COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA ‘‘GRANDE SERTÃO : ‘VEREDAS’’

         Grande sertão: veredas é uma das mais importantes da nossa literatura brasileira, esta obra de Guimarães Rosa tem uma linguagem que é muito elogiada pela originalidade de estilo presente no relato de um ex-jagunço, chamado Ribaldo, a referência feita ao ex-jagunço relembra um amor sufocado por Diadorim, lutas e apreensões. Considerado uma das obras mais significativas obras da literatura brasileira, o autor Guimarães Rosa uniu vários elementos nesse romance, elementos que envolvem uma temática regionalista e um experimentalismo linguístico, esses elementos deram origem a uma obra inovadora e única.   

         O narrador é em primeira pessoa. Ribaldo, narra a primeira parte da obra, as inquietações sobre a vida e a desconexão entre  fatos  relatados versam sobre uma vida que está cheia de  aflição. Questões filosóficas ocidentais  revelam a origem do homem, deus e o diabo, bem e o mal, mas Ribaldo não consegue organizar suas ideais e declarar satisfatoriamente, isso gera um relato confuso e desordenado. A narrativa propriamente dita de Ribaldo se dá  inicialmente quando aparece Quelemén de Góis. Ribaldo começa a lembrar seu passado e conta sobre sua mãe e como conhecera o menino Reinaldo, que se declarava ser ‘‘diferente’’. Depois da morte de sua mãe ,Ribaldo vai morar na fazenda São Gregório  de seu padrinho e lá ele conhece Joca Ramiro,este homem era um grande chefe dos jagunços. O padrinho coloca-o para estudar ,Ribaldo começa a ensinar para Zé Bebelo, que queria finalizar com a atuação dos jagunços na região, então ele convida Riobaldo para fazer parte de seu bando, ele aceita. Então começa a primeira guerra narrada em ‘‘Grande  sertão :veredas’’.

         Diadorim é uma personagem considerada núcleo do romance ,é tida como macho durante toda a narrativa, o narrador no final das paginas revela que depois da morte ,quando o corpo é despido ,descobre-se que se tratava de uma mulher. A questão do homossexualismo é abordada na obra ,Riobaldo e Reinaldo/Diadorim, se conhecem em uma travessia do rio São Francisco, quando jovens. Nessa época ela estava disfarçada de menino e dizia se chamar Reinaldo, nome secreto em meio a jaguçagem , Rionaldo apaixona-se  profundamente por Diadorim, isso provoca no mesmo, sentimentos de repressão e contraditórios, já que uma relação homossexual era uma relação impossível de ser aceita no meio jagunço.Joca Ramiro é um guerreiro e lidera a  primeira guerra narrada no romance e o sua partida origina a segunda guerra. Zé Bebelo é um personagem intrigante, ambicioso politicamente, dono de uma verborrágica oratória é orgulhoso e se gaba por nunca ter sido comandado por ninguém. Riobaldo tem um apreço por Zé Bebelo e com ele tem uma relação diferenciada. Hermógenes era o ‘‘demo’’ ,é o personagem mais odiado pelo narrador ,Riobaldo revela seu ódio por ele. Ricardão tinha interesse financeiro, era rico e guerreava para depois poder enriquecer em paz.

         Com relação ao tempo, pode ocorrer uma dificuldade nessa obra,porque o romance não se divide em capítulos ,a narrativa é em primeira pessoa e  é permitido digressões do narrador,  assim percebe-se uma alternância no tempo da narrativa a ‘‘bel-prazer’’ do mesmo. Porém, podemos dividir a obra para facilitar a leitura, alguns fatos: 1ª parte: introdução dos principais temas do romance: o sertão; o povo; Deus e o Diabo; o sistema jagunço e Diadorim. 2ª parte: Riobaldo e Diadorim, tentam vingar a morte de Joça Ramiro (segunda guerra). 3ª parte: a narrativa retorna à juventude de Riobaldo. 4ª parte: conflito entre Riobaldo e Zé Bebelo. 5ª parte: Riobaldo retoma o fio da narração do início.Com relação ao espaço, o geral é o sertão,o autor torna o enredo uma espécie de labirinto ,como uma metáfora da vida, ultrapassar esse labirinto ,por analogia ,pode ser interpretada como a ultrapassagem da existência humana.Os espaços importantes são: Chapadão do urucúia ,fazenda dos tucanos ,liso do sussuarão, local da narração ,paredão e veredas mortas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ROSA, J.G. Grande sertão: veredas. São Paulo: Nova Aguilar, 1994.