Escrito em Ribeirão Pires 14 de Fevereiro de 2010

Manhã calma e monótona na Universidade de Oxford. Os pássaros começavam a cantar, o sol começava a nascer e gotas de água escorregavam das folhas alaranjadas das árvores.
Tomás Valência, um mexicano divorciado de 29 anos de idade, estava saindo de sua residência, um conjunto habitacional de blocos vermelhos, pequenos e bem alinhados, com oito andares; onde os moradores, que em sua grande maioria, eram latinos e pessoas humildes, colocavam pequenos vasos de flores vermelhas, azuis e brancas em suas sacadas.
Por causa de seu atraso Peter começou a correr. Nesse mesmo momento Tomás saía pela porta da frente do conjunto habitacional. O coração de Peter batia tão forte, que seu ouvido trepidava, suas pupilas dilatavam-se, sua respiração estava ofegante e seu rosto enchia-se de suor, quando imperceptivelmente se esbarrou em Tomás. Imediatamente os dois caíram. Tomás recompôs-se e estendeu sua mão em direção a Peter, oferecendo ajuda.
- Amigo, segure em minha mão, eu te ajudo a se levantar.
- Oh! Sim. Muito obrigado.
- Meu nome é Tomás. Tomás Valência. E qual é o seu nome?
- Meu nome é Peter Thompson.
- E porque tanta pressa assim? Até parece que estamos sendo atacados por terroristas.
- É porque eu estou atrasado para a universidade. Tomás, prazer em conhecê-lo, mas eu preciso ir agora.
- Espera, por favor! Apenas pegue o cartão da minha arena, pois hoje às 16h30 o meu cavalo, o número cinco, estará competindo. Nesse cartão está o endereço da arena e o número do meu telefone. Apareça e aposte em meu cavalo.
- Apareço sim. Vejo você lá. Até mais!
- Estou te esperando. Leve alguém com você.
Tomás foi se dirigindo para a arena, pensando na quantidade de dinheiro que Peter devia ter, pelo fato de estudar na Universidade de Oxford. Enquanto isso Peter se aproximava da universidade com muita pressa e agora com um pouco de curiosidade pela vida de Tomás.
A Universidade de Oxford era uma colônia luzente, onde idéias maravilhosas surgiam de vários lugares, porém uma luz forte, doce e jovial surgiu de trás de trás de Peter. Essa luz chamara a atenção de todos no corredor. Peter olhou para trás curiosamente e viu essa figura incomum da Inglaterra, que tinha cabelos e olhos pretos e pele moreno-clara.
- Olá! Você sabe onde é a sala do professor Bruce Klarckson?
- Sei sem. Vamos lá, eu te acompanho, pois também vou assistir a aula dele.
- Muito obrigada! Você é muito gentil. Meu nome é Juliana e qual é o seu nome?
- O meu nome é Peter. Estou no último ano de Direito. Você é tão novinha, quantos anos você tem?
- Eu tenho 23 anos e sou carioca. E você?
- Eu tenho 21 anos. Sou natural de Londres. A antiga e bela capital...
Juliana e Peter conversaram por mais um tempo. Assistiram à aula de Direito Criminal e depois foram almoçar no "Star Restaurant", um lugar descontraído onde os alunos almoçavam.
Durante o almoço Peter se lembrava do convite feito por Tomás. Quando estava prestes a falar com Juliana sobre a corrida de cavalos, sentia-se envergonhado. Juliana percebeu isto.
- Há algo de errado com você? Quer me diet alguma coisa?
- Quero sim. Hoje de manhã eu esbarrei em um homem que me falou sobre uma corrida de cavalos que acontecerá às 16h30 na arena dele. Eu não gosto muito de corrida desse gênero, mas se você gosta, eu irei com você, pois eu fiquei interessado na vida desse Tomás. Ele deve ter muito dinheiro, pois é proprietário da arena, porém vive em um conjunto habitacional de pessoas muito humildes.
- Eu gostaria de conhecer esse Tomás!
- Você vai para a corrida de cavalos comigo?
- Claro! Eu te encontro na Baxley station às 16h00. Está bom para você esse horário?
- Está ótimo!
- Ok. Então até mais.
- Se cuida. Tchau.
Depois do almoço, Juliana foi para sua casa e Peter voltou à universidade para pesquisar sobre a vida de Tomás no sistema integrado dos cidadãos residentes na União Européia. Como estudante do último ano de Direito, Peter usando o seu login e senha podia obter informações importantes e secretas sobre a vida das pessoas.
Depois de duas horas Peter ainda continuava a sua pesquisa. Ele já havia descoberto quase tudo sobre Tomás, data de nascimento, tipo sanguíneo, números de telefone e de contas em bancos; foi então que descobriu que Tomás tinha enormes quantidades de dinheiro em bancos suíços, provindos da Colômbia e do Brasil. Em seguida, Peter ficou muito espantado, pois achara uma informação secreta de várias casas noturnas, mantidas por Tomás, no sul da Espanha, na Inglaterra, na França e na Holanda.
A hora passava. Já era quase 16h00. Então Peter guardou as informações conseguidas e se dirigiu pra Baxley station, se encontrando com Juliana. No metrô Peter e Juliana conversavam sobre as férias de verão, que começariam na próxima semana.
Chegando na arena, os dois ficaram animados, o local estava lotado de torcedores. Fizeram suas apostas no cavalo cinco, que por sinal era um dos mais fortes. O céu estava límpido, o sol estava forte, algumas folhas de árvores eram carregadas pelo vento. Juliana estava radiante e Peter estava torcendo sobremaneira para a vitória do cavalo cinco. Aquele era um dia de sorte! O cavalo de Tomás vencera em primeiro lugar. Peter não se continha de sorrir, até que apareceu Tomás.
- Oh! Que bom que você está aqui Peter! Quem é sua amiga?
- É uma colega de classe. Estuda Direito comigo. O nome dele é Juliana.
- Olá Juliana. Prazer em conhecê-la!
- O prazer é todo meu Tomás. Eu estou muito feliz pela vitória do seu cavalo. Qual é a raça dele?
- Ele Puro Sangue Inglês, uma das melhores raças de cavalo.
- Que ótimo! Sabe Tomás, você parece ser um bom homem.
- Que nada Juliana; sou um homem normal.
Peter começava a estranhar a simpatia de Tomás para com Juliana. Peter estava perplexo, quando de repente Tomás disse:
- Estou muito feliz mesmo Peter por você ter vindo. Regularmente todos nós precisamos se distrair um pouco. Por isso, eu convido você e a Juliana para passarmos o verão nas Ilhas Baleares, pertencente à Espanha.
Quando a Juliana ouviu isso, seus olhos encheram-se de um brilho bem notável.
- Peter, eu aceito o convite e você?
- Bom, para agradar você, eu aceito também.
- É isso aí pessoal. Vocês vão gostar muito do clima mediterrâneo, principalmente você Juliana.
- Oh! Muito obrigada Tomás. Eu espero que possamos ter tempo suficiente para nos conhecermos melhor.
- Teremos sim Juliana.
Peter se esquecera das informações obtidas sobre Tomás Valência. Agora só pensava na viagem que faria junto a sua colega Juliana.
Chegou o dia da viagem. Tomás, Juliana e Peter embarcaram no avião da Air British em Londres e desembarcaram na cidade de Palma, já nas Ilhas Baleares. Eles se hospedaram no Hotel Alicante e em seguida Tomás e Juliana trocaram de roupa e ficaram tomando sol na praia, enquanto Peter, que ficara sozinho no hotel, começou a espiar os dois, para tentar ouvir sobre o que estavam falando. Para fazer isso melhor, pegou sua câmera fotográfica e seu diário. Assim, Peter escrevia com muita atenção.
- Juliana, eu gostei muito de você. Eu gosto muito de ajudar as pessoas prosperarem na vida, independentemente de quem quer que seja, então eu gostaria que você cuidasse dos meus negócios na Inglaterra. Eu tenho vários estabelecimentos pela Europa.
- E o que detalhadamente eu teria que fazer?
- Você teria que contratar novas pessoas que tem um brilho como você, teria que proteger os meus estabelecimentos com a lei, já que você se formará em Direito e conseqüentemente, às vezes, você teria que realizar alguns trabalhos mais práticos. Pode ter certeza que o salário é muito bom.
- Oh Tomás. Você é muito bom, eu também gosto de você.
- Nós formaremos uma dupla incomparável! Agora, levante-se, vamos correr pela orla dessa linda praia para aproveitarmos a natureza e a nossa felicidade.
Tomás e Juliana começaram a correr bem sorridentes. Tomás com seu sorriso de astúcia e Juliana com seu sorriso de inocência. Nesse momento, Peter se posicionou em um ponto estratégico e tirou uma foto deles. Tomás estava com um short vermelho e Juliana com um maiô amarelo.
De noite Peter refletia sobre o que havia ouvido e sobre o que iria fazer, enquanto Tomás e Juliana comiam frutos do mar. Depois de tanto refletir Peter saiu de seu quarto para comprar uns petiscos. Ele estava com muita fome.
Já era aproximadamente onze horas da noite. Juliana fora dormir. Peter havia saciado a sua fome e estava voltando ao seu quarto, quando ouviu sussurros, era Tomás falando no celular sobre como fora fácil persuadir Juliana a aceitar o trabalho, que na verdade, era um trabalho em que deveria administrar o "estabelecimento" (uma casa de prostituição) sustentado pelo dinheiro do tráfico de drogas, protegendo essa casa de prostituição dos olhos da justiça e às vezes participando de alguns "programas". Peter com sua esperteza gravou toda a conversa de Tomás em seu gravador.
As palavras ouvidas fizeram o sangue de Peter subir à cabeça; coragem, amor, medo, desespero e raiva entraram em seu coração, tonando-o como um guerreiro forte que protege as pessoas amadas a qualquer custo. Tomás viu uma sombra se aproximando, era a sombra de Peter, com seu furor.
- Seu desavergonhado. O que você tem nessa sua cabeça rabugenta? Seu porco dos infernos. O que você anda planejando para a Juliana?
- Calma, calma Peter! Não é o que você está pensando.
- Seu safado! Você vai ser preso. Eu tenho provas contra você.
- Ah! É verdade? Eu nem ligo seu "franguinho". Tenho muito dinheiro, você não pode fazer nada contra mim.
- Isso é o que veremos...
Peter com todas as suas forças fechou sua mão e começou a esmurrá-lo. Várias pessoas acordaram e se aglomeraram ao redor de Tomás e Peter. Quando surgiu a Juliana do meio da multidão, Tomás a tomou pelos braços, tirou um revólver do short e ameaçou matá-la.
- Ai, ai, ai, está me apertando Tomás. O que você está fazendo? Me ajuda Peter, por favor!
- Deixe-a em paz, Tomás.
- Eu só a deixo em paz se você deixá-la trabalhar comigo, há-há-há.
- Seu descarado! Até parece.
- Socorro Peter, por favor.
- A polícia chegara e começava a negociar.
- Solte a mulher agora, que será melhor para você.
- Nunca farei isso. BAM ? BAM ? BAM.
Tomás vendo-se sem saída atirou três vezes em sua cabeça. Caiu no chão. Juliana correu para os braços de Peter. O sangue de Tomás escorria. Tomás estava morto.
Os hóspedes estavam de boca aberta com o acontecido. Juliana estava atônita. Os policias conversaram com Peter, que contou tudo o que sabia. Dias depois, a notícia do suicídio de Tomás, juntamente com o fechamento das casas de prostituição e a prisão dos malfeitores; produtores e vendedores de drogas da Colômbia e Brasil, que eram chefiados por Tomás, foi de conhecimento de todos, por meio da mídia.
Peter e Juliana se formaram em Direitos meses depois. Eu estava presente na formatura, onde o Peter me entregou as folhas do seu diário, que contém a história relatada aqui, do início ao fim, juntamente com a foto onde vemos o Tomás correndo com a Juliana alegremente.
Hoje, o Peter e a Juliana são grandes amigos. O amor que o Peter sentira por Juliana não passava de apenas uma boa e verdadeira amizade. Hoje os dois são prósperos e fazem muito sucesso na área de Direito.
Eu termino essa história afirmando que "Nada acontece por acaso". Se o Peter não tivesse se atrasado naquela manhã para a aula de Direito Criminal, esbarrado no Tomás e tendo conhecido Juliana; provavelmente essa história não teria sido escrita e você, meu caro leitor, não teria o conhecimento dela.

Fim.