Artigo: As redes sociais e o combate à corrupção

Roberto Ramalho é advogado, relações públicas, jornalista, blogueiro, articulista e pesquisador

Qualquer ação judiciária contra quem quer que seja deve ser bem embasada juridicamente pelo Ministério Público.

E os sigilos bancário, fiscal e telefônico devem ser prioridade no sentido de obter as provas necessárias contra que pratica atos de corrupção, desvio de verbas públicas e improbidade administrativa.

E é a Polícia Federal quem faz as gravações. Eles gravam e depois ouvem tudo para que possam elaborar os inquéritos que possam incriminar quem está roubando o país.

Ophir Cavalcante, da Ordem dos Advogados do Brasil, lembra que os movimentos políticos de outros tempos se manifestavam com muita propriedade.

Em tempos modernos, a formação e a mobilização começaram como marcha contra a corrupção, tendo as redes sociais como os principais veículos.

Até o Ministério Público se deu conta da importância das redes sociais nesse tipo de evento. Por conta disso, em breve estará disponibilizando um blog para discutir regras para a utilização da internet no país.

Segundo o Editorial do jornal Correio Braziliense desta sexta-feira (09.09.11) "a manifestação pacífica contra a corrupção deu mostras do poder da sociedade civil. Organizados com a ajuda das redes sociais, os protestos dispensaram políticos, sindicatos e entidades ligadas a este ou àquele segmento. Os participantes, vestidos de preto e alguns com nariz de palhaço ou a cara pintada de verde-amarelo, desfilaram a indignação provocada pelos escândalos que se tornaram rotina na administração pública de todos os níveis".

Ainda de acordo com o editorial, "Brasília reuniu 40 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios. A multidão não aproveitou a concentração de autoridades presentes nas comemorações do Dia da Pátria para demonstrar a insatisfação contra representantes do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário. O foco foi à malversação do dinheiro público, que também indignou a presidente Dilma Rousseff quando tomou medidas severas apelidadas de faxina pela imprensa".

No editorial, o Correio Braziliense destaca que "desvios no encaminhamento dos recursos do erário não constituem exclusividade brasileira. Países desenvolvidos e emergentes convivem com a prática. Segundo o Banco Mundial, 1,6% do PIB planetário se perde nos ralos da corrupção. A soma corresponde a US$ 63 trilhões, o dobro do necessário para acabar com a fome na Terra. Estudo da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP) concluiu que o montante da corrupção no Brasil fica entre R$ 50,8 bilhões e R$ 84,5 bilhões por ano ? de 1,4% a 2,3% do PIB do ano passado. Em termos concretos: a roubalheira equivale ao custo de 1 milhão de casas populares", (...) e lembra que "a passeata ensina lições importantes. Uma: está se esgotando a paciência da sociedade diante da crescente desenvoltura com que corruptos se beneficiam de recursos públicos. Outra: a certeza da impunidade estimula a ousadia. Não é a ocasião que faz o ladrão. É a convicção de que o crime compensa. Mais uma: o contribuinte, tradicionalmente passivo, se dá conta de que é indispensável à fiscalização dos cidadãos, obrigados a pagar uma das maiores cargas tributárias do mundo sem receber contrapartida à altura.

Concluindo, a corrupção é um terrível flagelo para o país, pois consome os recursos públicos que são destinados à educação, saúde pública e segurança pública, e são desviados para outros fins. Eis a razão de muitos políticos estarem bem de vida, apresentando patrimônio incompatível com o que ganham como governador, senador, prefeito, deputado federal, deputado estadual, vereador etc. embora saibamos que não são todos. Mas a realidade atual é essa, infelizmente e é em boa hora que O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil lança o Observatório da corrupção, sendo Alagoas o primeiro estado da federação a fazê-lo por meio da OAB-Alagoas. É um instrumento valioso quer se cria para fiscalizar os atos dos políticos e de poder denunciá-los aos órgãos competentes e esses possam acioná-los na Justiça