Heitor Sché havia apresentado projeto na área de Segurança Pública, entretanto, via-se que seu intento foi mais estar dentro do processo político (aspiração de ocupar espaços no futuro governo), eis que pretendia a sua nomeação para o cargo de Secretário de Segurança Pública.

Com a chegada do ano 2000, tem-se a certeza de que todas aquelas propostas na área de segurança pública apresentada (por Heitor Sché e outros grupos de Delegados) ao futuro governo (Esperidião Amin - 1998) foram deixadas de lado, mesmo porque para viabilizá-las (pensando assim) deveria assumir o cargo de Secretário de Estado. Muitos de seus simpatizantes (e que sonham com algum cargo comissionado) de vez em quando (como no início de 2000) nutriam uma expectativa de que Amin voltasse atrás e nomeasse Sché para substituir o Promotor de Justiça Antenor Chinato na SSP (o que achava quase que impossível, justamente porque segundo diziam Angela Amim (esposa do governador) não perdoava o que julgava ser uma traição de Sché que nas eleições para o governo de 1994 (no segundo turno Sché passou a apoiar Paulo Afonso Vieira ao governo do Estado, acompanhando a decisão do PFL e de Jorge Bornhausem, enquanto que no primeiro turno Sché tinha se constituído num dos principais assessores da campanha de Angela). Heitor tinha participado de reuniões com entidades representativas das Polícias Civil e Militar objetivando discutir a proposta de unificação das polícias apresentadas pelos ouvidores (leia-se Benedito Mariano – Ouvidor das Polícias de São Paulo). Aguarda-se no final do mandato de Heitor na Assembléia Legislativa um balanço de sua atuação.

O Delegado Natal Dornsback (de Chapecó) informou no dia anterior (07.06.2000), via telefone, por volta das vinte e duas horas que o Delegado Alex Boff havia reunido todos os Delegados do oeste em um jantar com a participação de Heitor Sché na semana passada, com o propósito de pedir que retirasse seu projeto de autarquização do Detran. 

No dia 09.06.2000 o Delegado Lauro Cesar Radke Braga noticiou na sala do Delegado Wilmar Domingues (Delegacia-Geral da Polícia Civil) que no início da semana houve uma reunião na sede da Adpesc (Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Santa Catarina - Adepol – SC), coordenada pelo Presidente da entidade – Delegado Mário Martins, com a presença de quinze Delegados Regionais (vinte um teriam sido convocados) e do Deputado Heitor Sché. O objetivo do encontro foi demover o parlamentar da ideia de continuar com seu projeto de autarquização do Detran e suprimir atribuições da Polícia Civil para atuar na área de trânsito.

O Delegado Braga no dia 23.06.2000 relatou que esteve conversando com o Delegado Mário Martins/Adpesc na quarta-feira durante um encontro na Acadepol, quando soube que Heitor Sché teve uma briga feia com o Governador Esperidião Amin, com troca de palavras malcriadas... Segundo Mário, o projeto de autarquização do Detran havia sido apresentado por Sché a pedido de Amin, para acertar a situação do Coronel Valmor Backes que teria que deixar o Comando-Geral da Polícia Militar. Nesse caso, a nomeação para a presidência do Detran seria a forma encontrada para tirar Backes da pressão que vinha sofrendo por reajuste de salários na PM, além de preparar o campo com vistas a viabilizar a sua campanha eleitoral para Deputado Estadual (ou do Coronel  Sidney Pacheco?).  De outra parte, era quase certo que Sché também deveria  ter negociado alguma coisa em troca (plano de carreira dos policiais civis?) Ocorre que a não nomeação do Delegado João Lipinski (em vez do Delegado Maurício Eskudlark) para a Delegacia-Geral deve ter irritado muito Heitor Sché, a ponto de radicalizar as relações com o Chefe do Executivo Estadual e daí muito provavelmente tenha originado o tal batel-boca?

“Heitor Sché é o vice de Pasqualini em Rio do Sul – Rio do Sul – Três candidatos vão disputar os votos do eleitorado de Rio do Sul, principal cidade da região do Alto Vale do Itajaí. Sãoeles o atual prefeito Nódgi Enéas Pellizzetti (PPS) (...). A Mais Santa Catarina (PPB-PFL-PSDB) foi reeditada, saindo como vice, o deputado estadual Heitor Sché (PFL), o que provocou um racha no pratido (...)” (A Notícia, 03.07.2000).

No início da tarde de 07.07.2000, o Delegado Lauro Cesar Radke Braga esteve na Assistência Jurídica e comentou que andava acompanhando os artigos acerca dos pronunciamentos do Deputado Júlio Garcia na Assembleia. Naquele dia leu também o artigo na coluna do Paulo Alceu no Diário Catarinense e não aguentou. Passou a mão no telefone e ligou para o Gabinete de Heitor Sché na Assembleia e conversou com Niltom Sché (Escrivão de Polícia à disposição do parlamentar, Chefe de Gabinete e sobrinho do parlamentar) pedindo que parabenizassem o  Deputado Julio Garcia por seus últimos pronunciamentos defendendo a Segurança Pública. Nilton Sché teria respondido que o Deputado Júlio tinha adotado essa postura a mando de Sché e que o parlamentar não saia do Gabinete do colega. Braga se dizia com a alma lavada por ter mandado aquele recado. 

Procurei o endereço do Deputado Júlio Garcia no intento de mandar-lhe um E-mail, porém desisti no meio do caminho.  Depois das insinuações do Delegado Braga: “Violência – O ex- secretário de Segurança Pública deputado Heitor Sché, do PFL, está propondo ações urgentes do governo do Estado para reduzir o nível de insegurança na Grande Florianópolis e municípios do interior. Propõe o aumento do efetivo da Polícia Militar e melhores salários para os policiais. Outra questão que vem sendo colocada: a existência de grande número de membros da Polícia Militar em gabinetes, fora da atividade de segurança” (A Notícia, Moacir Pereira, 12.07.2000).