Chuá, chuá...

Sou dessas pessoas que passam horas ouvindo as flores, o vento e a noite soturna. Fico horas sem fim ouvindo estrela. Elas me divertem. Iluminam meus pensamentos mais distantes.
Mas naquela noite, no entanto, queria tão somente ouvir sua voz... cálida e meiga, sorrateira e melodiosa voz... que no telhado insistia:
? Chuá, chuá... chuá!
A noite escura lá fora, os campos e as matas, os bichos banhados pela escuridão; o regato caudaloso a receber suas gotas e ela a enamorar meu telhado:
? Chuá, chuá...
As horas passaram, trouxeram consigo um frio birrento e preguiçoso. Ele me abraçou forte, fugi de seu potente abraço, me encolhi entre lençóis e cobertores, e no telhado insistente ela continuava: ? Chuá, chuá...
Assim adormeci, ouvindo aquele lindo cantar que acompanhado da brisa mansa, no telhado fazia: "Chuá, chuá..."