1 INTRODUÇÃO

Em uma formal análise, o presente trabalho objetiva, associa e identifica as principais características e suas variáveis do bem café, bem como delimita o papel deste produto no mercado econômico nacional e internacional.

Nessa abordagem, o café assume diferentes facetas a fim de estabelecer parâmetros ligados ao consumidor, principalmente, o consumidor brasileiro e suas preferências. Além de enfatizar, por muitas vezes, detalhadamente, o que determina ou mesmo o que influencia o comportamento deste consumidor na decisão de compra do bem em questão.

Desta forma além de informações básicas sobre o setor, o presente estudo pretende fomentar uma discussão sobre os diferentes métodos de produção e comercialização, bem como as diferentes variáveis econômicas, que servem de ferramentas para estabelecer entendimento e que de maneira ou outra, estão estreitamente ligados a ela.

A fim de torná-lo mais claro, a pesquisa está envolta de um formato dinâmico e informativo, assim as diferentes relações associadas ao bem café estará também explicitamente descrita em números percentuais no decorrer de seu desenvolvimento.

Além desta introdução, o estudo está estruturado da seguinte maneira: a seção 2 apresenta o histórico e o modelo de interação econômica do mercado cafeeiro; a seção 3 está delimitada a apresentar as diferentes situações que movem o consumidor a adquirir o produto; a seção 4 por sua vez enfatiza as características do cafeicultor, bem como sua administração sobre o café; na seção 5 está estabelecido na cadeia produtiva do café as interferências governamentais; e, por fim, a seção 6 traça o potencial do mercado na contratação de serviços. 

2 CARACTERÍSTICAS do produto comercializado no mercado café Necessidade ou desejo atendido pelo produto café

Segundo lições de Barbosa, o café passou a ser consumido por volta de 1550, porém as primeiras sementes chegaram ao Brasil apenas em 1727, por intermédio do sargento-mor Francisco de Melo Palheta. (BARBOSA, 2013).

Ocorre que a ausência de condições naturais favoráveis fez com que o cultivo do café no Brasil fosse direcionado para a região sul do país. As primeiras exportações ocorreram por volta de 1795, mas foi apenas a partir de 1880, com o trabalho efetuado pelos colonos europeus nos cafezais e com o surgimento dos barões do café que se iniciou o chamado ciclo econômico do café no Brasil. (BARBOSA, 2013).

Segundo Camargo (2009, p. 53-61), o café é consiste em uma planta perene de porte arbustivo que tem como produto econômico suas sementes. Dotada de aroma e sabor característicos, a bebida é nutritiva e muito comum nas terras altas da Etiópia e Sudão.

Segundo Sato (2013), no que tange ao consumo de café, no período de novembro/2011 e outubro/2012, registrou-se um consumo médio de 20,33 milhões de sacas, o que representa um acréscimo de 3,09% em relação ao período anterior.

Os resultados mencionados acima demonstram que o país ampliou seu consumo interno de café em 610 mil sacas nos 12 meses considerados. Estima-se que o consumo interno de café gira em torno de 9,3 milhões de sacas por ano, um número bem elevado. 

  • Tipo de elasticidade do bem café em relação ao seu preço-demanda, preço-oferta, renda e preço cruzado

 

O IBRE afirma que o café se enquadra no grupo de produtos de demanda inelástica devido à pequena variação no consumo em um eventual aumento de preço. (INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA apud MENDES, 2009).

Nas lições de Moricohi, no caso do café, o coeficiente encontrado em recente estudo sobre sua elasticidade preço-demanda foi de 0,67%. Isso significa que, quando há um aumento de 1% no seu preço a quantidade consumida cai em proporção menor a este aumento. (MORICOHI, 2013).

Com base nos dados apurados da pesquisa, isto acontece porque o consumidor faz de tudo para continuar satisfazendo seu hábito de tomar café. Os coeficientes estimados das elasticidades-renda médias de café torrado e moído apresentam valores positivos e menores que a unidade, o que indica que o café é um bem normal.

Lemme esclarece que em relação à elasticidade preço-oferta, a maioria dos bens normais, assim como o café, a disponibilidade e insumos e o tempo influem diretamente na elasticidade preço-oferta em longo e curto prazo. (LEMME, 2013).

Ainda nas lições de Lemme, o clima no Brasil é fator determinante no preço do café em Nova York, isso porque, se houver uma geada ou uma seca no Brasil, a oferta de café se torna inelástica, a demanda relativamente inelástica e isso acarretará uma variação significativa no preço do bem. (LEMME, 2013).

Em estudo realizado por Mendes, a elasticidade-preço da demanda (Ed) mede a reação dos consumidores às mudanças no preço. Essa reação é calculada pela razão entre dois percentuais. A variação percentual na quantidade demandada dividida pela mudança percentual no preço. (MENDES, 2009).

Mendes caracterizando a elasticidade afirma: 

A demanda poderá ser elástica quando a variação da quantidade demandada é superior à variação de preço, simbolicamente, temos: |Ep-d| > 1. Neste caso, os consumidores reagem intensamente a uma variação no preço. Em situação de diminuição de preço, aumentam drasticamente o consumo. Um aumento de preço provoca uma queda igualmente drástica no consumo. Aqui, uma promoção é compensadora pelo acentuado efeito que provoca no consumo e na redução do estoque. Se a elasticidade-preço do bem for maior que 1 diz-se que a demanda por esse bem é elástica. A variação percentual na quantidade excede a variação percentual no preço, ou seja, os consumidores são bastante sensíveis à variações no preço. (MENDES, 2009).

Envolto das análises de Mendes, temos também a chamada demanda inelástica que para o autor, consiste na variação da quantidade demandada sendo inferior à variação de preço, assim, simbolicamente, temos: |Ep-d| < 1. (MENDES, 2009).

Neste caso, os consumidores reagem debilmente a uma variação no preço. Em situação de diminuição de preço, aumentam fragilmente o consumo. Um aumento de preço provoca uma queda menor que a proporção no consumo.

Nas lições de Lemme, uma promoção não é compensadora pelo pequeno efeito que provoca no consumo e na redução do estoque. Justifica-se somente na situação de um estoque extremamente elevado, sem saída, que precisa ser desovado para não consolidar um prejuízo ou tentar diminuí-lo em relação ao investimento realizado. (LEMME, 2013). 

Nesse sentido, Lemme afirma, se a elasticidade-preço do bem for menor que 1 diz-se que a demanda por esse bem é inelástica. A variação percentual na quantidade é menor que a variação percentual no preço, ou seja, os consumidores são relativamente insensíveis a variações no preço. (LEMME, 2013).

Conforme já mencionado anteriormente, o café é classificado como bem normal e de demanda inelástica, pois a variação de preço não interfere na vontade do consumidor em consumir o bem. 

  • PERFIL DOS CONSUMIDORES A PARTIR DA CURVA DE DEMANDA E SEUS DETERMINANTES: DEMOGRAFIA, RENDA, CULTURA, EDUCAÇÃO E OUTROS 

O perfil do consumidor brasileiro de café compreende uma grande diversidade, estão inclusas nesse seguimento perfis de diferentes faixas etárias, gêneros, renda, cultura, educação, demografia e outros.

O mercado consumidor de café no país vem mudando o perfil ao longo dos últimos anos. A praticidade e o conforto oferecidos pelas cafeteiras e pelas máquinas domésticas têm atraído cada vez mais os consumidores, principalmente os mais jovens e representantes da classe média. (VALVERDE, 2013).

Segundo Valverde (2013), a tendência, ao contrário de boa parte do mercado mundial emergente, é que os brasileiros, ao longo dos próximos anos, consumam mais café na modalidade arábica (café tradicional), enquanto a tendência em países como a Rússia, China e Coreia aponta para o aumento da demanda por cafés solúveis (Capuccino), que tem como base a robusta.

De acordo com o diretor da P&A Marketing Internacional, Brando citado por Valverde (2013), há uma tendência promissora no mercado de monodoses de café o Brasil, pois desde 2004 esse mercado tem crescido 20% ao ano. Diante disso, as empresas do ramo cafeeiro já começam a especializar-se nesse setor, comercializando a bebida em cápsulas a diferentes perfis de consumidores.

O café é o alimento mais consumido no Brasil (por 95% da população acima dos 15 anos) e que vem crescendo, sistematicamente, a demanda do produto fora do lar (307% em 8 anos). De acordo com o estudo do IBGE, do total consumido diariamente (215,1 ml), 10,1% são fora do lar. Os homens bebem 222,3% ml por dia e as mulheres, 208,4 ml. O consumo médio de café, per capita, fora dólar, é de 208,9 ml na área urbana e de 246,6 ml na área rural. Por faixa etária, esse consumo foi assim identificado: os adolescentes consomem em média 166,7 ml por dia, os adultos 222,8 ml/dia e os idosos 246,9 ml por dia. (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA apud DADOS do IBGE confirmam pesquisas da ABIC, 2011).

O consumo per capita do café torrado no Brasil atingiu marca histórica e quebrou o grande recorde registrado há 45 anos. Em 2010, o consumo médio foi de 4,8 kg por habitante, 

volume que supera os 4,72 kg registrados em 1965, até então o maior índice. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE CAFÉ apud SATO, 2013).

De acordo com o presidente da ABIC, Silva Filho (2010), esse consumo per capita equivale a quase 81 litros de café por pessoa por ao. Contudo, o consumo brasileiro ainda é abaixo de outros países como, o da Alemanha (5,86 kg por habitante/ano) e dos países nórdicos – Finlândia, Noruega e Dinamarca – com volume próximo dos 13 kg por pessoa ao ano.

Na mesma avaliação, o crescimento deve ser impulsionado pelas expectativas de retomada do vigor da economia brasileira, pelo crescimento do poder de compra especialmente das classes B, C e D, com destaque para o aumento da renda. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO CAFÉ apud SATO, 2013).

Envolto de outras pesquisas, entre as variáveis de fator determinante para a aquisição do bem café no mercado consumidor brasileiro, a renda foi a única característica que pôde ser relacionada ao comportamento de compra do produto. De acordo com a pesquisa feita pela Della Lucia (2005) por meio da técnica Conjoint Analysis (método estatístico), 40% dos consumidores de café possui renda de 1 a 5 salários mínimos e 50% renda entre 5 e 10 salários, esses atribuíram maior importância ao fator preço na decisão de compra.

Quanto a outras variáveis como o preço, 31,63% dos entrevistados consideram muito importante na decisão de compra, 16,3% consideram importante, 17,9% se consideram indiferente, 9,7% declaram pouco importante e 24,5% definiram como sem nenhuma importância. Em detrimento a isso, o preço se mostra como uma variável a ser levada em consideração no momento da compra. (SANTOS, 2004, p. 14).

Esses resultados traduzem que o hábito de tomar café é um hábito que varia de pessoa para a pessoa e que as classes sociais apenas definem a qualidade e valor e não ao hábito em si. Constata-se ainda que outros hábitos, como o de fumar, faz com que as pessoas consumam uma quantidade de café por dia, em média 3xícaras de café, já os não fumantes consomem na média de 2,7 xícaras. Entre as diversas formas de preparo de café, passado no coador, expresso e solúvel, a forma que foi a mais preferida entre os consumidores foi o café passado no coador, em seguida está o café solúvel e por último o expresso. (SETTE apud BARBOSA; MIRANDA; PAIVA, 2010).

[...]