Como Desenvolver Crianças com Atraso Cognitivo
Por Claudia Marques | 12/03/2011 | EducaçãoOs alunos com atraso cognitivo, de acordo com uma dissertação de mestrado publicada pela USP em janeiro de 2011, manifestam uma série de dificuldades a nível de personalidade, e a nível acadêmico, na área da leitura e da escrita e a área de matemáticas de forma específica. Estas dificuldades podem ser superadas paulatinamente se o jovem aluno for submetido a estimulação contínua pelo que o trabalho em casa passa a ser tão importante como o que o realizado na escola. Quando os pais recebem a notícia de que seu filho ou filha apresenta atraso no desenvolvimento cognitivo, começam a propor-se perguntas como "chegará a ser normal algum dia?", ou "que profissionais podem ajudar dentro da escola em que meu filho está matriculado?" O caso é que algo que têm claro é que não é atraso mental e que seu filho evolui na medida em que se estimule. Mas, como estimulá-lo? A seguir, podemos oferecer um panorama de algumas das atividades a nível acadêmico que demonstraram ser de grande utilidade para a intervenção neste transtorno, de acordo com um estudo de caso constante na monografia de dissertação supracitada. Atividades para melhorar a leitura-escrita Antes de ler: Fale com seu filho sobre a leitura que vai realizar; desta forma, estará preparando-lhe inconscientemente para antecipar-se ao vocabulário que aparecerá na mesma. Sublinhe aquelas palavras que podem ser mais complicadas e extraia-as da leitura: pode ser interessante que as escrevas em cartolinas grandes, que divida as palavras nas letras ou silabas que as formam e peça ao seu filho que as forme. Coloque um ponto de cor a cada duas palavras para que seu filho dirija a visão para ele: com isso conseguirá que pouco a pouco ele melhore sua leitura. Enquanto lê: Anote as palavras com as quais seu filho tem dificuldades: pode ser útil levar um registro destas palavras para utilizá-las depois da leitura. Se for inventada alguma palavra, mas mantém seu significado, não o corrija. Por exemplo, se diz "adiantando" em vez de "adiantado" e faz sentido na leitura, permite-lhe equivocar-se de vez em quando. Desta forma, estás animando o jovem a ler de forma global e ajudará a que acelere sua capacidade leitora. Grave-o com o celular e depois peça-lhe que siga a leitura enquanto se escuta, marcando os erros no texto escrito. Depois da leitura: Anime-o a jogar algum jogo de palavras como o enforcado para reforçar a escrita das palavras nas quais se equivocou. Utilize jogos como Cute Cartoon Creator para que escrevam as palavras e comprovem se o desenho animado que as diz o faz corretamente. Se não é assim, perceberão que a palavra está escrita de forma incorreta e entenderão a importância de mudá-la. Coloque letras magnéticas na geladeira junto a uma lista de 5 "palavras novas" para que cada vez que passe pela cozinha forme uma das palavras. Atividades para melhorar a resolução de problemas. Ofereça-lhe os dedos de um ou vários bonecos para que realize os cálculos. Normalmente animamos a estes indivíduos a desenhar figuras para contar, no entanto, eles costumam preferir utilizar os dedos para isso. Se este é o caso de seu filho, resolva o problema acompanhando suas tarefas matemáticas de bonecos com mãos e dedos que possa utilizar para contar. Antes de pedir-lhe que some mais rápido, assegure-se de que se sabe de cor todas as formas de conseguir um dez somando dois números menores que o nove. Isto quer dizer, 1+9, 2+8, 3+7, 4+6, 5+5. Assim será mais fácil que some 28 +22, ou 599 + 111. Represente sempre que possível a informação que apresenta o problema de forma concreta: isto significa que se o problema fala de laranjas, utilize laranjas e se fala de litros, já sabe, vale uma excursão à geladeira. Em vez de corrigi-lo quando sabes que se equivoca, permita-lhe fazer o problema como ele ou ela queira, e depois, peça-lhe que avalie se o resultado é lógico. Por exemplo se o problema fala de compartilhar, isto é, dividir, e seu filho se empenha em somar, represente com bonecos a situação e demonstre-lhe que está equivocado. Ainda que é verdadeiro que estes jovens também possuem uma personalidade peculiar, costumam comportar-se de forma mais tolerante frente às atividades de estudo, se tratamos de adaptar o meio a sua forma de aprender, e não ao contrário da mesma. Em qualquer caso, o trabalho com um menino ou menina com Atraso de amadurecimento cognitivo, tanto em casa como na sala de aula, requer encher-se de paciência e levar um registro dos processos que funcionam, para comunicar-se a qualquer pessoa que vá sentar com o jovem a trabalhar. Desta forma, conseguiremos mais resultados.