FAMÍLIA ALENCAR

Por Djalmira Sá Almeida | 17/05/2010 | História

FAMÍLIA ALENCAR

A família Alencar é uma das que deu origem a um grande número de figuras históricas do Nordeste, desde o início do século XVIII.
Esta família Alencar não tem Brasão em Portugal, pois tem ascendentes na antiga Índia, mas possui Brasão, Escudo e Armas e vários títulos de nobreza e de Guerra, tanto na Itália quanto na Espanha, embora seja proveniente em sua última estada, de Alenquer, cidade portuguesa do período medieval, importante porto comercial e de relevo histórico pela saída de navegadores para as Américas, inclusive da mesma linhagem dos fundadores da cidade de Alenquer no Estado do Pará. Também não consta escudo nem brasão de armas no Brasil, possivelmente, porque essa família não tinha ascendência de nobreza em Portugal nem estava aqui a serviço da corte portuguesa. Considera-se que seja uma das famílias que imigrou por conta própria, sem a tutela do império, pois já possuía títulos de nobreza em seus países de origem, comprou terras e, portanto, não precisando de outros passaportes, nessa condição estão também as famílias Lustosa e Angelim.
Em consulta a The Historical Research Center através do Projeto Imigrantes, encontra-se o Brasão do apelido Alencar na Espanha: " O apelido Alencar representa a forma castelhanizada do catalão Alenya e suas variantes Alanar, Alanyar e Aleñar, sendo a consoante catalane "ny", equivalente ao ñ castelhano. Segundo o etimólogo e genealogista Jordi Bas e Vidal, o apelido Alencar ( além daqui ou além de cá) tem uma origem toponímica,derivado do nome do lugar de onde vivia ou era senhor o fundador da linhagem. Nesse caso, este apelido se tomou do lugar de "Alenar", um município do Roselon, no Canton de Perpinam, situado na zona costeira próxima à Lagoa de Canel entre Riard e La Laguna del Mar( o Aguja Cabdal) no limite desse município com Los de Elna e Sant Cebriá de Roselon. Esse município hoje em dia pretence à França, mas durante muitos séculos pertenceu à coroa Catalã-aragonesa, também existem em Catalunha os topônimos de Alena, na Comarca de Anoia, Alins, no Palácio Sobirá e o de Alinyá,(castelhano Aliña) na Comarca de Ali Urgel (Lérida) que compõe sua etimologia com a anterior "Alenar" ( aliar), já que todos derivam do nome próprio latino "Alenius" ( o além, o outro lado, nessa linha ) o qual aparece em documentos dos séculos IX e X, nas formas gregas "Helinse", "Helliniano" e "Elinná" cujo significado se desconhece. Dessa linhagem de Alencar foi descendente o pintor e decorador espanhol Pablo de Alencar, nascido em Solsona no século XVII. Em 1639, foi contratado para desenhar e pintar o maior do convento de Carmem de Manresa. Portadores da variante castelhanizada Alencar seguiram a carreira das armas, como se manifesta no índice do Archivo General Militar de Segovia no que figuram Juan Alencar Ginari e Juan Alencar Guisarle, que serviram no Regimento de Infantaria nos anos de 1886 e 1898, respectivamente. As armas que se descrevem a continuação foram outorgadas a uma família "Alenya" (aliada ou alinhada).
No Brasil, o livro "Vida e Bravura", de José Roberto de Alencar Moreira destaca as raízes da família Alencar em Portugal e a genealogia dessa família no Brasil. Sabe-se que dela surgiram políticos e figuras de destaque como Brígida de Alencar (importante nome pela proteção dos índios cariris contra os bandeirantes e colaboradora dos religiosos na catequese na região de Cabrobó a Exú, em meados de 1692 a 1762 e outros nomes em destaque na História do Brasil tais como; sua neta, Bárbara de Alencar, seus bisnetos Tristão Gonçalves de Alencar Araripe, José Martiniano de Alencar, ex-padre, Alexandrino de Alencar e os políticos dos tempos contemporâneos, Miguel Arraes de Alencar, Humberto de Alencar Castelo Branco e Eduardo Campos, bem como escritores e artistas tais como, José de Alencar, o escritor, Pedro Nava, Raquel de Queiroz e Patativa do Assaré, dentre outros.
No final do Século XVII, quando o Brasil era colônia do Reino Português e estava em fase de ocupação, era dividido em Capitanias Hereditárias e os Garcia D?Ávila, destacavam-se como os maiores donatários de terras da época. Sua casa, denominada "Casa da Torre" localizava-se, até hoje ainda existem as ruínas, na enseada de Tatuapara, ao norte de Salvador, local de onde era gerenciado o controle dos bandeirantes e sertanistas e de onde saíam tropas de mamelucos, vaqueiros e entradistas à busca de índios e de demarcação de terras para arrendamento para os colonos que estavam chegando de Portugal.


"Em seis barcos, a grossa expedição aportara à Bahia, em 29 de março de 1549, comandada por Tomé de Souza, a quem el-rei D. João III, confiara a edificação da Capital do Novo Estado, trazendo como almoxarife da fazenda real, um rapaz protegido do primeiro governador, chamado - Garcia D'Avila. (História da Torre, Pedro Calmon).

Consta que mais ou menos nessa época em que os D?Ávila chegaram à Bahia, vieram também de Portugal para a cidade de Salvador, na então Capitania da Bahia de Todos os Santos, Leonel de Alencar Rego e seus irmãos: Alexandre, João Francisco e Marta. Os quatro irmãos seriam filhos naturais de Francisco Martinho do Rego e Dorotéa de Alencar, da Freguesia de São Martinho de Arueira, Arcebispado de Braga. Consta que foi Leonel o primeiro fundador, na ordem cronológica, de um núcleo social, às margens do Riacho ?Paramirim?, que segundo Capistrano de Abreu passou a ser Rio Brígida, por volta de 1835, local que mais tarde iria ser o berço dos Alencar no Brasil, denominada Fazenda Caiçara, próximo ao que é hoje o município de Exu. Existem historiadores que afirmam: "? primeiramente, Leonel fundara a Fazenda Várzea Grande, e que posteriormente, por ocasião do casamento de seu filho, ele fundara a Fazenda Caiçara. Viviam da indústria agrícola e da pecuária de Gado Vacum". Estas terras seriam arrendadas da "Casa da Torre" em que o próprio Leonel Pereira Alencar pagava por esse arrendamento, conforme documentos ainda hoje existentes:

"Recebi do Tenente-coronel Leonel de Alencar Rego onze mil e duzentos e oitenta réis a conta de arrendamento do sítio Caysara por ordem que lhe apresentei do Sr. Coronel Francisco Dias D?Ávila, e para sua clareza lhe passei este por mim feito e assinado. ? Ass. Domingos Pereira da Silva"*
"Em vinte e seis de julho de mil setecentos e quarenta e dois, recebi do Tenente-coronel Leonel de Alencar Rego, um cavalo e quinze mil réis, a conta da renda da Casa do Coronel Francisco Dias D?Ávila, por ordem que tenho do dito Senhor Coronel e assim dois mil e duzentos e quarenta réis de comestivo e por haver recebido lhe passei este por mim feito e assinado. Ass. Domingos Pereira da Silva." (Cartório do Tabelião José Sinhô de Oliveira , em Bodocó, Pernambuco, In: Pires).


Com Leonel de Alencar Rego, o português, marca-se o tronco familiar mais estudado, na perspectiva de entender a discórdia entre os descendentes de Fancisco D?Àvila e os de Leonel Alencar, isto em torno de 1780, considerando a presença nessa família de uma filha adotiva, talvez neta do Leonel, a cabocla Brígida das Virgens de Alencar, que se casou com um português, José Martiniano Pereira, o qual arrendava terras da Casa da Torre e que, mais tarde foram compradas por ela, tornando-se rica fazendeira na região de Cabrobó. Também a neta de Brígida, Bárbara Pereira de Alencar e seus bisnetos Tristão Gonçalves de Alencar e José Martiniano de Alencar que entraram para as históricas de Pernambuco e do Ceará, como lideranças políticas, nas revoluções de 1817, Revolução Pernambucana e de 1824, a Confederação do Equador. Bárbara Pereira de Alencar, nascida em Caiçara, estado de Pernambuco e batizada em Exu, cuja capela pertencia aà Freguesia de Cabrobó, considerada Heroína do Ceará, também casou-se com um português, José Gonçalves dos Santos, nascido na cidade de Aroma, Bispado de Lamego, em Portugal. Deste casamento nasceram quatro filhos, entre os quais José Martiniano de Alencar, que foi Padre, Senador várias vezes e presidente da Província do Ceará e mesmo sendo padre manteve um relacionamento com sua prima Ana Josefina de Alencar, sendo que desta união nascera seu filho e homônimo José Martiniano de Alencar, escritor e romancista, Deputado e Ministro da Justiça.
Existem controvérsias entre os historiadores, há os quais afirmam que os filhos de Bárbara de Alencar seriam apenas Carlos, José Martiniano, Tristão e João Gonçalves e outros dizem que, na verdade são seus netos, filhos de João Gonçalves de Alencar. Consta nos impressos dos sertanistas que Leonel Pereira de Alencar, brasileiro, o filho, casou-se com Maria Xavier da Silva Pereira de Carvalho, tendo sido assassinado pelos imperialistas, juntamente com seu filho Raimundo de Alencar, em seu Engenho Velho, próximo a Belo Jardim, na revolução de 1824 e que sua mulher e os outros filhos tiveram que fugir para o sertão.
Em Cabrobó, a cabocla de origem cariri, Brígida das Virgens de Alencar, criada com a família Alencar, não se sabe ao certo quem eram seus pais biológicos, podendo ser filho de um bandeirante Rodrigues, de um Pereira ou do próprio Leonel ou de um dos seus filhos, mas consta que ficou famosa por se tornar grande arrendatária das terras da antiga aldeia de Cabrobó, cuja sesmaria antiga de 1627 foi abandonada e extinta em 1716, por decreto Imperial, com a expulsão dos jesuítas e dos índios. Essa área foi retomada em 1835 para a colonização, após a morte do último D?Ávila, período em que já existia o núcleo urbano da qual Brígida de Alencar era a principal proprietária. Deduz-se que Brígida já morava na sede do povoado durante o periodo de expulsão dos índios, tendo em vista que os registros históricos e teses que tratam da primeira aldeia cariri de Cabrobó mencionam o nome de dona Brígida como ajudante dos Capuchinhos e protetora dos índios (Instituto do Ceará,1835).
Pelos registros históricos, deduz-se que as famílias pioneiras de Cabrobó, de Belém, de Santa Maria da Boa Vista, de Floresta, de Ouricuri, de Exú e de Salgueiro tinham relações comerciais antigas com a Casa da Torre, na Bahia, mas que levam a crer que os conflitos entre os Garcia D?Ávila e os colonos surgiram depois que entraram adquiriram propriedades no Ceará e em Pernambuco, antes como arrendatários, depois comprando essas terras e passando a exigir domínio sobre elas. Os argumentos dos D?Ávila e dos governantes eram de que as terras foram compradas do estado monárquico, mas não foram compradas da Igreja, assim elas deveriam ser doadas ou, no mínimo, deveriam a ela retornar por novo arrendamento ou por compra. Entre os moradores, além de existir laços de parentesco entre a maioria das famílias da Fazenda do Norte de Salgueiro, da Fazenda Grande de Cabrobó e da Fazenda da Panela D?água de Belém, também tinham entre si uma relação politico-religiosa com os donos da Fazenda de Santana do Saco,também de propriedade de Brígida de Alencar e que ficou de herança para sua filha Josefa Maria do Carmo e seu genro, o Tenente-coronel Martinho da Costa Agra. Sabe-se que havia severa tributação e mesmo com a comprase venda permaneciam os novos donos sob rigoroso controle dessas terras, ou seja, as terras continuavam sendo da Igreja ou da coroa, chegando a causar descontentamento nos colonos, embora cause também admiração a ação estratégica dos D?ávila no sertão, conforme confere-se nas citações do Portal da Casa da Torre, do jornalista Baleeiro:
A ação vigilante e enérgica; a astúcia, a inteligência, a bravura e a tenacidade, orientadas pela ambição insaciável de Garcia D'Ávila e seus descendentes, reservaram para estes heróis de tantas jornadas, de tantas lutas em vários campos e nas mais diversificadas circunstâncias, o papel histórico que a Casa da Torre tão brilhantemente desempenhara na formação da nacionalidade, no desenvolvimento e de expansão econômica da agricultura, na conquista do sertão e no povoamento do solo. Enquanto um boi andar pelos sertões ocidentais, sonolento ou remoendo, perdurará na memória dos brasileiros, a admiração pela figura inolvidável de Garcia D'Ávila - o fundador da Casa da Torre, cujos destroços, lembram hoje, um velho e majestoso poder, recordando na poesia das paisagens nordestinas - gerações de heróis que souberam fundá-la e melhor defendê-la." (Pedro Calmon, em História da Casa da Torre)
Pesquisando sobre a criação das vilas, dos povoados e municípios do sertão pernambucano, pode-se perceber que o nome de Brígida de Alencar tem grande importância e que sua existência fez história como grande fazendeira, herdeira de grandes fazendas que se tornaram municípios, essencialmente católicos, principalmente as cidades de Cabrobó, Parnamirim, Ouricuri e Exú. Há nomes de ruas e escolas em Cabrobó, homenageando Brígida de Alencar, em Santa Maria da Boa Vista, Parnamirim e Belém do São Francisco. A família Alencar espalhou-se por todos os cantos do Brasil seja por descendência seja pelo costume de adotar a criadagem, muitos deles filhos e netos (dos senhores) com negras e índias. Hoje é possível encontrar representantes dessa família em todos os Estados da nação e acredita-se que a grande maioria dos Alencares existentes no Brasil, descenda de um dos quatro irmãos que aqui chegaram provenientes de Portugal, porém existem pessoas que possuem esse nome, mas não que possuem ascendência Alencar.
O fato da família Alencar não ter Brasão de armas nem em Portugal nem no Brasil não a desmerece nem a torna menos importante, pois possui títulos de nobreza e brasões na Espanha e na Itália, além do que a história do Brasil tem comprovado que seus feitos e a sua grande contribuição na colonização, nas lutas pela independência destacam a família Alencar como patrimônio cultural e sociopolítico do cenário brasileiro, desde suas primeiras povoações, tanto no litoral quanto no interior. O próprio José de Alencar em seu livro "O sertanejo", já fazia alusão ao Rio Brígida, no qual passou de bangüê em 1838, em viagem do Ceará à Bahia. Também em seu romance que narra briga entre famílias sertanejas, onde menciona Ouricuri, Icó, Barbalha, Cabrobó e outras localidades de Ceará e de Pernambuco, cujas propriedades foram de sua tataravó (tetravó), Brígida de Alencar. Ele cita nomes de lugares até hoje ainda existentes; além disso, descreve em seu romance situações em que se misturam a ficção de cunho descritivo da Fazenda Oiticica do capitão-mor Campelo com a realidade do interior, que, por coincidência lembra as tragédias que envolviam as brigas entre os Alencar e os D?Ávila (BA) por perseguição aos índios e por questões de terras, cuja opressão tinha apoio dos governantes cujas famílias de domínio, na época, era das famílias Bezerra e Menezes (CE), Saraiva e Sampaio (PE).
No romance de Alencar, a descrição dos mestiços, dos vaqueiros e do comportamento das criadas, a trajetória das tropas, as festas de vaquejadas, as rezas e procissões, os trajes de couro e a rotina das aventuras dos criadores de gado, além da valentia das bandeiradas dos capitães?mores nas fazendas do sertão, são realidades que compõem o imaginário da presença marcante de viajantes, mas também mostra que o escritor conhecia bem a ação real dos tropeiros, comerciantes e o movimento de escravos e índios atuando no âmbito das fazendas, onde ele costumava passar as suas férias. A própria visão romântica em relação ao índio revela a simpatia de José de Alencar pela etnia que, sem se declarar, insinua admiração e afeição pela luta e beleza nativa da qual sabia ser descendente. Sem perder a tradição, há ainda muitas pessoas da família Alencar cuidando de fazendas de gado, do agronegócio e de empresas, porém, atualmente, eles têm se destacado também na política, na literatura, nos ramos das Artes e Letras, no Direito, na Medicina, na Educação e na prestação de serviços públicos.
Textos antigos atribuem a quebra de relação entre os Alencar Pereira do Rêgo com os Garcia D?Ávila aos desentendimentos políticos que envolviam questões de terra, movimentos nativistas e lutas pela independência. O auge do domínio dos D?Ávila deu-se com a aquisição de sesmarias abandonadas para arrendamento, enquanto a decadência da Casa da Torre, na Bahia ocorreu pelas acusações contra os herdeiros D?Ávila, de enriquecimento ilícito, grande número de processos de combate aos índios e prisões de brasileiros, principalmente dos Alencar, nas lutas contra os portugueses nos movimentos nativistas de independência. Com a morte do último filho da família Garcia D?Ávila, os Carvalhos, da Bahia incorporaram à sua casa, a Torre da Garcia d?Ávila.
Segundo informações colhidas por Marlindo Pires, o último herdeiro da família Garcia d?Ávila Pereira Aragão, falecido em 1805, fez testamento deixando todos os bens "vinculados à Casa da Torre" à sobrinha, filha de sua irmão D. Ana Maria de São José e Aragão, que desposara o primo, capitão-mor José Pires de Carvalho e Albuquerque, em 3 de abril de 1781.
Consta que, na Casa da Torre (1549-1835), viveu uma dinastia de pioneiros e que a família Garcia d?Ávila atravessou longo período de domínio, desde o Governo Geral de Tomé de Sousa, em cuja companhia veio o primeiro D?Ávila e se prolongou até os últimos dias da colônia. Sua significação histórica deriva da influência que a prole mameluca de Garcia d?Ávila conseguiu exercer sobre os destinos da terra, cujos herdeiros se tornaram poderosos sesmeiros, fazendeiros respeitados até pelos destemidos bandeirantes. Os descendentes daquele povoador conquistaram e dominaram os sertões baianos e projetaram-se pelo interior com Domingos Afonso Serrão e Domingos Jorge Velho (bandeirante que matou o Zumbi), até as margens do Parnaiba. O próprio Leonel Pereira de Alencar Rêgo saiu da Bahia em direção ao sertão de Pernambuco, arrendando terras e fazendas para seus filhos naturais e adotivos. Nessa família, duas caboclas aparecem na história como filhas adotivas: Brígida era filha adotiva de um dos Alencar e Theodora Rodrigues da Conceição, filha adotiva de Brígida de Alencar. Embora a cidade do Crato deseje que Bárbara seja do Ceará, são vários os documentos que comprovam que a heroína do Ceará era natural de Pernambuco, de Caiçara em Exú, assim como a cabocla Brígida também era Pernambucana, da região de Cabrobó. Como teve época em que Pernambuco pertencia à Bahia, ora ao Ceará, assim como Alagoas já pertenceu à Pernambuco, as famílias e as cidades por influências políticas também vão mudando de área de domínio, mesmo que não deixem de manter influências.
Assim, cada sítio, fazenda ou pouso de boiada transformou-se em município, um conjunto cidades que hoje compõem as mesorregiões do interior do Estado de Pernambuco, ora pertencendo a um município, ora se desmembrando daquele e sendo anexado a outro, conforme direciona o poder político. A figura central da formação das cidades, neste estudo é a cabobla Brígida de Alencar, da qual pouco se registrou, sendo que, por escrito, somente na Revista Instituto do Ceará que alguns cronistas fazem alusão à existência de Brígida, mais precisamente quando tratam da sua fortuna e do local de nascimento de sua neta Bárbara de Alencar:
" não foi, porém, nessa casa que ella nasceu, como erradamente se vem propalando em escriptos modernos. Nasceu ella no Riacho da Brígida, estado de Pernambuco e o nome que perpetua é o de sua avó adoptiva, a riquissíma cabocla Brígida, filha de índios cariri, da região." (IC - José Carvalho, 1859 ? neto de Bárbara).

Em anotações rasuradas do Primeiro Livro Tombo da Igreja de Cabrobó, existente no museu do sertão da Bahia, consta certidão de batismo de Theodora Rodrigues da Conceição, que era filha adotiva de Brígida de Alencar, mãe da heróina do ceará Bárbara de Alencar. Consta na Revista Institutodo Ceará que Brígida teria doado terrenos para a construção de várias Igrejas do sertão, isto se confirma nas histórias dos municípios do interior de Pernambuco, divulgadas através da wikipédia e outros sites de turismo. Entretanto, alguns historiadores contestam esses registros, pois garantem que Brígida já não mais existia na época da construção dessas Igreja, que ocorreram em torno de 1835 em diante e que, possivelmente, ela tenha doado o terreno da Primeira Capela para uma santa,talvez Senhora Santana, padroeira da freguesia ainda no periodo da aldeia cariri, no século anterior, em torno de 1690, e que, provavelmente, os religiosos tenham transferido a doação por conta própria para outra Santa,a da Ilha da Assunção, Nossa Senhora da Conceição. Outros pesquisadores afirmam que toda a documentação sobre a primeira história de Cabrobó se perdera junto com os incidentes de combates aos aldeamentos pelos bandeirantes, pelas invasões da Ilha da assunção, enchentes que destruiram grande parte da aldeia e o próprio abandono da primeira igreja,em consequência da revolta dos aldeados e caboclos contra os D´Avila. No caso de Parnamirim, considera-se que Brígida de Alencar nunca tenha morado naquela área, mesmo que a gleba onde hoje é a sede da cidade tenha pertencido a ela, a qual deixou de herança para sua filha Josefa do Carmo que entrou para a família Agra, casando-se com o tenente coronel Martinho da Costa Agra.