Como assertiva nuclear, pode-se aceitar a exigência, segundo a qual, a comunidade deve estar preparada para exercer livre e responsavelmente os cargos inerentes à governação da cidade, vila, freguesia ou bairro, na perspectiva educativa, de tal forma que os cidadãos possam sentir o desejo permanente, e terem a disponibilidade necessária, para a participação competente, democrática e responsável na vida ativa da comunidade.

«A reflexão sobre os grandes problemas que afetam o nosso planeta deve contribuir para consciencializar os jovens dos desafios que se colocam ao mundo de hoje, para construir uma sociedade mais justa e promover o desenvolvimento humano sustentável (Unesco, 2005). Neste sentido, é preciso fomentar a adesão aos princípios do desenvolvimento sustentável e aprofundar a compreensão dos conceitos com eles relacionados. Os temas e problemas propostos pretendem contribuir ativamente para a compreensão do processo de desenvolvimento sustentável através da abordagem de aspectos dos três pilares

O desenvolvimento integral do indivíduo, além de o preparar para o mundo do trabalho, implica também apostar no desenvolvimento da personalidade, da criatividade, da responsabilidade e da sensibilidade no contexto das várias comunidades de pertença (família, escola, região, país, Europa, mundo).

 A cidadania é mais do que um estatuto e, portanto, não chega conhecer os direitos e deveres para promover o bem comum e melhorar a vida em comunidade. O desenvolvimento integral do indivíduo implica aprender a ser e a agir em conformidade, daí a importância de trabalhar as atitudes, os valores e as representações. Nesta disciplina, os valores e atitudes exigem uma atenção sistemática e uma didática inventiva uma vez

A grande finalidade de uma disciplina com esta designação, no contexto da educação e formação para o mundo do trabalho, será de habilitar os jovens para viver e agir como cidadãos responsáveis e livres numa sociedade democrática, o que inclui a sua integração no mundo do trabalho. Esta finalidade implica conhecimentos e competências nos domínios da responsabilidade social e moral, da participação na vida da comunidade e da literacia política, jurídica, económica, ambiental, social e cultural.» (DGFV, 2006: 2-3)

 «Com o aumento exponencial do desemprego verificado atualmente no nosso país, temos de ter uma preocupação ainda maior de formar os nossos jovens de modo a que consigam lidar com este panorama e fazer face aos desafios que os esperam no mundo do trabalho.

A velha ideia de que poderá existir um único emprego ou profissão para toda a vida, tal como acontecia há não muito pouco tempo, já não faz mais sentido nos tempos que correm. O sentido de carreira linear e progressiva numa determinada profissão anteriormente existente na maioria dos casos, tem de ser abandonada pelos nossos jovens e compreendida pelos seus pais/ família, com o risco de se aumentarem as consequências e impacto negativos.

Antes de mais, devemos ter consciência destas situações e por outro lado, procurar construir não só um projecto de vida, mas preparar-nos para a sua redefinição constante e por outro, procurar alargar, sempre que possível, o nosso leque de competências pessoais, sociais e profissionais. “A sociedade mudou e hoje, no limiar da sociedade da informação, a segurança faz-se sobretudo de competências múltiplas, isto é, o emprego não está à espera de ninguém - ele constrói-se por cada qual numa abordagem contingencial ao mercado.» (Moura, 1996, Revista Dirigir). Assim, devemos investir numa formação que se adeque às exigências dos possíveis empregadores, com uma estreita colaboração na definição de perfis profissionais atuais e futuros.

E quais serão as exigências atuais do mundo do trabalho? Nos tempos que correm e em termos globais, a maioria das empresas valoriza um conjunto de competências que vão para além das competências técnicas, mas essencialmente ao nível pessoal e social. Portanto, há que evoluir ao nível também pessoal, valorizando:

a) O desenvolvimento de um pensamento flexível; b) O contacto com todas as oportunidades de atividades profissionais ou lúdicas/ tempos livres; c) A alteração de funções como uma oportunidade, ao invés de uma ameaça; d) O desenvolvimento das diferentes áreas da inteligência (emocional, cognitiva, …); d) As oportunidades de formação que correspondem aos interesses e projetos vocacionais; e) A preparação para a transição de atividade profissional; f) O desenvolvimento da autonomia, capacidade de iniciativa, facilidade relacional e comunicativa, capacidade de resolução de problemas, capacidade de trabalho em equipa, criatividade.

Finalmente, cada vez mais caminha-se para a polivalência dos trabalhadores e a necessária humildade na aprendizagem de novas competências, exigências atuais que permitem aos indivíduos que as possuem, vingar mais facilmente no mercado de trabalho.” (GUEDES, 2008: Psicologia.com.pt)

A cidadania é algo que compete a todos. A cidadania, em Direito, é a condição da pessoa natural que, como membro de um Estado, encontra-se no gozo dos direitos que lhe permitem participar da vida política.

Todas as pessoas vivem em conjunto umas com as outras, isto é, nós não vivemos sozinhos, vivemos em comunidade. Para que as pessoas se consigam entender e para que não existam conflitos entre elas, é necessário que todos cumpram um conjunto de regras. Estas regras vão permitir que todos possam viver da melhor forma e com o maior entendimento entre todos.

A Cidadania é, então, percebermos bem quais são os nossos direitos e os nossos deveres para com os outros e dessa forma, sabermos viver em sociedade. A Cidadania é termos responsabilidade perante aquilo que fazemos; é sermos solidários para com os outros, isto é, procurar ajudar sempre quem precisa de nós. Ser cidadão significa estar atento a todas as decisões que são tomadas e que influenciam a nossa vida. Ser cidadão é chamar a atenção sempre que acontecer alguma injustiça, sempre que algo estiver mal. No fundo, ser cidadão é participar na construção de um futuro que é comum a todos.

Os nossos direitos

Se conhecermos bem os nossos direitos e também os nossos deveres, seremos mais e melhores cidadãos e não teremos medo da autoridade sempre que esta não tiver razão. No fundo, com a Cidadania vamos perceber que a nossa liberdade termina onde começa a dos outros e que o conjunto dessas liberdades individuais é que é a verdadeira base da vida democrática.

Com a Cidadania percebemos como é bom viver em comunidade se todas as pessoas se respeitarem. Os direitos humanos são interdependentes e indivisíveis; englobam inúmeras facetas da existência humana incluindo questões sociais, políticas e económicas. Entre eles estão:

  1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
  2. Todos os cidadãos gozam dos direitos e estão sujeitos aos deveres consignados na Constituição.
  3. Todas as pessoas devem ter o direito de formar a sua própria opinião e de exprimi-la individualmente ou em assembleias pacíficas. As sociedades livres criam um "mercado de ideias" em que as pessoas trocam opiniões sobre qualquer assunto.
  4. Todas as pessoas devem ter o direito de participar no governo. Devem ser criadas leis que protejam os direitos humanos enquanto os sistemas judiciários as devem aplicar igualmente a toda a população.
  5. Em países com diversidade étnica, as minorias religiosas e étnicas devem ser livres para usar a sua língua e manter as suas tradições, sem receio de recriminação por parte da maioria da população. Os governos devem reconhecer os direitos das minorias, respeitando ao mesmo tempo a vontade da maioria.
  6. Todas as pessoas devem ter a oportunidade de trabalhar, ganhar a vida e sustentar a sua família.

Valores Cívicos são:

Os valores cívicos são um conjunto de características, comportamentos necessários para que exista uma cidadania responsável, para que as pessoas participem realmente na comunidade em que vivem.

Estes valores baseiam-se no princípio de que, para que haja um entendimento entre todos os cidadãos é muito importante que estes respeitem os direitos e o bem-estar de todas as pessoas.

Estes valores podem ser:

Coragem: Ter coragem significa ter força para defendermos as nossas ideias e criticarmos o que consideramos estar errado.  Sem coragem cívica, o cidadão pode ser mais influenciado pelos líderes de opinião (partidos políticos, por exemplo), pela comunicação social e pelas pessoas que têm um maior poder na nossa sociedade.

Tolerância: É a capacidade de aceitar posições e pontos de vista diferentes dos nossos, desde que sejam baseadas no respeito pela dignidade humana. Isto significa que devemos sempre respeitar as opiniões dos outros, desde que estas respeitem os direitos de todas as pessoas.

Patriotismo: Ser patriota significa respeitar os princípios e os valores defendidos pelo nosso país. O patriotismo é uma virtude fundamental de qualquer democracia e que recusa atitudes de discriminação em relação a outras nações.

Compromisso: A Democracia diz-nos que devemos colocar os interesses da comunidade em primeiro lugar. Assim, a Cidadania deve preparar o cidadão para estabelecer compromissos com as outras pessoas, isto é, para entrar em acordo com os outros, de forma a que todos se sintam satisfeitos.

Legalidade: A legalidade significa que é a lei que regula o nosso comportamento, isto é, é através de regras e normas que sabemos aquilo que é ou não correcto fazer. Enquanto cidadãos devemos respeitar essas leis, mesmo quando não concordamos totalmente com elas, mas também devemos tentar mudar as leis que consideramos injustas ou inadequadas.

Solidariedade: A solidariedade significa preocuparmo-nos com o bem-estar dos outros, ajudarmos os outros sempre que necessitem. Sem solidariedade não conseguimos enfrentar os grandes problemas da nossa sociedade, especialmente aqueles que se relacionam com os grupos mais desfavorecidos (como a pobreza, por exemplo).

Participação. Sermos participativos significa dar atenção aos assuntos de interesse público, isto é, a todos os assuntos que afetam a sociedade em que vivemos.

Abertura. A abertura em Democracia é um dos princípios fundamentais e significa ter a capacidade de aceitar opiniões diferentes das nossas.

Transparência. Ser transparente é ser sempre verdadeiro e sincero nas suas ações. Através da transparência ou honestidade é possível que as decisões que são tomadas em democracia sejam sempre feitas baseadas na sinceridade e não por interesses escondidos que podem por em causa a vida em comunidade.

Pluralismo. O pluralismo significa o respeito pela existência de ideias diferentes das nossas. Numa sociedade democrática a partilha de ideias diferentes é muito importante.

Civilidade. A vida em comunidade exige que as pessoas se comportem de forma a respeitarem sempre os direitos dos outros. Viver de forma civilizada significa, por exemplo,  tentar resolver os problemas através do diálogo com os outros e não através da força e da ameaça; defender o nosso país e respeitar aquilo que pertence aos outros.

Conclusão:

“A cidadania é responsabilidade perante nós e perante os outros, consciência de deveres e de direitos, impulso para a solidariedade e para a participação, é sentido de comunidade e de partilha, é insatisfação perante o que é injusto ou o que está mal, é vontade de aperfeiçoar, de servir, é espírito de inovação, de audácia, de risco, é pensamento que age e acção que se pensa.” (Jorge Sampaio, in Educar para a Cidadania, Maria de Lourdes L. Paixão, Lisboa.

Bibliografia

DGVP - DIRECÇÃO-GERAL DE VOCAÇÃO PROFISSIONAL, (2006). Componente de Formação Sócio Cultural. Disciplinas de Cidadania e Mundo Actual e Cidadania e Sociedade. Lisboa: Ministério da Educação

GUEDES, Sara Maria Pereira, (2008). As novas Competências de Empregabilidade. Porto: Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto.

PAIXÃO, Maria de Lourdes Ludovice, (2000). Educar para a Cidadania. Lisboa Editora, S. A., Lisboa

 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

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