Artigo: A Criméia sempre pertenceu à Rússia

Roberto Ramalho é jornalista, escritor, pesquisador e blogueiro

A Ucrânia é um país da Europa Oriental. Faz fronteira a norte com a Bielorrússia, a norte e a leste com a Rússia, a sul com o mar de Azov e o mar Negro, e a oeste com a Romenia, a Moldávia, a Hungria, a Eslováquia e a Polônia.

A capital do país é Kiev, maior cidade em população com seus quase 50 milhões de habitantes.

O atual território da Ucrânia foi, pelo menos desde o século IX, o centro da civilização eslava oriental que veio a formar a Rus Kievana, antecessor da Ucrânia e posteriormente da Bielorrússia e da Rússia.

Segundo relatam os historiadores pesquisados, ao longo dos séculos seguintes, a região foi partilhada entre as potências regionais.

Após um período de independência entre 1917 e 1921 em seguida à Revolução Russa, a Ucrânia tornou-se em 1922 uma das Repúblicas Soviéticas fundadoras da URSS.

O território da República Socialista Soviética da Ucrânia foi ampliado na direção oeste após a Segunda Guerra Mundial e, novamente, em 1954, com a transferência da Crimeia.

A Ucrânia ganhou sua independência após o colapso da União Soviética em 1991, tornando-se um Estado soberano.

A onda de manifestações na Ucrânia teve início depois que o governo do presidente Viktor Yanukovych desistiu de assinar, em 21 de novembro de 2013, um acordo de livre-comércio e associação política com a União Europeia (UE), alegando que decidiu buscar relações comerciais mais próximas com a Rússia.

O conflito refletiu uma divisão interna do país, que se tornou independente de Moscou com o colapso da União Soviética, em 1991. No leste e no sul do país, o russo ainda é o idioma mais usado diariamente, e também há maior dependência econômica da Rússia. No norte e no oeste, o idioma mais falado é o ucraniano, e essas regiões servem como base para a oposição – é onde se concentram os principais protestos, incluindo a capital Kiev.

Manifestações em Kiev começaram em novembro. Pelo menos houve desde o início da crise, 88 mortos e mais de 1000 feridos e um país em luto. O clima de guerra que dominou Kiev e outras cidades da Ucrânia só acabou quando foi assinado um acordo entre os líderes dos manifestantes e o presidente para formarem um governo de coalizão até a convocação de eleições gerais que deverão ocorrer em maio vindouro.

Mas a oposição não respeitou o acordo e o presidente Yanokovitch teve que abandonar o seu país para não ser preso fugindo para a Rússia.

Dias depois a Rússia denunciou um  “golpe de Estado", e acusou os ocidentais de incitarem à revolta afirmando que não aceitaria a política de "não-interferência" nos assuntos ucranianos.

A União Europeia acenou com "sanções individuais" e chamou uma reunião extraordinária dos chanceleres do bloco.

Ai surgiu um novo acontecimento quer abalou as potências ocidentais: a possibilidade de a Crimeia vir a tornar-se um território da Rússia, o que acabou acontecendo após a população local decidir fazer parte novamente da Federação Russa. Ao todo 1,2 milhões de eleitores da Crimeia votaram pela anexação ao país vizinho. Resultado não é reconhecido pela Ucrânia, EUA e União Europeia.

Um referendo realizado no domingo (17.03.2014) na Crimeia, uma República Autônoma ucraniana de maioria russa, aprovou com 96,8% dos votos a adesão da região à Federação Russa.

O referendo é o ápice de uma escalada de tensão que atinge toda a região há mais de um mês, com uma escalada militar russa e ucraniana na região em decorrência da deposição do presidente ucraniano Viktor Yanukovich, que era apoiado por Moscou.

A Rússia cedeu a Crimeia para a Ucrânia em 1954, quando as duas repúblicas integravam a URSS. Moscou, no entanto, sempre manteve a base de sua frota do Mar Negro no porto local de Sebastopol.

A Crimeia é uma parte da Ucrânia desde 1954, quando o líder soviético Nikita Khrushchev a “deu de presente”, num gesto de boa vontade.

A Crimeia era naquela época território e parte da União Soviética até sua dissolução em 1991.

A Crimea existiu como uma região semi-autônoma da nação ucraniana, com fortes laços políticos com o país – e laços igualmente fortes com a Rússia.

Segundo historiadores ocidentais e também russos, tudo aconteceu após o então presidente da União Soviética Nikita Khrushchov ter tomado um porre de vodka e num gesto de amizade como seu amigo, presidente da República da Ucrania, ceder o território, o que foi considerado um erro histórico.

Uma outra versão de alguns pesquisadores dá conta de que a razão para a transferência da Crimeia foi no desejo de Khrushchev de obter o apoio de organização do partido influente de Ucrânia na luta para fortalecer a sua posição no partido e estado, em razão de ainda sofrer forte oposição dos stalinistas.

E um outro segundo o qual a Ucrania era visto como um celeiro de alimentos, já que era e continua sendo um país de território fértil e ajudaria a alimentar o povo russo.

Naturalmente, que os opositores políticos, entre os quais estavam os representantes da equipe mais poderosa de Stalin não podiam concordar com isto e jamais aceitariam esse gesto.

O que as potencias ocidentais, entre elas Os Estados Unidos contestam, em minha opinião pessoal não tem nenhum valor.

Sob o argumento de violação das leis internacionais e tratados existentes a Rússia só está recuperando de volta o que sempre lhe pertenceu, conforme a história confirma em relatos de historiadores e pesquisadores.