AUTOESTIMA E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Por Marielle da Silva Cardoso | 05/10/2012 | Educação

AUTO-ESTIMA E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 

A auto - estima é um dos fatores de ordem interna que motivam o adulto para a aprendizagem, juntamente com satisfação e qualidade de vida, quem tem boa auto - estima gosta e confia em si mesmo e sente capaz de enfrentar a vida com mais confiança e otimismo bem como mais criativo em tudo o que faz e sente prazer diante de suas realizações.

Brandão define a auto - estima como:

Auto-estima é a confiança na capacidade de pensar, na habilidade de se dar conta dos desafios básicos da vida e no direito de vencer e ser feliz, nas suas aspirações, nos seus sonhos, que influenciados pela motivação e um auto conceito positivo fazem com que a criança melhore sua capacidade de aprendizagem devendo ter como primordial estar integrada aos currículos escolares tornando o aluno um ser pensante e criativo que nutra o desenvolvimento de sua auto-estima. (Brandão, 1991, p.56)

Todos independente de raça, religião, buscam satisfazer suas vontades em todos os sentidos, influenciados pela capacidade de aprendizagem aumentando a auto- estima, através das realizações alcançadas.

O sentimento de valor que acompanha essa percepção que temos de nós próprios se constitui na nossa autoestima. Ou seja, ela é a resposta no plano afetivo de um processo originado no plano cognitivo. É a avaliação daquilo que sabemos a nosso respeito: gosto de ser assim ou não?    MOYSÉS, 2007, p. 18

Assim a auto-estima é vista como um dos fatores que motivam os alunos adultos a continuarem na escola, é através dela que o aluno busca a interação no meio social. Quem tem auto-estima confia em si mesmo, deste modo o professor deve motivar os alunos a confiarem mais no seu próprio potencial, juntamente com a satisfação de estar aprendendo algo novo, pois proporciona a este aluno adulto uma troca de experiência e acesso a outras culturas e informações.

 

Todas as pessoas almejam algo de bom. Provavelmente o sentido da felicidade, por ela ser subjetiva, seja particular e única para cada ser humano. Muitos fatores podem ser considerados como pilares para que alguém seja feliz, deve haver uma certa unanimidade em temas como saúde, escola, realização profissional, experiências afetivas e positivas. Uma das condições para se conseguir o bem-estar satisfatório consegue e com os outros é a autoestima.  KROTH, 2009, p.2

A auto estima é a base para todas as situações da vida e relacionamento. Quem se sente amado, protegido e motivado tem uma auto estima mais elevada além de ter mais capacidade, habilidades e confiança em si mesmo.

 

 Efeitos da auto-estima e da baixa auto-estima

 

Tratar a auto-estima dos alunos da Educação de Jovens e Adultos torna-se uma necessidade no âmbito escolar, pois muitos destes alunos possuem baixa auto-estima por diversos fatores. Estes se sentem discriminados na sociedade por não terem tido a oportunidade de estudarem na idade certa, além de muitos não conseguirem entrar no mercado de trabalho, pois não sabem ler nem escrever, com tudo isso os alunos possuem característica de pessoas desmotivadas e consequentemente com baixa auto - estima. De acordo com Brandão (1991) ‘’baixa auto-estima é a nossa incapacidade "momentânea" de não acreditarmos em nós mesmos. Nessa situação, nos achamos incapazes de realizar o que queremos que somos inferiores aos outros.’’ A baixa auto estima precisa ser trabalhada de maneira diferenciada agregando valores significativos que possa favorecer em bom desenvolvimento dos alunos da Educação de Jovens e Adultos. O professor deve trabalhar de maneira que os alunos se interagem mais com as aulas, aumentando confiança em si.

Muitos adultos são taxados como incapazes de aprender devido à idade. Por isso, todo investimento em seu desenvolvimento é considerado desperdício. Situações de exclusão, como a falta de oportunidades o insucesso escolar, por exemplo, reforçam, quase sempre, a baixa autoestima do aluno, que volta à escola fragilizado, inseguro e sentindo-se incapaz de aprender.        

Segundo Libâneo (1990), “todo esforço está em estabelecer um clima favorável a uma mudança dentro do indivíduo, isto é, a uma adequação pessoal às solicitações do ambiente.” Assim o professor deve saber criar um clima favorável que estimule seus alunos a pesquisar e questionar. A sala de aula deve ser um lugar democrático, além do professor saber trabalhar de maneira satisfatória aumentando a auto-estima dos alunos.                                                                         

Brandão (1991) afirma que ter auto-estima é confiar em sim mesmo, ter respeito, ser seguro e feliz. Assim estes conceitos de auto confiança não são todos aplicados nos alunos da EJA, no qual muitos deles se sentem desmotivados pela própria sociedade que não acredita na sua capacidade cognitiva contribuindo assim para a baixa auto- estima. Contudo cabe ao professor da EJA mudar esta situação tentando buscar meios de fazê-los acreditar em sim mesmo.

 

Relação entre auto-estima e aprendizagem

 

 A aprendizagem é um processo contínuo de aquisição de conteúdos no decorrer do tempo, e pode se dar à partir da linguagem oral, articulada, no qual tem como finalidade transmitir conhecimento.

A aprendizagem é fenômeno do dia-a-dia que ocorre desde o início da vida. A aprendizagem é um processo fundamental, pois todo indivíduo aprende e, por meio deste aprendizado, desenvolve comportamentos que possibilitam viver. Todas as atividades e realizações humanas exibem os resultados da aprendizagem. PORTO, 2009, P.4

O vinculo afetivo entre professor e aluno possibilita diversas trocas entre o ensinar e o aprender, no qual os dois estão dentro da sala aprendendo e trocando informações. Assim podemos analisar que despertar a afetividade do aluno é a chave do sucesso para o processo ensino e aprendizagem, pois esta interação desenvolve habilidades fortalecendo auto conceito e tornando o aluno mais confiante para realizar as tarefas e alcançar o resultado com sucesso. 

São três as condições fundamentais à aprendizagem: ter empatia; aceita incondicionalmente o aluno; ser autêntico. A empatia permite que o educador compreenda os sentimentos do aluno e lhe comunique que ele está sendo compreendido. A aceitação positiva e incondicional consiste em aceitar os alunos como eles são sem julgá-los; a afeição do professor por seus alunos deve ser incondicional, o professor deve aceitar os alunos sem reservas. Ser autêntico, honesto ou congruente significa ‘ser-o-que-se- é’, a pessoa congruente se aceita e se compreende. Se o professor oferecer essas três condições, então, os alunos serão livres para aprender. Rogers, 1977 apud OLIVEIRA Edmila, 2010

Assim na concepção de Rogers a aprendizagem ocorre quando o professor aceita seu aluno, na sua subjetividade. Por isso é muito importante a auto-estima entrar no contexto escolar na educação de jovens e adultos, pois motivar o aluno é tarefa do professor, no qual o aluno motivado e confiante a aprendizagem se torna mais significativa. Logo a tarefa do professor é mostrar para seus alunos que todos são capazes de desenvolver as atividades, estimulando o raciocínio dos alunos. Um professor deve ser motivador para proporcionar uma educação de qualidade onde os alunos consigam interagir com o mundo e modificá-lo no que for necessário de acordo com suas concepções e sua interação com o meio.

 É de extrema relevância para a aprendizagem uma auto-estima elevada ,pois através desta faz com que o indivíduo se valorize, descubra a sua importância no mundo. Assim, o indivíduo tem uma mente livre para adquirir conhecimentos, o seu desejo pelas descobertas é mais aguçado, pois a pessoa está bem consigo mesma para enfrentar seus problemas e satisfazer seus interesses. Quanto maior a auto-estima, maior é a sua criatividade.

 

Referências Bibliograficas

 

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Auto-estima na escola: vivências e reflexões com educadores. São Paulo: Brasiliense, 7º edição, 1991.

KROTH, Lídia Maria. Repetência e autoestima. São Paulo: nov. 2009. Disponível em: www.abpp.com.br. Acesso dia 25/04/2011.

LIBÂNEO, José Carlos. A democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos. 19ª ed. São Paulo: Loyola,1990.

MOYSÉS, Lucia. A autoestima se constrói passo a passo. São Paulo: Papirus, 2007.

OLIVEIRA, Edmila. A contribuição da Afetividade na aprendizagem de Jovens e Adultos, Publicado 25/12/2010. Disponível em: www.webartigos.com, Acessado dia 19/09/2011.

 PORTO, Olívia. Psicopedagogia institucional. Rio de Janeiro: Wak, 2009.