O Bombardeio Da Bahia De 1912

Por nei silva | 16/01/2008 | História

Em 15 de novembro de 1889, um golpe de estado iniciou o regime republicano brasileiro.A republica foi financiada pelaagro-burguesia paulista que não tinha espaço para expandir seus negócios em um regime monárquico.Sendo assim o governo republicano nasce de um projeto nacional forte e centralizador; objetivando criar uma sociedade de mercado para amplamente atender aos interesses da aristocracia paulista.

Enquanto a elite paulista ascendia com o novo modelo econômico adotado para satisfazer as novas necessidades, a camada dominante do Nordeste, aferrada ao trabalho escravo, e as relações senhoriais declinam fazendo com que haja este deslocamento econômico, mesmo porque o novo modelo paulista era mais dinâmico.

A ascensão do café permite a consolidação da hegemonia paulista no país e estes passam a ter a necessidade que o novo modelo econômico gera; que é espaço para seus produtos resultado da sua grande capacidade produtiva.

No Nordeste as relações sociais como resultado das suas práticas, era conservadora e vivia em funções dos benefícios a da proteção governamentais [1], práticas que batiam de frente com a nova realidade paulista, que superou as suas bases escravistas graças ao enriquecimento proporcionado, pelo café e agora tinha que tirar vantagem da sua nova condição.

A Bahia tinha a sua economia baseada no poder de uma aristocracia agro – comercial, tendo como base o cultivo de produtos exportáveis. Como em todo o Nordeste na Bahia não podia ser diferente a relação que vai se desenvolver é para satisfazer uma sociedade cujo poder estava baseado no prestígio e não na capacidade pessoal como era a exigência do novo modelo paulista.

O que vai determinar o poder da classe senhorial eram a administração dos recursos naturais; as ligações e alianças entre os poderosos e a ligação com o exterior.Essas práticas oligárquicas impedem a expansão da nova economia e das ambições paulista, que viam nestas relações, já consideradas arcaicas, um empecilho que precisava ser destruído, como São Paulo tinha desenvolvido um processo de industrialização poderoso e a sua necessidade de mercado, não podia coexistir com os redutos oligárquicos da Bahia como em outros Estados.

Os redutos oligárquicos tinham uma maneira de operar que ia de encontro com a lógica de uma sociedade de mercado que o capital emergente precisava para se desenvolver, a necessidade de uma sociedade de massa era fundamental para satisfazer o novo modelo econômico inaugurado por São Paulo. Que via na dominação personalista, concessões, privilégios, redes de dependentes, relações de fidelidade etc, práticas que precisavam ser abolidas do país, para atender a sua necessidade de expansão.

A República vem como uma ferramenta capaz de atender a essa necessidade de expansão, a proclamação da República atendia a necessidade paulista, que agora

podia se expandir em todo o Brasil. Portanto, a República encontrou em âmbito nacional, elites políticas representativas de grupos sociais em processos diferentes; uma em ascensão outra em declínio [2].

A liderança federal do grupoagrário cafeeiro vai significar a vitória paulista que ganha espaço e avança como região e mercado industrial e inicia um a organização em torno da sua grande capacidade de produção, contudo ainda existiam redutos para serem submetidos à nova ordem econômica burguesa.

O ideário republicano foi uma ferramenta importante para se plantar a idéia da República como um caminho a ser seguido para se alcançar êxito e prosperidade econômica e a modernidade tão necessária para o novo modelo econômico paulista.

O grupo paulista entendia que a elaboração do modelo republicano dava margem para que outras regiões afastadas da participação política pudessem se manifestar politicamente.

Os Estados Unidos da América será sempre citado como país modelo, cujo desenvolvimento econômico e social será atribuído como resultado das instituições republicanas, instituições essa que era o ideal da burguesia paulista que entendia que a República poderia trazer desenvolvimento econômico e fazer do Brasil um país desenvolvido com uma sociedade de mercado tão necessária para a nova forma de modelo econômico.

Por esta idealização das instituições republicanas é que o positivismo ganha tanta importância no Sudeste. O positivismo vai funcionar como ferramenta para deslegitimar as relações oligárquicas tão contrárias à nova ordem capitalista crescente[3]. À medida que cresce a economia cafeeira, o positivismo ideário burguês ganha espaço para implantar a idéia que o Estado centralizado era característica de um país desenvolvido, portanto este positivismo vai servir como instrumento para favorecer a organização da economia do sudeste.



[1] SAMPAIO, Consuelo Novais. Os partidos políticos da Bahia na Primeira Republica;uma política de acomodação. Salvador: Centro Editorial e Didático da UFBa, 1975 p99

[2] Idem p 100

[3] Matta, Alfredo Eurico Rodrigues.Concepções e Ferramentas para Ascensão da Burguesia na Bahia. In contraponto. Ucsal 1998 p 95 - 108