LEITURA E CRESCIMENTO
Por Isabel C. S. Vargas | 06/03/2010 | CrescimentoGanhei um dos livros de Padre Fábio de Melo, chamado Mulheres de Aço e de Flores. Contrariando minha expectativa o livro não se tratava de histórias religiosas. É um livro bem escrito, falando de vivências muito sofridas de mulheres que provavelmente o autor tenha encontrado em sua caminhada de evangelização.
Verídicas ou não, não importa, pois despertam para realidades fortes, diferentes do que estamos habituados vivenciar, mas que existem em quantidade.
Achei-o um ótimo escritor sem nem entrar no aspecto religioso.
Li, a seguir outro livro dele, chamado Quem me roubou de mim? Este também nos leva a sentir com ele as dores humanas com as quais ele se defronta na missão diária.
Vale à pena a leitura, para despertar para as inúmeras situações que ocorrem e que são situações que ao invés de proporcionarem o crescimento pessoal, diminuem, “seqüestram a subjetividade” como tão bem denomina. Os ensinamentos servem para a jovem que está iniciando a vida, para a pessoa adulta, madura, para sacudir, conscientizar e reformular condutas, de modo a não se tornar algoz de ninguém, muito menos de si mesmo e para aquele que está em idade avançada, muitas vezes lamentando uma determinada condição de vida, descobrir em que momento se deixou aprisionar e perder o controle de si mesmo.
Num mundo de tantas solicitações, de tanta fluidez, no qual tudo parece descartável, diz ele que o ser humano fica vulnerável sendo facilmente roubado de si mesmo.
De uma forma sensível, mas ao mesmo tempo didática e clara coloca sobre os cuidados que são necessários e indispensáveis para que o ser humano se crie, se fortaleça e tenha condições de ser pessoa, o que implica em ser proprietário de si mesmo, de se auto-conhecer ,de se colocar à disposição para servir, processo esse que engrandece ambas as partes envolvidas, pois implica em conhecimento do outro, cooperação, doação, disponibilidade, amor, generosidade.
Muito clara a colocação que faz comparando o ser humano a uma edificação. Diz o autor que “amar alguém consiste em observar onde estão as vigas de sustentação, para que não corramos o risco de derrubar o que o faz permanecer de pé.” (Sem querer parecer amarga, parece que há pessoas especialistas em descobrir tais pontos vulneráveis, para mais fácil fazerem ruir as edificações humanas).
O objetivo de cada pessoa é procurar melhorar cada uma dessas edificações, amplia-las, faze-las crescerem explorando e realizando uma gama incomparável de possibilidades. O universo daqueles que se fazem “pessoa” se expande, ao contrário daquele que é subjugado, que se torna propriedade de alguém, diminuído na sua essência, sendo considerado apenas como objeto.
Inúmeros são os casos exemplificados, como do rapaz drogado, da jovem manipulada por quem julga amar, da mulher que aceita o papel de vítima numa relação, da criança a quem não se coloca limite, mostrando que o poder que alguém possa exercer sobre o outro só se concretiza, porque assim lhe é permitido. Só quem está de posse de sua integridade emocional, de sua subjetividade pode impedir que esse processo delimitador e constrangedor se concretize.
Vale à pena a leitura, pela sua forma, conteúdo e exemplo, mostrando como evangelizar implica em abrir mentes para possibilitar a posse de sua própria identidade.
Para que este processo de libertação e expansão de realize é necessário amor e doação por parte daqueles que nisto se empenham.