DO CORAÇÃO HUMANO JORRA O BEM OU O MAL

Reflexão DO Evangelho de Marcos 7,1-8.14-15.21-23

PROFESSOR MESTRE CIRO JOSÉ TOALDO – [email protected]

 

Este Evangelho de Marcos nos mostra palavras duras de Jesus, pois Ele nos adverte que na relação com Deus não pode existir falso moralismo ou apenas seguir um rigorismo de normas achando que isso salva seus seguidores. As normas que as igrejas seguem precisam apenas ajudar um cristão a viver santamente desfrutando ao máximo da graça e santidade que Jesus oferece, entretanto, não é a pura observância destas normas que vão levar alguém a fazer a experiência de Deus em sua vida.

A grande questão é que tantas regras e normas, muitas delas inventadas por lideranças religiosas acabam tirando do cristão o que é essencial: a relação mais próxima com Deus. Precisamos ter muito cuidado quando recebemos “pregações” do tipo que as devemos fugir das coisas do mundo e só buscar as coisas de Deus; cuidado, pois viver só dentro da igreja é algo perigoso e que deixa a pessoa “alienada” (manipulada). Jesus nesse Evangelho de Marcos apresenta uma grande novidade: ninguém vai ser salvo pela quantidade de vezes que foi em uma igreja ou pelo mero cumprimento da lei. Jesus afirma que o mais importante é aquilo que carregamos dentro de nosso coração.

Como é triste ver em muitas comunidades (em muitas igrejas) pessoas que se consideram julgam justas e Santas e passam a cobrar conversão dos outros, mas essas mesmas pessoas na rua, na família, no trabalho e na sociedade não vivenciam sua fé e, pior que isso - carrega mágoa em seu coração.  

Jesus nesse Evangelho de Marcos é muito duro com os seus discípulos, pois ele dá um basta a toda essa hipocrisia e coloca uma relação nova com o Pai, não mais a partir da conduta e aparência exterior, mas do coração humano de onde jorra o bem ou o mal, uma vez que do coração humano provém às ações humanas que podem contaminar com o mal ou com o Bem a vida de outras pessoas. A partir dessa verdade, ninguém pode ser julgado, uma vez que só Deus tem acesso ao coração humano, onde o seu amor de Pai, manifestado em Jesus, transborda o coração dos que nele crêem, fazendo-o irradiar esse amor por onde andam, pautando todas as suas decisões e atitudes, como afirma o apóstolo Paulo “o amor deve ser a plenitude da lei.”

De nada vale saber lavar corretamente jarras e copos, tomar banho ao chegar da praça, como os fariseus? De que nada vale não freqüentar certos ambientes ou casas, evitar a companhia de certas pessoas, não ler certas revistas, não assistir certos filmes, mas ter o coração cheio de mágoa, rancor, amargura e ódio? E mais ainda, destilar o veneno da intriga, da discórdia, da desconfiança, provocar ou sentir inveja, ciúmes?

O ensinamento de Jesus é esse: toda e qualquer preocupação com ações exteriores, só é edificante se o coração estiver convertido, caso contrário, ressoará em nossos ouvidos a severa advertência do Senhor, com relação ao Farisaísmo desde século “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim”.