LEITURA E SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO: Um pequeno estudo do leitor como variável do processo

Por Rodrigo Avelar | 12/01/2009 | Educação

1. INTRODUÇÃO


O presente trabalho vem como continuação de um estudo já publicado anteriormente, que tratou da relação entre leitura, sociedade, educação e indivíduo dentro da história humana, e, mais especificamente, no ambiente social brasileiro.

Tendo elucidado todos os pontos necessários para a formulação de conceitos sobre a sociedade brasileira e a sua visão sobre a leitura, dá-se início a busca da importância da leitura para o indivíduo na sua formação, trabalhando primeiramente com os tipos de leitura que o leitor deve desenvolver para ler em alto nível. A leitura global é tratada como de suma importância para a atuação do homem na sociedade, e, por conta disso, tem sua visão aprofundada, num primeiro momento, estabelecendo relações com as teorias que já foram formuladas para o processo de leitura, mas que esqueceram de considerar uma variável importantíssima: o homem.

Ao considerar o indivíduo como variante no processo do ato de ler, vem à tona a necessidade de relacionar a leitura global com o homem, englobando nessa análise os elementos presentes no ser humano que tornam o resultado do ato de ler imensurável, isto é, sem a possibilidade de ser medido, fato este que acabou por derrubar todas as teorias citadas anteriormente que tentaram tornar o resultado da leitura único.


2. LEITURA E SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO


Sabe-se que a leitura, no âmbito da formação, é um dos meios mais eficazes de obtenção e de troca de conhecimentos e de aprendizagens na formação do indivíduo. Devido a esse fator, torna-se quase que desnecessária a sua exaltação à competência de suma importância a ser desenvolvida durante a formação do indivíduo.

Todavia, para que isso seja entendido, deve-se, primeiro, entender o processo de leitura em seu íntimo; como ele se desenvolve; os caminhos que podem tomar e sua relação com o leitor, que irá determinar como essa idéia será entendida e transmitida a outrem.

Sem dúvida, o ato de ler é usualmente relacionado com a escrita, e o leitor visto como decodificador da letra. Bastará porém decifrar palavras para acontecer a leitura? Como explicaríamos as expressões de uso corrente "fazer a leitura" de um gesto, de uma situação; "ler a mão", "ler o olhar de alguém", "ler o tempo", "ler o espaço", indicando que o ato de ler vai além da escrita (MARTINS, 2007, p.7, grifo do autor)?

Partindo dessa reflexão, tem-se uma visão de leitura em dois caminhos: o primeiro seria a visão do leitor como um decodificador dos códigos lingüísticos, ou seja, o indivíduo que é capaz de decifrar o que está no papel na forma de códigos lingüísticos, sendo isso o que bastaria para se fazer a leitura. O segundo ponto de vista seria o da leitura global: o indivíduo capaz de ler não só os códigos da língua, mas também de identificar as nuances e alterações que acontecem a sua volta.

Considerando as características desses dois pontos de vista e também as dos indivíduos formados a partir de cada um deles, pode-se dizer que o ponto de vista mais interessante para a formação do indivíduo seria o da leitura global.

Para melhor ilustrar essa posição, pode-se observar o decifrador de códigos como um mero recebedor de informações, que de acordo com Martins (2007), não será capaz de compreender aquilo que está lendo, seja um texto de jornal, um livro ou uma atitude perante algum agente causador, como, por exemplo, um movimento defensivo após um empurrão. Referindo-se a um texto, sua reação será sempre de rejeição, pois não poderá compreendê-lo e ligá-lo a sua vida e experiências, tornando a leitura inútil para a obtenção de conhecimentos e produção de outros a partir dos conhecimentos obtidos.

Uma formação eficiente depende da troca e apreensão de conhecimentos permanentes, o que remete ao ponto de vista da leitura global.

Outra coisa: às vezes passamos anos vendo objetos comuns, um vaso, um cinzeiro, sem jamais tê-los de fato enxergado; limitando-se à sua função decorativa ou utilitária, um dia, por motivos os mais diversos, nos encontramos diante de um deles como se fosse algo totalmente novo. O formato, a cor, a figura que representa, seu conteúdo passa a ter sentido, melhor, a fazer sentido para nós (MARTINS, 2007, p.8).

Esse exemplo nos remete ao por que da leitura global ser a mais importante para a formação, pois um indivíduo assim é capaz de ver muito além de uma imagem, objeto ou código lingüístico. Ele analisa cada aspecto do alvo, traçando várias linhas de pensamento que são determinantes para a compreensão da leitura, e, por conseguinte, produção de seu próprio conhecimento.

Contudo, estão presentes na sociedade indivíduos que são produtos desses dois pontos de vista sobre a leitura, o que acaba provando a importância da mesma na formação desses homens, sendo de forma ruim ou boa, trazendo a idéia que, mesmo com conseqüências opostas, a leitura é um determinante que influi de forma decisiva na formação.

Freire (1996b) diz que a leitura de mundo precede a leitura da palavra, e que a leitura desta, ou seja, da palavra, implica na continuidade da leitura daquele, isto é, da leitura de mundo. Isso torna possível o pensamento de que o decifrador perdeu-se pelo caminho no seu desenvolvimento da competência da leitura, pois nasceu com a leitura de mundo, sendo esta uma leitura embrionária, e ao receber o conhecimento do código lingüístico e como decifrá-lo, não deu continuidade ao desenvolvimento conjunto das duas leituras, o que deixa a sua leitura de mundo na forma mais simples, a de uma criança, tornando sua leitura mecânica e desinteressante, pois sua capacidade de ligar realidade e conhecimento não se desenvolveu.

Com isso, passa-se a ver o ato de ler como algo mais do que o decifrar, tendo mais conexão com o compreender para aplicar na realidade, o que faz com que tudo tenha sentido para o leitor, que lê o mundo a sua volta e torna seu conhecimento palpável.

Também as investigações interdisciplinares vêm evidenciando, mesmo na leitura do texto escrito, não ser apenas o conhecimento da língua que conta, e sim todo um sistema de relações interpessoais e entre as várias áreas de conhecimento e da expressão do homem e das suas circunstâncias de vida (MARTINS, 2007, p. 12).

A relação do indivíduo com a leitura torna-se muito importante para que a mesma se estabeleça de uma maneira bem desenvolvida. Isso leva a uma análise mais profunda sobre o que é leitura, mostrando que há mais fatores que ainda não foram levados em conta para o pleno desenvolvimento dos leitores. Formação e leitura permeiam-se e completam-se mostrando mais um ponto que torna a leitura importante para a formação.


3. 
APROFUNDADO A VISÃO DE LEITURA GLOBAL


A leitura pode ser vista como um fator social, pois seu desenvolvimento, como já foi citado, tem relação com a bagagem do leitor, ou seja, sua vivência e capacidade de trazer o conhecimento obtido no processo de decodificação do código lingüístico para sua realidade, dando a significação necessária para a produção do conhecimento.

Partindo desse princípio, a relação do leitor com o texto deve ser mais do que mera decodificação, o que traz para a leitura uma visão de cumplicidade entre as duas partes, mostrado o que deve ser desenvolvido no indivíduo par uma boa relação entre o mesmo e a leitura.

Para melhor entender esse raciocínio, tem-se as idéias de Burroughs e Sartre, citados por Martins (2007), que mostram o conhecimento da língua como um fator insuficiente para efetivar o ato de ler. O leitor tem uma história que pré-existe à descoberta das palavras escritas, sendo resultado das experiências pessoais e coletivas vivenciadas no universo social e cultural em que se vive.

Essas idéias dão a exata noção do que é a leitura na sua essência, como um instrumento de comunicação entre conhecimento e sociedade, possibilitando que o indivíduo seja participante dentro de sua sociedade e tenha possibilidade de entender e implementar os conhecimentos produzidos em sua realidade.

Ao analisar esses dados, pode-se estabelecer alguns padrões de leitura, que irão indicar o grau de cumplicidade do leitor com o material lido. Existem parâmetros considerados hoje importantes para saber o nível de eficácia na leitura, principalmente no ramo das ciências exatas, que consideram a leitura como um fator relacionado com o desenvolvimento do organismo.

Os modelos elaborados a partir de uma visão que enfoca o homem como um organismo que se comporta e/ou se adapta a diferentes ambientes assumem que a leitura pode ser explicada somente através de termos reducionistas, como algo corporificado e situado ou, ainda, como um processo (SILVA, 2005b, p.50).

Algumas teorias vêm explicando a leitura em termos quantitativos, sendo denominados como modelos de leitura. Como já citado no trecho acima, a partir da idéia do homem como organismo, tenta-se estruturar várias teorias que irão delinear o caminho da leitura, ou seja, como ela é processada pelo homem e como se desenvolve.

Primeiramente, tem-se a teoria dos fatores subjacentes da leitura, que segundo Holmes (1954), citado por Silva (2005b), tenta relacionar mecanismo de funcionamento cerebral com o processo de leitura. Tendo como ponto de partida o ato de ler, no que diz respeito às respostas, observa-se que este necessita de um agrupamento de células cerebrais ou subsistemas, tentando assim especificar as habilidades que percorrem o processo de leitura, sendo os subfatores conseguidos as partir de procedimento estático. Nesse ponto de vista, o ato de ler é segmentado nos termos de variáveis controladas. Exemplos dessa segmentação seriam o vocabulário em contexto, número de fixações e conhecimentos de prefixos e sufixos.

Também existe um modelo fundamentado em considerações neurológicas, defendido por Smith e Carrigan (1959) em Silva (2005b). Segundo esses autores, a leitura é dependente de transmissões sinápticas adequadas, sendo a dificuldade de leitura oriunda de transmissões defeituosas, causadas pelo desequilíbrio dos compostos acetilcolina e colinacetinase no cérebro do leitor.

Gray (1960), citado por Silva (2005b), mostra um modelo baseado nas habilidades acionadas no ato de ler, que mesmo sendo dispostas em separado, são consideradas por ele como um ato unitário, ou seja, defendendo que estas habilidades operam simultaneamente no ato de ler. Essas habilidades são descritas como: percepção da palavra, compreensão daquilo que é lido, reação às idéias apresentadas pelo autor e assimilação do texto.

Seguindo esta mesma linha, Robinson (1966), citado por Silva (2005b), redefine essas habilidades e acrescenta a velocidade de leitura como uma das habilidades acionadas no ato de ler. Nessa redefinição, a percepção passa a envolver reconhecimento e sentido das palavras; a compreensão, sentido literal e subentendido; a reação, julgamento intelectual e respostas emocionais. Só o sentido da assimilação não foi reelaborado, sendo esta a assimilação do texto, com já citado acima.

No modelo de Spache (1963), o próprio baseia-se em idéias de Joy P. Guilford referentes ao funcionamento do intelecto. Citado por Silva (2005b), ele propõe um modelo explicativo da compreensão em leitura. Tomando como parâmetro o resultado do cruzamento entre operações e produtos do intelecto, ele alista um conjunto de trinta habilidades que devem ser adquiridas pelo leitor, visando a um bom desenvolvimento da leitura.

Trazendo um modelo baseado em referências psicolingüísticas, Goodman (1967), citado por Silva (2005b), entende a leitura como um processo seletivo, envolvendo a utilização parcial de pistas de linguagem mínimas disponíveis, selecionadas a partir de "inputs" oriundos da expectativa do leitor. Ele associa três tipos de memórias, pistas gráficas, imagem perceptual, escolhas semânticas, decodificação e sentido, o que torna esse modelo bastante complicado. Goodman tenta visualizar a mente do leitor durante o ato de ler, caracterizando a leitura como um "jogo de adivinhação" e utilizando a teoria de sistemas para representar o processo de leitura.

A partir desses modelos, que não são todos, mas sim os principais modelos de abordagens organísmicas e funcionalistas em relação à leitura, pode-se ver que falta alguma coisa a eles, pois essas segmentam o processo de pensamento, colocando-os como uma coisa que pudesse ser quantificada e controlada, como uma habilidade, desligando a leitura da esfera humana.

Pode-se ver que a leitura considerada como um fenômeno físico reduz seu amplo poder de penetração na sociedade e faz cair por terra o motivo de tanto fascínio pelo conhecimento e pelo controle do mesmo, já que sendo exata não estaria sujeita a mudanças, ou seja, todos chegariam ao mesmo patamar e ao mesmo resultado final de compreensão de um determinado texto. Fatores sociais seriam ignorados como variáveis da compreensão de um documento e de como esse conhecimento será empregado, ou não, na sociedade.

[...] um computador eletrônico pode acumular toneladas de dados sobre a vida e o mundo, mas isso não o transforma num sábio. Falta-lhe a centelha magnífica do conhecimento no singular – o que só é concedido ao ser humano, tenha ele uma grande cultura ou não (LISBOA, 1977 apud SILVA, 2005b, p.55).

Nesse trecho se vê o que difere o ser humano de um computador. Através das idéias reducionistas apresentadas nas teorias citadas anteriormente, limita-se a mente humana a um disco rígido de um computador, podendo ser medida, quantificada e controlada, não levando em conta a singularidade do homem, sendo ele próprio uma variável de investigação, onde cada um busca suas próprias respostas partindo de um mesmo texto, podendo estas respostas serem iguais ou completamente diferentes, o que já torna a leitura e seu processo impossível de ser quantificado, medido.

Partindo para outra visão da leitura, onde se coloca o ser humano, considerando todos os fatores que o envolvem, inclusive o social, constrói-se uma visão do processo de leitura, respeitando todo e qualquer resultado derivado do mesmo, sendo ele satisfatório ou não, mas com certeza, de diferentes respostas, conclusões ou aplicações, conforme a variedade do indivíduo, suas idéias, suas experiências e o ambiente social de onde se origina esse leitor.


3.1  LEITURA GLOBAL E O SER HUMANO


Ao iniciar uma análise de leitura completa, isto é, leitura global, é preciso que o responsável por esse trabalho tome o cuidado especial com cada elemento que participa desse processo. Pode-se notar que nas teorias elaboradas sobre o ato de ler, invariavelmente, o ser humano era esquecido, o que criava a imagem de uma habilidade que poderia ser mensurada, medida.

Como já tratado anteriormente, essa idéia foi vista como a principal falha para se estabelecer um estudo eficaz da leitura, que se perpetuada, pode prejudicar outros indivíduos em formação dentro da instituição escolar. Ao que parece, muito dessas teorias sobre o ato de ler não foram retiradas da prática do educador, mas sim, infelizmente, reforçadas.

O leitor, entretanto, pouco se detém no funcionamento do ato de ler, na intrincada trama de inter-relações que se estabelecem. Todavia, propondo-se a pensá-lo, perceberá a configuração de três níveis básicos de leitura, os quais são possíveis de visualizar como níveis "sensorial, emocional e racional". Cada um desses três níveis corresponde a um modo de aproximação ao objeto lido. Como a leitura é dinâmica e circunstanciada, esses três níveis são inter-relacionados, senão simultâneos, mesmo sendo um ou outro privilegiado, segundo a experiência, expectativas, necessidades e interesses do leitor e das condições do contexto geral em que se insere (MARTINS, 2007, p. 36-37, grifo do autor).

Ao estabelecer o parâmetro de relacionamento dentro da leitura, considerando o ser humano como parte principal, por ser a variável que irá ser responsável por toda a ação dentro do processo, no seu início, na relação entre recepção e informação, na troca de conhecimento entre o livro e o leitor, e nas conseqüências dessa experiência, pode-se tornar viável uma explicitação mais aprofundada sobre esses três níveis de leitura. O intuito principal desse aprofundamento seria o de descobrir como e quando esses níveis estão presentes e relacionam-se com o ato de ler.

A primeira coisa que deve ser enfatizada nesse momento é que esses níveis de leitura, apesar de serem mencionados de forma dividida, agem em comunhão durante o processo, se inter-relacionando e trazendo os resultados diferenciados que se apresentam freqüentemente. De acordo com Martins (2007), essa reflexão sobre como a leitura se desenvolve e seus níveis no indivíduo mostram dois caminhos diferentes, que seriam a descoberta das sutilezas e mistérios presentes no ato de ler, e levando-o a algo maior que a simples decodificação de palavras, e, por outro lado, a simplicidade também é revelada, sendo este um lado que os letrados não se preocupam em desmistificar.

Com isso, pode-se apresentar o primeiro nível, que seria conhecida como leitura sensorial, que é tido como a habilidade elementar, pois desde criança, quando nasce, o indivíduo usa os sentidos para se comunicar com o mundo. Se for tomada como base o desenvolvimento do ser humano, desde a sua infância, sabe-se que nos primeiros anos de sua vida, o corpo é o maior objeto de comunicação e troca de conhecimentos entre o ambiente e a criança, o que, por conseguinte, faz com que os sentidos sejam largamente utilizados.

A leitura sensorial vai, portanto, dando a conhecer ao leitor o que ele gosta ou não, mesmo inconscientemente, sem a necessidade de racionalizações, justificativas, apenas porque impressiona a vista, o ouvido, o tato, o olfato ou o paladar. Por certo alguns estarão a pensar que ler sensorialmente uma estória contada, um quadro, uma canção até uma comida é fácil. Mas como ter assim um livro, por exemplo (MARTINS, 2007, p. 42)?

A partir dessa pequena indagação, pode-se desenvolver o porquê da importância desse nível sensorial de leitura. Como foi citado, essa leitura dá ao seu portadora noção do que ele gosta ou não, ou seja, o que o atrai, mas de forma inconsciente. Mesmo assim, nesse momento estão presentes o prazer e a curiosidade. O prazer se manifesta como a sensação que premia a dúvida satisfeita, ou a realização daquilo que lhe proporcione isso, e a curiosidade para descobrir e conhecer mais sobre aquilo que lhe interessa. Unindo esse pensamento ao livro, o que salta a mente é a idéia do conhecimento e informações contidos nele em forma de texto, ou seja, signos a serem decodificados. Se for enfocada de outro ponto, pode-se ver o livro como um objeto que provoque prazer ou desgosto, adoração ou avessa, sendo esses sentimentos desencadeados pela sua forma, cheiro, cor, tamanho, volume, e até som, provocado quando o folheamos (Idem, ibidem).

O conjunto desses fatores e a forma como eles vão chegar à criança ou ao adulto vão importar mais do que a informação que eles contêm, principalmente se a criança, fato que comumente acontece, e o adulto, que vê isso se tornar um fator de exclusão social, não estão alfabetizados.

Daí se dá a importância dessa leitura, que se for utilizada de maneira correta, vai estimular a curiosidade tanto na faze da infância, que, segundo Martins (2007) se apresenta de forma mais marcante que nos adultos, sendo assim mais fácil de ser trabalhada e usada em prol do desenvolvimento da leitura. A explicação da facilidade da criança em lidar com o livro pode ser encontrada na sua própria fase de descoberta, que a torna totalmente aberta à experiência, descobrindo no livro um tipo de "brinquedo" diferente, onde se apresentam um formato peculiar e símbolos que ele vê e não consegue entender, e algumas vezes com figuras que ele pode ou não compreender. Em virtude desse emaranhado de novas formas, a criança vai tentando achar seus significados, o que os leva a desvelar o mundo das letras, e, conseqüentemente, da leitura.

Contudo, o grau de facilidade que se apresenta para um, não se repete para o outro. O adulto não tem a mesma abertura, pois o conhecimento do mundo que este indivíduo tem termina por paralisá-lo.

A casa onde se encontra uma estante com livros por si só já conota certo refinamento de espírito, inteligência, cultura de seus moradores. Quanto mais livros melhor. Não é à toa que se compra (as vezes por metro) belos exemplares encadernados e se os põe bem a mostra, alardeando aos visitantes o status letrado.Mesmo que esses livros jamais sejam manuseados, sua simples presença física basta para indicar sabedoria (MARTINS, 2007, p. 44).

Nesse olhar, vê-se uma grande influência da sociedade e de suas ideologias na formação do pensamento do indivíduo. Todas as falas que se encontram explicitadas mencionam uma ligação íntima entre elite e ideologia. Colocando esse ponto de vista dentro do letramento, ou seja, o desenvolvimento da leitura, ou ainda, a passagem de um estágio de conhecimento baseado no senso comum para a base no senso crítico, quem tem o controle sobre essa linguagem culta terá o respeito dos demais que estão nesse nível, e o domínio sobre as pessoas que não tem esse acesso. Pode-se contextualizar a ideologia como principal veículo de dominação e alienação presente na sociedade, sendo ela responsável pela manutenção da estrutura social em que se vive hoje.

A partir desse ponto, senso comum e ideologia se cruzam, formando o que o adulto conhece como conhecimento inatingível, ou seja, a norma culta. A leitura sensorial é a responsável por fornecer os primeiros conteúdos que o indivíduo necessita que, por sua vez, origina-se da experiência, tornando possível ao adulto ler o mundo. Esse ato de ler pelos sentidos, tão importante para o processo de aprendizagem, é desvalorizado pela ideologia, que defende a norma culta e a racionalidade acima de tudo, criando uma barreira, que certamente não ajuda o ser humano no seu desenvolvimento, no que diz respeito à leitura. Consciente que o seu modo de compreender as coisas ao seu redor na segue o que é tido como correto, o indivíduo vê esse conhecimento como algo que ele será incapaz de alcançar.

A Gramática Tradicional permanece viva e forte porque, ao longo da história, ela deixou de ser apenas uma tentativa de explicação filosófica para os fenômenos da linguagem humana e foi transformada em mais um dos muitos elementos de dominação de uma parcela da sociedade sobre as demais. Assim como, no curso do tempo, tem se falado da Família, da Pátria, da Lei, da Fé etc. como entidades sacrossantas, como valores perenes e imutáveis, também a "Língua" foi elevada a essa categoria abstrata, devendo, portanto, ser "preservada" em sua "pureza", "defendida" dos ataques dos "barbarismos", "conservada" como um "patrimônio" que não pode sofrer "ruína" e "corrupção" (BAGNO, 2006, p. 149, grifo do autor).

A ideologia do inalcançável, do inatingível, ilustrada acima através da visão que a mesma produz sobre a gramática, a língua escrita, tem na sua sustentação a figura dos próprios intelectuais, que pregam que o mais difícil é o mais importante. Com isso, para o trabalho com o adulto realmente funcionar, deve-se resgatar a importância da leitura sensorial, entendendo que o ato de ler é um processo que irá reinventar o conhecimento, tornando cíclico, e não um objeto estático, uma verdade que não deve ser questionada. Cada conclusão e ponto de vista extraído da leitura deverá ser levado em conta, para que assim, a mística sobre a letra e o livro sejam vencidas, e o individuo consiga enxergar o seu papel dentro da aprendizagem e da própria leitura.

Esse ato de ler, como já citado, nos leva a descobrir nossas preferências, mostrando que todo e qualquer gênero de livros e revistas tem um grande valor na formação. Nesse contexto, não é só o difícil que se valoriza, mas sim todo tipo de leitura, tendo importância equilibrada, oferecendo possibilidade a todos.

Assim, quando uma leitura, - seja do que for – nos faz ficar alegres ou deprimidos, desperta a curiosidade, estimula a fantasia, provoca descobertas, lembranças – aí então deixamos de ler apenas com os sentidos para entrar em outro nível de leitura – o emocional (MARTINS, 2007, p. 48).

Ao pensar na leitura pelos sentidos, se tem a chance de encontrar o que nos agrada ou não, como já citado anteriormente, fato este que irá remeter o indivíduo a outro estágio, onde ele começará a descobrir como esse texto mexe com suas emoções, provocando várias reações distintas, que serão diferentes de um leitor para o outro, trazendo singularidade a sua assimilação daquele conteúdo, seja uma história, um romance, um desenho, ou até uma ação efetuada por outro.

Surge a leitura emocional, que do ponto de vista de Martins (2007), também tem o seu grau de inferioridade trazido pelos que dominam a cultura letrada, como no caso da sensorial. Segundo os intelectuais, esse estágio do ato de ler lida com os sentimentos, que podem implicar na falta de objetividade. Contudo, ela defende que essas causas apontadas não seriam uma regra, isto é, não aconteceriam da forma colocada pelos pensadores.

Pode-se entender melhor essa visão analisando os atos das pessoas enquanto atores sociais, tornando claro que o combustível responsável pelas ações do homem na sociedade está ligado a emoção. A relação desse estágio com o anterior se faz necessária, elucidando que estes são parte de um processo maior. O indivíduo lê uma determinada situação e age de acordo com o que ele senteao ver aquilo, omitindo-se ou interferindo, por exemplo. Essa leitura irá revelar o que o leitor está sentindo ou não sobre um fato acontecido ou sobre um conteúdo, influenciando na sua capacidade de assimilação e acomodação, fazendo com que o fato signifique algo, seja ele positivo, entrando em sua rede de conhecimentos, ou negativo, não tendo um impacto produtivo. Mas é sempre importante lembrar que essas impressões criadas pelo emocional não são irreversíveis. É perfeitamente normal que, ao reler um texto, ou repensar um fato acontecido, o indivíduo mude sua opinião, tendo reações completamente contrárias.

Na leitura emocional emerge a empatia, tendência de sentir o que sentiria caso estivéssemos na situação e circunstâncias experimentadas por outro, isto é, na pele de outra pessoa, ou mesmo de um animal, de um objeto, de uma personagem de ficção. Caracteriza-se, pois, um processo de participação afetiva numa realidade alheia, fora de nós. Implica necessariamente disponibilidade, ou seja, predisposição para aceitar o que vem do mundo exterior, mesmo se depois venhamos a rechaçá-lo (MARTINS, 2007, p. 51-52).

Assim, fica evidente a capacidade de reversibilidade presente no ser humano, ou seja, colocar-se na situação dos outros de maneira fictícia, com o objetivo de contextualizar suas ações e entende-las. Contudo, também se faz necessária a construção de um novo paralelo entre crianças e adultos, pois sabe-se que sua reação perante a leitura é diferenciada. Mais uma vez a facilidade da criança é evidenciada, pelo simples fato da novidade. Esse indivíduo está em formação, descobrindo coisas novas sobre o seu ambiente, todos os dias, o que a torna muito mais disponível para o despertar de seu emocional. Já em relação ao adulto, por ter o conhecimento e ter noção das conseqüências que determinadas atitudes podem causar, ele tende a bloquear esse lado emocional, buscando agir da maneira mais racional possível, obedecendo aos parâmetros pré-estabelecidos dentro da sociedade.

Exatamente por essa visão contrária que os adultos tendem a desvalorizar o olhar emocional da criança, o que passa a ser nocivo para a leitura. Uma pessoa que não foi despertada par ler o processo como um todo irá certamente valorizar única e exclusivamente o racional, como o estágio a ser atingido, transformando o ato de ler numa coisa que desperta o desagrado das crianças e adolescentes, seres que necessitam muito desse veículo para obter o conhecimento. Para que eles não sejam afetados com isso, é importante que os adultos saibam também identificar os estágios da leitura, sabendo que até mesmo para a racionalidade existe um caminho através da emoção, o que leva a gostar ou não de determinados assuntos, ou até mesmo, escolher uma profissão.

Com o correr do tempo, outras preferências de leitura surgem, mas permanece a ligação inicial, a ponto de a mera visão de um filme ou exemplar dessas aventuras desencadear um processo nostálgico, não raro levando à retomada dos textos. Talvez então ocorra um distanciamento. Porém é mais comum nos deixarmos envolver com a mesma disponibilidade da infância ou adolescência (principalmente se não há testemunhas dessa recaída). E a releitura se desenvolve entre uma semiconsciência de que talvez o texto "não valha nada" bem como a imersão na magia que ele permanece oferecendo. "É a criança que ainda somos emergindo no adulto", possibilitando também conhecermo-nos mais (MARTINS, 2007, p. 55, grifo nosso).

A partir desse trecho torna-se possível elucidar como a emoção age no ser humano, abordando principalmente o adulto, que mesmo cercando-se de vários obstáculos não consegue bloquear suas emoções, o que o alimenta durante toda a sua vida.

Isso vale para todo o tipo de leitura, seja para o trabalho, seja por lazer. É uma linha muito tênue, pois um livro que proporcione conhecimento para a função que a pessoa desempenha, pode ser tão agradável a seu gosto a ponto de se tornar algo prazeroso, não deixando de representar conhecimento para sua vida profissional.

Sabe-se que existem fatos que marcam a infância, que podem ser facilmente reconhecidos através das ações que dispensam a racionalidade, tão exaltada na sociedade. A mesma coisa irá acontecer com a leitura, proporcionando uma viagem de volta ao mundo infantil, onde serão redescobertos o prazer que aquele texto proporcionou, ou também pode transformar totalmente a sua visão e sensação perante o mesmo, desfazendo o encanto que esse material tinha sobre o indivíduo.

Por essa razão, Martins (2007) também trata essa leitura como uma "válvula de escape", pois nesse momento o leitor se desliga da realidade, dando ao mesmo a possibilidade de uma reflexão aprofundada. Por esse motivo, deve-se alertar para a permanência nesse estágio, pois este, onde a leitura emocional remete os indivíduos, pode se tornar apenas uma fuga da realidade, onde só ocorrerá uma ação de refugiar-se, protegendo-se do mundo e descarregando suas emoções, o que torna a leitura alienante. A intenção principal do ler pela emoção é o de construir um caminho que leve o ser humano ao ato de reflexão.

Desse ponto, quando há a total consciência do desligamento para a reflexão aprofundada do material lido proporcionado pelo emocional, acontece o processo de racionalização, onde tudo o que foi sentido e externado é pensado e assimilado, tornando possível a construção do conhecimento. Começa a ser utilizada a leitura racional, que seria o último estágio para se desenvolver uma boa prática de leitura.

A leitura a esse nível intelectual enfatiza, pois, o intelectualismo, doutrina que afirma a preeminência e anterioridade dos fenômenos intelectuais sobre os sentimentos e a vontade. Tende a ser unívoca; o leitor se debruça sobre o texto, pretende vê-lo isolado do contexto e sem envolvimento pessoal, orientando-se por certas normas preestabelecidas. Isto é: ele endossa um modo de ler preexistente, condicionado por uma ideologia. Tal postura dirige a leitura de modo a se perceber no objeto lido apenas o que interessa ao sistema de idéias ao qual o leitor se liga. Muitas vezes se usa, então, o "texto como pretexto" para avaliar e até provar asserções alheias a ele, frustrando o conhecimento daquilo que o individualiza (MARTINS, 2007, p. 63-64, grifo do autor).

Cabe nesse momento diferenciar a leitura intelectual, que foi citada acima, da leitura racional. É perfeitamente possível que haja a indagação sobre essas definições, pois essas duas palavras têm similaridades em sua etimologia. Contudo, para que o olhar da leitura global seja mantido, é necessário saber que o nível intelectual do ato de ler vem expondo em sua definição a ideologia elitista, pois estabelece padrões de leitura que eles, a minoria detentora dessa linguagem erudita, considera a correta, afastando as outras pessoas desse momento de produção de conhecimento.

Para melhor ilustrar essa posição contrária, pode-se relembrar as definições do estágio sensorial e emocional do ato de ler, tendo o primeiro como um canal de entrada para o novo, ou seja, as novas informações que irão fazer parte do intelecto do indivíduo, sendo os sentidos seus principais receptores. Já o segundo aparece como uma continuação, fazendo o leitor reagir aos estímulos externos recebidos pela leitura, externando suas emoções, mostrando gosto ou não por determinado texto ou livro. Também é importante lembrar que esse estágio torna possível ao ser humano se conhecer melhor, definir os seus gostos e efetuar o processo de reflexão aprofundada, onde o conhecimento é produzido de forma individual e singular, tendo a possibilidade de mudança mais tarde.

Apesar dessa ligação, o processo de leitura intelectual desconsidera essa importância, trazendo a ideologia do intelectualismo, primando única e exclusivamente pelo estágio de afastamento, onde o leitor analisa o texto de forma descontextualizada, o que para a formação do mesmo é descabido, pois não considera o que sente e o seu grau de envolvimento com o material. O prejuízo causado por isso é enorme, principalmente ao ter noção do olhar que a maioria das pessoas tem sobre a leitura, sendo este para elas uma atividade traumática e sem sentido para suas vidas.

Importa, pois, na leitura racional, salientar seu caráter eminentemente reflexivo, dialético. Ao mesmo tempo que o leitor sai de si, em busca da realidade do texto lido, sua percepção implica uma volta à sua experiência pessoal e uma visão da própria história do texto, estabelecendo-se, então, um diálogo entre este e o leitor com o contexto no qual a leitura racional é permanentemente atualizado e referenciado (MARTINS, 2007, p. 65-66).

Com isso, a leitura racional pode ser definida como o estágio que completa o processo, tendo implícita sua capacidade reflexiva, onde o leitor vai estabelecer uma série de relações entre o material lido, a história que envolve o mesmo e sua experiência, o que torna o conhecimento adquirido uma riqueza para o seu detentor, pois ganha significado. Também é importante elucidar que essas características transformam as verdades absolutas em verdades mutáveis, pelo caráter de construção e desconstrução que a leitura racional traz para o ambiente do leitor.

Martins (2007) alerta para o cuidado que deve ser tomado para não confundir o estágio racional com a investigação do texto em seu arcabouço formal. Ela diz que esse tipo de olhar pode acabar por eliminar a constante dinâmica que se defende nesse nível, entre leitor, texto e contexto. A falta desses componentes limitaria consideravelmente a leitura global, fazendo com que a compreensão seja prejudicada.

Vale ressaltar que a constância da relação citada acima é o que vai permitir que o texto seja entendido em seu todo, mostrando que a estática pregada pelas antigas teorias psicológicas sobre a leitura não tomaram o ser humano como ponto de partida de suas pesquisas, mas sim, fizeram o contrário, não considerando essa variável importante para as mesmas.

O importante nesse momento é ter a noção de que todo esse processo envolvendo os três níveis de leitura acontece dentro do ato de ler, simultaneamente, o que descaracteriza essa apresentação hierarquizada, feita assim para facilitar o entendimento do ponto de vista em que a leitura foi contextualizada. Por isso, se dá a importância do desenvolvimento dos mesmos de maneira plena, pois havendo um equilíbrio ou, até mesmo, uma pequena diferença entre eles, todo o processo ocorrerá de modo satisfatório, isto é, atingindo o real objetivo da leitura, que seria a transmissão de conhecimento para a desconstrução do mesmo ou formulação de outros a partir da base conseguida.

Martins (2007) justifica essa visão de simultaneidade afirmando que pelo fato da leitura ser executada por um indivíduo, ou seja, um ser humano, e a tendência do mesmo é de inter-relacionar sensação, emoção e razão, buscando se expressar para compreender e dar sentido ao seu ambiente e a sua existência, conhecendo-se, seria impossível que esses níveis existissem e agissem de maneira isolada.

Cada um desses estágios são trabalhados ao longo da vida do indivíduo, ao contrário do que pode-se pensar dizendo que cada um já nasce com a sua e permanece no mesmo nível.

Na verdade, à medida que desenvolvemos nossas capacidades sensoriais, emocionais e racionais também se desenvolvem nossas leituras nesses níveis, ainda que, repito, um ou outro prevaleça. Mas a interação persiste. Quanto mais não seja certas características de cada um dos níveis, as quais, em última instância, são interdependentes (p. 80).

Após o reforço dado a idéia apresentada sobre o desenvolvimento dos níveis de leitura, também são colocadas em evidência as características dos mesmos, mostrando como agem e o quanto podem ajudar no processo. Primeiramente temos o estágio sensorial, com tempo de duração determinado e abrangência limitada, sendo essas características justificadas pelo canal utilizado por ele – os sentidos. Logo depois, o estágio emocional apresenta características de volta ao passado, levando o indivíduo a um processo de retrospecção e interiorização, pois é mediado por suas experiências prévias. Por último, o estágio racional mostra característica de prospecção, avançando no processo intelectual, transformando o conhecimento prévio em novos conhecimentos ou até em novas questões, possibilitando a ação de discernir sobre o texto lido.


4. CONCLUSÃO


Tendo essa visão estabelecida do homem como variável para o processo de leitura, se faz necessária uma mudança no paradigma do ato de ler, ou seja, substituir o antigo olhar de coisa mensurável para estabelecer o homem como agente de seu desenvolvimento dentro da leitura.

Com isso pode-se ver claramente o desenvolvimento do ser humano ligado ao ato de ler, o que torna de suma importância que o indivíduo tenha domínio sobre a leitura global, que será determinante na maneira como esse homem irá utilizar os conhecimentos oriundos do ambiente para seu próprio proveito, e, conseqüentemente, para a própria sociedade.

Em virtude dessa relação constante entre homem, sociedade e leitura que fica provada importância do ato de ler na formação do indivíduo e a urgência de uma queda de paradigma, onde o homem não tem importância alguma.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico: o que é, como se faz. 40 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2006.


FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 37 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996b.

MARTINS, Maria Helena. O que é Leitura? 19 ed. São Paulo: Brasiliense, 2007.

SILVA, Ezequiel Theodoro da. O Ato de Ler: fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura. 10 ed. São Paulo: Cortez, 2005b.


* Rodrigo Avelar é graduado em Pedagogia pela Universidade Candido Mendes, atuando como educador na Educação Infantil. Dedica-se também a pesquisas sobre as relações entre leitura, sociedade, educação e indivíduo.
Contato e-mail: avelardunk@uol.com.br
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