Concluído que está mais um ano, extremamente difícil, mas que, desejavelmente, até poderá vir a fechar um ciclo de alguns anos de imensos sacrifícios, injustiças, incompreensões, ilegitimidades, designadamente nos domínios político-social, económico-financeiro e laboral que, de forma intensa, atingiu os portugueses em geral e, principalmente, os mais vulneráveis: desempregados, idosos, pensionistas e reformados, trabalhadores dos diferentes setores de atividade económica: sejam independentes, sejam por conta de outrem. Todos sentiram a “mão de ferro” de uma austeridade imerecida e brutal, que não seria necessária, que não tinha de ser assim, que não atingiu na mesma proporção pessoas, grupos e organizações.

É verdade que vamos quase com seis anos de sofrimento, de perdas de direitos adquiridos, porque contratualizados de boa-fé, seja com entidades privadas, seja com o próprio Estado, este, sabe-se bem, não tem honrado os compromissos assumidos, designadamente com os seus servidores e, dentro destes, com os mais vulneráveis, que já não podem defender-se, na medida em que os principais instrumentos de reivindicação, tais como as greves de nada lhes serve, estão à mercê de um Estado que não é totalmente sensível aos dramas sociais e muito menos para com aqueles que o servem atualmente.

Durante a quadra natalícia, que decorreu recentemente, ouviram-se muitas mensagens de esperança, muitas alusões a dias melhores, estatísticas favoráveis no sentido de que os principais indicadores económicos estão a melhorar, a dar sinais de uma lenta mas consolidada recuperação, apontando-se para o vislumbre de uma “luzinha ao fundo do túnel”, como, ao que afirmam, não se via há muito tempo. É saudável dar-se o benefício da dúvida e fazer-se um esforço generoso, para se acreditar, de que realmente, a situação vai melhorar.

Pensar-se que é tempo de “arrepiar caminho”, em relação a diversas medidas, entretanto insinuadas, de mais austeridade, é uma atitude correta, na medida em que não podem ser sempre os mesmos a pagar as faturas dos descalabros de quem tem responsabilidades na gestão dos recursos nacionais. É tempo, a partir de agora, de serem outros a suportar o pesado fardo de uma carga brutal de impostos, taxas, derramas e todos os outros instrumentos que, afinal, não passam de processos injustos, de retirada de rendimentos às famílias.

Afirmar-se que se deve fazer um balanço sério do que ao longo destes anos foi feito contra a maioria das pessoas, não é exigir nada que possa ofender quem quer que seja, mas apenas pretender-se dar um contributo para que haja mais equidade, mais proporcionalidade, mais equilíbrio entre pessoas que devem ser todas consideradas de uma só categoria: portuguesas, não de primeira, de segunda ou terceira, mas apenas, portuguesas.

O novo ano que agora se inicia já vem “pré-prestigiado” como podendo vir a ser o início da “independência económica”, das retomas mais acentuadas, uma espécie de “liberdade condicional” (financeira), mas que, por isso mesmo, ainda se enfrentará vários obstáculos que todos temos de vencer, sabendo-se, contudo, que ninguém vence o que quer que seja, sem saúde, sem trabalho, sem educação/formação, sem poder de compra, porque é pela riqueza que se promove o consumo, que tudo funciona e se desenvolve positivamente e jamais pelo empobrecimento das pessoas, do país e das nações. A lógica que tem vindo a ser seguida, não parece adequada ao progresso sustentado.

Apesar das tremendas dificuldades sentidas durante os últimos anos, pese, embora, fazer-se passar a mensagem de que certos sacrifícios, perdas de direitos e imposição de medidas injustas, ilegítimas e, eventualmente, ilegais, se não fossem previamente analisadas, serão necessárias para se ultrapassar uma alegada situação económica muito complicada, de que a esmagadora maioria do povo não é responsável, é tempo de se inverter a irracionalidade e injustiça seguidas, e adotar políticas verdadeiramente humanistas, socialmente compatíveis com a dignidade humana a que todos temos direito.

Vamos, portanto, iniciar mais um ano imbuídos de um novo espírito, no sentido de acreditarmos que, finalmente, será possível restituir tudo o que, sob a capa de uma austeridade, dita necessária, nos foi retirado nestes últimos anos, porque a “receita” aplicada falhou, na medida em que não é pelo caminho da miséria, do desemprego, da retirada de direitos adquiridos e da redução drástica do poder de compra que se vai dinamizar a economia, o consumo, o investimento e a atração de novos empreendedores.

É muito difícil aceitar-se participar em “desafios” lançados por pessoas e/ou entidades responsáveis, quando os direitos essenciais para os enfrentar e vencer nos são retirados e/ou reduzidos, designadamente aqueles que dependem dos decisores, destacando-se, objetivamente cinco desses direitos: a) saúde; b) trabalho; c) educação/formação; d) salários/reformas; e) poder de compra, já que muitos outros não dependem, exclusivamente, dos poderes legitimamente constituídos, por isso, a esperança de que repostos todos os direitos,  será este o caminho que nos deve animar e assim apoiarmos todos os projetos, enfrentarmos os desafios que promovam e consolidem aqueles cinco instrumentos para o desenvolvimento e bem-estar de toda uma população.

Todo o mundo sabe que os portugueses, ao longo da sua quase milenar História, deram provas de inteligência e coragem para vencer em todos os domínios das atividades humanas. Possuímos uma das melhores “mão-de-obra” do mundo, um grande espírito de abnegação, uma indiscutível capacidade de adaptação às mais diferentes e até hostis situações. Temos “massa cinzenta” espalhada por todo o mundo e também dentro de portas. Somos os melhores de entre os melhores. Precisamos, apenas, dos recursos materiais: financeiros, técnicos, infraestruturas, entre outros.

O ano que agora se está a iniciar, logo no seu primeiro dia, simboliza o “Dia Mundial da Paz”, como já vem acontecendo desde 1968, que foi instituído pelo Papa Paulo VI em 08 de Dezembro de 1967. É importante que consigamos adquirir a nossa própria paz interior, para a podermos transmitir aos nossos semelhantes. A paz interior também se promove e consolida com o conforto a que temos direito, com a segurança e a estabilidade dos nossos deveres e dos benefícios adquiridos, com um nível e qualidade de vida que a superior condição humana postula.

O povo anónimo espera sinais de confiança no futuro, indicações verdadeiras, seguidas das respetivas medidas, de que este será o ano de nos devolverem os direitos que, ilegitimamente, nos suprimiram, porque não se pode, nem se deve rasgar contratos, que foram subscritos de boa-fé, que se acreditou em pessoas e entidades, como gente/instituições de bem.

 Esta prova tem de ser dada já este ano e, certamente, que se fará tudo para que assim seja, porque de contrário não haverá quaisquer condições para continuarmos a acreditar em quem confiamos a nossa esperança, em quem nos prometeu um futuro melhor, em quem, de boa-fé, apostamos tudo.

A esperança, diz o povo, é a última a morrer. Vamos, portanto, continuar a acreditar, a partir deste primeiro dia do ano de dois mil e catorze. Para o efeito, comecemos, então, por pacificar o nosso espírito, construamos com solidariedade, amizade, lealdade e gratidão o novo edifício de uma comunidade fraterna, onde cada irmão português, bem como todos os que escolheram Portugal como sua nova e/ou segunda pátria, se sintam bem em sua própria casa, reconhecidos, valorizados e incentivados para um futuro de autêntico e irreversível progresso.

Vamos dar, mais uma vez, o benefício da dúvida a todos aqueles irmãos que têm responsabilidades no Governo desta grande casa chamada Portugal, e peçamos a Quem os possa ajudar para que lhes ilumine a inteligência, sensibilize os corações e os fortifique espiritualmente, para tomarem medias acertadas, justas, legítimas e legais, no sentido de honrarem os compromissos assumidos quando se dirigiam aos restantes irmãos, prometendo-lhes respeito, conforto, segurança, estabilidade, trabalho, equidade e dignidade.

Todo o ser humano é falível. Não existem pessoas insubstituíveis. Todos somos iguais perante as leis dos homens e Divinas. É tempo, mais que tempo, para que todos os responsáveis passem a dar-nos alegrias, a proteger-nos da lógica mercantilista, das ambições financeiras para lá do que é legítimo e justo.

A vida é efêmera, passa muito rapidamente e mesmo quando se pensa numa sucessão de gerações, à frente dos grandes negócios mundiais e das instituições, nada garante que tais gerações venham a usufruir do que os seus antepassados lhes deixaram. Ninguém tem a vida nem o destino nas mãos.

Adote-se, portanto, a lógica de uma justiça distributiva, equitativa, legal e segura. Assuma-se que é necessário proteger os mais fracos, aqueles que já não têm recursos físicos, intelectuais e etários para assegurarem um conforto para o qual e de boa-fé apostaram ao longo da vida.

Estimule-se o trabalho para as gerações mais novas. Consolide-se o emprego para os ativos e reintegrem-se todos aqueles que perderam um dos maiores bens que se pode ter, de entre outros, obviamente: o trabalho. Faça-se tudo pela dignidade, por um futuro promissor a que todos temos direito, porque, no limite das exigências naturais, só queremos: saúde, trabalho, justiça, paz, felicidade e a Graça Divina.

 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

 

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