Artigo: A América Latina, as reformas econômicas, e a crise financeira mundial

Roberto Ramalho é advogado, jornalista, escritor, articulista, blogueiro e pesquisador

Reportagem da revista britânica "The Economist" da 1ª semana desse mês de agosto, antes de explodir a crise financeira mundial, afirma que os países da América Latina precisam acelerar o ritmo das suas reformas estruturais para evitar que a região se torne "refém do mundo exterior".

Segundo a revista britânica, "o quanto mais os países, principalmente os sul-americanos, adiam suas reformas estruturais, mais eles se tornam reféns do mundo exterior", afirma o texto, fazendo referência à dependência da região em relação à China, principal comprador de matérias-primas latino-americanas.

De acordo com a revista, um dos principais entraves da região é a falta de investimentos. A reportagem diz que as economias latino-americanas estão se aproveitando do alto preço internacional das commodities, que no atual momento está gerando riqueza na região, para gastar mais com importações e fomentar o aumento do consumo, em vez de investir dinheiro na economia.

Outro dado importante citado pela "The Economist" mostra que o Brasil só investe 18,5% do seu PIB, comparado com o índice de 49% na China.
Já em relação as dívidas, dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) revelam que a dívida média dos países emergentes em relação a seu PIB é de 33,6%, enquanto a dívida dos países ricos, o chamado G-7 (grupo que reúne Estados Unidos, Japão, Alemanha, Itália, França, Canadá e Reino Unido), é o triplo da dívida dos países emergentes (118,2% do PIB).
Pelas projeções do FMI, a diferença será de quatro vezes em 2016.

Segundo a instituição financeira internacional, além do tamanho da dívida em si, os dados mostram que os países emergentes desfrutam de melhor situação fiscal do que os países ricos e contam com um mercado doméstico pujante e fundamentos macroeconômicos mais sólidos.

E sobre a crise financeira mundial assim se expressou a revista Veja do início dessa semana de agosto de 2011: O que pesa a favor do Brasil:
"No topo da lista está um sistema financeiro sólido e bem capitalizado, sem riscos ocultos em balanços crivados de truques, como ocorreu nos Estados Unidos. Prova disso é que desde 2008 nenhum banco brasileiro de cobertura nacional quebrou, com exceção do PanAmericano.

E a revista semanal da Abril diz: "Em segundo lugar, o Brasil tem ainda em caixa mais reservas em moeda estrangeira do que o total da dívida externa. Com essa folga, o Banco Central tem margem de manobra para amenizar flutuações traumáticas do câmbio vendendo ou comprando dólares no mercado de acordo com as necessidades de cada momento. A boa situação das reservas deixa Brasília em condições favoráveis também para permitir que investidores estrangeiros retirem suas economias do país trocando seus reais por dólares, o que confere ao Brasil ainda mais credibilidade. Um país que não impede artificialmente a saída de dólares é um país que atrai dólares com mais facilidade".

E adianta: "O terceiro ponto é a ausência de "bolhas" na economia. Ou seja, embora se possa tecnicamente afirmar que os imóveis estão com os preços irrealmente altos no Brasil, isso ainda não configura uma bolha, pois eles não estão sendo financiados por instrumentos de crédito sem lastro, como ocorreu no mercado americano, abrindo caminho para a crise de 2008. O quarto fator tranquilizador é a política monetária do Banco Central que, tendo sido bastante estrita nos últimos dez anos, acumulou credibilidade para atuar com o sinal trocado em caso de a recessão mostrar a cara. Ou seja, os juros estão em um patamar alto e baixá-las pode ter efeito estimulante na economia, se for necessário".

E conclui da seguinte maneira: "Finalmente, os bancos públicos, que representam metade do crédito disponível no sistema financeiro, podem ser acionados para injetar mais dinheiro na economia sem as mesmas precauções que os bancos privados são obrigados a tomar. Isso foi feito com sucesso em 2008 e 2009, quando o aumento da oferta de empréstimos pelos bancos oficiais ajudou a afastar o espectro da estagnação econômica".

Mas, graças a DEUS, as Bolsas de Valores de todo o mundo estão se recuperando, após uma queda vertiginosa no início da semana negra, entre os dias 08 de agosto a 10 de agosto, quando as principais bolsas, entre elas a de Wall Strett e Nasdaq (EUA), Tóquio,Seul e Shangay, na Ásia, e Paris, Madrid, Londres, etc na Europa, e São Paulo, no Brasil, entre outras, tiveram perdas que chegaram a um trilhão de dólares.

Por conta disso, o homem mais rico do mundo, o mexicano Carlos Slin, dono da Claro, no Brasil, perdeu ao todo U$$ 8 bilhões, e o brasileiro Eike Batista, dono da Vale, U$$ 2 bilhões.

E o que tudo indica eles recuperaram praticamente tudo com o aumento das Bolsas de Valores em todo o mundo.

Ainda bem que a crise mais uma vez foi passageira, ou como já afirmou o presidente Lula na crise de 2008: "Uma marolinha".