RESUMO

Este artigo é resultado de observações e análises ocorrido em espaços educacionais que ofertam atendimento a alunos surdos em diversos níveis escolares e variadas faixas etárias. Em observância destes ambientes escolares, verificou-se a importância que o recurso visual exerce sobre o ensino/aprendizagem do surdo, apresentando-se como uma abordagem facilitadora e condutora do processo de compreensão dos conteúdos didáticos apresentados aos sujeitos surdos. Essa observância propiciou uma reflexão acerca da importância que a visualidade exerce no aprendizado do aluno surdo. Os recursos metodológicos que valorizam a visualidade como base de construção/ampliação da aprendizagem, sinalizam resultados positivos que se materializam nas atitudes e comportamentos dados como resposta às indagações relacionadas a aprendizagem. A proposta do artigo é estimular reflexões acerca da importância da utilização da visualidade como recurso pedagógico, pois estas percepções visuais enriquecem e oferecem significância ao conteúdo ministrado. Nesse sentido, objetiva-se refletir a respeito dessa importância como mecanismo condutor de aprendizagem do aluno surdo. Contribuindo nesse sentido, a Língua de Sinais, apresenta-se como um caminho natural que oferece ao sujeito surdo oportunidades de desenvolvimento cognitivo e afetivo além de atribuir valorização às potencialidades dos sujeitos surdos.

Palavras-chave: Alunos Surdos. Significância na Aprendizagem. Visualidade

1.Introdução 

Nas últimas décadas, o cenário educacional relacionado ao sujeito surdo e seus direitos, tem se ampliado. Novos discursos e posturas pedagógicas estão ganhando espaço, permitindo que se visualizem, com maior intensidade, as potencialidades da comunidade surda.

Interessa-nos, sobretudo, nesse artigo,ampliar nossos debates sobre o impacto que o recurso visual exerce na produção educacional do surdo. Atribuir credibilidade à visualidade é reconhecer esse recurso como suporte que interliga, com significância, o sujeito surdo aos saberes que possibilitam novos horizontes da aprendizagem.

Nesse sentido, buscamos para nossa reflexão, a comunicação visual como contribuinte eficaz e importante na construção do conhecimento na área da surdez.

Segundo Strobel (2008): ”O primeiro artefato da cultura surda é a experiência visual em que os sujeitos surdos percebem o mundo de maneira diferente, a qual provoca as reflexões de sua subjetividade”. (STROBEL, 2008, p.38). Essa afirmação da autora reforça a declaração anterior. Torna-se evidente a contribuição das experiências visuais como facilitador da compreensão e da construção de ideias e pensamentos sobre o sujeito surdo e sua relação com espaços educacionais e sociais que se constroem/reconstroem diariamente nos cotidianos.

Quadros(2006) reforça que a língua de sinais "é uma língua espacial visual, pois utiliza a visão para captar as mensagens e os movimentos, principalmente das mãos, para transmiti-la”. (QUADROS, 2006, p. 35).

Os sujeitos surdos pela ausência da audição utilizam-se do recurso visual. O mundo passa a ter significação e o seu entorno se manifesta emitindo estímulos percebidos pela visão que irão ser geradores de compreensão. Essa manifestação, compreendida como resultado da experiência visual é um meio de comunicação utilizado pelos surdos e é por intermédio dela que se manifesta a língua de sinais. Contribuindo, Perlin e Miranda (2003) afirmam que: “Experiência visual significa a utilização da visão, em (substituição total à audição), como meio de comunicação” (PERLIN e MIRANDA 2003, p.218).

Contribui nesse sentido, com o objetivo de fortalecer fatores fundamentais ao desenvolvimento dos indivíduos, documento lançado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2006sinalizando orientar o atendimento às necessidades educacionais especiais, que se inicia na educação infantil. Entre suas citações, atenta para a importância do uso do recurso visual em sala de aula. Argumenta que: “Os alunos surdos baseiam-se mais nas pistas visuais que nas auditivas. A utilização, em sala de aula, de recursos visuais adequados facilita sobremaneira a compreensão e a aprendizagem significativa deste aluno.Alguns recursos visuais que podem ser utilizados pelo professor são objetos concretos, filmes, fitas de vídeo, fotos, gravuras de livros e revistas, desenhos, a escrita e ainda o uso da língua de sinais, da mímica, da dramatização, de expressões faciais e corporais, de gestos naturais e espontâneos que ajudam a dar significado ao que está sendo estudado.” (MEC 2006, p.49).

A utilização prática dos recursos visuais como parte corriqueira da metodologia utilizada em sala de aula junto aos alunos, contribui para que o sujeito crie sua própria identidade visual além de colaborar para descobertas que irão enriquecer seu vocabulário visual.

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