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INTRODUÇÃO
A água é um importante fator de produção para diversas atividades, sendo essencial para que haja desenvolvimento econômico e tecnológico. Cerca de 2/3 da superfície do planeta Terra são dominados pelos oceanos. O volume total de água na Terra é estimado em torno de 1,35 milhões de quilômetros cúbicos, sendo que 97,5% deste volume são de água salgada, encontrada em mares e oceanos. Já 2,5% são de água doce, porém localizada em regiões de difícil acesso, como aqüíferos (águas subterrâneas) e geleiras. Apenas 0,007% da água doce encontram-se em locais de fácil acesso para o consumo humano, como lagos, rios e na atmosfera (UNIÁGUA, 2006). O aproveitamento de água pluvial para consumo potável em residências é um sistema utilizado há anos em países como Austrália, Alemanha, Estados Unidos e Japão (COOMBES et al., 2000; HERRMANN; SCHMIDA, 2000; ZAIZEN et al., 2000; GELT, 2009). Estudos realizados nas residências desses países indicam que a economia de água é usualmente superior a 30%, dependendo de diversos fatores como: a demanda, área de telhado e precipitação. O Brasil, embora possua um grande potencial hídrico (11% da água no mundo), não possui programa governamental para promover o aproveitamento da água pluvial em residências. Ademais, a abundância de água que o Brasil ainda possui e a pequena valorização econômica (a água é considerada um bem de uso comum do povo) incentivam a cultura do desperdício (BRASIL, 1988; VIOLA, 2008). Diante deste cenário, é preciso conscientizar as pessoas que o uso sustentável da água é uma das bases para o desenvolvimento humano. A preservação dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade é de suma importância hoje e também para as futuras gerações. O aproveitamento dessa água precipitada nas residências do meio urbano tem uma função muito mais importante que imaginamos, nos tempos em que estamos vivendo, a utilização desta água vai muito além da economia e da contenção de águas nas vias pública: é um gesto simbiótico com a natureza, pois ainda que proporcione uma diminuição, no uso de água potável, o aproveitamento de água pluvial em residências pode reduzir as despesas com água portável e
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contribuir para a diminuição do pico de inundações, quando aplicada em uma escala de proporções significativas. A água de chuva pode ser utilizada em várias atividades com fins não potáveis no setor residencial, industrial e agrícola. No setor residencial, pode-se utilizar água de chuva em descargas de vasos sanitários, lavagem de roupas, sistemas de controle de incêndio, lavagem de automóveis, lavagem de pisos e irrigação de jardins. Já no setor industrial, pode ser utilizada para resfriamento evaporativo, climatização interna, lavanderia industrial, lavagem de maquinários, abastecimento de caldeiras, lava jatos de veículos e limpeza industrial, entre outros. Na agricultura, vem sendo empregada principalmente na irrigação de plantações (MAY; PRADO, 2004). Diante disso o referido estudo é composto por três capítulos. O primeiro Capítulo refere-se à fundamentação teórica que nos deu suporte para compreendermos o nosso estudo, o qual se destaca uma breve revisão bibliográfica sobre disponibilidade de água no Brasil e em especial em Manaus, a questão do uso racional de água, entre outros assuntos pertinentes a este estudo, assim como, um sistema de aproveitamento de águas pluviais, citando técnicas mais comuns para coleta de águas de chuvas e áreas de captação, assim como descreve os sistemas de aproveitamento de águas pluviais, ressaltando as áreas de captação, armazenamento de águas de chuvas e as técnicas mais comuns. No Capítulo dois apresentam-se os Materiais e Métodos utilizados para o desenvolvimento do estudo do processo, seguindo informações como as da Organização das Nações Unidas que nos diz que cada pessoa necessita de 3,3m³/ pessoa/ mês (cerca de 110 litros de água por dia para atender as necessidades de consumo e higiene). Porém, no Brasil, o consumo por pessoa pode chegar a mais de 200 litros/dia. Ressaltando-se também informações como as da SABESP (Compania de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) onde nos apresenta valores ainda mais importantes como o consumo de água potável para fins não potáveis, ou seja, água tratada, água de boa qualidade usada para lavar pátios e regar plantas, valores que chegam a assustar se formos levar a minúcia.
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Ainda nesse capítulo serão apresentados métodos de calculo baseados na NBR – 15527/2007 como os Métodos Práticos de Azevedo Neto e o Método Prático Inglês além do dimensionamento baseado no coeficiente de Runoff que varia de acordo com o material utilizado na cobertura. Neste, será apresentado também cuidados de manutenção quanto ao armazenamento da água da chuva, freqüência de manutenção, identificação das tubulações, separação das tubulações de água tratada das águas da chuva levando-se em conta que não podem ser misturadas, pois as águas precipitadas não são armazenadas para posterior utilização para fins potáveis. No Capítulo três será apresentado um estudo de caso realizado em uma residência com três moradores, situada à Zona Norte de Manaus e tem por objetivo analisar se a captação das águas das chuvas e seu armazenamento para uma posterior utilização para fins não potáveis, irá satisfazer a necessidade da residencia, ajudando na redução do desperdício e consecutivamente no valor da fatura junto a Concessionária Manaus Ambiental, fornecedora de água potável encanada, uma vez que ao se reduzir o consumo de água potável para estes fins obviamente o consumo de água de boa qualidade será destinado para hidratação, fazer comida, escovar os dentes, dentre outros serviços que necessitem dessa água tratada. Baseado em dados de Estudos Técnicos, Normas Brasileiras e Questionário desenvolvido exclusivamente para este Trabalho, conseguiu-se assim adquirir valores de consumo da residência e a partir desses dados pôde-se dimensionar o volume de água de chuva que precipita em cada metro quadrado da cobertura da residência assim como a quantidade de água que poderá ser armazenada na cisterna, a qual depende do volume de precipitação da área da coberta do coeficiente de Runoff e do fator de descarte.
A pesquisa nos revela que o aproveitamento das águas provindas das chuvas para fins que não sejam necessário a utilização de água potável, beneficia não somente a família que se favorece desse sistema simples ajudando na economia de gastos desnecessários com o consumo de água potável de forma inadequada, uma vez que reduziria o desperdício de água potável, mas também o meio ambiente já que hoje em dia sofre com o crescimento absurdo de áreas impermeáveis devido ao grande número de construções e, com essa área impermeável vem o grave problema das enchentes que assola as grandes cidades e, como grande cidade que Manaus é, não fica de fora desse problema.