Educação na Idade Média
Por Leandro da Silva Moraes | 22/01/2010 | HistóriaA educação na idade média diferentemente como muitos pensam era bem divulgada, onde muitos tinham acesso ao meio educacional, inclusive pessoas menos favorecidas. O Concílio de Latrão em 1179, dentre várias atribuições deixa legal e obrigatório à presença de no mínimo uma escola nos domínios eclesiásticos das igrejas, mesmo já havendo forte participação das fundações senhorias no processo de ensino das crianças.
De uma maneira geral, existiam dois sistemas educacionais que se configuravam nos meandros do mundo medieval, dentre eles podemos primeiramente salientar o ensino religioso que tinha dentre muitos objetivos, o de preservar pelos domínios da igreja e fortalecer os laços diplomáticos dessa instituição com outras intuições poderosas, como a cavalaria. Basicamente esse sistema educacional era subdividido em outras formas de ensino como: O Monástico[1], Episcopal[2] e Paroquial[3].
O segundo grande modo de ensino destinava – se com menos ênfase a religiosidade.Tinha um caráter mais técnico e profissionalizante, onde em muitas situações foram fundamentais, como a participação dos ferreiros nas cruzadas. Mas devemos ainda levar em consideração que existiam também focos de escolas laicas para a nobreza, ensinando diversas lições como gramática, retórica e dialética.
Temos também subdivisões desse sistema de ensino como: As escolas Palatinas[4], Senhorias[5], Técnicas[6] e Domésticas[7].
Outra estrutura educacional na idade média que não pode deixar de ser lembrada eram as universidades. Estas instituições de ensino estão submetidas ao papado, por terem sido criadas por ele e por precisarem de sua autorização para seu pleno funcionamento. É uma instituição extremamente influenciada pela Igreja. Os professores, mesmo laicos, como Abelardo, são chamados de clérigos e não podem se casar ou manter relações sexuais. A maior parte dos professores pertencem às ordens Franciscana e Dominicana, dentre os mais célebres se encontra S. Tomás de Aquino. Os alunos, mesmo aqueles que não se destinam ao sacerdócio, também são chamados clérigos, e alguns deles também usam a tonsura. Como o próprio nome já diz, as universidades, incluem um universo de conhecimento, não se restringindo apenas ao ensino da teologia, mas tendo programas complexos que comporta todas as grandes disciplinas cientificas e filosóficas, da gramática à dialética, passando pela música e pela geometria.
Terminarei a explanação com as seguintes reflexões que nos ajudam a tentar compreender a educação de um período que jamais pode ser considerado a idade das trevas. A primeira delas "O mundo letrado é, então, um mundo itinerante"[8] e "(...); a pessoa instrui – se escutando e a palavra era de ouro"[9].
Referências Bibliográficas
Le Goff, Jacques. Os Intelectuais na Idade Média. Jose Olympio: 2003.
PERNAUD, Regine. O Ensino. In Luz sobre a idade média.
Sintra: Europa – América, 1981. Pp. 95 – 106.
[1] Até o século XI antes do surgimento das universidades, as escolas monacais bastante reconhecidas e consideradas as melhores da época, com melhores estrutura e professores. Elas estão localizadas nos mosteiros espalhados pela Europa, longe do rebuliço das novas cidades emergentes. Inicialmente, tinham por finalidade a formação de monges e novos professores clérigos em regime de internato. No entanto, os mosteiros, devido às demandas da época, vão abrindo escolas externas com o propósito da formação de leigos. As escolas monacais receberam muitos leigos filhos de famílias nobres importantes e filhos de grandes comerciantes. Nessas escolas estudaram figuras eminentes do mundo medieval como o rei Luis o piedoso. É nelas que se encontram as grandes bibliotecas, os importantes monges copistas e grandes pensadores da época, que constroem a base do pensamento medieval.
[2] Estas como o próprio nome já diz estão vinculadas a uma diocese ou bispado. São comandadas pelo bispo e assim, como as escolas monásticas, eram considerados grandes centros de ensino. Muitas dessas escolas ligadas a catedrais se transformaram em universidades, como a da catedral de Notre Dame.
[3] São as mais antigas das escolas eclesiásticas, remontando ao século II. A partir daí vão se multiplicando e após o Concilio de Latrão de 1179, se difundem por todos os lugares da Europa, pois este decreta a obrigatoriedade de toda paróquia ter uma escola. Nelas se aprendia as primeiras noções de gramática, aritmética, geometria, música. Visava à aprendizagem da leitura em latim, o ensino dos salmos e noções gerais da religião cristã. Era uma educação voltada para uma formação cristã.
[4] Fundada por Carlos Magno junto a sua corte e no seu próprio palácio, servirá de modelo às outras escolas que irão surgir especialmente na França. Ensinava-se gramática, retórica e dialética (esta última se desenvolvendo mais tarde, na filosofia).
[5]
Eram mantidas por senhores feudais nas vilas que pertenciam ao seu feudo para
ensinar as crianças do lugarejo. Havia ainda, as Particulares: na qual os
habitantes de uma cidade associavam-se para sustentar um professor para ensinar
seus filhos. Eram os patrões deste e podiam demiti-lo quando achassem que ele
não estava cumprindo seu dever.
[6] As crianças recebiam uma formação relacionada, via de regra, com a profissão paterna. As preocupações educacionais visavam de modo especial na futura atividade profissional do educado. Os pais decidiam o futuro caminho a ser trilhado pelos filhos. Aos filhos mais velhos cabia seguir e, futuramente, suceder ao pai na sua profissão. Assim acontecia com o filho do artesão, do homem da leí, do comerciante, do tabelião, etc.
[7] Abarcava homens e mulheres, no entanto era mais voltada para a educação das moças. Esta visava, em principio, ao matrimônio. No recinto do lar apreendiam o que lhes seria futuramente indispensável para dirigir uma casa. Aprendiam sobre religião, a ler e escrever. As moças destinadas à vida na igreja, educadas em conventos femininos (educação eclesiástica) possuíam uma educação mais ampla no campo literário e filosófico. Elas aprendiam as ler, escrever, a bordar, a cantar, mas também estudavam gramática, grego, teologia, medicina e cirurgia. Além disso, liam histórias, tocavam instrumentos e jogavam xadrez.
[8] PERNAUD, Regine. O Ensino. In Luz sobre a idade média. Sintra: Europa – América, 1981. P – 100.
[9] PERNAUD, Regine. O Ensino. In Luz sobre a idade média. Sintra: Europa – América, 1981. P – 105.