticas como o crescimento econômico, não dependem de vontade política, mas da confiança dos agentes econômicos e condições ambientais favoráveis.  O Estado sozinho não faz milagres se não tiver o apoio e credibilidade dos empresários e investidores (nacionais e estrangeiros) e da própria população. O Brasil é uma Venezuela exageradamente grande em que é impossível controlar o congresso, a sociedade e a justiça.

Há outra opção defendida por setores do próprio PT, caso não seja viabilizada a candidatura Lula. Seria o Ciro Gomes, ex-governador do Ceará. É um político inteligente e que teve uma passagem bem avaliada em seu Estado, mas é um destemperado hábil em criar encrencas. Não dá para confiar num político que avisa que esperaria um juiz à bala caso viesse prendê-lo. Isso funcionava no tempo dos coronéis nordestinos que mandavam e desmandavam em seus currais eleitorais. O Brasil mudou muito e esse tipo de discurso não cai bem. Além disso, o seu discurso misógino poderá depor muito contra ele. Alguém há de se lembrar de quando ele respondeu a um jornalista sobre qual seria o papel de sua namorada Patrícia Pillar na campanha. Foi uma resposta grosseira e de mau gosto. De qualquer forma, seu nome é rejeitado por nomes expressivos no PT, que preferem um nome da casa.

Infelizmente ainda existem as vivandeiras que estimulam os quarteis a procura de um líder militar disposto a dar um golpe de estado e instalar uma ditadura autoritária. Más notícias para quem tem esse tipo de nefasta esperança, pois o momento histórico é outro. A Guerra Fria entre democracia e comunismo já foi sepultada e o Brasil é um país muito diferente de 1964, com a esmagadora maioria da população vivendo nas cidades e um ambiente internacional nada favorável a ditaduras de esquerda ou de direita. Em 1964 o golpe foi fruto de uma aliança entre setores conservadores do empresariado e políticos tradicionais, que hoje dificilmente seria reproduzido.

Enfim, a solução é esperar por um líder sem máculas, com visão de estadista e capaz de unir o país em torno de um projeto que não seja nem à esquerda nem à direita, mas uma terceira via que compatibilize questões como a desigualdade social, questões ambientais, segurança, educação e saúde. Mas reiterando: não se trata de um salvador da pátria, porque isso seria um embuste, mas um verdadeiro líder que consiga motivar a sociedade a acreditar, não em uma utopia, mas em algo plausível, como por exemplo: uma nova constituição que reflita a realidade do país atual e futuro.  Até as eleições vamos continuar procurando, tal como Diógenes com a sua lanterna. É impossível não existir alguém num país desse tamanho.