1. INTRODUÇÃO
A preocupação individual de cada indivíduo para com seu modo de vida não possibilita a compreensão das sensibilidades ecológicas enquanto natureza no mundo a qual vivemos, o papel da própria sociedade é fundamental na manutenção dos ecossistemas, pois estes devem ser usados como metas para alcançar um futuro auto-sustentável.
Em seu livro Charles Robert Darwin (1809-1882). "Sobre a Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural", publicado no ano de 1859, demonstra mecanismos interligados à biodiversidade e ao desenvolvimento dos ecossistemas conectados entre si. A evolução desse mecanismo tem guiado não só a pesquisa científica na utilização dos recursos naturais, mas em caráter especial uma abordagem mais sócio-ecológica e muito menos consumidora deverá ser implantada gradualmente no contexto que envolve a educação ambiental, proporcionado metas de sustentabilidade que deverão ser atingidas, modificando hábitos consumistas.
Trabalhando uma visão mais holística1 e mais integrada ao ser humano, refletindo assim, uma variedade de temas e possibilidades que podem ser agregadas a educação ambiental em todas as suas fases de aprendizado. Essa nova percepção trabalha com a interação dos fenômenos naturais, psicológicos, culturais, econômicos e político-institucionais, fazendo com que o mundo seja visto sistematicamente em termos de relações e de integração. Para Fritjof Capra (1982, p. 260):


2. UMA VISÃO DIFERENTE DE MUNDO SEGUNDO CAPRA
Uma visão cartesiana2 segundo Capra como modelo implantado impede a compreensão dos sistemas vivos citados em seu livro Ponto de Mutação, pois como podemos analisar a interdependência entre os seres Bióticos3 e entre os seres e Abióticos4 em um contexto capitalista gerido e inserido dentro de nossa sociedade, além do mais é necessária uma visão cientifica mais abrangente e menos especialista sobre os seres.
Hoje em dia a visão patriarcal e a visão cartesiana se preocupam em analisar o ser em partes de forma individualizada, por exemplo, as árvores seriam examinadas por partes: as folhas, as raízes e o caule de uma árvore, ou seja, seriam dissecadas por inteiro sem ligação com o meio, por outro lado analisar esta mesma árvore usando os sistemas vivos5 poderá perceber que ela interage com o planeta fornecendo oxigênio, participando das trocas sazonais entre as estações, esta mesma árvore em uma visão cartesiana produzira milhares de frutos ao longo de sua vida onde apenas um a dois descendentes surgiram, mas uma visão ecossistêmica vê que estes frutos produzidos serão alimentos de pássaros e insetos além de moradia para vários seres vivos.
De acordo com Capra (2006, p. 230), a alfabetização ecológica está pautada no princípio de que a natureza sustenta a vida ao criar e nutrir comunidades educando comunidades sustentáveis, nas quais podemos satisfazer nossas aspirações e nossas necessidades sem diminuir as chances das gerações futuras.. Uma visão mais moderna e contemporânea é necessária para que o ser humano possa perceber as inter-relações que existem entre os sistemas. Uma abordagem deve ser realizada observando o ser como parte integrante de um sistema complexo com suas características naturais, ressaltando nos seres humanos a cultura e a socialização entre os indivíduos, este fator determinante possibilita a compreensão destas relações vivas existentes em nosso planeta.
O homem dotado de cultura domina todos os ecossistemas existentes, pois as relações harmônicas e desarmônicas podem ser controladas em benefício próprio da sociedade humana, mas este pensamento retrógado aos poucos deverá ser substituído por uma visão mais crítica e auto-sustentável sendo inserida no contexto ambiental mais moderno de forma paulatina.
Podemos comparar, por exemplo, uma pequena caverna e seu pequeno ecossistema que serve de moradia para várias espécies de morcegos que comem os frutos e disseminam suas sementes pela floresta durante a noite, potencializando esta interação entre as espécies da flora. Visualizando desta forma uma caverna e seus habitantes possuem grande importância no contexto ambiental, sendo parte deste meio.
Milioli (apud Berry, 1970) "A Terra, como habitat do homem, é um ecossistema gigantesco onde o indivíduo, dotado de cultura, tornou-se elemento ecológico dominante. Seus ambientes terrestres são assim não simplesmente, e cada vez menos, o físico e o biológico, mas também o cultural, de sua própria criação". Para James J. Kay (1993, p. 201-212)


Nunes (apud Wolsk, 1977) "O método elaborado por Paulo Freire para promover a alfabetização de adultos, está "intimamente relacionado com os princípios e objetivos de muitos programas de educação ambiental", sendo eficiente, também, no processo de conscientização ecológica individual." Assim sendo, devemos oferecer como, educadores, subsídios necessários ao individuo na construção de uma consciência ecológica interligada aos diversos sistemas vivos.
Apesar de uma educação formada em bases cientificas não podemos deixar de lado o regionalismo e a cultura local, pois a sociedade depende de vários fatores para que possa interagir consigo mesma e com os outros membros que formam o meio ambiente. Uma visão do presente deve ser implantada urgentemente possibilitando uma garantia de futuro das espécies que vivem neste mundo. Uma interação entre o homem e suas diferentes visões que passam desde o analfabeto até o detentor de uma visão crítica politizada, mesmo sendo antagônicos em sua formação podem compartilhar suas experiências entre si em relação ao meio ambiente.
Uma abordagem ambiental a nível escolar, por exemplo, pode conscientizar mais que campanhas milionárias de propaganda, exibidas nos meios de comunicação de acesso público. Pois as propagandas não atingem a consciência ambiental da maioria da população cada vez mais crescente demograficamente. O mundo tem que perceber esta visão sistêmica para entender as relações ecológicas existentes que passam despercebidas, o primeiro passo e entender o real papel do individuo neste planeta. A educação ambiental como elo entre saber e compreender permitindo evitar erros futuros e mensurar os atuais construindo assim uma visão de futuro cada vez mais real e muito mais sustentável do ponto de vista econômico e ecológico. Garantindo a perpetuação dos sistemas nas gerações seguintes. Para Antuniassi (1988):

2- Visão carteseiana é um pensamento basicamente reducionista, isto é, todos os fenômenos naturais podem e devem ser separados, classificados e reduzidos em suas menores partes, irredutíveis.
3- Consideram-se como fatores bióticos os efeitos das diversas populações de animais, plantas e bactérias.
4- Abióticos os fatores externos como a água, o sol, o solo, o gelo, o vento.
5- Sistema vivo é aquele que apresenta um padrão de organização autopoiético, uma estrutura na forma dissipativa e, como processo vital, a cognição. Assim, são redes auto-organizadoras, cujos componentes estão todos interligados e são interdependentes (Capra, 2006, p. 99)
3. CULTURA CONSUMISTA

O consumismo é inserido na formação do ser humano desde o inicio da sua vida escolar até o fim de sua vida, este modelo de consumir sem responsabilidade é fomentado todos os dias durante gerações. É normal em nossa cultura capitalista produzir e consumir de forma ilimitada, apenas consumir por consumir, exaurindo dessa forma os recursos que ainda restam em nosso planeta.
"A superpopulação e a tecnologia industrial têm contribuído de várias maneiras para uma rápida degradação do meio ambiente natural". (CAPRA, 1982, p.14). Isso é extremamente dinâmico e concentra uma massa de energia circundante que se propaga por todos os níveis de relações ecológicas, pois o consumo necessita desta energia gerada para funcionar.

A natureza é a fonte primária de energia que ao passar dos tempos vem se tornando escassa, sem que haja preocupação alguma na proteção de suas reservas. Uma ótica mais aprofundada só pode ser realizada por uma visão sistêmica1 onde o ser é parte do sistema, o próprio consumismo é realizado pela natureza, mas de forma regrada e equilibrada. Uma espécie jamais vai anular a outra, por que cada uma é interdependente entre si.
"Um ecossistema integrado auxilia a perspectiva de sustentabilidade Constitui-se, por outro lado, em um "meio" ou um caminho à operacionalização de processos decisórios ao gerenciamento de recursos ambientais" (MILIOLI, 2007 p. 82).
Esta integração entre os seres bióticos em seus respectivos biomas possibilita um planejamento sustentável, viabilizado assim um consumo mais inteligente e responsável por parte da sociedade humana. A implantação desta idéia nas cabeças consumidoras infantis será a mola mestra no controle e no consumo ponderado e sustentável perpetuando os recursos renováveis existentes e garantindo os não renováveis por mais tempo. A educação ambiental não pode mais utilizar recursos ou ferramentas apoiados em conceitos cartesianos, mas em uma perspectiva inovadora e totalmente focada na interação entre os seres vivos, possibilitando ao educando uma interpretação segura de todas as relações que existem na natureza. Como apontam Sansolo & Manzochi (1995, p.171)" a diversidade da educação ambiental pode ser uma característica positiva, mas os resultados colhidos por diversos pesquisadores demonstram a ausência de um processo com maior aprofundamento e sistematização sobre os seus fundamentos, objetivos e metodologias de trabalho, não podendo isto ser ignorado pelos educadores e por aqueles que trabalham na sua formação".

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O mundo necessita de uma visão diferente, mais evoluída com relação os seres que interagem com o meio ambiente. Toda a biosfera é um único ser, onde o homem é parte importante deste conjunto biótico e abiótico que se interagem, mas que o individuo "homem" ainda não percebeu como essencial em sua vida.
As relações devem ser omnilaterais, recebidas e repassadas por todos os lados de forma equilibrada e nunca exploratória, possibilitando uma interação mais homogênea na troca de realizada entre os ecossistemas. Isso só é possível quando uma visão sistêmica é inserida em um contexto racional de pensamento e atitude agregada a uma analise sócio cultural de cada ser.
Um método eficaz só funcionará perfeitamente bem quando este respeitar os limites sociais, culturais e econômicos de uma sociedade, sendo ela local ou mundial. A construção dos saberes ecológicos deve ser implantada com conceitos sistêmicos ainda na fase escolar da criança garantindo as futuras gerações uma relação com o meio ambiente mais integrada e menos cartesiana.
"Para termos uma educação verdadeiramente ambiental, numa leitura popular, precisamos superar pedagogias de bases conservadoras, liberais, tal como a Tradicional, ou mesmo a Escola Nova, ou ainda a Tecnicista. Certamente, o aspecto da relação com o conhecimento e a dialógica situados em uma perspectiva sociocultural terá em Freire matriz fundamental" (FIGUEIREDO, 2003).