MERCANTILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO: O CASO DA ESTAÇÃO DAS DOCAS DO PARÁ.

 

Carlos Allan Madureira Cruz¹

Roberto Vitor Oliveira Rodrigues²

Leila Maria da Silva Silva³

 

No final dos anos 90 o mundo viveu a reinvenção ou ressignificação do patrimônio histórico material Luchiari (2005), as metrópoles, megalópoles europeias iniciaram um processo de revitalização do centros históricos, com destaque para a cidade de Barcelona, que se preparava para sediar os jogos olímpicos em 1996, na esteira deste processo, algumas metrópoles no Brasil, como São Luís e Recife iniciaram este processo, em Belém a revitalização do patrimônio fora pontual, localizada, especifica a poucos casarões, palacetes e armazéns, como o da Estação das Docas, neste sentido propõe–se analisar as dissonâncias do ponto de vista sócio espacial após a revitalização deste Patrimônio e as suas interfaces com a lógica do consumo na pós-modernidade. A revitalização do patrimônio em questão, trouxe consigo a dialética da produção do espaço desigual, ou seja, a segregação sócio espacial em um mesmo espaço físico, onde o acesso aos armazéns é restrito as territorialidades que mais estão inseridas na lógica do consumo, no contraponto inserida na lógica da contemplação do patrimônio estão as territorialidades de baixo poder aquisitivo.

Quanto a metodologia utilizada para este trabalho fora em grande medida a pesquisa bibliográfica, e o estudo de campo com ênfase a abordagem qualitativa. Os resultados mais relevantes foram a segregação sócio espacial no território em questão, com a revitalização deste patrimônio arquitetônico, forma-se em um mesmo espaço físico dois subespaços Santos (2009), onde o que prevalece é a lógica do consumo, e o espaço adquire outra função, ou seja, a monumentalidade espacial antes da revitalização era vista pela lógica da contemplação ao patrimônio, priorizava-se a estética artística cultural. Na era da globalização a espacialidade é vista como mercadoria, o patrimônio arquitetônico se insere com substancialidade na lógica do consumo. Paradoxalmente surge o debate do direito a cidade, que propõe o espaço produzido, como condicionante para materialização dos direitos universais Lefebvre (1991). O patrimônio em questão evidencia a dialética da produção do espaço ocasionando a segregação sócio espacial, nitidamente percebida pela separação dos públicos que frequentam este espaço, nos armazéns onde funcionam os polos gastronômicos, se concentra a elite paraense, na área externa ao armazéns concentra se a classe média baixa e pobres, e que fica eclipsado o patrimônio arquitetônico inserido em grande medida na lógica do consumo, ou seja, a reinvenção do patrimônio na era globalização esta atrelado revitalização e (re)funcionalização que segue a lógica do consumo.

 

Palavras-chave: Segregação; Patrimônio; Territorialidades; Globalização.