Artigo: O devastador terremoto seguido de um tsunami no Japão

Roberto Ramalho é jornalista e estudioso de Geografia e História

O mundo vem acompanhando as imagens da tragédia do terremoto seguido do tsunami que arrasou inúmeras cidades japonesas como a de Sendai que teve metade de seus habitantes mortos e o perigo nuclear no com as explosões em vários reatores da Usina Nuclear de Fukushima, cambaleando ainda mais sua economia que se encontra em recessão, inclusive perdendo para a China o título de segundo maior PIB do planeta.

O país do extremo Oriente é conhecido por sua história de superação a inúmeras tragédias que já se abateram sobre o país do sol nascente, inclusive o que ocorreu na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) com a explosão das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, resultando no êxodo de milhares de seus habitantes que acabaram vindo ao Brasil formando comunidades nipônicas fortes.

Da terra das tradições milenares à Meca das inovações tecnológicas, construindo e fabricando de tudo, desde simples brinquedos até carros, passando por DVDS, televisores, telefones celulares, computadores, notebooks, IPAD, etc, assim como criando modismos para jovens, se constituindo no lar de gigantes dos games e de ramos estratégicos da indústria do entretenimento.

Segundo a afirmação de analistas econômicos de vários países, o devastador terremoto seguido de tsunami que abalou o Japão e a intensificação da consequente crise nuclear no país podem resultar em uma perda de até US$ 200 bilhões para a terceira maior economia do mundo.

Entretanto, o impacto global ainda continua incerto poucos dias após o enorme tsunami que atingiu a costa nordeste japonesa. Enquanto as autoridades locais procuram evitar uma catástrofe nuclear em uma usina nuclear a 240 km de Tóquio, economistas contabilizam os danos do terremoto na construção, na produção econômica e no consumo.

Os analistas econômicos insistem em afirmar que o desastre deve causar um grande prejuízo à produção japonesa nos próximos meses, mas economistas alertam que pode haver uma desaceleração mais profunda se a escassez de energia for prolongada, atrasando ou até interrompendo a recuperação em forma de "V" que seguiu o terremoto de Kobe, em 1995.

A maioria desses analistas acredita que o impacto econômico direto será da ordem de US$ 250 bilhões a US$ 300 bilhões), resultando em uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre. Porém, como grande alento, o investimento na reconstrução do país deve gerar uma forte retomada no segundo semestre de 2011, gerando empregos diretos e indiretos e a aplicação de grandes recursos financeiros, inclusive vindos de outros países.

De acordo com a afirmação de economistas do JP Morgan o custo econômico do desastre será grande. Segundo eles, houve perdas substanciais de recursos econômicos, e a atividade econômica será impedida por danos em infraestrutura (como escassez de energia) nas próximas semanas ou nos próximos meses. A bolsa de valores do Japão teve a pior série de dois dias desde a crise de 1987 na segunda e na terça-feira, perdendo US$ 626 bilhões, antes de recuperarem 5,7% na quarta-feira (16), com fundos de hedge cobrindo posições vendidas.
A Agência de Notícias France Presse fez a seguinte cronologia da tragédia no Japão:

A seguir, os principais eventos da tragédia que marcou o Japão nos últimos dias (sempre hora local).

Sexta-feira, 11 de março:

- Um terremoto submarino de magnitude 8.9, um dos mais poderosos já registrados, atinge o litoral nordeste do Japão antes das 15h00, hora local. As autoridades emitem um alerta de tsunami.

- Um tsunami de 10 metros arrasa o litoral nordeste do Japão.

- Um primeiro balanço da polícia fala em mais de mil mortos e desaparecidos.

- Dezenas de réplicas abalam a região, algumas com magnitude sete.

- As autoridades anunciam que quatro usinas nucleares na área atingida pelo terremoto foram desativadas. Onze das quase 50 centrais param de produzir energia.

- Alerta de tsunami em todos os estados do Pacífico, da Oceania e da América Latina.

Sábado, 12 de março:

- O governo japonês ordena a evacuação das pessoas que moram nos arredores da usina Fukushima 1, onde o terremoto fez com que os sistemas de refrigeração falhassem, criando o receio de uma fusão.

- Explosão na usina nuclear Fukushima 1. O teto do prédio de contenção do reator 1 desaba. O acidente é catalogado como de nível 4 em 7 na Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES, na sigla em inglês).

- O Japão mobiliza 100.000 militares para socorrer os habitantes e requesita ajuda à comunidade internacional, incluindo os militares americanos posicionados no país.

- Vídeos mostram a extensão dos danos causados pelo tsunami, que arrasou cidades e áreas rurais inteiras.

- Quatrocentos corpos são encontrados no porto de Rikuzentakata, e 300 numa praia de Sendai (província de Miyagi).

- O Serviço Meteorológico Americano anuncia que a força do terremoto moveu Honshu - a principal ilha japonesa - cerca de 2,4 metros.
Domingo, 13 de março:

- A operadora Tokyo Electric Power (TEPCO) não exclui que o combustível do reator número 2 tenha derretido devido à falha no sistema de resfriamento.

- O governo diz que 230.000 pessoas num raio de 20 km foram evacuadas da vizinhança dos reatores atingidos.

- A polícia da província de Miyagi, uma das mais atingidas pelo tsunami, afirma que o número de mortes pode superar 10.000 apenas nesta região.

- O primeiro-ministro Naoto Kan diz que o Japão enfrenta a pior crise desde o final da Segunda Guerra Mundial.

- O governo anuncia um racionamento de energia por causa do fechamento das usinas. Milhões de habitantes sofrem com a falta de água, energia e alimentos.

- Chegam às primeiras equipes de socorro da Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Suíça e Grã-Bretanha.

Segunda-feira, 14 de março:

- Novo terremoto ocorre a 150 km de Tóquio com novo alerta de tsunami, que é logo cancelado.

- Ocorrem explosões no reator 3 de Fukushima 1, sem ocorrência de danos, segundo a Tokyo Electric Power (TEPCO). As barras do reator 2 chegam a ficar totalmente expostas.

- Equipes de resgate encontram mais de 2.000 corpos na província de Miyagi.

- A ONU diz que 1,4 milhões de japoneses estão sem água potável e que mais de meio milhão já foram evacuados.

- O Serviço Geológico Americano corrige a magnitude do terremoto de

sexta-feira para 9.

- A Bolsa de Tóquio cai 6,18%, arrastando outros mercados asiáticos. Os fabricantes de automóveis suspendem sua produção. O Banco Central do Japão injeta 131,6 bilhões de euros para facilitar o financiamento das empresas e estabilizar os mercados.

Terça-feira, dia 15 de março:

- Explosão pela presença de hidrogênio no reator 2 de Fukushima 1 e incêndio no reator 4. Leve alta de temperatura nos reatores 5 e 6.

- O balanço oficial e parcial de mortos passa de 3.000, e o número de desaparecidos é de quase 7.000.

- O banco central do Japão injeta mais 70 bilhões de euros no sistema financeiro para apoiar a economia japonesa.

Quarta-feira, 16 março:

- Novo incêndio no reator 4 da usina de Fukushima.

- Cilindro de confinamento do reator 3 danificado, segundo o governo.

- Balanço oficial provisório do terremoto e tsunami: 3.771 mortos, 8.181 desaparecidos e 1.990 feridos.

- Tremor de magnitude 6 em Tóquio.

- O imperador Akihito fala à nação sobre sua preocupação com a crise nuclear vivida pelo Japão.

Tentando evitar um grande acidente nuclear no Japão, técnicos japoneses conseguiram ligar a energia elétrica até a Usina Nuclear de Tukushima objetivando resfriar o reator de número 3.

Ao mesmo tempo em que faz esse procedimento, bombeiros vindos de Tókio jogam água sobre os reatores para resfriá-los.

Ao todo são seis reatores que estão com problema embora os técnicos tenham conseguido ligar a energia elétrica em todos eles para que possam voltar a funcionar mesmo precariamente.

Porém, nesse dia 23 de março de 2011 a situação começou a ficar complicada novamente em razão de a usina nuclear de Fukushima expelir fumaça.

A usina nuclear que está no centro da crise japonesa, a Fukushima Daiichi, dependia principalmente de eletricidade para alimentar o sistema de resfriamento de emergência dos reatores, sistema que falhou no terremoto e tsunami de 11 de março.

Quando a rede elétrica foi cortada e os geradores de reserva falharam, a água de resfriamento não conseguiu chegar ao combustível nuclear. O superaquecimento causou explosões, incêndios e a liberação de radiação significativa nos primeiros dias depois do terremoto.

"Houve pouco ou nenhum diálogo sobre a necessidade de reformar os reatores já existentes" com sistemas de segurança adicionais, disse Muneo Morokuzu, ex-projetista de reatores nucleares da Toshiba e que agora estuda políticas para a indústria nuclear na Universidade de Tóquio.

"A maioria das pessoas achou que não havia necessidade de ir tão longe."
Os trabalhadores da usina também voltaram a lançar água nas piscinas de resfriamento, onde ficam as barras de combustível nuclear, numa tentativa de impedir o superaquecimento do material radioativo.

Em outubro do ano passado, a Comissão de Segurança Nuclear do Japão, uma das principais agências de regulação nuclear do país, fez uma reunião para determinar seus objetivos de longo prazo.

Durante a reunião, Takanori Tanaka, que dirige o Centro de Engenharia da Energia Nuclear, parcialmente patrocinado pelo governo, mostrou aos comissários um arquivo de PowerPoint defendendo novas tecnologias que reduzissem "o risco residual relacionado a terremotos e tsunamis", segundo documentos anexados às minutas da reunião.

Parece até que eles estavam adivinhando que aconteceria uma grande catástrofe nuclear em seu país, o que terminou acontecendo causado pelo tsunami.

Fazendo uma reavaliação o Japão estimou que o custo dos danos do terremoto e do tsunami devastadores deste mês pode chegar a US$ 300 bilhões. As autoridades de Tóquio alertaram que os bebês não devem ingerir água de torneira por causa da radiação vazada de uma usina nuclear.

A primeira estimativa oficial desde a tragédia de 11 de março cobre, sobretudo, os danos a estradas, casas, fábricas e a infra-estrutura, e ofusca as perdas do tremor ocorrido na cidade de Kobe em 1995 que matou mais de seis mil pessoas e do furacão Katrina que devastou Nova Orleans, nos Estados Unidos, em 2005, matando mais de duas mil o que faz deste o desastre natural mais caro do mundo.

Também houve o aumento e a preocupação com o risco de alimentos contaminados pela radiação da usina de Fukushima, a cerca de 250 quilômetros da capital japonesa está contaminando a população do país.
Três trabalhadores do reator 3 da usina nuclear de Fukushima, no Japão, foram hospitalizados depois de exposição excessiva à radiação hoje (24).

Isso aconteceu em decorrência de os funcionários estarem instalando cabos de energia. Segundo a Agência Japonesa de Segurança Nuclear, eles receberam uma radiação entre 170 e 180 milisievert.

De acordo com a imprensa local, os técnicos foram levados a um hospital em Fukushima. Dois deles foram isolados e internados. O outro trabalhador foi liberado.

E também os engenheiros retomaram os trabalhos no reator 3 da ameaçada usina nuclear. O complexo, bastante afetado, ainda está sob risco de um acidente mais grave, que poderia causar um grande vazamento radioativo e afetar a população de grande parte do Japão.

A unidade 3 é uma das mais perigosas porque funciona com uma mistura de urânio e plutônio.

A usina, atingida por um terremoto de magnitude 9,0 e por um tsunami que segundo as Agências Internacionais de Notícias deixaram 23 mil mortos ou desaparecidos, ainda não foi controlada, e os trabalhadores foram forçados a abandonar o complexo quando uma fumaça negra começou a emergir de um dos seis reatores.

Até o fechamento desse artigo já havia mais de dez mil mortos e cerca de dezessete mil desaparecidos levando as autoridades japonesas calcularem que o número de vítimas deverá superar a casa dos vinte e cinco mil mortos.

Fonte de consultas:

Agências de Notícias AFP (Agência France Presse), Reuters, EFE, The Associated Press (AP), BBC Brasil, iG (Último Segundo) Kiodo do Japão, Agência Brasil, Redes de Televisão Globo News, Band News, Record News, REDE GLOBO DE TELEVISÃO (canal aberto), CNN em Espanhol e leitura de jornais Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, O GLOBO e sites R7, G1, UOL, Estadão, entre outros.

Referências Bibliográficas:

Almanaque Abril 2008, 38ª edição, Abril Cultural, página referente ao Japão.