A humanidade pede socorro

Até quando vamos insistir em deixar para o acaso a solução dos problemas que nos cercam? Porque não deixamos de tentar ser autossuficientes e buscamos ajuda?
É bem verdade que a violência em todas as suas espécies sempre fez parte da história da humanidade, muito embora, essa violência vem se profissionalizando e se diversificando com passar dos tempos, atingindo proporções incontroláveis, fugindo ao controle das instituições estatais. Todavia devemos observar que em muito a violência em tempos passados era compreensível devido ao caminhar do homem em um mundo evolutivo de conhecimento, formação cultural e em busca de marcar seu espaço territorial ainda com enfoques nômades tribais. Mesmo assim sempre existiu um senso natural de justiça tentando equilibrar as divergências sociais, ou seja, independente de conhecimento, o ser humano tem em sua natureza um grau mínimo de consciência de justiça e direito.
Devemos nos perguntar todos os dias qual é a origem dos nossos conflitos sociais e vamos sempre ter a mesma resposta que, na maioria das vezes, nós somos os principais culpados. Em muitas ocasiões inconscientes, mas na maioria com plena consciência.
É comum buscarmos a solução de nossos problemas e o equilíbrio emocional nas religiões, em filosofias orientais, na psicologia, livros, e outros. No entanto, muitas vezes, nos sentimos frustrados por não conseguirmos o sucesso esperado. Isso decorre se não observarmos princípios básicos para despressurizar, descarregar e nos desprendermos de nossos conflitos internos, de nosso egoísmo e principalmente na busca de mudar os outros tentando moldar um mundo que atenda nossos desejos, necessidades e projetos.
É importante refletir a respeito da nossa evolução enquanto ser humano, tendo em vista que se falam incessantemente em qualidade de vida, no entanto esquecemos que esta qualidade procurada passa inicialmente por um verdadeiro equilíbrio emocional que abrange um relacionamento pacífico com o outro, usando a máxima de não fazer com o outro aquilo que não gostaria que se fizesse comigo, ou seja, sempre que possível nos colocarmos do lado oposto, analisando as questões com a reciprocidade devida. Claro que não é uma tarefa fácil, mas também podemos entender que não é impossível e na medida em que exercitamos este princípio teremos as respostas favoráveis e a sensação que a paz está reinando ao nosso lado, que a vida está conspirando a nosso favor.
Existe uma frase que está na moda, principalmente no meio artístico, que a pessoa ao ser perguntada se tem arrependimento de alguma coisa que tenha feito, ela diz que não se arrepende de nada e que faria tudo de novo. Vejamos o que pode estar por trás desta afirmação:
Quem de nós não cometeu algum erro que atire a primeira pedra. Parece que esta frase até hoje não foi bem compreendida. Jesus revela aspectos fundamentais embutidos nesta afirmação. Mostrou-se piedoso com os erros da prostituta e demonstrou a seus acusadores que o ser humano está propício ao erro, muito embora não seja correto, mas tem que ser tratado com naturalidade e compreensão. Por isso, não devemos nos envergonhar de nos arrependermos dos erros cometidos no passado, pois se assim não acontecer estamos afirmando que não estamos melhorando em nada, que pensamos pequeno no que diz respeito ao nosso crescimento, ou seja, somos mentirosos ou medíocres. Perdoar ou pedir perdão é muito gratificante, limpa a nossa consciência, resgata a dignidade, além de nos aproximarmos da civilidade, pois tanto um como o outro nos mostra como somos grandes diante dos problemas e consequentemente experimentamos a paz verdadeira. Não a paz oposto de guerra, mas aquela que nos torna pacíficos, verdadeiros, confiáveis, harmoniosos.
Outro aspecto importante que deve ser analisado é o julgamento preconceituoso, negativo, principalmente quando não conhecemos as causas que levaram a tal atitude, o grau de influência ou ainda as circunstâncias no momento. Óbvio que não podemos com isso banalizar a violência, mas é preciso conhecer melhor o caso antes de um juízo de valores precipitado, como exemplo: infanticídio (art. 123 CP, desde que seja praticado pela mãe sob influência do estado puerperal). Estado puerperal também é um fato biológico bem estabelecido que a parturição desencadeia numa súbita queda nos níveis hormonais e alterações bioquímicas no sistema nervoso central. Veja que isso também é comum entre animais, no entanto nestes últimos, aceitamos com mais facilidade e compreensão. Outro exemplo que podemos citar é quando julgamos fatos passados a luz da formação de costumes cultuais atuais, se muitas vezes admitimos que a educação que nossos avós e pais nos deram diante das circunstâncias que viviam foi correta, imagine fatos que foram praticados a 200, 500 e 1000 anos atrás com os recursos disponíveis da época.
Quem não sonha com dias melhores para nós mesmos, para nossos filhos em que a paz reine entre os homens, que se possa sair de casa e ter a certeza que vai retornar com segurança, que vamos ser respeitados nas relações comerciais pautada na honestidade e que todos sejam tratados com justiça e respeito devido?
Mas afinal em que estamos contribuindo para esse dia acontecer. A receita sabemos. O que nos falta é colocá-la em prática em nossa vida, ser mais paciente no trânsito, respeitoso nos relacionamentos, obedientes aos nossos superiores, atenciosos com subordinados, honestos nos negócios, conciliadores nos conflitos, pacíficos nas crises, amorosos com a família e sempre tendo a certeza que um mundo melhor que desejamos começa dentro de nós.
Nossos pensamentos, sonhos, desejos, conhecimentos e influências ajudam a formar nosso caráter e nossa personalidade, enquanto palavras e atitudes nos revelam aos outros e constróem o mundo ao nosso redor.

Álvaro Martins Arsênio
Maio/ 2011.